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terça-feira, março 18, 2008

A ERA DOS FESTIVAIS

Abril Pro Rock anuncia excelente grade e abre temporada de festivais indie no País

Findo o verão, está aberta a temporada dos festivais de música de verdade, aquela que conta. Com o anúncio da ótima grade de atrações do Abril Pro Rock, pioneiro festival pernambucano que chega à sua 16ª edição - ininterrupta - nos dias 11, 12 e 27, começa a exposição dos novos talentos do pop rock nacional, aqueles que, possivelmente, trarão alguma renovação a um cenário claramente esgotado.

A classe média consumidora de abadás ignora solenemente, mas hoje o Brasil conta com um circuito de festivais de música alternativa de norte a sul do País que agita milhares e milhares de jovens e adultos inquietos, ávidos por novidades.

Estes festivais, inclusive, são hoje aglutinados em uma associação que promove e incentiva as iniciativas locais e o intercâmbio entre elas, a ABRAFIN, Associação Brasileira dos Festivais Independentes (www.abrafin.com.br).

Hoje, há desde o Festival Calango em Cuiabá (MT) e o Varadouro em Rio Branco (AC), ao Demosul em Londrina (PR) e o Goiânia Noise, passando pelo redivivo Boombahia, que aconteceu em dezembro último e volta em julho, e é o representante local da Abrafin.
Voltando ao Abril Pro Rock, que é talvez o festival que possibilitou toda esta agitação ao surgir lá atrás em 1992, este ano, Paulo André, o organizador do APR, realmente caprichou.

Nada menos que cinco bandas internacionais de renome deverão atrair um público carente desse tipo de atrações de todo o Norte/Nordeste: New York Dolls (EUA), Bad Brains (EUA), The Datsuns (Nova Zelândia), Helloween e Gamma Ray (ambas da Alemanha). Mas as bandas brazucas também não ficam atrás, oferecendo um panorama do melhor do rock atual, incluindo uma mini-invasão gaúcha no segundo dia, com os gigantes dos pampas Wander Wildner e Júpiter Maçã, mais as novatas Superguidis e Pata de Elefante.

Autoramas (RJ), Vionlins (GO), Rockassetes (SE), Mukeka di Rato (ES), Barbiekill (RN), Zumbis do Espaço (SP) e The Sinks (RN), mais as anfitriãs Vamoz!, Sweet Fanny Adams, Project 666, Erro de Transmissão e Vitor Araújo se juntam a nomes populares como Lobão e Céu, fechando a grade.

"No último Carnaval e durante o verão, o público daqui viu todos os maiores nomes da música local e nacional, em grandes shows gratuitos: de Skank e Nação Zumbi a Milton Nascimento e Alceu Valença, veio todo mundo. Seria extremamente frustrante para um guri pegar a programação do festival e ver os mesmos nomes que ele viu no verão, de graça. Daí nossa aposta nas bandas gringas e em outros nomes inéditos no Recife", explica Paulo André, dando aula de como é que se produz um festival.

Porém, mais do que antenas ligadas para captar o que há de novo e interessante no cenário independente, Paulo André e sua equipe têm mesmo é muita fibra para seguir com o modelo que fez a fama e o respeito do festival. "Posso te dizer que 70% das atrações não têm apelo no grande público. A gente rema contra a maré, tudo e todos para organizar o APR. Aqui no Recife, os únicos veículos de comunicação que dão espaço à música alternativa são os cadernos de cultura dos jornais. O mercado pernambucano é ridículo", revela.

"Aqui não há sequer uma casa de médio porte como a Boomerangue aí de Salvador para as bandas tocarem, só gambiarra. Também não há uma balada como a Nave (festa mensal especializada em rock, organizada pelo jornalista Luciano Matos e o DJ Janocide). Nenhuma rádio toca sequer Nação Zumbi, Mundo Livre S.A. ou Siba. Recife é deprimente nesse aspecto", entrega, mostrando que, seja em Recife ou Salvador, a vida está difícil para quem aposta no novo.

Mesmo assim, ele não esmorece, pois sabe que tem o apoio de grandes instituições como Petrobras, além dos governo estadual e da prefeitura, que reconhecem a importância do APR. "O principal papel de festivais como o APR é acelerar o processo de renovação da música brasileira. Se não for a gente, quem vai ser? Faustão? O dono da rádio Jovem Pan"?, pergunta, referindo-se ao empresário Tutinha, que admitiu em entrevista receber jabá.

BOOMBAHIA VOLTA EM JULHO

Produtor de festival local planeja versão ampliada para o meio do ano. Feira Hype passa a ser mensal

Infelizmente, a Bahia ainda não conta com um festival com o impacto, a grade internacional e a importância de um Abril Pro Rock, mas, no que depender dos esforços do produtor cultural e doutor em comunicação Messias Guimarães Bandeira, esse dia ainda há de chegar.

Ex-vocalista da brincando de deus, banda de importância crucial na história do rock baiano por colocar o estado no mapa do indie rock internacional, Messias é o idealizador e organizador do Boombahia, festival que é o representante local da Abrafin.

O Boom surgiu em 1997 e teve mais uma edição em 1998, marcando uma época. Depois, por problemas diversos e falta de apoio, sumiu do calendário.

Retornou apenas no final do ano passado, em uma belíssima festa de dois dias aberta ao público no Pelourinho, quando reuniu cerca de 5 mil pessoas para assistir aos shows de Wander Wildner, Montage (CE), Snooze (SE), os astros locais Cascadura, Retrofoguetes, Rebeca Matta, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e ainda revelar bandas promissoras, como Berlinda, Pessoas Invisíveis, Subaquático e outras.

Para alegria dos rockers locais, a próxima edição do Boombahia já tem data e local: 12 e 13 de julho, na mesma Praça Teresa Batista, com possibilidade de abrir um segundo palco em outra praça do Pelourinho.

"Estamos negociando a ampliação do festival para uma segunda praça. O primeiro palco seria dedicado ao rock, electro e música eletrônica, e o segundo, ao hip hop, black music e reggae. Mas não queremos isolar esses públicos, e sim, integrá-los, então haveria momentos em que os palcos cruzariam suas atrações", delineia Messias.

A integração não fica só entre os palcos, abrangendo ainda outros dois festivais da Abrafin - ainda não definidos - que acontecem no mesmo fim de semana em julho e deverão realizar um intercâmbio de atrações com o Boombahia.

As bandas e músicos que desejam participar da próxima edição do Boombahia devem ficar ligados para as inscrições, que poderão ser feitas no próprio site do festival, www.boombahia.com.br, a partir do fim deste mês.

Enquanto vai desenhando o próximo festival do Pelourinho, Messias segue organizando ao lado da produtora Jandyra Fernandes outros dois projetos: a Feira Hype e o recém-nascido Remix-se.

O primeiro, já conhecido, era a feirinha hippie que acontecia todos os sábados no pátio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA) e reunia bandas, artistas, DJs, VJs e expositores. Com uma certa mudança de política do ICBA, a Feira Hype acontece agora mensalmente na já citada Praça Teresa Batista (Pelourinho).

A próxima edição da FH acontece no próximo dia 29, tendo a banda Os Culpados, de ex-membros da Maria Bacana, como uma das atrações confirmadas.

Já o evento semanal do pátio do ICBA ganhou agora um novo nome e proposta. Rebatizado de Remix-se, o encontro de todos os sábados contará sempre com uma extensa agenda cultural, tendo além das bandas independentes e DJs, recitais de poesia, lançamentos de livros, vídeos e tudo o que agita a cultura local.

9 comentários:

  1. curiossimo este comentario de paulo andre. em se aceitando o citado por paulo andre como uma realidade( deve existir quem discorde das afirmações de p.a.) cai por terra todo o mito que recife é uma cidade rock, em que muito mais coisas acontecem que em salvador, ao ponto de citar o boomerangue e a nave como iniciativas inexistentes no ricife. varios aspectos podem ser observados:
    1-) a cena do ricife baseada principalmente nos pilares mangue beat/abril pro rock, nunca teve um monstro domestico ( devido principalmente a seu alcance nacional) como a a axe music para ofuscar a cena alternativa da provincia e portanto teve mais espaço e apoio nas politicas culturais de estado, alem de outros espaços.

    2-) cena alternativa é ardua em qualquer lugar(desculpem a obviedade), apesar de isto não poder ser usado como justitificativa eterna.
    3-) certamente a cena alternativa baiana dos 90 foi uma das gerações mais talentosas ja geradas no brasil em termos de rock. como o template sempre foi o axe, não tem comparação que resista. mesmo assim fica uma pergunta, sera que somos exigentes demais com a cana alternativa local, ou sera que outros lugares que são hypados demais?
    4-) o boomerangue tem uma importancia pra cidade incontestavel. se tivesssemos o calypso ainda aberto teriamos uma cena com mais vitalidade.
    5-)o messias é nosso salvador. no caso o messias g.b. nosso rock'n'roll saviour.

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  2. e já (já?)descaralhando na web accelerator, novo do r.e.m com uma sonoridade mais pesada . mais proximo a monster e life's rich pageant. as armas!

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  3. errata: o nome do novo r.e.m é accelerate.

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  4. O edeusamento de duas cenas brasileiras, a recifense e a gaucha, sempre foi exagerada, principalmente os do "mangue" que foram sempre apadrinhados por jornalista descolados da folha de são paulo.
    A gaúcha não é tão undergroud como se pensa.
    Quanto ao calipso, com todo respeito a Lourdes e Jean, "rei morto, rei posto...", o rock Sandwich e o teatro da Sitorne estão aí pra, cada um do seu jeito fazer as coisas acontecerem.

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  5. é isso nei. mas a pergunta é em relação as nossas cobranças e expectativas em salvador. as criticas de paulo andre, uma das maiores referencias da cena alternativa brazuca, parecem com as queixas de nosotros acá. só que quem tá fazendo as queixas é um dos icones da cena alternativa brasiliana e todo poderoso do maior , ou pelo um dos tres maiores, festivais do genero no pais.choro de barriga cheia? as radios do ricife não tocam musica alternativa local? o mercado o ignora? não tem patrocionio? a cidade não valoriza e não dá o reconhecimento devido? c´mon! qualé neguinho? não imagino que seja pior que salvadorshitty. vi shows antologicos no apr: jon spencer, charlatans, stephen malkmus , alem de apoteoses tupiniquins do ira! muqueka de rato,sepultura, los hermanos( um pouco antes da fama) e tom zé e infested blood(???!!!) alem de outros mais chatos, mas ja estava no preço como o mission ( com lendario wayne hussey) e uma banda alemã que ficou com os retro numa pousada em olinda. aqui participei da org. do boom bahia, e se messias não fosse um homem com uma missão,e não bancasse do bolso, não tocava nem banda cover de botequin. sem querer fazer comparaçoes, e ja fazendo, não acho que o cenario de paulo andre, por mais dificuldades que enfrente, seja tão cheio de obstaculos quanto aqui na cidade de yoyo e yaya.mas que cenario local ta numa carente de coisas novas boas está.ou estou desinformado.

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  6. Oswaldão, se quer novidades, não procure em bandas "fofinhas" ou "cerebrais". Muda a época, muda o lugar ,mais nas horas de marasmo é do som pesado a missão de manter tudo pulsando.
    Prepare os tímpanos!!!!

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  7. Burguesia ignorante é burguesia ignorante em qualquer lugar. E como em qualquer lugar eles são a maioria, ditam o que o povão deve ouvir, ver e consumir, mantendo assim a sua hegemonia. Seja aqui ou em Recife. Achei muito boas essas declarações-desabafo de P.A. porque desmistifica, de uma vez por todas, a aura de Recife como o oásis de cultura alternativa que ela ganhou de 15 anos para cá. Isso não existe. Nem aqui, nem no Ricife, nem no Rio, Goiânia ou SP. A vantagem de Recife em relação à Salvador é ter exatamente produtores muito bem relacionados que apostam no diferente, um Paulo André (e o APR), o RecBeat e o festival No Ar Coquetel Molotov, que tb traz boas bandas gringas, como o Teenage Fanclub em 2004. A cena alternativa existe em todas as cidades do mundo, mas ela sempre será minoria. Até porque, no dia em que se institucionalizar e virar maioria, deixa de ser alternativa. Aí eu mesmo não terei outra alternativa senão sair no Camaleão. Voa, voa...

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  8. Alguns pontos :

    - Nosso "monstro doméstico" são as radios. A nossa Unviversitaria FM, da UFPE, tá atrasada 30 anos, é deprimente a programação, perdida no tempo e no espaço. Vocês tem a Educadora, que toca a NZ, por exemplo. NZ esta ignorada pela totalidade das radios daqui. NZ e todas as outras bandas de projeção nacional e internacional.

    - Não choro, apenas trabalho com o pé no chão e, inconformados como somos, lutaremos até quando for preciso, pra mudar essa realidade. A "invenção" do APR foi com esse propósito, o APR é de 1993, mesmo ano do Recifolia que era um dos maiores do NE. Era, morreu, thanx god.

    - Não temos as casas noturnas, pois os empreendedores não acreditam na cena local.

    - Ainda bem que nossos governantes perceberam a importancia da nossa musica e deram suporte a ela. Já que mercadologicamente ela tem os mesmos problemas da BA, CE e Brasil.

    - Quando fiz minha primeira tour internacional com CSNZ, em 95, cruzamos Olodum e Timbalada na Europa. Hoje, nossos artistas e bandas continuam no mercado internacional, mas nunca mais ouvi falar do Olodum e Timbalada lá fora. O maior motivo é a ausência de renovação da musica.

    - Sugiro que vocês organizem um seminário e levem pessoas pra falarem de suas experiências pros profissionais e artistas baianos.

    - Sempre tivemos muito respeito, sempre demos espaço e sempre trouxemos bandas da cena da Bahia. De Uteros a Dead Billies, de Headhunter a Rebeca Matta.

    - Vamos trabalhar galera, pra mudar essa realidade. É com muito trabalho e dedicação que se mudam as coisas.

    Paulo André Moraes Pires
    www.abrilprorock.com.br
    www.astronave.org

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