José Augusto Berbert, jornalista e colunista de cinema de A TARDE desde 1956, faleceu terça-feira (22) aos 82 anos, de enfarto no miocárdio. Sua perda deixa consternada a família e os muitos amigos que fez
Um profundo conhecedor do cinema americano, um amigo leal, um pai dedicado e um homem de opiniões claras – mesmo que estas não agradassem à todos. Para cada um, existiu um José Augusto Berbert de Castro, jornalista e colunista de cinema de A TARDE, desde o longínquo ano de 1956. (Na imagem ao lado, surrupiada do blog de André Setaro, Berbert recebe Roman Polanski e Jack Nicholosn no Aeroporto 2 de Julho, em 1975).
Somente este último dado já ilustra muito sobre a personalidade de Berbert, falecido às 6h50 de ontem, no Hospital Português, aos 82 anos de idade, por enfarto do miocárdio. Sua fidelidade canina à empresa era bem característica da sua firmeza de caráter.
Sua produção para o jornal atinge a assombrosa soma de cerca de sete mil artigos sobre cinema, o que o torna, segundo o colega, amigo e crítico de cinema André Setaro, “o mais longevo colunista de cinema do Brasil“.
“Mesmo depois de aposentado, ele não parou de escrever e produzir para sua coluna, como muitos fazem“, observou André. Não à toa, hoje e amanhã o Caderno 2 publica os dois últimos artigos que Berbert deixou prontas, antes de ser levado ao hospital no último domingo, com quadro de edema pulmonar.
Dedicado à família, ao cinema e ao trabalho, Berbert era, além de jornalista, médico formado em 1949 pela Famed-Ufba. A paixão pelo jornalismo e o fascínio pela magia de Hollywood, contudo, logo o levaram para longe dos consultórios e para dentro das salas de cinema.
“É uma perda insubstituível. Eu e toda a comunidade do Cineteatro da Barra estamos muito, muitos tristes“, lamentou Roberto Assis, presidente da casa e amigo do jornalista.
Berbert foi um grande incentivador e divulgador das sessões do Cine-Nostalgia, promovidas pelo Cineteatro e amplamente freqüentada por apreciadores dos clássicos dos anos 30 e 40.
“Toda quarta-feira, eu o visitava em casa para planejarmos a programação. Ele dizia que eu era um herói por passar esses filmes para o público da terceira idade por um preço simbólico“, relembra, emocionado.
Setaro revela que foi lendo os textos de Berbert que ele despertou sua sensibilidade para a Sétima Arte. “Eu o lia desde menino“, conta. “Acho-o, contudo, um injustiçado pelo pessoal mais intelectualizado, pois ele tinha um conhecimento filmográfico enciclopédico. Não era um crítico na expressão da palavra. Era um comentarista despretensioso dos filmes que via. Exigiam dele que fosse um crítico de cinema mais completo, mas ele não queria isso. Tá cheio de gente por aí que se arvora a crítico de cinema, mas só diz bobagem. Berbert falava do que sabia, o que já era muito“, defende Setaro.
Documentário – Uma faceta menos lembrada do jornalista era a de bem-humorado cronista, gênero no qual publicou um punhado de livros, entre os quais pode-se citar Memórias de um Ex-Excomungado, Um Repórter na Alemanha, O Dia em que Salvador foi Bombardeada e Cine Maracangalha, entre outros.
A propósito deste último, a atriz e videomaker Rada Rezedá, amiga e admiradora de Berbert, pretende adaptar trechos com atores, para ilustrar um documentário sobre o articulista, iniciado há cerca de dois anos. “Meu pai era amigo dele, então minha infância foi bem próxima à ele. Era um cara irreverente, sempre brincalhão“, lembra.
“Eu comecei a entrevistá-lo para esse documentário em 2006. A última foi semana passada, mesmo. Ele chegou a passar mal durante uma fala, ficou meio sem fôlego, mas depois se recuperou“, recorda-se.
“Minha família toda tinha um grande carinho por ele. Ele tinha idéias meio radicais e coisas nas quais não concordávamos, mas nos gostávamos muito“, admite Rada, que espera concluir o documentário já no mês que vem.
Curiosidade:Em 1984, José Augusto e sua família foram readmitidos na Igreja Católica. Na década de 1930, a família foi excomungada até a 3ª geração pelo então Cardeal D. Álvaro Augusto da Silva, por que Epaminondas de Castro, pai de Berbert, votou pela prisão do Cardeal após este ter agredido uma freira. O fato foi notícia nacional em 1984.
LEIAM UMA ENTREVISTA QUE SETARO E CLÁUDIO LEAL FIZERAM COM BERBERT EM 2004: http://setarosblog.blogspot.com/
José Augusto era simplesmente uma pessoa de outro tempo, em todos os sentidos. Chegou a ser alvo de pixações no Rio vermelho, visíveis até poucos anos atrás; a mais famosa dizia...."Berbert é namorado de Cauby Peixoto.". Li muito sobre cinema, mais gostava muito do texto dele em suas crônicas.
ResponderExcluirRá, rá! Nunca vi essas pichações, não, Nei.... Mas isso que vc disse (outro tempo) está certo, e se aplica a Setaro tb....
ResponderExcluirDesde guri lia suas criticas e depois virei fa de suas cronicas.Eu o acompanhei o tempo todo na minha infancia e juventude.Da epoca que alugava filmes na graça no video clube do brasil,que tinha aquela bolsinha classica que cabia 3 vhs!Porra fiquei depre agora...tempo bom que num volta lais.potato.
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