O Leitor Apaixonado / Ruy Castro
Mestre e exemplo a seguir para toda uma geração de jornalistas culturais e biógrafos, Ruy Castro tem a habilidade mágica de transparecer uma profunda intimidade com todos os assuntos abordados em seus textos. Em O leitor apaixonado - Prazeres à luz do abajur, então, o homem está totalmente em casa: trata-se de uma coletânea dos seus melhores textos acerca de livros e seus autores. Há também textos sobre os jornalistas que o inspiraram ao longo de sua carreira, como Paulo Francis e Carlos Heitor Cony. O de Francis, divido em duas partes, especialmente, é uma delícia e ajuda o leitor a descobrir o homem por trás daqueles óculos de aros grossos e voz empostada. Ruy é o cara.Companhia das Letras / 352 p. / R$ 49,50 / www.companhiadasletras.com.br
Amabile / Kátia Dotto
A cantora e guitarrista carioca Kátia Dotto (ex-Leela, ex-Penélope) chega ao seu primeiro álbum solo com Amabile. De sonoridade suave – muito de acordo com sua voz – o CD surpreende mais pela bem azeitada produção, a cargo da baixista Érika Nande, do que pelas composições em si. Elaborado, o disco vai muito além do pop comum, acomodando violas, bandoneon, metais, órgãos Hammond e Fender Rhodes com notável habilidade. Ainda assim, é um disco de canções simples, que se ouve com facilidade. Independente / R$ 15
Viagem ao fim da noite / Louis Ferdinand Céline
Um dos autores mais brilhantes e viscerais da literatura francesa, Céline sujou seu nome ao distribuir panfletos pregando o extermínio de judeus em plena França ocupada. Moralmente ambíguo como seus personagens em Viagem ao fim da noite, uma de suas obras-primas, deve ser lido com distanciamento e a consciência da sua desabrida falta de caráter.Companhia das Letras / 536 p. / R$ 29,50 / www.companhiadasletras.com.br
Whiteout - Ponto de fusão / Greg Rucka e Steve Lieber
Continuação de Whiteout, ótima trama policial ambientada na Antártida, Ponto de Fusão traz a agente Carrie Stetko de volta ao deserto gelado, envolvida em uma intrincada trama envolvendo ogivas nucleares russas. Não tem mais aquele sabor de novidade do 1º álbum, mas a personagem mantém o carisma e Steve Lieber continua retratando a brancura polar com rara beleza. Noir em negativo. Vale lembrar que o filme baseado no primeiro álbum Terror na Antártida, entrou em cartaz hoje mesmo nos cinemas de Salvador. Foi detonado pela crítica, mas arrisco dizer que vale uma ida ao cinema...Devir / 113 p. / R$ 21,50 / www.devir.com.br
Talvez eu não tenha vivido em vão... / Vários autores
“Eis a morte, devemos tirar-lhe o chapéu“, disse o Visconde de Taunay (1843-1899), autor de Inocência, pouco antes de morrer. Esta e muitas outras “famosas últimas palavras“ de artistas, estadistas, filósofos e até mesmo genocidas como Adolf Hitler e Benito Musssolini (“Atirem em meu peito“) vêm acompanhadas de dados biográficos e pequenos resumos neste curioso livro. Landmark / 240 p. / R$ 34 / www.arquetipodg.com.br
Glaucio Christelo / Piano Rock
Nos anos 70, o americano Richard Clayderman ficou famoso ao traduzir em versões simplificadas para piano standards da música erudita e popular. Ficou famoso como o músico de elevador mais rico do mundo. Agora, em plena era digital, o carioca Glaucio Christelo lança uma obra parecida, só que com standards do rock e música pop. Sua abordagem sisuda e pouco ousada para clássicos como Smells Like Teen Spirit, Beat It e Creep só reforçam a comparação. R$ 24,90 / Coqueiro Verde
Grooveria / Avenida Brasil
Especializado em samba rock, a banda Grooveria ficou célebre em São Paulo por promover uma das melhores opções da concorrida night paulistana. Residente no Na Mata Café por nada menos que sete anos, o grupo lança agora o CD / DVD com o show que o tornou famoso, gravado no mesmo local. Formada por competentes músicos profissionais e demonstrando grande entrosamento, traz um repertório eclético, que vai de Adoniran a Prince, passando por Edu Lobo e Noel Rosa. Universal / R$ 24,90 (CD)
Serrote nº 2 / vários autores
A revista literária Serrote, publicada pelo Instituto Moreira Salles chega a sua segunda edição com uma excelente seleção de textos abordando os mais variados assuntos. Destaque para o a saudação do crítico e escritor James Agee aos heróis do cinema mudo (um ensaio clássico), John Updike declarando sua paixão pelos quadrinhos e a carta aberta de Groucho Marx, representando os Irmãos Marx aos Warner Brothers. Muita classe. Que venha logo a Serrote 3!Instituto Moreira Salles / 224 p. / R$ 29,90 / www.ims.com.br
A Abadia de Northanger / Jane Austen
Uma das mais importantes autoras da língua inglesa, Jane Austen (1775-1817) ficou famosa por seus romances de críticas de costumes, como Razão & sensibilidade e Orgulho & preconceito. Em A Abadia de Northanger, aqui apresentada em edição bilíngue, Austen mantém a crítica afiada, mas diminui o tom em seu romance mais juvenil, acompanhando uma jovem fascinada pelo local do título. Landmark / 288 p. / R$ 41 / www.arquetipodg.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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sexta-feira, outubro 30, 2009
terça-feira, outubro 27, 2009
GABRIEL BÁ EM DOSE DUPLA
Umbrella Academy e Pixu, dos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon em parceria com autores estrangeiros, chegam ao mercado
Como dizia um antigo apresentador de televisão, o céu é o limite para os irmãos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon. Em questão de dez anos, os rapazes paulistas saltaram dos fanzines artesanais vendidos de mão em mão para a posição de premiados astros internacionais.
Agora, duas de suas obras mais recentes, publicadas primeiro nos Estados Unidos, chegam ao Brasil, via editora Devir: Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse e Pixu.
A primeira é o trabalho de estreia de Gabriel Bá em um projeto marcadamente mainstream de super-heróis, terreno ainda pouco explorado na produção de ambos os irmãos.
Premiações
Escrita por Gerard Way, mais conhecido como o vocalista da banda de rock My Chemical Romance, Umbrella Academy saiu nos EUA pela editora Dark Horse, uma das maiores do mercado americano e já garantiu a Bá dois prêmios Harvey consecutivos de Melhor Desenhista, em 2008 e de novo, em 2009.
O segundo trabalho é Pixu (também pela Devir), uma HQ de terror psicológico e claustrofóbico assinada a oito mãos: Bá, Moon, a italiana Becky Cloonan e o grego Vasilis Lolos.
Trata-se do segundo trabalho da equipe multinacional. O primeiro, uma coletânea intitulada 5 – que ainda contava com o reforço de outro brasileiro, Rafael Grampá (da impressionante Mesmo Delivery) –, faturou o prêmio de Melhor Antologia no Prêmio Eisner – tão ou mais prestigioso quanto o Harvey.
Postura sóbria
Apesar de todos os prêmios, convites, possibilidades e adulação, é impressionante a serenidade e a seriedade da postura dos irmãos. “O que eu quero fazer na minha vida é isso (quadrinhos). E é isso que eu vou continuar fazendo“, responde um incisivo Gabriel Bá, quando perguntado sobre o efeito na cabeça dele quanto a tudo o que aconteceu nos últimos anos.
Atualmente, ele e o irmão estão desenvolvendo juntos seu primeiro trabalho para o selo Vertigo (DC Comics): Daytripper, uma minissérie em 10 edições, ambientada no Brasil. “Poder escrever uma história nossa é uma satisfação, não importa onde ela se passe. Não é uma coisa ufanista. Toda história que eu fizer vai ter o Brasil“, demarca.
Da mesma forma, Bá mantém o tom incisivo quando responde sobre o trabalho com Gerard Way: “Eles (da Dark Horse) me mandaram uma sinopse e eu gostei da proposta. Peguei o trabalho por isso, não por que o cara canta numa banda de rock famosa. Não é esse tipo de coisa que norteia minhas decisões“.
Minissérie em 6 edições, Umbrella teve uma continuação, Dallas, já anunciada pela Devir, mas sem previsão de publicação no Brasil, por enquanto.
Umbrella surpreende; Pixu decepciona um pouco no final
Na apresentação de Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse, um entusiasmado Grant Morrison saúda a série de Way e Bá como “um dos melhores gibis desta década“. O escocês, autor de obras como Os Invisíveis e Homem Animal, sabe do que fala.
Não que UA seja um primor de originalidade. Não é. Mas traz aquele sabor exótico encontrado nas melhores HQs do próprio Morrison, nas quais qualquer coisa pode acontecer – incluindo uma Torre Eiffel revoltada e uma musicista capaz de massacrar multidões com acordes no seu violino. Uma leitura divertida.
Já em Pixu, o quarteto responsável tem sucesso em criar o clima de terror, mas falha no final, que pareceu um tanto brusco.
Umbrella Academy/ Gerard Way, Gabriel Bá e Dave Stewart / 192 p. / R$ 34
Pixu / Gabriel Bá, Becky Cloonan, Vasilis Lolos e Fábio Moon / 128 p. / R$ 18,50 / Devir
Como dizia um antigo apresentador de televisão, o céu é o limite para os irmãos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon. Em questão de dez anos, os rapazes paulistas saltaram dos fanzines artesanais vendidos de mão em mão para a posição de premiados astros internacionais.
Agora, duas de suas obras mais recentes, publicadas primeiro nos Estados Unidos, chegam ao Brasil, via editora Devir: Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse e Pixu.
A primeira é o trabalho de estreia de Gabriel Bá em um projeto marcadamente mainstream de super-heróis, terreno ainda pouco explorado na produção de ambos os irmãos.
Premiações
Escrita por Gerard Way, mais conhecido como o vocalista da banda de rock My Chemical Romance, Umbrella Academy saiu nos EUA pela editora Dark Horse, uma das maiores do mercado americano e já garantiu a Bá dois prêmios Harvey consecutivos de Melhor Desenhista, em 2008 e de novo, em 2009.
O segundo trabalho é Pixu (também pela Devir), uma HQ de terror psicológico e claustrofóbico assinada a oito mãos: Bá, Moon, a italiana Becky Cloonan e o grego Vasilis Lolos.
Trata-se do segundo trabalho da equipe multinacional. O primeiro, uma coletânea intitulada 5 – que ainda contava com o reforço de outro brasileiro, Rafael Grampá (da impressionante Mesmo Delivery) –, faturou o prêmio de Melhor Antologia no Prêmio Eisner – tão ou mais prestigioso quanto o Harvey.
Postura sóbria
Apesar de todos os prêmios, convites, possibilidades e adulação, é impressionante a serenidade e a seriedade da postura dos irmãos. “O que eu quero fazer na minha vida é isso (quadrinhos). E é isso que eu vou continuar fazendo“, responde um incisivo Gabriel Bá, quando perguntado sobre o efeito na cabeça dele quanto a tudo o que aconteceu nos últimos anos.
Atualmente, ele e o irmão estão desenvolvendo juntos seu primeiro trabalho para o selo Vertigo (DC Comics): Daytripper, uma minissérie em 10 edições, ambientada no Brasil. “Poder escrever uma história nossa é uma satisfação, não importa onde ela se passe. Não é uma coisa ufanista. Toda história que eu fizer vai ter o Brasil“, demarca.
Da mesma forma, Bá mantém o tom incisivo quando responde sobre o trabalho com Gerard Way: “Eles (da Dark Horse) me mandaram uma sinopse e eu gostei da proposta. Peguei o trabalho por isso, não por que o cara canta numa banda de rock famosa. Não é esse tipo de coisa que norteia minhas decisões“.
Minissérie em 6 edições, Umbrella teve uma continuação, Dallas, já anunciada pela Devir, mas sem previsão de publicação no Brasil, por enquanto.
Umbrella surpreende; Pixu decepciona um pouco no final
Na apresentação de Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse, um entusiasmado Grant Morrison saúda a série de Way e Bá como “um dos melhores gibis desta década“. O escocês, autor de obras como Os Invisíveis e Homem Animal, sabe do que fala.
Não que UA seja um primor de originalidade. Não é. Mas traz aquele sabor exótico encontrado nas melhores HQs do próprio Morrison, nas quais qualquer coisa pode acontecer – incluindo uma Torre Eiffel revoltada e uma musicista capaz de massacrar multidões com acordes no seu violino. Uma leitura divertida.
Já em Pixu, o quarteto responsável tem sucesso em criar o clima de terror, mas falha no final, que pareceu um tanto brusco.
Umbrella Academy/ Gerard Way, Gabriel Bá e Dave Stewart / 192 p. / R$ 34
Pixu / Gabriel Bá, Becky Cloonan, Vasilis Lolos e Fábio Moon / 128 p. / R$ 18,50 / Devir
quinta-feira, outubro 22, 2009
Big Bands agita Pelô nesse fim de semana
Com a crise, 2009 não foi fácil para festivais independentes. Mas, como na Bahia o rock não conta mesmo com a iniciativa privada, festival acontece graças a edital
2009 tem sido um ano de vacas magras para o rock independente brasileiro – em que pese o fato deste segmento, na verdade, nunca ter tido um período de fartura propriamente dita.
Porém, como “vaso ruim“ não quebra mesmo, Salvador terá – pelo menos – um bom festival este ano: a 2ª edição do Big Bands, que acontece neste fim de semana, no Pelourinho.
Idealizado pelo produtor Rogério Big Brother Brito, com quase 20 anos de atividades junto ao rock local, e organizado com o auxílio de um dedicado grupo de parceiros, o Big Bands dá continuidade não apenas ao trabalho de Big (como é conhecido), mas também não deixa morrer a ideia de um festival que dê conta de alimentar o cenário local – incluindo aí um público carente de opções – com atrações relevantes do cenário indie nacional, como o gaúcho Frank Jorge, os goianos da Black Drawing Chalks e os pernambucanos da Julia Says.
Além de evidenciar alguns dos nomes mais significativos da esfera roqueira daqui mesmo, como Nancy Viegas, Estrada Perdida e Demoiselle, entre outros .A grade ainda tem o acréscimo de três mesas redondas reunindo convidados importantes – locais e de fora – para discutir os assuntos que movem a produção e divulgação da música independente em todo o Brasil.
O pior ano dos festivais
Claro, ninguém faz isso sem patrocínio – públicos e / ou privados. No caso do Big Bands, o apoio foi público mesmo. (Aliás, mais notório do que o trabalho de Big, só mesmo o gélido desprezo do setor privado em relação ao rock local – não raro, tratado a pontapés pelo empresariado soteropolitano, mal acostumado com os números astronômicos proporcionados pela indústria carnavalesca).
“O Big Bands foi viabilizado por que ganhamos em 2008 o edital Tô No Pelô, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb)“, conta o organizador.
”E o apoio vem dos parceiros de sempre: MTV Salvador, Boomerangue, Se Ligue etc. Graças à Jah, tá tudo caminhando bem, a divulgação já tá indo pra rua... Tudo foi feito com bastante antecedência, então agora nem tá dando tanto trabalho. Agora estamos mais é na expectativa mesmo”, continua, tranquilo.
Claro, nem tudo são flores. 2009, como já se disse mais acima, tem sido um ano especialmente difícil para o setor independente, que, como qualquer outro, também sofreu a rebarba da crise mundial que se abateu sobre a economia entre o fim de 2008 e o 1º semestre deste ano.
Associado à ABRAFIN (Associação Brasileira dos Festivais Independentes), Big conhece por dentro os meandros da política que move (ou paralisa) a realização desses eventos.
”Esse foi o pior ano pros festivais”, vaticina. ”O Abril Pro Rock, por exemplo, diminuiu um dia, até por que a Petrobras retirou o patrocínio, e pelo Brasil afora, muita gente fez festival capenga esse ano só pra cumprir tabela – para não deixar de comparecer e demarcar território, na esperança de que a coisa melhore em 2010”, observa.
Boas expectativas para 2010
Mesmo com todas as dificuldades, Big vê espaço para o crescimento não só do rock local, mas também de festivais como o seu e o outro que ele também ajuda a organizar, o Boom Bahia – aquele que, no ano passado, trouxe de Seattle a lenda grunge Mudhoney, lotando a Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho.
”Claro que teremos mais uma edição do Big Bands em 2010, com certeza”, garante. ”E o Big Bands vai crescer, mas não substituir o Boom Bahia, que ainda tem chance de rolar em breve. Veja só: Goiânia, que é uma cidade bem menor que Salvador, tem quatro festivais. No Tocantins eles têm mais quatro bons festivais de médio porte. No Tocantins! É só raciocinar: lógico que Salvador cabe muito mais. Então temos mais é que que fazer o Boom Bahia também, em paralelo ao Big Bands”, reivindica.
Então, segue aqui uma informação importante às bandas candidatas aos próximos festivais Big Bands e Boom Bahia: ”Esse negocio de MySpace pra mim não cola. Eu gosto da coisa física. Se o CD não chegar na minha mão, dificilmente eu vou ouvir”, avisa.
O festival Big Bands começa nesta sexta, com uma festa na Boomerangue. No sábado e domingo, ele segue para sua base, na Praça Teresa Batista (Pelourinho), a partir das 15 horas. A entrada é gratuita, mas a produção incentiva a doação de um livro infanto-juvenil usado.
ENTREVISTA: FRANK JORGE
O rock gaúcho sempre foi um planeta à parte no cenário musical brasileiro. Desse mundo saíram diversas figuras exóticas que enriqueceram de forma inestimável o rock brasileiro, como um punk brega (Wander Wildner), um inexpugnável poeta hermético (Humberto Gessinger), um duende psicodélico alucinado (Júpiter Maçã) e o guardião da Jovem Guarda, Frank Jorge. Na ativa desde os anos 80, Frank integrou bandas essenciais do rock sulista, como Cascavelettes e Graforreia Xilarmônica. Em carreira solo há dez anos, virá à Bahia pela primeira vez na vida, divulgar seu novo CD, Volume 3. Em paralelo, coordena o curso Formação de Produtores e Músicos de Rock da Unisinos.
E aí, Frank? Vai ser o seu primeiro show por aqui, correto?
Frank Jorge: Cara, te juro que não é exagero: é um sonho meu conhecer a Bahia em função de sua importância histórica e tal. Em festival às vezes fica aquela coisa meio marrenta de participar de gigs e tal, mas eu tô numa outra idade. Eu quero conhecer outros locais, as vielas, dar voltas a pé. Sabe, antes mesmo de cursar Letras na PUC, eu já era fã do Gregório de Mattos Guerra. Eu recitava poemas dele nos shows dos Cascavelettes nos anos 80, fã total! Só não vou beijar o chão por que eu não sou o papa. (risos) Mas vai ser muito bom ir à Bahia nesse momento tão peculiar. Nasceu o filho da Ivete , tem a Vivendo do Ócio... (risos) Não, tô brincando! (Recompõe-se) Vamos com a banda completa: duas guitarras, baixo, bateria e teclado. Teremos músicas dos três CDs solo mais umas quatro da Graforreia Xilarmônica. Garanto que o show não deixará a desejar em crocâncias, harmonias e deboche!
E a palestra (Produção cultural e formação musical), como será?
FJ: Olha, por sorte, eu não vou estar sozinho, senão só ia falar besteira. (risos) Na verdade, vou tratar da trajetória musical, onde você aprende na paulada a lidar com gravadora, casa noturna, internet etc. Não que com o tempo, você adquira know how e vá ficar milionário (risos), mas dá pra ficar mais exigente quando a situação permite, avaliar quando as coisas possibilitam uma evolução. Tem locais que você toca por convicção, por que agrega a tua trajetória tocar lá. Basicamente isso, vou falar de tempo e trajetória.
E o curso de Produtores e Músicos de Rock, a quantas anda?
FJ: Tá rolando superbem! Formamos a primeira turma, com 21 alunos, em agosto último. E uma segunda turma, menor, se forma em janeiro... Independentemente de não ter ficado satisfeito com o título do curso – uma questão mercadológica –, ele trabalha com gerenciamento de carreira e formação musical. Apesar de ter o termo “rock“ no título, o cara que nos busca quer se preparar para o mercado, saber sobre áudio, direito autoral, produção.
Como está o rock gaúcho?
FJ: É difícil precisar. O rock aqui era mais Beatles e Stones. Passado esse tempo, tá muito disseminado as bandas que copiam Los Hermanos, Arctic Monkeys, Strokes. O pessoal fez uma leitura meio errada, copiando Franz Ferdinand para atingir tal público, isso é a maior roubada. Dá para fazer música pop com mais identidade. Também tem que dar um crédito, pois é um período de transição: muita ferramenta, muita rede social e pouco know how do que já existiu na música.
NUETAS
A importância da doação de livros
Assim como nos festivais Boom Bahia em 2007 e 2008, o Big Bands faz um apelo à rapaziada que vai comparecer para que tragam pelo menos um livro usado (de preferência, didático ou infanto-juvenil). Todos os livros arrecadados serão doados para o acervo da Biblioteca Zeca de Magalhães, do Centro de Referência Integral de Adolescentes (CRIA). “É muito importante que a galera traga o livro didático para doação. Não vai ter porteiro na entrada cobrando, ninguém vai ser barrado se não trouxer. Mas para a gente é como um ‘opcional obrigatório‘“, brinca Rogério Big Brother.
Nancyta & Radiola consolidam parceria
A cantora Nancy Viegas, um dos grandes talentos locais presentes no Big Bands, aproveita o show no festival para consolidar uma parceria que promete bastante, com a banda Radiola. “Fomos juntos para a Espanha há alguns meses, e foi muito legal. Nós nos identificamos muito e eles meio que traduzem tudo o que eu já passei, de sde a banda Crack!, passando pelos Grazzers, até a fase atual (do CD Mezzodelirante)“, conta. No show, Nancy & Radiola executam boa parte do repertório da cantora em suas diversas fases, além de músicas dos dois CDs da própria banda.
Baixe as músicas novas de Messias
O ex-brincando de deus Messias Guimarães Bandeira aproveita a semana em que estreia seu show solo no festival Big Bands para lançar mais duas músicas novas: Offbeat e Broadcast Your Escape. Ambas fazem parte do seu aguardado (e ambicioso) projeto escrever-me, envelhecer-me, esquecer-me. Trata-se de um álbum triplo, reunindo 32 canções, a ser lançado em CD, vinil e MP3, “nas próximas semanas“, segundo o próprio. Com produção de andré t., as faixas estão disponíveis no site www.reverbnation.com/messias, onde já há outras três, lançadas anteriormente.
AS BANDAS DO BIG BANDS
O Melda: Banda de um homem só, O Melda é o mineiro Claudão Pilha, guitarrista que toca acompanhado de programações e um “capacete percussivo“. (Sexta).
Demoiselle: rock setentista e acessível
Formada por dois guitarristas (Toni e The Flash) revelados na Cascadura, mais uma competente vocalista (Ivana), a Demoiselle tem no Led Zeppelin sua maior influência, sem deixar de ser acessível.
Pastel de Miolos: Veteranos do punk rock baiano, estão mais ativos do que nunca e lançaram CD recentemente (Sábado).
Nancy Viegas & Radiola: A inesperada parceria que está dando o que falar no rock local. Promete um show animado e arrojado. (Sáb.)
Tom Bloch: rock denso, eletrônico
O duo Tom Bloch, formado por Pedro Verissimo (vocais) e Iuri Freiberger (produtor e baterista), é outra boa atração do Big Bands de sábado, com seu rock indefinível, sóbrio e eletrônico.
Messias: o veterano do indie rock baiano estreia seu novo trabalho ao vivo.
Frank Jorge: o homem que vai largar a Jovem Guarda por todo o país faz seu primeireo show na capital baiana.
Irmãos da Bailarina aliam peso e poesia
Com um som denso, pesado, aparentado do stoner rock, a Irmãos da Bailarina se caracteriza também pelas letras poéticas do vocalista Théo Filho, de pegada MPB.
Julia Says: electro rock do Recife
Formado pelos músicos Pauliño Nunes (vocal, guitarra, violão e sintetizadores virtuais) e Anthony Diego (programações, bateria e percussão), a dupla de electro rock recifense Julia Says se apresenta no domingo na Praça Teresa Batista. Surgida em 2007, traz influências vanguardistas na forma livre como busca criar suas canções, sem se prender aos formatos prévios – sejam do rock ou da música eletrônica. Já se apresentaram em festivais importantes, como o Rec Beat, o Coquetel Molotov e de Inverno de Garanhuns. Vale a pena buscar na net o divertido vídeo de Mohamed Saksak.
Mortícia: Uma das revelações do ano passado, pratica o que eles mesmos chamam de MPB: Música Pesada e Barulhenta. Conta com o carismático Leonardo Leão (Os Mizeravão) nos vocais. (Domingo).
Yun-Fat: Talvez a banda mais vanguardista de todo o elenco do festival, misturam death metal com bossa nova(!). (Dom).
Black Drawing Chalks: Essa rapaziada de Goiânia é uma das revelações deste ano. Hard rock acelerado e setentista, mas em releitura atual, o que equivale dizer que lembram bandas como Forgotten Boys e Death From Above 1979. (Dom).
Estrada Perdida: Uma das bandas mais radicais de Salvador. Peso e poesia em sintonia, mas de uma forma totalmente diferente dos Irmãos da Bailarina, por exemplo. (Dom).
Mesas-redondas
Serão três, na sexta-feira. Inscrições: festivalbigbands@gmail.com.
Rede Música Bahia: organização de redes de trabalho Com Emmanuel Mirdad, Eric Taller, Jair Guimarães e Vince de Mira.
Produção cultural e formação musical: entrar e permanecer no mercado independente Com Messias Bandeira, Frank Jorge, Iuri Freiberger e Rex (Retrofoguetes).
Abertura e manutenção de casas noturnas Com Theo Filho, Cláudio Vieira Rocha e Rafael Bandeira.
2009 tem sido um ano de vacas magras para o rock independente brasileiro – em que pese o fato deste segmento, na verdade, nunca ter tido um período de fartura propriamente dita.
Porém, como “vaso ruim“ não quebra mesmo, Salvador terá – pelo menos – um bom festival este ano: a 2ª edição do Big Bands, que acontece neste fim de semana, no Pelourinho.
Idealizado pelo produtor Rogério Big Brother Brito, com quase 20 anos de atividades junto ao rock local, e organizado com o auxílio de um dedicado grupo de parceiros, o Big Bands dá continuidade não apenas ao trabalho de Big (como é conhecido), mas também não deixa morrer a ideia de um festival que dê conta de alimentar o cenário local – incluindo aí um público carente de opções – com atrações relevantes do cenário indie nacional, como o gaúcho Frank Jorge, os goianos da Black Drawing Chalks e os pernambucanos da Julia Says.
Além de evidenciar alguns dos nomes mais significativos da esfera roqueira daqui mesmo, como Nancy Viegas, Estrada Perdida e Demoiselle, entre outros .A grade ainda tem o acréscimo de três mesas redondas reunindo convidados importantes – locais e de fora – para discutir os assuntos que movem a produção e divulgação da música independente em todo o Brasil.
O pior ano dos festivais
Claro, ninguém faz isso sem patrocínio – públicos e / ou privados. No caso do Big Bands, o apoio foi público mesmo. (Aliás, mais notório do que o trabalho de Big, só mesmo o gélido desprezo do setor privado em relação ao rock local – não raro, tratado a pontapés pelo empresariado soteropolitano, mal acostumado com os números astronômicos proporcionados pela indústria carnavalesca).
“O Big Bands foi viabilizado por que ganhamos em 2008 o edital Tô No Pelô, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb)“, conta o organizador.
”E o apoio vem dos parceiros de sempre: MTV Salvador, Boomerangue, Se Ligue etc. Graças à Jah, tá tudo caminhando bem, a divulgação já tá indo pra rua... Tudo foi feito com bastante antecedência, então agora nem tá dando tanto trabalho. Agora estamos mais é na expectativa mesmo”, continua, tranquilo.
Claro, nem tudo são flores. 2009, como já se disse mais acima, tem sido um ano especialmente difícil para o setor independente, que, como qualquer outro, também sofreu a rebarba da crise mundial que se abateu sobre a economia entre o fim de 2008 e o 1º semestre deste ano.
Associado à ABRAFIN (Associação Brasileira dos Festivais Independentes), Big conhece por dentro os meandros da política que move (ou paralisa) a realização desses eventos.
”Esse foi o pior ano pros festivais”, vaticina. ”O Abril Pro Rock, por exemplo, diminuiu um dia, até por que a Petrobras retirou o patrocínio, e pelo Brasil afora, muita gente fez festival capenga esse ano só pra cumprir tabela – para não deixar de comparecer e demarcar território, na esperança de que a coisa melhore em 2010”, observa.
Boas expectativas para 2010
Mesmo com todas as dificuldades, Big vê espaço para o crescimento não só do rock local, mas também de festivais como o seu e o outro que ele também ajuda a organizar, o Boom Bahia – aquele que, no ano passado, trouxe de Seattle a lenda grunge Mudhoney, lotando a Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho.
”Claro que teremos mais uma edição do Big Bands em 2010, com certeza”, garante. ”E o Big Bands vai crescer, mas não substituir o Boom Bahia, que ainda tem chance de rolar em breve. Veja só: Goiânia, que é uma cidade bem menor que Salvador, tem quatro festivais. No Tocantins eles têm mais quatro bons festivais de médio porte. No Tocantins! É só raciocinar: lógico que Salvador cabe muito mais. Então temos mais é que que fazer o Boom Bahia também, em paralelo ao Big Bands”, reivindica.
Então, segue aqui uma informação importante às bandas candidatas aos próximos festivais Big Bands e Boom Bahia: ”Esse negocio de MySpace pra mim não cola. Eu gosto da coisa física. Se o CD não chegar na minha mão, dificilmente eu vou ouvir”, avisa.
O festival Big Bands começa nesta sexta, com uma festa na Boomerangue. No sábado e domingo, ele segue para sua base, na Praça Teresa Batista (Pelourinho), a partir das 15 horas. A entrada é gratuita, mas a produção incentiva a doação de um livro infanto-juvenil usado.
ENTREVISTA: FRANK JORGE
O rock gaúcho sempre foi um planeta à parte no cenário musical brasileiro. Desse mundo saíram diversas figuras exóticas que enriqueceram de forma inestimável o rock brasileiro, como um punk brega (Wander Wildner), um inexpugnável poeta hermético (Humberto Gessinger), um duende psicodélico alucinado (Júpiter Maçã) e o guardião da Jovem Guarda, Frank Jorge. Na ativa desde os anos 80, Frank integrou bandas essenciais do rock sulista, como Cascavelettes e Graforreia Xilarmônica. Em carreira solo há dez anos, virá à Bahia pela primeira vez na vida, divulgar seu novo CD, Volume 3. Em paralelo, coordena o curso Formação de Produtores e Músicos de Rock da Unisinos.
E aí, Frank? Vai ser o seu primeiro show por aqui, correto?
Frank Jorge: Cara, te juro que não é exagero: é um sonho meu conhecer a Bahia em função de sua importância histórica e tal. Em festival às vezes fica aquela coisa meio marrenta de participar de gigs e tal, mas eu tô numa outra idade. Eu quero conhecer outros locais, as vielas, dar voltas a pé. Sabe, antes mesmo de cursar Letras na PUC, eu já era fã do Gregório de Mattos Guerra. Eu recitava poemas dele nos shows dos Cascavelettes nos anos 80, fã total! Só não vou beijar o chão por que eu não sou o papa. (risos) Mas vai ser muito bom ir à Bahia nesse momento tão peculiar. Nasceu o filho da Ivete , tem a Vivendo do Ócio... (risos) Não, tô brincando! (Recompõe-se) Vamos com a banda completa: duas guitarras, baixo, bateria e teclado. Teremos músicas dos três CDs solo mais umas quatro da Graforreia Xilarmônica. Garanto que o show não deixará a desejar em crocâncias, harmonias e deboche!
E a palestra (Produção cultural e formação musical), como será?
FJ: Olha, por sorte, eu não vou estar sozinho, senão só ia falar besteira. (risos) Na verdade, vou tratar da trajetória musical, onde você aprende na paulada a lidar com gravadora, casa noturna, internet etc. Não que com o tempo, você adquira know how e vá ficar milionário (risos), mas dá pra ficar mais exigente quando a situação permite, avaliar quando as coisas possibilitam uma evolução. Tem locais que você toca por convicção, por que agrega a tua trajetória tocar lá. Basicamente isso, vou falar de tempo e trajetória.
E o curso de Produtores e Músicos de Rock, a quantas anda?
FJ: Tá rolando superbem! Formamos a primeira turma, com 21 alunos, em agosto último. E uma segunda turma, menor, se forma em janeiro... Independentemente de não ter ficado satisfeito com o título do curso – uma questão mercadológica –, ele trabalha com gerenciamento de carreira e formação musical. Apesar de ter o termo “rock“ no título, o cara que nos busca quer se preparar para o mercado, saber sobre áudio, direito autoral, produção.
Como está o rock gaúcho?
FJ: É difícil precisar. O rock aqui era mais Beatles e Stones. Passado esse tempo, tá muito disseminado as bandas que copiam Los Hermanos, Arctic Monkeys, Strokes. O pessoal fez uma leitura meio errada, copiando Franz Ferdinand para atingir tal público, isso é a maior roubada. Dá para fazer música pop com mais identidade. Também tem que dar um crédito, pois é um período de transição: muita ferramenta, muita rede social e pouco know how do que já existiu na música.
NUETAS
A importância da doação de livros
Assim como nos festivais Boom Bahia em 2007 e 2008, o Big Bands faz um apelo à rapaziada que vai comparecer para que tragam pelo menos um livro usado (de preferência, didático ou infanto-juvenil). Todos os livros arrecadados serão doados para o acervo da Biblioteca Zeca de Magalhães, do Centro de Referência Integral de Adolescentes (CRIA). “É muito importante que a galera traga o livro didático para doação. Não vai ter porteiro na entrada cobrando, ninguém vai ser barrado se não trouxer. Mas para a gente é como um ‘opcional obrigatório‘“, brinca Rogério Big Brother.
Nancyta & Radiola consolidam parceria
A cantora Nancy Viegas, um dos grandes talentos locais presentes no Big Bands, aproveita o show no festival para consolidar uma parceria que promete bastante, com a banda Radiola. “Fomos juntos para a Espanha há alguns meses, e foi muito legal. Nós nos identificamos muito e eles meio que traduzem tudo o que eu já passei, de sde a banda Crack!, passando pelos Grazzers, até a fase atual (do CD Mezzodelirante)“, conta. No show, Nancy & Radiola executam boa parte do repertório da cantora em suas diversas fases, além de músicas dos dois CDs da própria banda.
Baixe as músicas novas de Messias
O ex-brincando de deus Messias Guimarães Bandeira aproveita a semana em que estreia seu show solo no festival Big Bands para lançar mais duas músicas novas: Offbeat e Broadcast Your Escape. Ambas fazem parte do seu aguardado (e ambicioso) projeto escrever-me, envelhecer-me, esquecer-me. Trata-se de um álbum triplo, reunindo 32 canções, a ser lançado em CD, vinil e MP3, “nas próximas semanas“, segundo o próprio. Com produção de andré t., as faixas estão disponíveis no site www.reverbnation.com/messias, onde já há outras três, lançadas anteriormente.
AS BANDAS DO BIG BANDS
O Melda: Banda de um homem só, O Melda é o mineiro Claudão Pilha, guitarrista que toca acompanhado de programações e um “capacete percussivo“. (Sexta).
Demoiselle: rock setentista e acessível
Formada por dois guitarristas (Toni e The Flash) revelados na Cascadura, mais uma competente vocalista (Ivana), a Demoiselle tem no Led Zeppelin sua maior influência, sem deixar de ser acessível.
Pastel de Miolos: Veteranos do punk rock baiano, estão mais ativos do que nunca e lançaram CD recentemente (Sábado).
Nancy Viegas & Radiola: A inesperada parceria que está dando o que falar no rock local. Promete um show animado e arrojado. (Sáb.)
Tom Bloch: rock denso, eletrônico
O duo Tom Bloch, formado por Pedro Verissimo (vocais) e Iuri Freiberger (produtor e baterista), é outra boa atração do Big Bands de sábado, com seu rock indefinível, sóbrio e eletrônico.
Messias: o veterano do indie rock baiano estreia seu novo trabalho ao vivo.
Frank Jorge: o homem que vai largar a Jovem Guarda por todo o país faz seu primeireo show na capital baiana.
Irmãos da Bailarina aliam peso e poesia
Com um som denso, pesado, aparentado do stoner rock, a Irmãos da Bailarina se caracteriza também pelas letras poéticas do vocalista Théo Filho, de pegada MPB.
Julia Says: electro rock do Recife
Formado pelos músicos Pauliño Nunes (vocal, guitarra, violão e sintetizadores virtuais) e Anthony Diego (programações, bateria e percussão), a dupla de electro rock recifense Julia Says se apresenta no domingo na Praça Teresa Batista. Surgida em 2007, traz influências vanguardistas na forma livre como busca criar suas canções, sem se prender aos formatos prévios – sejam do rock ou da música eletrônica. Já se apresentaram em festivais importantes, como o Rec Beat, o Coquetel Molotov e de Inverno de Garanhuns. Vale a pena buscar na net o divertido vídeo de Mohamed Saksak.
Mortícia: Uma das revelações do ano passado, pratica o que eles mesmos chamam de MPB: Música Pesada e Barulhenta. Conta com o carismático Leonardo Leão (Os Mizeravão) nos vocais. (Domingo).
Yun-Fat: Talvez a banda mais vanguardista de todo o elenco do festival, misturam death metal com bossa nova(!). (Dom).
Black Drawing Chalks: Essa rapaziada de Goiânia é uma das revelações deste ano. Hard rock acelerado e setentista, mas em releitura atual, o que equivale dizer que lembram bandas como Forgotten Boys e Death From Above 1979. (Dom).
Estrada Perdida: Uma das bandas mais radicais de Salvador. Peso e poesia em sintonia, mas de uma forma totalmente diferente dos Irmãos da Bailarina, por exemplo. (Dom).
Mesas-redondas
Serão três, na sexta-feira. Inscrições: festivalbigbands@gmail.com.
Rede Música Bahia: organização de redes de trabalho Com Emmanuel Mirdad, Eric Taller, Jair Guimarães e Vince de Mira.
Produção cultural e formação musical: entrar e permanecer no mercado independente Com Messias Bandeira, Frank Jorge, Iuri Freiberger e Rex (Retrofoguetes).
Abertura e manutenção de casas noturnas Com Theo Filho, Cláudio Vieira Rocha e Rafael Bandeira.
terça-feira, outubro 20, 2009
BAIA É A PEDIDA DO AFTER BIG BANDS DE SÁBADO
Músico baiano / pernambucano / carioca faz show acompanhado de músicos locais
Escrevam o que eu estou dizendo: Maurício Baia é um dos maiores talentos da música popular brasileira, hoje.
Quem ainda não o conhece tem uma ótima oportunidade de fazê-lo no show que ele fará neste sábado, acompanhado por uma banda formada por três experientes músicos locais: Graco Vieira (ex-Scambo, guitarra), Thiago Trad (Cascadura, bateria) e Renato Nunes (Diamba, baixo).
Letrista extraordinário, esse baiano criado em Recife e residente no Rio surgiu na década de 90, com a banda Baia & Os Rockboys.
Imediatamente, tornou-se referência no circuito independente pelo estilo similar ao de Raul Seixas – no sentido em que consegue fazer rock ‘n‘ roll com letras em português que falam direto com o ouvinte, que consegue se identificar com o que ele canta, graças a sua habilidade de falar de temas comuns a qualquer mortal (amor, vida dura) com rara sensibilidade e senso de humor (hoje em dia, um artigo raro no pop brazuca).
Cantor de voz marcante e personalidade forte – seu canto, aliás, evoluiu bastante desde seu primeiro CD – Baia ainda demonstra um carisma inegável sobre o palco.
Enfim: um artista completo.
Zé Ramalho e Malhação
Soou exagero do colunista? Certamente, Zé Ramalho não concordaria, pois recentemente incluiu duas versões de Baia para seu disco em homenagem à Bob Dylan, Tá Tudo Mudando (2008). Esse título, aliás, é o nome de uma das suas versões (para Times They-are-a-changin‘). E sabe quem ainda aparece na capa do CD, ao lado do bardo paraibano? Baia, ora bolas!
Se a chancela de Ramalho ainda não é o bastante, outra prova de seu talento versátil é a faixa Eus, gravada pela banda de reggae In Natura (de alguns ex-integrantes da Natiruts) para a trilha sonora de Malhação.
Alguém que dialoga com Zé Ramalho, Raul Seixas, Bob Dylan e o público de Malhação – simultaneamente – é, definitivamente, alguém para se acompanhar o trabalho de perto.
Depois de divulgar seu último álbum, Habeas Corpus (2006), Baia se prepara para lançar o CD 4 Cabeça, gravado com seus parceiros Gabriel Moura, Rogê e Luís Carlinhos.
Ouça: www.mauriciobaia.com.br.
Baia / Abertura: Vandex / Sábado, 23 h / Groove Bar / R$ 20 (masc) e R$ 15 (Fem)
NUETAS
Theatro e Banda de Rock (quase) Triste
A Theatro de Seraphin continua a temporada de shows de retorno ao circuito no Groove Bar dia 30 (sexta-feira). Na mesma noite, outro retorno, da Banda de Rock Triste. Especializada em covers de indie e alternativo, ela só tinha feito um único show, no antigo Balcão. Agora ela volta, com nova (e inusitada) formação: Cebola (ex-Berlinda) nos vocais, Apú (ex-Úteros em Fúria) e Toni (Demoiselle) nas guitarras, Nuno (Estrada Perdida) no baixo e Juliano (outro ex-Berlinda) na bateria. Dia 30, R$ 15.
Dias D´Ávila também tem festival sábado
Made in Dias D‘Ávila é o nome do festival, no mesmo dia do Big Bands aqui. Com Giselda, Contesto, Venice, Go, Toycore e outras. Ás 20 horas, no Stillo‘s Drinks (o Bar do Arlindo), R$ 5.
Escrevam o que eu estou dizendo: Maurício Baia é um dos maiores talentos da música popular brasileira, hoje.
Quem ainda não o conhece tem uma ótima oportunidade de fazê-lo no show que ele fará neste sábado, acompanhado por uma banda formada por três experientes músicos locais: Graco Vieira (ex-Scambo, guitarra), Thiago Trad (Cascadura, bateria) e Renato Nunes (Diamba, baixo).
Letrista extraordinário, esse baiano criado em Recife e residente no Rio surgiu na década de 90, com a banda Baia & Os Rockboys.
Imediatamente, tornou-se referência no circuito independente pelo estilo similar ao de Raul Seixas – no sentido em que consegue fazer rock ‘n‘ roll com letras em português que falam direto com o ouvinte, que consegue se identificar com o que ele canta, graças a sua habilidade de falar de temas comuns a qualquer mortal (amor, vida dura) com rara sensibilidade e senso de humor (hoje em dia, um artigo raro no pop brazuca).
Cantor de voz marcante e personalidade forte – seu canto, aliás, evoluiu bastante desde seu primeiro CD – Baia ainda demonstra um carisma inegável sobre o palco.
Enfim: um artista completo.
Zé Ramalho e Malhação
Soou exagero do colunista? Certamente, Zé Ramalho não concordaria, pois recentemente incluiu duas versões de Baia para seu disco em homenagem à Bob Dylan, Tá Tudo Mudando (2008). Esse título, aliás, é o nome de uma das suas versões (para Times They-are-a-changin‘). E sabe quem ainda aparece na capa do CD, ao lado do bardo paraibano? Baia, ora bolas!
Se a chancela de Ramalho ainda não é o bastante, outra prova de seu talento versátil é a faixa Eus, gravada pela banda de reggae In Natura (de alguns ex-integrantes da Natiruts) para a trilha sonora de Malhação.
Alguém que dialoga com Zé Ramalho, Raul Seixas, Bob Dylan e o público de Malhação – simultaneamente – é, definitivamente, alguém para se acompanhar o trabalho de perto.
Depois de divulgar seu último álbum, Habeas Corpus (2006), Baia se prepara para lançar o CD 4 Cabeça, gravado com seus parceiros Gabriel Moura, Rogê e Luís Carlinhos.
Ouça: www.mauriciobaia.com.br.
Baia / Abertura: Vandex / Sábado, 23 h / Groove Bar / R$ 20 (masc) e R$ 15 (Fem)
NUETAS
Theatro e Banda de Rock (quase) Triste
A Theatro de Seraphin continua a temporada de shows de retorno ao circuito no Groove Bar dia 30 (sexta-feira). Na mesma noite, outro retorno, da Banda de Rock Triste. Especializada em covers de indie e alternativo, ela só tinha feito um único show, no antigo Balcão. Agora ela volta, com nova (e inusitada) formação: Cebola (ex-Berlinda) nos vocais, Apú (ex-Úteros em Fúria) e Toni (Demoiselle) nas guitarras, Nuno (Estrada Perdida) no baixo e Juliano (outro ex-Berlinda) na bateria. Dia 30, R$ 15.
Dias D´Ávila também tem festival sábado
Made in Dias D‘Ávila é o nome do festival, no mesmo dia do Big Bands aqui. Com Giselda, Contesto, Venice, Go, Toycore e outras. Ás 20 horas, no Stillo‘s Drinks (o Bar do Arlindo), R$ 5.
quinta-feira, outubro 15, 2009
"SE A CABEÇA É O QUE TE IMPEDE DE ANDAR NU / 'RANQUE A CABEÇA / 'RANQUE A CABEÇA"
A cabeça é a ilha reúne mais e melhores tiras de André Dahmer, criador dos Malvados
Como quase tudo que surgiu (relevante ou não) nesta década, André Dahmer despontou no cenário dos quadrinhos através da internet, com seu site Malvados, atualizado diariamente, sempre com uma tira inédita.
Sucesso (quase) instantâneo, logo começou a publicar livros reunindo as melhores tiras. O mais recente é A cabeça é a ilha (Desiderata), que chegou há algum tempo às livrarias.
Observador sagaz da estupidez humana e aparentemente desprovido de esperanças quanto ao futuro dos homens, Dahmer destila nas suas tiras todo o seu niilismo, gerando piadas de flagrante humor negro que chegam mesmo a desconcertar o leitor menos familiarizado com seu estilo barra-pesada, sem concessões.
Através do site, Dahmer tornou famosos seus personagens mais constantes, os Malvados, uma dupla de sexo e idade indefinidos, com design semelhante à girassóis, sempre às voltas com alcoolismo, depressão, solidão, consumismo, total indiferença à miséria e aberrações sexuais variadas.
Em A cabeça é a ilha, o autor compilou séries de tiras onde explorou outros personagens e situações – já os temas são basicamente os mesmos.
Uma piada a cada quadrinho
No melhor estilo metralhadora giratória, Dahmer volta seu (mau) humor não apenas contra alvos fáceis – políticos, igrejas, classe média –, mas também analisa sem piedade as relações entre casais (sempre marcadas pela dominação) e a tendência humana de sempre descer um pouco mais, além do fundo do poço, além dos seus últimos traços de dignidade.
Em diversas tiras sobressai uma particularidade do autor, que é fazer uma gag a cada quadrinho, quando, normalmente, a piada se desenvolve nos primeiros quadrinhos e chega à sua conclusão no último.
Talvez os melhores exemplos dessa habilidade estejam na série Brasil Para Principiantes, onde os personagens anônimos retratam os absurdos cotidianos vividos pelos brasileiros, como o bêbado fantasiado que reivindica: “Sinal vermelho é para os fracos“, com as chaves do carro em uma mão e um copo em outra.
A cabeça é a ilha / André Dahmer / 152 p. / R$ 34,90 / Ed. Desiderata / www.malvados. com.br
Como quase tudo que surgiu (relevante ou não) nesta década, André Dahmer despontou no cenário dos quadrinhos através da internet, com seu site Malvados, atualizado diariamente, sempre com uma tira inédita.
Sucesso (quase) instantâneo, logo começou a publicar livros reunindo as melhores tiras. O mais recente é A cabeça é a ilha (Desiderata), que chegou há algum tempo às livrarias.
Observador sagaz da estupidez humana e aparentemente desprovido de esperanças quanto ao futuro dos homens, Dahmer destila nas suas tiras todo o seu niilismo, gerando piadas de flagrante humor negro que chegam mesmo a desconcertar o leitor menos familiarizado com seu estilo barra-pesada, sem concessões.
Através do site, Dahmer tornou famosos seus personagens mais constantes, os Malvados, uma dupla de sexo e idade indefinidos, com design semelhante à girassóis, sempre às voltas com alcoolismo, depressão, solidão, consumismo, total indiferença à miséria e aberrações sexuais variadas.
Em A cabeça é a ilha, o autor compilou séries de tiras onde explorou outros personagens e situações – já os temas são basicamente os mesmos.
Uma piada a cada quadrinho
No melhor estilo metralhadora giratória, Dahmer volta seu (mau) humor não apenas contra alvos fáceis – políticos, igrejas, classe média –, mas também analisa sem piedade as relações entre casais (sempre marcadas pela dominação) e a tendência humana de sempre descer um pouco mais, além do fundo do poço, além dos seus últimos traços de dignidade.
Em diversas tiras sobressai uma particularidade do autor, que é fazer uma gag a cada quadrinho, quando, normalmente, a piada se desenvolve nos primeiros quadrinhos e chega à sua conclusão no último.
Talvez os melhores exemplos dessa habilidade estejam na série Brasil Para Principiantes, onde os personagens anônimos retratam os absurdos cotidianos vividos pelos brasileiros, como o bêbado fantasiado que reivindica: “Sinal vermelho é para os fracos“, com as chaves do carro em uma mão e um copo em outra.
A cabeça é a ilha / André Dahmer / 152 p. / R$ 34,90 / Ed. Desiderata / www.malvados. com.br
terça-feira, outubro 13, 2009
LETIERES LEITE E A TERCEIRA VIA
O homem da Orkestra Rumpilezz, está a mil com o lançamento do primeiro álbum, projetos paralelos e parcerias com o rock local - depois dos Retrofogutes, agora é a Cascadura que vem aí
Letieres Leite, como todo sagitariano obstinado, é um homem com uma missão em vida: demonstrar por A + B a complexidade do que ele chama de “universo percussivo baiano“.
Ele despertou para a existência deste universo quando ainda estudava no Franz Schubert Konservatorium, em Viena, na década de 1990.
“Tive de apresentar um trabalho inspirado na música instrumental brasileira. Foi aí que eu percebi que os dois maiores mananciais rítmicos do Brasil, o samba e seus derivados, bem como a música nordestina, já haviam sido exaustivamente explorados. O samba, pelos trios de bossa jazz dos anos 1960. E a música nordestina, por Hermeto Pascoal e seus seguidores“, explica o músico.
“Eu queria algo mais original“, define Letieres, na sala da sua casa, um modesto apartamento no Rio Vermelho. De pé, cabelos grisalhos revoltos, anda na sala para lá e para cá enquanto fala – e como ele fala rápido.
Em busca de uma “terceira via“, Letieres – possivelmente, de forma inconsciente – cumpriu o conceito preconizado por Liev Tolstoi de alcançar a universalidade cantando a própria aldeia: voltou-se para a música percussiva de sua terra.
Sua busca, porém, não foi tão fácil. “Quando fui buscar as coisas da Bahia, fiquei alarmado, porque não havia uma literatura a respeito. Havia teses de doutorado – necessárias, mas distantes da realidade do dia a dia, do olho do furacão“, constatou.
Foi dessa busca por materiais que dessem conta de uma maior investigação acerca da música percussiva baiana que Letieres viu surgir o que ele chama de “DNA da Orkestra Rumpilezz“.
“Sempre tive essa vontade de compor em cima da nossa cultura rítmica“, conta. “A Bahia é uma das maiores fábricas de ritmo do planeta. A música que a gente vê o pessoal batucando na rua, nos bairros populares, não é bagunça, não! Tá tudo estruturado“, garante.
“Isso é o que eu chamo de ‘universo percussivo baiano‘, que vai desde a música sacra do candomblé até as grandes agremiações rítmicas, como o Ilê Aiyê, Olodum, Muzenza“, continua Letieres.
Em 2005, Letieres voltou definitivamente ao Brasil. Logo começou a trabalhar criando arranjos para os grandes nomes da indústria da música baiana, como Daniela Mercury, Jammil, Margareth Menezes, Chiclete com Banana, Olodum, Timbalada, Gerônimo.
“Eu fazia arranjo pra todo mundo. Até o dia que rolou um convite para trabalhar com a Banda Eva. E tive uma enorme empatia com a Ivete (Sangalo), como pessoa e como artista. Com ela, eu – como se diz – senti campo para criar com mais liberdade“, garante. “Dentro dos parâmetros da música industrial, digamos assim“, acrescenta.
Embrião no Gamboa
Fascinado pelo som que os alabês (os tocadores dos atabaques sagrados do candomblé) tiram dos seus instrumentos, Letieres resolveu juntar suas duas maiores paixões no palco do Teatro Gamboa, numa noite qualquer de 2006: a percussão da religião de matriz africana e a música jazz instrumental.
““Foi aí que tive a ideia de fazer um encontro dos alabês com músicos da cena instrumental. O evento chamou-se Rumpilezz no Teatro Gamboa. Isso foi em 2006“, lembra.
“Chamei todo mundo: Rowney (Scott), Joatan (Nascimento), Luizinho Assis, Fred Dantas, André Becker, Ldson Galter, Ivan Huol... Separadamente, todos participaram de uma sessão com os alabês para eu ver como ia soar“, continua.
“Aí depois peguei uma música de Mou Brasil – tinha que ser ele“, brinca, já que foi com Mou que ele começou a aprender a tocar saxofone e flauta – “e botei todo mundo pra tocar junto. Curiosamente, a música se chama De Volta para o Centro“, ri.
Com todos tocando ao mesmo tempo no palco do Gamboa, o resultado foi algo inédito, poderoso, ancestral – algo maior do que a mera soma de suas partes. “Foi aí que eu tive o tal do insight, o estalo de criar a Orkestra Rumpilezz“, diz.
Naquele mesmo ano, o maestro Zeca Freitas, organizador do Festival de Música Instrumental da Bahia, sabendo que Letieres estava de volta à cidade, o convidou para se apresentar no seu evento.
Sugeri a ele me apresentar com aquela formação inusitada de orquestra – que nem existia ainda. Mas, dali em diante, passou a existir“, pontua Letieres.
Daí em diante, o que ocorreu já é história: com as primeiras gravações no MySpace em 2007, Ed Motta caiu de joelhos e logo estava por aqui, se apresentando com a Orkestra no Teatro Castro Alves.
Depois vieram Toninho Horta e Max de Castro (outros adeptos / fãs incuráveis) e o contrato para lançar o primeiro CD através de uma parceria entre a Caco Discos (empresa de Ivete) e a Biscoito Fino.
Com o CD prestes a sair do forno (no próximo dia 20), Letieres e sua rapaziada já se preparam para os shows de lançamento em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. Em Salvador, ainda não há previsão.
Mas como o espetáculo não pode parar, amanhã mesmo tem mais uma apresentação na Praça Teresa Batista, dentro da programação de orquestras do Pelourinho Cultural.
Conto de Ciderela
Sobre o CD em si, o maestro não poderia estar mais contente. Depois de gravado, o disco, por obra e graça de algum orixá que deve gostar muito dele, caiu nas mãos do conceituado produtor americano Joe Ferla, que, depois de ouvir o material, fez questão de mixar o disco no lendário estúdio Legacy, lar de feras como John Coltrane (ídolo de Letieres, que tem um altar cheio de santos, orixás e uma foto de Coltrane ao fundo, zelando por todos). “Era eles mixando de lá e eu conferindo daqui, em tempo real, só dando o OK“, explica.
Com nomes como Cassandra Wilson, Roberta Flack, Keith Richards, John Mayer e muitos outros no currículo, Ferla gostou tanto do CD da Orkestra que perguntou à Letieres se poderia leva-lo ao Grammy. “E não é o Latino, não, hein!“, brinca, sem esconder a satisfação.
”Quando esse cara entrou em contato comigo, todo entusiasmado, eu nem acreditei. Parece um conto de Cinderela”, admira-se.
Cascadura e Quarteto
E quem acha que, mesmo com tudo isso, Letieres se dá por satisfeito, se engana redondamente. Na manhã da última quinta-feira, lá estava ele e a repórter saboreando um suco de graviola, quando toca o telefone. ”Alô? É Fábio Cascadura”, diz ele, botando a mão no bocal.
”Tô com o repórter aqui, depois eu te ligo pra gente conversar melhor”. Desliga o telefone e, sem segurar o entusiasmo, entrega o ouro: ”Eles me chamaram pra botar a Orkestra no próximo disco deles. Acho que vai ser muito legal. Aliás, o pessoal do rock se amarra (na Orkestra). Já gravei com os Retrofoguetes, agora vou com a Cascadura. E o Led Zeppelin não sai do meu i-pod, sabia? Adoro!”, confessa.
Em outra frente, o músico se prepara para estrear um outro projeto já no dia 21, o Letieres em 1 Quarteto. “É uma resposta à um desafio, de fazer música inspirada na ancestralidade africana, mas só com quatro pessoas. Vamos tocar 11 composições inéditas, criadas só para esta formação, com piano, bateria, baixo e sax / flauta“, conclui.
Show da Orkestra Rumpilezz / Hoje (13/10), 21 horas / Largo Teresa Batista, Pelourinho / Gratuito
Show Letieres Leite em 1 Quarteto / dia 21 de outubro, 22 horas / Tom do Sabor / R. João Gomes, 249, Rio Vermelho (3334-5677) / R$ 15
Letieres Leite, como todo sagitariano obstinado, é um homem com uma missão em vida: demonstrar por A + B a complexidade do que ele chama de “universo percussivo baiano“.
Ele despertou para a existência deste universo quando ainda estudava no Franz Schubert Konservatorium, em Viena, na década de 1990.
“Tive de apresentar um trabalho inspirado na música instrumental brasileira. Foi aí que eu percebi que os dois maiores mananciais rítmicos do Brasil, o samba e seus derivados, bem como a música nordestina, já haviam sido exaustivamente explorados. O samba, pelos trios de bossa jazz dos anos 1960. E a música nordestina, por Hermeto Pascoal e seus seguidores“, explica o músico.
“Eu queria algo mais original“, define Letieres, na sala da sua casa, um modesto apartamento no Rio Vermelho. De pé, cabelos grisalhos revoltos, anda na sala para lá e para cá enquanto fala – e como ele fala rápido.
Em busca de uma “terceira via“, Letieres – possivelmente, de forma inconsciente – cumpriu o conceito preconizado por Liev Tolstoi de alcançar a universalidade cantando a própria aldeia: voltou-se para a música percussiva de sua terra.
Sua busca, porém, não foi tão fácil. “Quando fui buscar as coisas da Bahia, fiquei alarmado, porque não havia uma literatura a respeito. Havia teses de doutorado – necessárias, mas distantes da realidade do dia a dia, do olho do furacão“, constatou.
Foi dessa busca por materiais que dessem conta de uma maior investigação acerca da música percussiva baiana que Letieres viu surgir o que ele chama de “DNA da Orkestra Rumpilezz“.
“Sempre tive essa vontade de compor em cima da nossa cultura rítmica“, conta. “A Bahia é uma das maiores fábricas de ritmo do planeta. A música que a gente vê o pessoal batucando na rua, nos bairros populares, não é bagunça, não! Tá tudo estruturado“, garante.
“Isso é o que eu chamo de ‘universo percussivo baiano‘, que vai desde a música sacra do candomblé até as grandes agremiações rítmicas, como o Ilê Aiyê, Olodum, Muzenza“, continua Letieres.
Em 2005, Letieres voltou definitivamente ao Brasil. Logo começou a trabalhar criando arranjos para os grandes nomes da indústria da música baiana, como Daniela Mercury, Jammil, Margareth Menezes, Chiclete com Banana, Olodum, Timbalada, Gerônimo.
“Eu fazia arranjo pra todo mundo. Até o dia que rolou um convite para trabalhar com a Banda Eva. E tive uma enorme empatia com a Ivete (Sangalo), como pessoa e como artista. Com ela, eu – como se diz – senti campo para criar com mais liberdade“, garante. “Dentro dos parâmetros da música industrial, digamos assim“, acrescenta.
Embrião no Gamboa
Fascinado pelo som que os alabês (os tocadores dos atabaques sagrados do candomblé) tiram dos seus instrumentos, Letieres resolveu juntar suas duas maiores paixões no palco do Teatro Gamboa, numa noite qualquer de 2006: a percussão da religião de matriz africana e a música jazz instrumental.
““Foi aí que tive a ideia de fazer um encontro dos alabês com músicos da cena instrumental. O evento chamou-se Rumpilezz no Teatro Gamboa. Isso foi em 2006“, lembra.
“Chamei todo mundo: Rowney (Scott), Joatan (Nascimento), Luizinho Assis, Fred Dantas, André Becker, Ldson Galter, Ivan Huol... Separadamente, todos participaram de uma sessão com os alabês para eu ver como ia soar“, continua.
“Aí depois peguei uma música de Mou Brasil – tinha que ser ele“, brinca, já que foi com Mou que ele começou a aprender a tocar saxofone e flauta – “e botei todo mundo pra tocar junto. Curiosamente, a música se chama De Volta para o Centro“, ri.
Com todos tocando ao mesmo tempo no palco do Gamboa, o resultado foi algo inédito, poderoso, ancestral – algo maior do que a mera soma de suas partes. “Foi aí que eu tive o tal do insight, o estalo de criar a Orkestra Rumpilezz“, diz.
Naquele mesmo ano, o maestro Zeca Freitas, organizador do Festival de Música Instrumental da Bahia, sabendo que Letieres estava de volta à cidade, o convidou para se apresentar no seu evento.
Sugeri a ele me apresentar com aquela formação inusitada de orquestra – que nem existia ainda. Mas, dali em diante, passou a existir“, pontua Letieres.
Daí em diante, o que ocorreu já é história: com as primeiras gravações no MySpace em 2007, Ed Motta caiu de joelhos e logo estava por aqui, se apresentando com a Orkestra no Teatro Castro Alves.
Depois vieram Toninho Horta e Max de Castro (outros adeptos / fãs incuráveis) e o contrato para lançar o primeiro CD através de uma parceria entre a Caco Discos (empresa de Ivete) e a Biscoito Fino.
Com o CD prestes a sair do forno (no próximo dia 20), Letieres e sua rapaziada já se preparam para os shows de lançamento em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. Em Salvador, ainda não há previsão.
Mas como o espetáculo não pode parar, amanhã mesmo tem mais uma apresentação na Praça Teresa Batista, dentro da programação de orquestras do Pelourinho Cultural.
Conto de Ciderela
Sobre o CD em si, o maestro não poderia estar mais contente. Depois de gravado, o disco, por obra e graça de algum orixá que deve gostar muito dele, caiu nas mãos do conceituado produtor americano Joe Ferla, que, depois de ouvir o material, fez questão de mixar o disco no lendário estúdio Legacy, lar de feras como John Coltrane (ídolo de Letieres, que tem um altar cheio de santos, orixás e uma foto de Coltrane ao fundo, zelando por todos). “Era eles mixando de lá e eu conferindo daqui, em tempo real, só dando o OK“, explica.
Com nomes como Cassandra Wilson, Roberta Flack, Keith Richards, John Mayer e muitos outros no currículo, Ferla gostou tanto do CD da Orkestra que perguntou à Letieres se poderia leva-lo ao Grammy. “E não é o Latino, não, hein!“, brinca, sem esconder a satisfação.
”Quando esse cara entrou em contato comigo, todo entusiasmado, eu nem acreditei. Parece um conto de Cinderela”, admira-se.
Cascadura e Quarteto
E quem acha que, mesmo com tudo isso, Letieres se dá por satisfeito, se engana redondamente. Na manhã da última quinta-feira, lá estava ele e a repórter saboreando um suco de graviola, quando toca o telefone. ”Alô? É Fábio Cascadura”, diz ele, botando a mão no bocal.
”Tô com o repórter aqui, depois eu te ligo pra gente conversar melhor”. Desliga o telefone e, sem segurar o entusiasmo, entrega o ouro: ”Eles me chamaram pra botar a Orkestra no próximo disco deles. Acho que vai ser muito legal. Aliás, o pessoal do rock se amarra (na Orkestra). Já gravei com os Retrofoguetes, agora vou com a Cascadura. E o Led Zeppelin não sai do meu i-pod, sabia? Adoro!”, confessa.
Em outra frente, o músico se prepara para estrear um outro projeto já no dia 21, o Letieres em 1 Quarteto. “É uma resposta à um desafio, de fazer música inspirada na ancestralidade africana, mas só com quatro pessoas. Vamos tocar 11 composições inéditas, criadas só para esta formação, com piano, bateria, baixo e sax / flauta“, conclui.
Show da Orkestra Rumpilezz / Hoje (13/10), 21 horas / Largo Teresa Batista, Pelourinho / Gratuito
Show Letieres Leite em 1 Quarteto / dia 21 de outubro, 22 horas / Tom do Sabor / R. João Gomes, 249, Rio Vermelho (3334-5677) / R$ 15
quinta-feira, outubro 08, 2009
DIRTYBOOK
Podres do Facebook em breve nas telas dos cinemas
Os nerds habitués de redes sociais como Facebook, Orkut e quejandos já devem estar por dentro – claro – mas de qualquer forma, a notícia já está em tudo que é lugar: o diretor David Fincher (Benjamin Button, Se7en) começa a rodar agora em outubro The Social Network (A Rede Social), um filme contando todos os podres por trás da fundação e sucesso do Facebook.
Site de relacionamentos preferido do público norte-americano (assim como o Orkut é dos brasileiros), o Facebook já é o quarto site mais visitado do mundo, com cerca de 300 milhões de usuários. Como toda história de sucesso retumbante e meteórica, a do Facebook também tem suas sujeiras ocultas – ou não tão ocultas assim.
O filme de Davi Fincher tem roteiro de Aaron Sorkin, do seriado The West Wing. O roteiro de Sorkin, por sua vez, baseia-se no livro The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal (Os bilionários acidentais: A fundação do Facebook, um conto de sexo, dinheiro, gênio e traição), de Ben Mezrich.
Acontece que o livro de Mezrich tem como principal fonte o brasileiro Eduardo Saverin, um dos criadores do Facebook, ao lado de Mark Zuckerberg. Ambos eram colegas na Universidade de Harvard quando fundaram o site de relacionamentos.
Desta forma, o filme deverá centrar não no site em si, mas na história de sexo, fortuna, (suposta) genialidade e traição envolvendo os dois sócios.
Cadê o nome que estava aqui?
O que consta pela internet sobre a disputa entre Saverin e Zuckerberg é que, quando o primeiro interpelou o segundo sobre o dinheiro da companhia sendo usado em gastos pessoais, Saverin foi sumariamente alijado da empresa, tendo inclusive seu nome apagado como fundador do site, ao lado do nome de Zuckerberg.
Curiosamente, já em janeiro deste ano, quando o livro de Ben Mezrich estava prestes a ser lançado, o nome de Saverin voltou ao Facebook, como em um passe de mágica.
Certamente fruto de algum acordo entre os dois ex-sócios, o ressurgimento do nome de Saverin no Facebook foi justificado pela diretora de relações públicas Brandee Barker ao site Gawker.com da seguinte forma: “Fizemos a mudança recentemente para garantir que Eduardo leve o crédito e a visibilidade que merece por sua contribuição ao Facebook“.
Certamente, o filme de Fincher deverá cobrir a saga de riqueza e traição dos dois colegas de quarto, com direito a todos os detalhes sórdidos, como convém nestes tempos em que privacidade se tornou artigo de luxo, coisa do passado.
Nomes promissores
Para o elenco de The Social Network, David Fincher, o produtor Kevin Spacey e a diretora de elenco Laray Mayfield selecionaram dois atores ainda pouco conhecidos: Jesse Eisenberg (como Mark Zuckerberg) e Andrew Garfield (como Eduardo Saverin).
Mas o nome que saltou nas manchetes sobre o filme foi mesmo o de Justin Timberlake, que pegou um papel coadjuvante como Sean Parker, co-criador do Napster, que foi um dos primeiros investidores a apostar seu dinheiro na companhia.
Eisenberg, um jovem promissor, pode ser visto em um filme que acaba de chegar às locadoras: Adventureland, novo filme dos produtores de Superbad. Comédia juvenil romântica e sensível, com toques de cultura indie rock, recebeu no Brasil o sofrível título Férias Frustradas de Verão. É uma velha tradição brasileira, dar títulos ridículos e clichês totalmente distantes da proposta do filme em si.
Já o brasileiro Saverin será vivido no cinema por Andrew Garfield, visto contracenando com Robert Redford no drama Leões e Cordeiros (2007).
Os nerds habitués de redes sociais como Facebook, Orkut e quejandos já devem estar por dentro – claro – mas de qualquer forma, a notícia já está em tudo que é lugar: o diretor David Fincher (Benjamin Button, Se7en) começa a rodar agora em outubro The Social Network (A Rede Social), um filme contando todos os podres por trás da fundação e sucesso do Facebook.
Site de relacionamentos preferido do público norte-americano (assim como o Orkut é dos brasileiros), o Facebook já é o quarto site mais visitado do mundo, com cerca de 300 milhões de usuários. Como toda história de sucesso retumbante e meteórica, a do Facebook também tem suas sujeiras ocultas – ou não tão ocultas assim.
O filme de Davi Fincher tem roteiro de Aaron Sorkin, do seriado The West Wing. O roteiro de Sorkin, por sua vez, baseia-se no livro The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal (Os bilionários acidentais: A fundação do Facebook, um conto de sexo, dinheiro, gênio e traição), de Ben Mezrich.
Acontece que o livro de Mezrich tem como principal fonte o brasileiro Eduardo Saverin, um dos criadores do Facebook, ao lado de Mark Zuckerberg. Ambos eram colegas na Universidade de Harvard quando fundaram o site de relacionamentos.
Desta forma, o filme deverá centrar não no site em si, mas na história de sexo, fortuna, (suposta) genialidade e traição envolvendo os dois sócios.
Cadê o nome que estava aqui?
O que consta pela internet sobre a disputa entre Saverin e Zuckerberg é que, quando o primeiro interpelou o segundo sobre o dinheiro da companhia sendo usado em gastos pessoais, Saverin foi sumariamente alijado da empresa, tendo inclusive seu nome apagado como fundador do site, ao lado do nome de Zuckerberg.
Curiosamente, já em janeiro deste ano, quando o livro de Ben Mezrich estava prestes a ser lançado, o nome de Saverin voltou ao Facebook, como em um passe de mágica.
Certamente fruto de algum acordo entre os dois ex-sócios, o ressurgimento do nome de Saverin no Facebook foi justificado pela diretora de relações públicas Brandee Barker ao site Gawker.com da seguinte forma: “Fizemos a mudança recentemente para garantir que Eduardo leve o crédito e a visibilidade que merece por sua contribuição ao Facebook“.
Certamente, o filme de Fincher deverá cobrir a saga de riqueza e traição dos dois colegas de quarto, com direito a todos os detalhes sórdidos, como convém nestes tempos em que privacidade se tornou artigo de luxo, coisa do passado.
Nomes promissores
Para o elenco de The Social Network, David Fincher, o produtor Kevin Spacey e a diretora de elenco Laray Mayfield selecionaram dois atores ainda pouco conhecidos: Jesse Eisenberg (como Mark Zuckerberg) e Andrew Garfield (como Eduardo Saverin).
Mas o nome que saltou nas manchetes sobre o filme foi mesmo o de Justin Timberlake, que pegou um papel coadjuvante como Sean Parker, co-criador do Napster, que foi um dos primeiros investidores a apostar seu dinheiro na companhia.
Eisenberg, um jovem promissor, pode ser visto em um filme que acaba de chegar às locadoras: Adventureland, novo filme dos produtores de Superbad. Comédia juvenil romântica e sensível, com toques de cultura indie rock, recebeu no Brasil o sofrível título Férias Frustradas de Verão. É uma velha tradição brasileira, dar títulos ridículos e clichês totalmente distantes da proposta do filme em si.
Já o brasileiro Saverin será vivido no cinema por Andrew Garfield, visto contracenando com Robert Redford no drama Leões e Cordeiros (2007).
terça-feira, outubro 06, 2009
GUERILLA GIG À BAIANA
Elipê adota estratégia de guerrilha para divulgar trabalho e se aproximar dos fãs
Em meados dessa década, diversas bandas inglesas começaram a tocar de surpresa em estações de metrô, portas de lojas e esquinas de Londres. Desse movimento saíram bandas como The Rakes, Art Brüt e Mäximo Park. Eram as chamadas guerilla gigs.
Em Salvador, fim da década, uma banda local faz sua própria versão do que seria uma estratégia de guerrilha para mostrar seu trabalho e se aproximar do seu público: Elipê Canguinha.
Funciona da seguinte forma: pelos próximos três domingos, o pessoal da banda Elipê chega no gramado do Farol da Barra, estende suas cangas no chão e forma a roda de violão. Quem estiver passando pelo local e curtir, pode ficar para ouvir e cantar junto. Não paga nada. A ideia é essa mesmo, simples assim.
Pôr do sol, música, cervejinha
“Ficamos vários meses sem tocar por que começamos a gravar nosso segundo disco (agora produzido por andré t.) em fevereiro. E estávamos sentindo falta do contato com o público. Como estamos agora preparando o lançamento, resolvemos fazer uma coisa mais informal para estar perto das pessoas. Daí o projeto Elipê Canguinha“, explica a cantora Paula Noyb.
Escudada pelos companheiros de banda Dudu Lopes (bateria e voz), Mateus Lopes (guitarra e violino), Didhio (baixo) e Thiago Colares (guitarra), Paula conta que, nesse projeto, a ideia é “mostrar coisas do trabalho novo e também tocar coisas nada-a-ver com o que costumamos fazer no palco“.
Neste último domingo já rolou a estreia do evento, que, segundo o guitarrista Thiago, foi “muito legal. Deu uma galera massa, gente pra caramba“, comemora.
“O tempo ajudou e fez um pôr do sol lindão. Cantamos muitas músicas da gente e também covers das bandas locais, que é uma coisa que fazemos questão. Tocamos Cascadura, O Circulo e Aguarraz“, conta.
“Algumas pessoas das bandas que foram lá gostaram tanto que já se escalaram para participar na outra semana, como o Ênio (d‘A Maloca)“, cita Thiago.
E pensar que, até sexta, ”muita gente não estava entendendo o projeto”, segundo Paula. ”Gente, é uma roda de violão, um luau pra ver o pôr do sol, tomar uma cervejinha com os amigos. Todo mundo gosta né?”. Ô!
Elipê Canguinha / Domingos de outubro (11, 18, 15), às 16h30 / Gramado do Farol da Barra / gratuito / Em caso de chuva, fica cancelado
NUETAS
Theatro de volta & a volta do bom filho
Depois de sete meses sem se apresentar, a banda Theatro de Seraphin volta aos palcos nesta sexta-feira, na Boomerangue, trazendo de volta o guitarrista original Cândido Soto Jr. (Cascadura). “Nariga“, como é conhecido, havia saído para se dedicar à Casca, sendo substituído por César Vieira (brincando de deus). Com a recente saída de César, volta à casa serafínica o bom filho. Show de abertura com as meninas da Flauer.
Oasis Day com a Starla no Portela
Os indie rockers da Starla apresentam repertório especial com 11 músicas do Oasis neste sábado (10) no Portela Café, em homenagem à – a essa altura, defunta – banda dos Gallagher Bros. Participação: De Gales e DJ Lucas Albarn. 22 horas, R$ 10.
Em meados dessa década, diversas bandas inglesas começaram a tocar de surpresa em estações de metrô, portas de lojas e esquinas de Londres. Desse movimento saíram bandas como The Rakes, Art Brüt e Mäximo Park. Eram as chamadas guerilla gigs.
Em Salvador, fim da década, uma banda local faz sua própria versão do que seria uma estratégia de guerrilha para mostrar seu trabalho e se aproximar do seu público: Elipê Canguinha.
Funciona da seguinte forma: pelos próximos três domingos, o pessoal da banda Elipê chega no gramado do Farol da Barra, estende suas cangas no chão e forma a roda de violão. Quem estiver passando pelo local e curtir, pode ficar para ouvir e cantar junto. Não paga nada. A ideia é essa mesmo, simples assim.
Pôr do sol, música, cervejinha
“Ficamos vários meses sem tocar por que começamos a gravar nosso segundo disco (agora produzido por andré t.) em fevereiro. E estávamos sentindo falta do contato com o público. Como estamos agora preparando o lançamento, resolvemos fazer uma coisa mais informal para estar perto das pessoas. Daí o projeto Elipê Canguinha“, explica a cantora Paula Noyb.
Escudada pelos companheiros de banda Dudu Lopes (bateria e voz), Mateus Lopes (guitarra e violino), Didhio (baixo) e Thiago Colares (guitarra), Paula conta que, nesse projeto, a ideia é “mostrar coisas do trabalho novo e também tocar coisas nada-a-ver com o que costumamos fazer no palco“.
Neste último domingo já rolou a estreia do evento, que, segundo o guitarrista Thiago, foi “muito legal. Deu uma galera massa, gente pra caramba“, comemora.
“O tempo ajudou e fez um pôr do sol lindão. Cantamos muitas músicas da gente e também covers das bandas locais, que é uma coisa que fazemos questão. Tocamos Cascadura, O Circulo e Aguarraz“, conta.
“Algumas pessoas das bandas que foram lá gostaram tanto que já se escalaram para participar na outra semana, como o Ênio (d‘A Maloca)“, cita Thiago.
E pensar que, até sexta, ”muita gente não estava entendendo o projeto”, segundo Paula. ”Gente, é uma roda de violão, um luau pra ver o pôr do sol, tomar uma cervejinha com os amigos. Todo mundo gosta né?”. Ô!
Elipê Canguinha / Domingos de outubro (11, 18, 15), às 16h30 / Gramado do Farol da Barra / gratuito / Em caso de chuva, fica cancelado
NUETAS
Theatro de volta & a volta do bom filho
Depois de sete meses sem se apresentar, a banda Theatro de Seraphin volta aos palcos nesta sexta-feira, na Boomerangue, trazendo de volta o guitarrista original Cândido Soto Jr. (Cascadura). “Nariga“, como é conhecido, havia saído para se dedicar à Casca, sendo substituído por César Vieira (brincando de deus). Com a recente saída de César, volta à casa serafínica o bom filho. Show de abertura com as meninas da Flauer.
Oasis Day com a Starla no Portela
Os indie rockers da Starla apresentam repertório especial com 11 músicas do Oasis neste sábado (10) no Portela Café, em homenagem à – a essa altura, defunta – banda dos Gallagher Bros. Participação: De Gales e DJ Lucas Albarn. 22 horas, R$ 10.