Tendência iniciada em sites como LastFM e BlipFM pode apontar para nova forma de ouvir música
De dez anos para cá, um novo mundo se descortinou para quem faz, ouve e trabalha com música. O formato CD entrou em declínio (mas não acabou), o MP3 ascendeu como o formato dominante e o download – legal ou ilegal – é a principal forma de acesso para quem quer ouvir música.
Isso pode mudar um pouco a partir de uma tendência que vem se verificando entre a rapaziada mais antenada: o streaming, a partir do que, entre os acadêmicos, se convencionou chamar de “sistemas de recomendação musical“.
À moda do velho Jack: streaming (literalmente: correnteza), é o formato que permite ao usuário acessar músicas e vídeos sem precisar baixar nada, apenas clicando em players instalados nos próprios sites.
E “sistemas de recomendação musical“ é como a pesquisadora Simone de Sá (da Universidade Federal Fluminense) denomina sites como LastFM e BlipFm, que, cada um ao seu modo, agregam música e artistas ao gosto do freguês internauta.
O músico independente e doutor em comunicação Messias Guimarães Bandeira, usuário do LastFM, vê a rede mundial de computadores como “uma discoteca planetária, o somatório das nossas discotecas individuais. As músicas estão disponíveis e você não vai precisar baixar“, nota.
Desta forma, os playlists individuais podem ser acessados de qualquer lugar do mundo, via computador , celular, i-Phone ou palmtop.
“Mas não acho que o streaming substitui o download, porque as pessoas querem ouvir música em outros suportes. Mas o streaming é uma tendência da Web 2.0, onde tudo está na rede e a rede funciona como um elemento orgânico“, continua.
Simone de Sá concorda e acrescenta: “Cada vez mais a gente vê surgirem demandas de múltiplas experiências de consumo de música. É como se fosse preciso um formato para cada momento de nossas vidas. Mas no meio de todo esse debate, eu acho que não há uma única saída, uma solução só. Esse tipo de sistema que está oferecendo música em streaming é importante, pois está construindo em uma experiência musical diferenciada para os consumidores. Mas eu não apostaria nele como um único caminho, pois o sentimento de posse da música ainda é muito importante“, observa.
Banda larga para 3 bilhões
A afirmação da professora encontra eco na recente pesquisa encomendada pelo site britânico UK Music, que indicou que a posse da música ainda é “extremamente importante“.
Um dos signatários do recente Manifesto MPB - Música Para Baixar, Leoni – um veterano hitmaker convertido em guerrilheiro digital –, aposta no futuro do streaming, mas a médio prazo.
“Acho que, quando as conexões forem ainda mais rápidas e a mobilidade chegar para todos, a propriedade vai ser menos importante. Veja que o Google e a O3B Networks (empresa que fornece internet de alta velocidade a baixos custos) estão instalando 16 satélites para permitir banda larga muito barata, ou mesmo gratuita, nos países em desenvolvimento. São previstas mais 3 bilhões de conexões em banda larga a partir de 2011. Vai ser uma revolução“, prevê.
O curador faz falta
Mas e quanto à música em si? Será que o trabalho do músico não deveria se ocupar de criar, ao invés de ter que reinventar a roda marketeira? É aí que se vê a falta que faz o empresário de faro fino, o curador que vai perceber o potencial dos artistas emergentes e direcioná-los ao público.
“A indústria fonográfica sempre teve um papel de mediação entre público e artista. Isso acabou. Aí o pessoal fica ‘graças a Deus acabou‘ e tal, mas eu não acredito que é só colocar as músicas no MySpace. Só isso não resolve. Como atingir as pessoas, como ganhar dinheiro com isso? Precisamos mesmo de novos mediadores para que os músicos possam se concentrar em fazer música“, diz Simone.
Para ela, “o streamimg pode vir a desempenhar esse papel, que precisa ser valorizado, pois a gente sabe que não é qualquer um que sabe fazer isso“, alerta.
Leoni concorda com Simone e acha que é possível até um renascimento da indústria fonográfica.
“O negócio que eles tinham acabou, mas eu acho que há muito espaço para que as gravadoras voltem a ser importantes. Mas a relação delas com os artistas e com o público tem que ser totalmente revista. Acho que o papel de curador ainda é necessário. Elas poderiam dar o selo de qualidade – se não estivessem agora tão comprometidas com o lucro a curto prazo“, nota.
ENTREVISTA: RITCHIE
O homem que, no auge da era das gravadoras, tatuou a Menina Veneno e seu “abajur cor de carne“ na memória afetiva de toda uma geração é hoje um dos mais ativos músicos a atuar na internet sem criar restrições para quem quer ouvir sua música.
Com a visão do fã “amigo“ – oposta a do fã “ladrão“ que rouba a música do pobrezinho do artista –, Ritchie é um exemplo de como se pode transformar crise em oportunidade.
Depois de disponibilizar todo o conteúdo do seu último CD / DVD em sites de relacionamento, o inglês naturalizado brasileiro vendeu mais em dois meses do que em dois anos na sua última gravadora convencional. Para ele, o streaming é uma grande tendência – e o sucesso de sua experiência sinaliza para a possível consolidação do modelo.
Claro que não estamos mais em 1982 e sucesso, hoje, é um conceito bem mais relativo e difuso – especialmente para quem não está no esquemão das grandes gravadoras e seus sucessos esmagadores movidos a jabá. Mas que importa isso para quem está na batalha com honestidade?
Download ainda é crime?
Ritchie: Pela letra da lei, ainda é considerado crime. Pessoalmente, eu acho que compartilhar música com os amigos faz parte da experiência de ser fã. Como artista e compositor, quero que o maior número possível de pessoas possam ouvir meu trabalho. Percebo que quando o fã é tratado com respeito, ele passa a divulgar meu trabalho e invariavelmente retribui em dobro, comprando o CD/DVD e/ou comparecendo com os amigos nos shows. Sou contra a pirataria de CDs e DVDs, cujos lucros alimentam o crime organizado.
Há quem aposte que o streaming é o futuro. Você concorda?
Ritchie:Com os avanços tecnológicos no mundo dos portáteis (laptops, netbooks e smartphones) estamos caminhando rapidamente para um momento onde não será mais necessário carregar consigo os arquivos de música. A tendência aponta cada vez mais para a praticidade do streaming, seja diretamente do computador de casa ou com serviços "in-the-cloud" como Spotify (ainda sem previsão de lançamento no Brasil). Como artista independente, eu fiz a experiência de disponibilizar todas as músicas do meu novo cd/dvd/blu-ray, Outra Vez (ao vivo no estúdio) em formato streaming no meu perfil no Reverbnation (www.reverbnation.com/ritchie) e no MySpace (www.myspace.com/ritchieoficial). O resultado tem sido surprendente. Vendemos mais cópias físicas (do novo CD e DVD) em apenas 2 meses do que em 2 anos inteiros na minha última gravadora e eu mal começei a divulgar o trabalho na mídia convencional (TV, rádio etc). A Microservice anunciou que vamos para a2ª prensagem. Estou muito satisfeito.
Qual a saída para a indústria?
Ritchie:Nascer de novo é a única saída (risos). As gravadoras perderam o trem da história e estão afundando. Precisam abandonar o velho modelo de negócios o quanto antes, mas talvez já seja tarde demais.
E para os artistas? Show e a venda de produtos como camisetas bonés etc serão as únicas formas de se ganhar dinheiro?
Ritchie:Hoje, um artista com um laptop, um microfone e algumas boas idéias na cabeça pode gravar, mixar, divulgar, distribuir e vender seu trabalho online com facilidade. Através das redes sociais (Twitter, Facebook, MySpace, Reverbnation), ele pode manter uma linha direta com os fãs que se tornam colaboradores/ divulgadores virais ao invés de meros consumidores. O fã engajado é o melhor aliado que um artista pode ter, é muito importante não aliená-lo.
Só para esclarecer: essa foi uma pauta que me foi passada pela editoria. Pauta recebida, pauta cumprida. Pessoalmente, acho esse tendência um tanto quanto embrionária ainda para ser considerada algo além disso: uma tendência - como aliás, deixo claro no texto, inclusive apoiado pela pesquisadora entrevistada.
ResponderExcluirFora que essa discussão - que se arrastou por toda essa última década - me é cansativa e um tanto pentelha. Meu negócio é música. Como as pessoas tão ouvindo, sinceramente, eu tô pouco me lixando. Mas isso é uma opinião pessoal minha. No profissional, minha obrigação é me manter atualizado. Faço o possível.
Eu acho que no fim das contas é mais uma ferramenta a ser utilizada durante a navegação pelos sites da rede. Particularmente eu curto mesmo é comprar CDs, gosto de manusear o encarte e gosto da mídia, mas pra quem prefere o formato mp.3 já não vai bastar o streaming, por isso acredito que o download ainda ter uma vidinha mais longa nessa pauta.
ResponderExcluirLet's rock'n'roll !!!
vejam isso:
ResponderExcluirLondres, 17 set (EFE).- Mick Jones e Topper Headon, integrantes do extinto The Clash, voltaram ao estúdio para gravar uma das canções do mítico grupo punk, em benefício a uma ONG dedicada a ajudar a população carcerária do Reino Unido.Os dois gravaram uma nova versão da música "Jail Guitar Doors", que dá nome à organização.
O reencontro também contou com a participação do cantor e compositor Billy Bragg, criador da iniciativa que fornece instrumentos para ajudar os presos na reabilitação.
Jones, que já tinha doado dinheiro para a organização de Bragg, disse, em nota divulgada pela agência de notícias "PA", que foi com Headon a um encontro dos presos que participam da iniciativa.
Na reunião, segundo Jones, os detentos "disseram o quanto o programa (da ONG de Bragg) estava ajudando-os a mudar de vida".
"Foi realmente comovente pensar que tínhamos ajudado, mesmo que só um pouco", disse o guitarrista.
Headon acrescentou que "ver os frutos disso tudo é muito bonito". Depois, lembrou que quando ficou preso, há vários anos, teve sorte de "conseguir um violão, que pertencia ao capelão da prisão". "Sei o quanto isto me ajudou a superar aquilo",afirmou.
Bragg, que decidiu ser músico e ativista político após ver o The Clash numa apresentação em Londres, disse que a ideia por trás de sua iniciativa é lembrar que "a prisão tem que ser muito mais que só um local onde trancafiam as pessoas".
Da gravação da nova versão de "Jail Guitar Doors", participaram também quatro ex-detentos. A sessão no estúdio fará parte de um documentário que será exibido no mês que vem no Raindance Film Festival.
A última vez que Jones e Headon gravaram juntos foi para o álbum "Combat Rock", em 1982. Headon, no entanto não tocou na turnê de divulgação do disco, devido aos seus problemas com as drogas.
Em tempo: Brama, você realmente é muito engraçado, nasceu para contar piadas...ha,ha,ha...
Mario
volta pro pet shop, mario. vc já desistiu do rock, rapá
ResponderExcluirsexy sadie, compañerosss...sexy sadie. remasterizado em stereo...life's good...
ResponderExcluirGLAUBER
caminhando na contramão ou não, mas sempre com espírito livre!!!
ResponderExcluirwww.omartelo.com
cláudio moreira
Mario,
ResponderExcluirCuidado com Bezerrão!
AGORA!!!!!!!
ResponderExcluir18h, no Especial das Seis, o ilustre Oswaldo Brahminha na Educadora FM, 107,5, apresentando um programa sobre Marianne Faithfull.
OUÇAM!!!!
Mário tá cheio de fãs aqui no blog! Chiquérrimo!
ResponderExcluircoisa linda, o disco do fleet foxes:
ResponderExcluirhttp://www.myspace.com/fleetfoxes
GLAUBER
o fleet foxes é certamente uma prova que existem bandas novas interessantes.só não esperem nenhuma grande revolução, e o fato deles(e muitas outras bandas atuais) não se proporem a reinventar a roda ja conta ponto a favor. no estilo( alt country, americana, ect.) estou ainda ouvindo bastante os escoceses do broken records.desde ja um dos melhores do ano.
ResponderExcluirGostaria de comunicar aos fãs de Ritchie, que por sugestão dele mesmo criei seu fã-clube oficial:facluberitchieblogspot.com,todos serão muito bem vindos, apareçam!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirMárcia cadê as fotos inéditas do show do Ritchie no hebráica que vc falou que tinha colocado...procurei não achei..já tô ficando tonta....de tanto procurar.....CADÊ?????????? BJS.
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