Álbum que deslanchou o movimento de Madchester ganha nova edição
Uma pedra atirada nas águas de um lago forma vários círculos concêntricos, que se movem em pequenas ondas, ao mesmo tempo e em todas as direções. The Stone Roses, o primeiro álbum da banda homônima, lançado há 20 anos atrás, é justamente isso: uma pedra que caiu nas águas turbulentas da música pop inglesa e espalhou suas influências mundo afora.
Com seus hits She Bangs The Drums, Elephant Stone e I Wanna Be Adored, o álbum, que ganha agora edição comemorativa (veja abaixo), soou aos ouvidos planetários mais arrojados de 1989 como uma revelação.
Enquanto do lado de cá do oceano – e em todas as rádios do planeta – o rock de Los Angeles dava as cartas, via bandas como Guns ‘n‘ Roses e Skid Row, na velha ilha do Atlântico Norte era a cidade industrial de Manchester que começava a lançar tendências.
Na verdade, o movimento de Manchester vinha sendo maturado desde uma certa noite chuvosa de 1976, quando os Sex Pistols fizeram um show numa casa noturna de lá para uma pequena – mas selecionadíssima plateia. Estavam lá os futuros membros de bandas fundamentais do punk e pós-punk, como The Buzzcocks, Joy Division, The Fall, The Smiths e até – imaginem – do xaroposo Simply Red.
Festa 24 horas – Essa história e seus desdobramentos, que muitos consideram como o momento mais importante da história do rock desde que Elvis Presley rebolou pela primeira vez na televisão, está muito bem contada no filme A Festa Nunca Termina (24 Hour Party People, 2005), de Michael Winterbotton.
Corta para 1984. Em Timperley, um subúrbio de Manchester, os adolescentes Ian Brown (vocal) e John Squire (guitarra) formam o núcleo do que viria a ser o Stone Roses. Já em 1985, lançam seu primeiro single, So Young, ignorado.
Em paralelo a isso, a cena eletrônica da cidade ia entrando em ebulição com o New Order (formado a partir das cinzas do Joy Division) e 808 State, entre outros. Em 1988, a cena acid house e a cultura do ecstasy atingiriam seu ápice.
Aquele ano ficaria conhecido pela imprensa inglesa como o Segundo Verão do Amor, em referência ao Verão do Amor orginal, de 1967.
Estava na água – Naquele ano foram lançados os singles (da já citada)Elephant Stone e Wrote for Luck (The Happy Mondays), entre outros.
Nenhum fez grande sucesso comercial, mas já chamaram a atenção da crítica e do público mais antenado pela levada diferente que apresentavam, mais festiva e desencanada do que as bandas da geração anterior, além de sintonizadas com o movimento das raves, que se espalhavam rapidamente pelo Reino Unido.
Na sua edição de 17 de dezembro de 1988, o repórter do semanário New Musical Express, Sean O‘Hagan, começou a notar que alguma coisa estranha acontecia na cidade: “Há um rumor no meio musical de que o suprimento de água de algumas cidades do norte da Inglaterra, particularmente Manchester, estão recebendo pequenas doses de substâncias químicas expansoras da mente. Todo mundo de lá, desde os Happy Mondays, até o severamente desorientado Morrissey, parece se aplicar nessa teoria“.
Em maio de 1989, o álbum The Stone Roses chegou as lojas. A imprensa musical caiu de joelhos, classificando o LP como “o melhor álbum de estreia de todos os tempos“.
As razões estavam na forma perfeitamente despojada com que Ian, John, Reni (bateria) e Mani (baixo) captaram o zeitgeist da época, aliando o pop dos anos 60 com influências do indie rock dos anos 80, disco music dos anos 70 e a house music da hora.
O fato é que a pedra dos Stone Roses formou ondas que vieram desaguar no irresistível brit pop dos anos 90, com bandas como Oasis (cujo líder, Noel Gallagher, era roadie dos Inspiral Carpets, outra banda clássica do movimento), Blur e Pulp.
Caixa da Edição de luxo em agosto
Um disco histórico merece uma edição comemorativa de luxo a altura. Ou mesmo três edições.
O selo Silvertone / Legacy, que lançou o álbum The Stone Roses em 1989 já anunciou que lançará no mercado, no dia 10 de agosto, três versões comemorativas diferentes, que, aliás, já estão em pré-venda no site da Amazon.
Inclusive, neste momento o produtor original John Leckie e o vocalista Ian Brown estão enfurnados no estúdio remasterizando a obra para a ocasião.
A primeira edição, a mais simples, chama-se Stone Roses: Special Edition e além do CD remasterizado, virá com um encarte especial.
A opção intermediária chama-se Stone Roses: Legacy Edition, e trará dois discos e um DVD: o álbum remasterizado e um segundo CD chamado The Lost Demos, com 15 faixas raras. No DVD, o show Live In Blackpool, gravado em 1989, mais um livreto de 28 páginas.
A terceira edição – que certamente, custará os olhos da cara – chama-se Stone Roses: Collectors Edition. Além do disco e do CD The Lost Demos, ela vem com um terceiro álbum só com lados B e versões de singles, além de três discos de vinil, tudo em uma caixa trabalhada.
Além de tudo isso, o pacote ainda trará um pen drive em formato de limão com clipes promocionais, toques de celular, wallpapers e outros mimos. Haja grana.
THE STONE ROSES - ELEPHANT STONE
É, tem vídeo. Tô me atualizando, tá? ;-)
ResponderExcluirClaudesc, não abra esse link se não quiser ter uma apoplexia ou algo que o valha.
ResponderExcluirhttp://www.myspace.com/axedc
Quem avisa, amigo é.
Braminha, ele demorou mais fez.
ResponderExcluirDepois aparece boiando nos tanheiros e não sabe porque!!!!
Eu quero é ver o circo pegar fuego!
ResponderExcluirIan Brown ta' no ultimo disco do UNKLE em dois otimos tracks.
ResponderExcluirPS.: Sobre os comentarios acima. Outro dia cheguei a conclusão que essa vocação engraçadinha é parte mesmo da condição hegemônica do ser jovem baiano na contemporaneidade (la' ele, né não, mestre Setaro?). E ai tanto faz roque, tango, axé, o prato de Edith, lundu, guitarra baiana, Durval Lelys ou Brian Johnson. No fim o que vale é a condição da 'festa', no sentido mais superficial, mesmo, da palavra. Um pos-modernismo tardio, caduco e macaqueado. Digamos logo sem rodeios: mediocridade. Fundo do poço de um povinho cego, que se acha especial, e até encontra quem le dê legitimidade 'intelectual' nas obras em progresso da vida.
Aos que se recusam entregar os pontos so' resta a saida proposta por Italo Calvino: "O inferno dos vivos é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."
oops. leia-se: "quem lhe dê legitimidade"
ResponderExcluirChicão e demais Rocklocaços:
ResponderExcluirO Podcast K7 desta semana é com o voraz crítico André Setaro. Não percam!
Link direto da entrevista: http://elmirdad.blogspot.com/2009/06/podcast-k7-06-andre-setaro.html
Master! O cara, o exemplo a ser seguido. Diante de Setaro, somos todos aprendizes. End of the story.
ResponderExcluirEntão o Rock Loco ingressou na era do vídeo Blz. Então, o axé/dc saiu do papel. Horror. Porra , ainda por cima com uma versão dessas para Whole Lotta Rosie, para mim o clímax das apresentações ao vivo da banda. Ouvi a faixa no my space, e a não identifiquei o axé no arranjo musical, e sim na letra e no “clima”.Algumas perguntas. É uma curtição com a cara dos roqueiros xiitas? Tudo pode ser sacaneado, certo? Mais uma tentativa de acabar com o cisma do rock com o axé? Na boa, antes de qualquer coisa é uma idéia ruim. Não é exatamente engraçado, e na verdade nem entendi a intenção da coisa toda, se é que existe alguma. Não , não tem xiitismo no raciocínio, não vou entrar nessa. Não me pareceu ser nenhuma provocação estética. E como humor, existem dezenas de versões mais engraçadas em portuques de “crassicos” do rock. Tem gente que gosta de fazer tradução literal de letras do rock ( e de soul music), e tirar o contexto da parada. Raciocinem que boa parte dos clássicos do cancioneiro auri-verde também soam ridículos quando traduzidos literalmente para outra língua e tirado do seu contexto. O que fica é aquela impressão caricatural, de que baiano é tudo igual, todo mundo atrás do trio. Ou seja,quem não gosta de axé, bom sujeito não é.
ResponderExcluirE Chicao, as pessoas que consideram Madchester o maior momente desde Elvis, um pouco de distanciamento não faria mal. Ignorar os “sixties” e o punk, e segundo alguns até mesmo o pos-punk( vide o Rip It Up de Simon Reynolds) pode ser danoso a saúde. E na minha opinião ( e de alguns outros) o maior legado de Madchester foi a cultura rave e a popularização da cena eletrônica.Certamente, como mudança de costumes, foi mais relevante que o revival que foi o Brit-Pop.
Ops! Foi o entusiasmo do momento, Bramis.
ResponderExcluirSe bem que não é exatamente a Madchester que eu me referi como o momento mais importante do rock desde que Elvis rebolou na TV, e sim, ao mítico show dos Sex Pistols em Manchester, circa '76.
Mas eu mesmo não penso assim, na verdade. Não me considero tão ingênuo....
O caso é que eu não sei qual foi O Momento Mais Importante do Rock etc. Nem me preocupo mais com isso. Cansei dessa coisa "Alta Fidelidade". Listas e tal. Meu trabalho já me consome muito pra eu ficar queimando neurônio com essas coisas....
aff... quanta teoria, quanta discussão, quanto cabecismo, quanta intelectualidade...
ResponderExcluirporra, e dai se o rock é engraçadinho? e dai se as pessoas são mediocres? o pessoal tá curtindo e vivendo a vida, e vcs ficam ai teorizando e relativizando tudo... isso sim é mediocridade. vão viver, vão usar drogas. vão ser feliz. parem de ouvir rock triste, e tirem essas mascaras intelectualoides...
afff, foi mal ae dono do blog, mas tem um povo q comenta aqui q é chato demais! especialmente esse M.R.
povo rockloquista,
ResponderExcluircomo assíduo frequentador dessa página só posso concordar com marcus rodrigues (o acadêmcico - aliás Ítalo Calvino foi a primeira coisa maravilhosa que a facom me empurrou goela abaixo, graças a deus!) e braminha (a enciclopédia ambulante da cultura pop desde tenra idade reza a lenda - perguntem a marcelo nova)
realmente essa coisa aí do acdcaxé não bateu mesmo nem como uma paródia...
diferente de um dreadzeppelin....tinha mais a ver por se tratar de uma leitura divertida das canções do grupo inglês com vocais a la elvis reencarnado no tortevils e sob os auspícios do reggae...existia um nonsense na performance também...apesar deles serem bem medianos em termos de sonoridade...
entendo até o que o cara quis fazer com esse acdcaxé, mas ficou aquém...se pegasse na verdadeira tradição afro baiana e misturasse com a energia boogie (do grito primal negro do rock mesmo) do ac/dc podia dá samba, mas não foi o caso...
e setaro para mim foi um mestre dentro e fora da sala de aula...exemplo de dignidade humana e independência no meio acadêmico e na crítica especializada sobre cinema...figura muito gente fina...salve!!!!!!!!!
cláudio "cheap trick" moreira
e sobre o comentário desse anônimo ai de cima...se nós não filosofarmos, vamos ficar só no hedonismo do red river...
ResponderExcluiraí é foda!
e viva o blue oyster cult!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
eu de novo
chicão,
ResponderExcluirhotsite TECLAS PRETAS:
http://www.teclaspretas.tk/
valeu, compadre!
GLAUBER
nao me entenda mal chicao. o disco do stone roses tem significancia historica inegavel.a cena acid, o 2 verao do amor, as consequencias como o brit-pop, e principalmente a populariza;ao da musica eletronica em sua versao dance sao as bases de boa parte da musica(e comportamento pop) dos dias de hoje.
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