Bíblia do desenhista de HQ
Terceira parte de uma trilogia formada por Desvendando os quadrinhos e Reinventando os quadrinhos, Desenhando os quadrinhos é leitura essencial não só para todos aqueles que desejam produzir suas próprias HQs, mas também para qualquer um que ame e queira saber mais sobre a chamada Nona Arte. Escrito e desenhado em quadrinhos pelo autor americano Scott McCloud, o livro é um didático e minucioso tour de force sobre tudo o que é necessário saber para desenvolver uma história em quadrinhos. São sete capítulos cheios de informação e conhecimento, sempre acompanhados de notas e exercícios para o leitor ao final de cada uma das partes. Criação de personagens, a escolha dos momentos certos que darão clareza e precisão à narrativa, estilos de desenho, o domínio da linguagem corporal e facial - todos esses assuntos e muitos mais são abordados pelo próprio McCloud (ele mesmo, um personagem) de forma clara. Um clássico.
Desenhando quadrinhos
Scott McCloud
M. Books
266 p. | R$ 49
www.mbooks.com.br
Trilha sonora de game é 50% boa
A 3ª versão do game Guitar Hero, intitulado Legends of Rock, saiu com essa trilha sonora como um produto a mais a ser comprado pelos seus fanáticos jogadores. O problema é que, além de redundante, o CD apresenta 11 músicas, das quais só quatro dizem a que vieram, justificando o subtítulo de Lendas do Rock: Sonic Youth (com Kool Thing, matadora), Smashing Pumkins (com Cherub Rock, idem), Living Colour (com Cult of Personality) e Queens of The Stone Age (com a recente 3‘s and 7‘s). De quebra, Velvet Revolver (Slither) e uma boa versão remix de Putting Holes in Happiness, de Marilyn Manson, por Nick Zinner, guitarrista do Yeah Yeah Yeahs. Além do Velvet Revolver, as viúvas do Guns 'n' Roses ainda têm o consolo extra do tema de Guitar Hero, por Slash. O resto (AFI, Flyleaf [?], Rise Against [?]) é lixo.
Guitar Hero III: Legends of Rock
Vários
Universal
R$ 25,90
universalmusic.com.br
Pode crer que é uma (boa) viagem
A trilha sonora do filme Podecrer!, dirigido por Arthur Fontes, é uma deliciosa viagem ao Rio de Janeiro da época em que se passa a trama da fita. 1981 foi o ano de transição entre os últimos suspiros da era hippie e da discoteca, antes do estouro do Rock Brasil - Você Não Sou Me Amar, da Blitz, marco zero do movimento, só estouraria em 1982. O CD flui muito bem com as gravações originais de clássicos dos anos 70. Jorge Ben Jor comparece com Os Alquimistas Estão Chegando, Tim Maia com Rational Culture (12 minutos de transe funk) e Eu Amo Você, Caetano com You Don‘t Know Me e As Frenéticas com Perigosa. A exceção é a americana Thelma Houston, com Don‘t Leave Me This Way.
Podecrer!
Vários
Universal
R$ 25,90
universalmusic.com.br
Altas investigações abaixo de zero
Whiteout é uma espécie de blackout, só que em vez de ficar no escuro, a vítima se perde no branco total de uma nevasca. E também é essa ótima trama policial criada pelo escritor Greg Rucka (das HQs da Mulher Maravilha e Gotham City Contra o Crime) e do desenhista Steve Lieber. Após um assassinato numa estação norte-americana na Antártida, a policial Carrie Stetko é designada para a investigação em um ambiente hostil, cercada de homens e gelo por todos os lados. Boa trama detetivesca, que se acompanha com muito interesse. Sucesso nos EUA, Whiteout virou filme com Kate Beckinsale, com estréia prevista para o segundo semestre.
Whiteout - Morte no gelo
Rucka / Lieber
Devir
128 p. | R$ 25
www.devir.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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quinta-feira, fevereiro 28, 2008
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
O RETORNO DA BESTA EM SEU AUGE CRIATIVO
Turnê pelo Brasil e vídeo clássico dos anos 80 que retorna em DVD recolocam o Iron Maiden na ordem do dia
Para a maioria das pessoas "normais", o mero mencionar do nome "Iron Maiden" é capaz de causar esgares de desaprovação. Que pena para eles, pois o melhor grupo de heavy metal clássico da história do rock segue bem vivo e chutando. As provas são as três datas esgotadas dos shows no Brasil em março próximo - e a gloriosa história que se descortina no recém-lançado DVD Live After Death.
O barulhento e teatral grupo britânico, 30 anos de carreira completos, é uma verdadeira instituição do rock mundial, capaz de mobilizar centenas de milhares de fanáticos para assistir aos seus shows. Não a toa, é impossível encontrar mais ingressos para as apresentações em São Paulo (dia 2 de março), Curitiba (dia 4) e Porto Alegre (dia 5), esgotados desde dezembro.
É a turnê Somewhere Back in Time, que repassa o repertório clássico da banda (presente no DVD) e percorre ainda essa semana México, Colômbia, Brasil, Argentina, Chile e Porto Rico, subindo depois pelos Estados Unidos e retorna - em agosto - para a Europa, onde o grupo encabeça o gigantesco Wacken Open Air, o maior festival de heavy metal do mundo, que acontece todos os anos na Alemanha.
O DVD Live After Death é o registro definitivo não apenas de uma das maiores turnês da história do rock 'n' roll, a World Slavery Tour (Turnê da Escravidão Mundial) de 1984/85, mas também do momento de auge do grupo de rock pesado mais importante dos anos 80.
O Iron Maiden é a banda que estabeleceu o padrão de excelência a ser seguido por todas as outras, e que também forneceu a mais exata definição do que é heavy metal.
O instrumental vigoroso, virtuoso, olímpico e épico, aliado às letras narrativas e romanceadas, muitas vezes baseadas em livros de H.P. Lovecraft (ou outros autores fantásticos), fatos históricos ou mesmo ambientes do imaginário popular, como o Egito Antigo, o Velho Oeste e duelos de Capa & Espada, foram muito imitados, mas nunca igualados.
Em 1985, o Iron estava no topo do mundo.
Gravado ao vivo em quatro noites, entre os dias 14 e 18 de março de 1985 na Long Beach Arena (Califórnia), Live After Death, originalmente, um disco de vinil duplo e filme em VHS, desnuda o Iron Maiden flexionando seus músculos no auge da forma e oferecendo aos fãs o melhor do repertório do grupo.
Em 1984, após lançar um álbum e cumprir uma turnê mundial todos os anos desde 1980, o Iron Maiden já havia sofrido com algumas trocas de integrantes - inclusive de vocalista, quando o cachaceiro Paul Di'Anno foi despedido no final de 1981, abrindo espaço para o carismático esgrimista e professor de história Bruce Dickinson assumir a frente do palco a partir do disco The Number of The Beast (1982).
Egresso da inexpressiva banda Samson, Dickinson ainda era chamado pelo apelido de Air Raid Siren (Sirene de Ataque Aéreo) pelo imenso alcance de suas cordas vocais.
A partir de sua entrada, o Maiden não parou mais de subir. Recém-nascido, Number foi considerado um clássico logo de cara por fãs e crítica especializada. E tome-lhe turnê. Europa, Ásia, América do Norte. Em 1983, veio Piece of Mind. Novo sucesso, nova turnê.
Ao final do último show da World Piece Tour, os membros da banda surraram e “assassinaram“ em pleno palco o seu monstrinho de estimação, o bonecão Eddie, aquele que aparece em todas as capas dos seus álbuns.
Como vaso ruim não quebra mesmo, não foi nenhuma surpresa quando Eddie ressurgiu como uma múmia egípcia na capa de Powerslave (1984), considerado o apogeu criativo da banda até hoje por fãs e crítica.
Foi a partir deste disco extraordinário que a banda começou a ficar conhecida no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
No DVD, além do show clássico, o disco 2 oferece 50 minutos do histórico show do Rock In Rio (a maior platéia da banda até hoje), mais o documentário History of Iron Maiden Part 2 e clipes. Registro indispensável para os fãs.
Live After Death
Iron Maiden
EMI
R$ 69,90
www.ironmaiden.com
Somewhere Back in Time Tour - Brasil
02/03/2008 - São Paulo, Palestra Itália (Estádio do Palmeiras).
04/03/2008 - Curitiba - Pedreira Paulo Leminski
05/03/2008 - Porto Alegre, Gigantinho.
Para a maioria das pessoas "normais", o mero mencionar do nome "Iron Maiden" é capaz de causar esgares de desaprovação. Que pena para eles, pois o melhor grupo de heavy metal clássico da história do rock segue bem vivo e chutando. As provas são as três datas esgotadas dos shows no Brasil em março próximo - e a gloriosa história que se descortina no recém-lançado DVD Live After Death.
O barulhento e teatral grupo britânico, 30 anos de carreira completos, é uma verdadeira instituição do rock mundial, capaz de mobilizar centenas de milhares de fanáticos para assistir aos seus shows. Não a toa, é impossível encontrar mais ingressos para as apresentações em São Paulo (dia 2 de março), Curitiba (dia 4) e Porto Alegre (dia 5), esgotados desde dezembro.
É a turnê Somewhere Back in Time, que repassa o repertório clássico da banda (presente no DVD) e percorre ainda essa semana México, Colômbia, Brasil, Argentina, Chile e Porto Rico, subindo depois pelos Estados Unidos e retorna - em agosto - para a Europa, onde o grupo encabeça o gigantesco Wacken Open Air, o maior festival de heavy metal do mundo, que acontece todos os anos na Alemanha.
O DVD Live After Death é o registro definitivo não apenas de uma das maiores turnês da história do rock 'n' roll, a World Slavery Tour (Turnê da Escravidão Mundial) de 1984/85, mas também do momento de auge do grupo de rock pesado mais importante dos anos 80.
O Iron Maiden é a banda que estabeleceu o padrão de excelência a ser seguido por todas as outras, e que também forneceu a mais exata definição do que é heavy metal.
O instrumental vigoroso, virtuoso, olímpico e épico, aliado às letras narrativas e romanceadas, muitas vezes baseadas em livros de H.P. Lovecraft (ou outros autores fantásticos), fatos históricos ou mesmo ambientes do imaginário popular, como o Egito Antigo, o Velho Oeste e duelos de Capa & Espada, foram muito imitados, mas nunca igualados.
Em 1985, o Iron estava no topo do mundo.
Gravado ao vivo em quatro noites, entre os dias 14 e 18 de março de 1985 na Long Beach Arena (Califórnia), Live After Death, originalmente, um disco de vinil duplo e filme em VHS, desnuda o Iron Maiden flexionando seus músculos no auge da forma e oferecendo aos fãs o melhor do repertório do grupo.
Em 1984, após lançar um álbum e cumprir uma turnê mundial todos os anos desde 1980, o Iron Maiden já havia sofrido com algumas trocas de integrantes - inclusive de vocalista, quando o cachaceiro Paul Di'Anno foi despedido no final de 1981, abrindo espaço para o carismático esgrimista e professor de história Bruce Dickinson assumir a frente do palco a partir do disco The Number of The Beast (1982).
Egresso da inexpressiva banda Samson, Dickinson ainda era chamado pelo apelido de Air Raid Siren (Sirene de Ataque Aéreo) pelo imenso alcance de suas cordas vocais.
A partir de sua entrada, o Maiden não parou mais de subir. Recém-nascido, Number foi considerado um clássico logo de cara por fãs e crítica especializada. E tome-lhe turnê. Europa, Ásia, América do Norte. Em 1983, veio Piece of Mind. Novo sucesso, nova turnê.
Ao final do último show da World Piece Tour, os membros da banda surraram e “assassinaram“ em pleno palco o seu monstrinho de estimação, o bonecão Eddie, aquele que aparece em todas as capas dos seus álbuns.
Como vaso ruim não quebra mesmo, não foi nenhuma surpresa quando Eddie ressurgiu como uma múmia egípcia na capa de Powerslave (1984), considerado o apogeu criativo da banda até hoje por fãs e crítica.
Foi a partir deste disco extraordinário que a banda começou a ficar conhecida no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
No DVD, além do show clássico, o disco 2 oferece 50 minutos do histórico show do Rock In Rio (a maior platéia da banda até hoje), mais o documentário History of Iron Maiden Part 2 e clipes. Registro indispensável para os fãs.
Live After Death
Iron Maiden
EMI
R$ 69,90
www.ironmaiden.com
Somewhere Back in Time Tour - Brasil
02/03/2008 - São Paulo, Palestra Itália (Estádio do Palmeiras).
04/03/2008 - Curitiba - Pedreira Paulo Leminski
05/03/2008 - Porto Alegre, Gigantinho.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
{DES}CONCERTO DE ROCK BAIANO PARA BANDAS - SEM ORQUESTRA
Pitty e Cascadura fazem show e levam o rock baiano para o palco da Concha Acústica do TCA, neste domingo
Dois dos maiores nomes do rock baiano em todos os tempos vão botar a Concha Acústica abaixo neste domingo. Pitty e Cascadura se reencontram com seu público a partir das 18h30, em show com ingressos a preços populares, dentro do projeto MPB Petrobras.
A primeira faz o show de lançamento do DVD {Des}Concerto Ao Vivo, lançado ano passado, enquanto o segundo segue divulgando as músicas do CD Bogary (2005).
Filha legítima da prolífica e desprezada cena rock local, a garota punk que surgiu em meados da década de 90 com a banda de hardcore-nada-melódico Inkoma é hoje um ídolo adolescente, vendendo muito e lotando shows Brasil afora.
Na apresentação deste domingo, Pitty e sua banda, formada por Martin (guitarra), Joe (baixo) e Duda (bateria), executam o repertório dos seus dois primeiros CDs, Admirável Chip Novo (2003) e Anacrônico (2005), além das inéditas incluídas no DVD, Pulsos e Malditos Cromossomos. Hits como Equalize e Máscara, entre outros, também constam do set list, claro.
"Na verdade, todos os shows são meio diferentes, o repertório muda um pouco, claro, mas tem o básico", avisa a cantora, em entrevista por telefone.
Apesar de morar em São Paulo há cerca de 5 anos, Pitty não deixa de se atualizar sobre a cena soteropolitana, seja via internet ou novidades dos amigos. "Acompanho através da galera, achei muito legal o Boombahia, porque há uma cara Salvador não tinha um festival bacana. Acontece em todo o país, menos aí. A Berlinda gravou e é legal saber que as pessoas não desistem do rock".
Dona de grande apelo comercial, Pitty segue de consciência limpa, resolvendo bem o difícil binômio Sucesso X Integridade Artística: "Me sinto afortunada, porque nunca fiz nenhuma concessão que me machucasse. Olho para trás e tenho orgulho de tudo o que fiz. Fiz o que acreditei e isso é fundamental. Paguei caro por isso. Mas toco pouco em Salvador e esse é um preço da carreira. Gostaria de tocar muito mais aí. Tenho saudades da galera e do acarajé", declara.
DVD AO VIVO – Com 15 anos de carreira, a Cascadura vê o trabalho de formiguinha no circuito independente começar a dar frutos. Só em março, a banda, que hoje é a mais importante e atuante do seu segmento na cidade, conta com 9 shows a cumprir na Bahia e em Sergipe.
No dia 7 há o lançamento do clipe da música Ele, O Super-Herói, com festa na Zauber que contará com a abertura da banda Capitão Parafina & Os Haoles. Além disso, a Cascadura toca pela primeira vez em Feira de Santana e Camaçari, além de mais dois shows em Aracaju e outros em Salvador – tudo em março.
Mas o projeto de cabeceira da banda é mesmo a gravação do DVD Bogary Ao Vivo. "Estamos finalizando a pré-produção", conta Fábio Cascadura, que prevê o lançamento no segundo semestre.
"A gente tá nesse momento, trabalhando muito, preparando o DVD, o clipe novo e tocando direto", resume o vocalista, satisfeito.
MPB petrobras, com Pitty e Cascadura
Domingo, 24 de fevereiro, 18H30
Concha Acústica do TCA | Pça. 2 de Julho, s/n, Campo Grande (3339-8000)
R$ 14 e R$ 7 (com carteira de estudante)
Dois dos maiores nomes do rock baiano em todos os tempos vão botar a Concha Acústica abaixo neste domingo. Pitty e Cascadura se reencontram com seu público a partir das 18h30, em show com ingressos a preços populares, dentro do projeto MPB Petrobras.
A primeira faz o show de lançamento do DVD {Des}Concerto Ao Vivo, lançado ano passado, enquanto o segundo segue divulgando as músicas do CD Bogary (2005).
Filha legítima da prolífica e desprezada cena rock local, a garota punk que surgiu em meados da década de 90 com a banda de hardcore-nada-melódico Inkoma é hoje um ídolo adolescente, vendendo muito e lotando shows Brasil afora.
Na apresentação deste domingo, Pitty e sua banda, formada por Martin (guitarra), Joe (baixo) e Duda (bateria), executam o repertório dos seus dois primeiros CDs, Admirável Chip Novo (2003) e Anacrônico (2005), além das inéditas incluídas no DVD, Pulsos e Malditos Cromossomos. Hits como Equalize e Máscara, entre outros, também constam do set list, claro.
"Na verdade, todos os shows são meio diferentes, o repertório muda um pouco, claro, mas tem o básico", avisa a cantora, em entrevista por telefone.
Apesar de morar em São Paulo há cerca de 5 anos, Pitty não deixa de se atualizar sobre a cena soteropolitana, seja via internet ou novidades dos amigos. "Acompanho através da galera, achei muito legal o Boombahia, porque há uma cara Salvador não tinha um festival bacana. Acontece em todo o país, menos aí. A Berlinda gravou e é legal saber que as pessoas não desistem do rock".
Dona de grande apelo comercial, Pitty segue de consciência limpa, resolvendo bem o difícil binômio Sucesso X Integridade Artística: "Me sinto afortunada, porque nunca fiz nenhuma concessão que me machucasse. Olho para trás e tenho orgulho de tudo o que fiz. Fiz o que acreditei e isso é fundamental. Paguei caro por isso. Mas toco pouco em Salvador e esse é um preço da carreira. Gostaria de tocar muito mais aí. Tenho saudades da galera e do acarajé", declara.
DVD AO VIVO – Com 15 anos de carreira, a Cascadura vê o trabalho de formiguinha no circuito independente começar a dar frutos. Só em março, a banda, que hoje é a mais importante e atuante do seu segmento na cidade, conta com 9 shows a cumprir na Bahia e em Sergipe.
No dia 7 há o lançamento do clipe da música Ele, O Super-Herói, com festa na Zauber que contará com a abertura da banda Capitão Parafina & Os Haoles. Além disso, a Cascadura toca pela primeira vez em Feira de Santana e Camaçari, além de mais dois shows em Aracaju e outros em Salvador – tudo em março.
Mas o projeto de cabeceira da banda é mesmo a gravação do DVD Bogary Ao Vivo. "Estamos finalizando a pré-produção", conta Fábio Cascadura, que prevê o lançamento no segundo semestre.
"A gente tá nesse momento, trabalhando muito, preparando o DVD, o clipe novo e tocando direto", resume o vocalista, satisfeito.
MPB petrobras, com Pitty e Cascadura
Domingo, 24 de fevereiro, 18H30
Concha Acústica do TCA | Pça. 2 de Julho, s/n, Campo Grande (3339-8000)
R$ 14 e R$ 7 (com carteira de estudante)
sábado, fevereiro 16, 2008
MICRO-RESENHAS DANADINHAS
Gênio sem ferrugem
Um dos últimos gênios vivos do rock, Neil Young mostra no seu novo CD que não só ele ainda está vivinho da silva, como também em ótima forma. Chrome Dreams II faz referência à um disco que, prestes a ser lançado em 1977, foi descartado pelo artista, por razões até hoje ocultas. Faixas que estariam nele foram surgindo aos poucos, como as belíssimas Pocahontas e Powderfinger (em Rust Never Sleeps, de 1979) e Too Far Gone (em Freedom, de 1989). Porque o título deste novo álbum é CD II também é um mistério - e deverá permanecer assim. Contudo, se não apresenta nada tão genial quanto as faixas citadas, CD II é mais um ótimo álbum de Neil Young - o que equivale a dizer que é melhor do que 95% de todos os lançamentos de rock do ano passado. Auto-referencial, quase todas as faixas parecem sobras de discos anteriores dele mesmo, como Beautiful Bluebird, que parece saída de Harvest Moon (1992) - e assim por diante.
Chrome Dreams II
Neil Young
Warner
R$ 34,90
www.neilyoung.com
Quanto mais DeLonge, melhor
O que pode ser pior do que um punk de araque? O mesmo punk de araque tentando soar “profundo“. Depois de passar anos a fio fazendo músicas sobre lavagens estomacais e outras podreiras no Blink 182, uma das bandas mais fuleiras da história do rock americano em todos os tempos - e olha que a concorrência é duríssima - o vocalista e guitarrista Tom DeLonge formou o Angels and Airwaves para tentar provar que se tornou um músico “adulto“ e já pode usar calças compridas. Neste segundo CD, I-Empire (Império do Eu), sobra vontade de ser o U2 (Love Like Rockets) e citar a New Wave (Everything‘s Magic), mas falta talento. Boa tentativa. Pras negas dele, claro.
I-Empire
Angels and Airwaves
Universal
R$ 26,90
angelsandairwavesmusic.com
Bem antes do Código da Vinci
Essa história já está até manjada: um assassinato ritualístico e um códice medieval secreto roubado levam à uma investigação sobre sociedades secretas, conspirações e os bem-guardados segredos da Igreja Católica. Lembra o Código Da Vinci? Lembra, só que esta aqui veio antes. Lançada em 2001, a HQ americana Rex Mundi tem o diferencial de se passar em 1933, numa Paris alternativa, onde a Igreja domina a Europa e a bruxaria é uma coisa real - ferozmente perseguida pela Inquisição, que ainda existe e faz o papel da polícia. Boa trama de investigação com clima super sombrio, realçado pelo desenho detalhista de Eric J.
Rex Mundi - Livro Um
Nelson / Eric J.
Devir
216 p. | R$ 48,50
www.devir.com.br
Rock horror show ao morto-vivo
Zombie Live é o registro ao vivo do show do roqueiro e diretor de cinema Rob Zombie. Surgido no início dos anos 90 na banda White Zombie, já extinta, Rob saiu em uma discreta carreira solo, enquanto direcionava seus esforços para exercer uma de suas paixões: dirigir filmes de terror. E conseguiu: seus filmes A Casa dos 1.000 Corpos (2004) e Rejeitados Pelo Diabo (2006, disponíveis em DVD) foram saudados pela crítica e apreciadores como clássicos instantâneos do gênero. No CD, Zombie exercita seu hard rock horror com a competência de sempre, reunindo hits da antiga banda (More Human Than Human, Super-Charger Heaven) e da carreira solo (Dragula, American Witch).
Zombie Live
Rob Zombie
Universal
R$ 29,90
www.robzombie.com
Um dos últimos gênios vivos do rock, Neil Young mostra no seu novo CD que não só ele ainda está vivinho da silva, como também em ótima forma. Chrome Dreams II faz referência à um disco que, prestes a ser lançado em 1977, foi descartado pelo artista, por razões até hoje ocultas. Faixas que estariam nele foram surgindo aos poucos, como as belíssimas Pocahontas e Powderfinger (em Rust Never Sleeps, de 1979) e Too Far Gone (em Freedom, de 1989). Porque o título deste novo álbum é CD II também é um mistério - e deverá permanecer assim. Contudo, se não apresenta nada tão genial quanto as faixas citadas, CD II é mais um ótimo álbum de Neil Young - o que equivale a dizer que é melhor do que 95% de todos os lançamentos de rock do ano passado. Auto-referencial, quase todas as faixas parecem sobras de discos anteriores dele mesmo, como Beautiful Bluebird, que parece saída de Harvest Moon (1992) - e assim por diante.
Chrome Dreams II
Neil Young
Warner
R$ 34,90
www.neilyoung.com
Quanto mais DeLonge, melhor
O que pode ser pior do que um punk de araque? O mesmo punk de araque tentando soar “profundo“. Depois de passar anos a fio fazendo músicas sobre lavagens estomacais e outras podreiras no Blink 182, uma das bandas mais fuleiras da história do rock americano em todos os tempos - e olha que a concorrência é duríssima - o vocalista e guitarrista Tom DeLonge formou o Angels and Airwaves para tentar provar que se tornou um músico “adulto“ e já pode usar calças compridas. Neste segundo CD, I-Empire (Império do Eu), sobra vontade de ser o U2 (Love Like Rockets) e citar a New Wave (Everything‘s Magic), mas falta talento. Boa tentativa. Pras negas dele, claro.
I-Empire
Angels and Airwaves
Universal
R$ 26,90
angelsandairwavesmusic.com
Bem antes do Código da Vinci
Essa história já está até manjada: um assassinato ritualístico e um códice medieval secreto roubado levam à uma investigação sobre sociedades secretas, conspirações e os bem-guardados segredos da Igreja Católica. Lembra o Código Da Vinci? Lembra, só que esta aqui veio antes. Lançada em 2001, a HQ americana Rex Mundi tem o diferencial de se passar em 1933, numa Paris alternativa, onde a Igreja domina a Europa e a bruxaria é uma coisa real - ferozmente perseguida pela Inquisição, que ainda existe e faz o papel da polícia. Boa trama de investigação com clima super sombrio, realçado pelo desenho detalhista de Eric J.
Rex Mundi - Livro Um
Nelson / Eric J.
Devir
216 p. | R$ 48,50
www.devir.com.br
Rock horror show ao morto-vivo
Zombie Live é o registro ao vivo do show do roqueiro e diretor de cinema Rob Zombie. Surgido no início dos anos 90 na banda White Zombie, já extinta, Rob saiu em uma discreta carreira solo, enquanto direcionava seus esforços para exercer uma de suas paixões: dirigir filmes de terror. E conseguiu: seus filmes A Casa dos 1.000 Corpos (2004) e Rejeitados Pelo Diabo (2006, disponíveis em DVD) foram saudados pela crítica e apreciadores como clássicos instantâneos do gênero. No CD, Zombie exercita seu hard rock horror com a competência de sempre, reunindo hits da antiga banda (More Human Than Human, Super-Charger Heaven) e da carreira solo (Dragula, American Witch).
Zombie Live
Rob Zombie
Universal
R$ 29,90
www.robzombie.com
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
TURNÊ "BAIANA" FAZ QUATRO CIDADES A PARTIR DE HOJE
Maurício Baia volta à Bahia divulgando CD com shows em Vitória da Conquista, Santo Amaro, Feira de Santana e Salvador
Músico experiente no belo e duro caminho da independência artística, Maurício Baia é velho conhecido dos frequentadores do circuito underground desde os anos 1990, quando percorreu o País de Norte a Sul com sua antiga banda, Baia & Os Rockboys. Em mini-turnê pela Bahia, Baia mostra agora o repertório do seu primeiro CD-solo, Habeas Corpus, lançado no final de 2006.
Serão quatro shows passando por quatro cidades: Vitória da Conquista (dia 14), Santo Amaro (dia 15), Feira de Santana (dia 17) e Salvador (dia 20). Apenas em Conquista, Baia ainda ministrará no dia 13 o workshop Como conduzir a carreira no mercado independente do Brasil - prática na qual conta com larga experiência, dados os seus 15 anos de carreira predominantemente independente. Show e workshop serão no Teatro Espaço Atuar.
Em Santo Amaro, o show será no Teatro Dona Canô, e em Feira, no Centro de Cultura Maestro Miro. Todos os shows serão acústicos (voz e violão) e o ingresso custa apenas um quilo de alimento. O projeto da turnê pelo interior, tocado por dois produtores baianos (João Mendonça e Sandro Santana), foi viabilizado através do Fundo de Cultura da Secult.
O show de Salvador, na Boomerangue (Rio Vermelho), é a exceção. Como ele não estava incluído no projeto para a Secult, terá o ingresso cobrado em dinheiro mesmo.
A vantagem é que aqui, Baia terá o acompanhamento luxuoso de uma banda formada por três bons músicos da cena local: Graco (da banda Scambo) na guitarra, Renato Nunes (da Diamba) no baixo e Thiago Trad (da Cascadura) na bateria.
Mas que não se espere um show mambembe só porque ele tocará com uma banda improvisada: "os meninos receberam o repertório do show desde a semana passada para ensaiar entre eles mesmos. E eu ainda terei mais dois ensaios com eles em Salvador na segunda e terça-feira antes do show na quarta", garante o próprio Baia, empolgado.
Três Naturalidades - Maurício Baia é um brasileiro privilegiado. Nascido em Salvador, foi morar ainda criança no Recife, onde viveu por nove anos. Há vinte anos, contudo, está radicado no Rio de Janeiro.
"Meus pais vivem no Recife e outra parte da minha família mora em Salvador. Então eu costumo dizer que tenho três naturalidades: baiana, pernambucana e carioca", brinca.
O interessante, ouvindo o seu trabalho desde o primeiro CD com os Rockboys, Na Fé (1995), é como essa tripla naturalidade se reflete de forma bastante positiva na sua música.
Uma música que é essencialmente urbana, mas que apresenta inequívocos toques regionais. Baia processa rock, baião, cantoria e MPB, entre outros ritmos e estilos, com uma desenvoltura característica de quem ouviu com muita atenção a obra de mestres como Raul Seixas e Zé Ramalho.
Solo - Com 15 anos de carreira, Baia caiu no rock no início da década de 90, quando formou os Rockboys. Seu primeiro CD, Na Fé, foi também o primeiro disco lançado pelo lendário selo Fora da Lei, do produtor Tom Capone, (morto em 2004), e que pouco depois lançaria artistas como Wander Wildner e Bia Grabois.
Com seu jeitão abertamente raulseixista, o CD foi um sucesso no circuito underground, levando Baia e cia para tocar em todo o Brasil, incluindo Salvador, onde fizeram uma inesquecível estréia local durante o extinto Garage Rock Festival de 1996.
Com a relativa notoriedade, o grupo conseguiu descolar um contrato com a então emergente Deckdisc, por onde laçou Overdose de Lucidez (1998). Em 2001, de volta à independência, soltou Entrada de Emergência, que não chegou a fazer muito barulho.
Em 2004 veio o baque: seu guitarrista e amigo Tonho Gebara, que também tocava na banda de reggae Natiruts, morreu de ataque cardíaco. Daí para a carreira-solo foi um pulo.
"Na verdade, antes do Tonho morrer, eu já pensava em fazer um disco-solo. Aí, quando ele morreu, eu dissolvi os Rockboys. Não faria nenhum sentido continuar a banda sem ele", conta o músico.
Baia passou quase todo o ano de 2006 gravando o que viria a ser o seu primeiro CD-solo, Habeas Corpus - que acabou sendo lançado em dezembro daquele mesmo ano, com um show no Circo Voador (RJ).
"A grande diferença da carreira-solo para estar em uma banda é que, sozinho, as diretrizes do trabalho e todas as decisões ficam por minha conta mesmo. Enquanto que em uma banda, tudo é compartilhado, há um envolvimento maior dos músicos com quem você toca", observa.
CD novo, ele só pensa em gravar no ano que vem. "No circuito independente você pode trabalhar mais seu CD. Ainda quero divulgar mais o Habeas Corpus antes de partir pra outra", conclui.
Projeto Baia na Bahia | Vitória da Conquista: Dia 13: Workshop: Como conduzir a carreira no mercado independente do Brasil | Dia 14: Show acústico | Santo Amaro | Dia 15: Show acústico | Feira de Santana | Dia 17: Show acústico | Ingresso para todos os dias: um quilo de alimento
Baia em Salvador | Show com banda de acompanhamento | Com DJ Mangaio | Dia 20, às 22 horas | Boomerangue (Rua da Paciência, 307 - Rio Vermelho) | R$ 15
Músico experiente no belo e duro caminho da independência artística, Maurício Baia é velho conhecido dos frequentadores do circuito underground desde os anos 1990, quando percorreu o País de Norte a Sul com sua antiga banda, Baia & Os Rockboys. Em mini-turnê pela Bahia, Baia mostra agora o repertório do seu primeiro CD-solo, Habeas Corpus, lançado no final de 2006.
Serão quatro shows passando por quatro cidades: Vitória da Conquista (dia 14), Santo Amaro (dia 15), Feira de Santana (dia 17) e Salvador (dia 20). Apenas em Conquista, Baia ainda ministrará no dia 13 o workshop Como conduzir a carreira no mercado independente do Brasil - prática na qual conta com larga experiência, dados os seus 15 anos de carreira predominantemente independente. Show e workshop serão no Teatro Espaço Atuar.
Em Santo Amaro, o show será no Teatro Dona Canô, e em Feira, no Centro de Cultura Maestro Miro. Todos os shows serão acústicos (voz e violão) e o ingresso custa apenas um quilo de alimento. O projeto da turnê pelo interior, tocado por dois produtores baianos (João Mendonça e Sandro Santana), foi viabilizado através do Fundo de Cultura da Secult.
O show de Salvador, na Boomerangue (Rio Vermelho), é a exceção. Como ele não estava incluído no projeto para a Secult, terá o ingresso cobrado em dinheiro mesmo.
A vantagem é que aqui, Baia terá o acompanhamento luxuoso de uma banda formada por três bons músicos da cena local: Graco (da banda Scambo) na guitarra, Renato Nunes (da Diamba) no baixo e Thiago Trad (da Cascadura) na bateria.
Mas que não se espere um show mambembe só porque ele tocará com uma banda improvisada: "os meninos receberam o repertório do show desde a semana passada para ensaiar entre eles mesmos. E eu ainda terei mais dois ensaios com eles em Salvador na segunda e terça-feira antes do show na quarta", garante o próprio Baia, empolgado.
Três Naturalidades - Maurício Baia é um brasileiro privilegiado. Nascido em Salvador, foi morar ainda criança no Recife, onde viveu por nove anos. Há vinte anos, contudo, está radicado no Rio de Janeiro.
"Meus pais vivem no Recife e outra parte da minha família mora em Salvador. Então eu costumo dizer que tenho três naturalidades: baiana, pernambucana e carioca", brinca.
O interessante, ouvindo o seu trabalho desde o primeiro CD com os Rockboys, Na Fé (1995), é como essa tripla naturalidade se reflete de forma bastante positiva na sua música.
Uma música que é essencialmente urbana, mas que apresenta inequívocos toques regionais. Baia processa rock, baião, cantoria e MPB, entre outros ritmos e estilos, com uma desenvoltura característica de quem ouviu com muita atenção a obra de mestres como Raul Seixas e Zé Ramalho.
Solo - Com 15 anos de carreira, Baia caiu no rock no início da década de 90, quando formou os Rockboys. Seu primeiro CD, Na Fé, foi também o primeiro disco lançado pelo lendário selo Fora da Lei, do produtor Tom Capone, (morto em 2004), e que pouco depois lançaria artistas como Wander Wildner e Bia Grabois.
Com seu jeitão abertamente raulseixista, o CD foi um sucesso no circuito underground, levando Baia e cia para tocar em todo o Brasil, incluindo Salvador, onde fizeram uma inesquecível estréia local durante o extinto Garage Rock Festival de 1996.
Com a relativa notoriedade, o grupo conseguiu descolar um contrato com a então emergente Deckdisc, por onde laçou Overdose de Lucidez (1998). Em 2001, de volta à independência, soltou Entrada de Emergência, que não chegou a fazer muito barulho.
Em 2004 veio o baque: seu guitarrista e amigo Tonho Gebara, que também tocava na banda de reggae Natiruts, morreu de ataque cardíaco. Daí para a carreira-solo foi um pulo.
"Na verdade, antes do Tonho morrer, eu já pensava em fazer um disco-solo. Aí, quando ele morreu, eu dissolvi os Rockboys. Não faria nenhum sentido continuar a banda sem ele", conta o músico.
Baia passou quase todo o ano de 2006 gravando o que viria a ser o seu primeiro CD-solo, Habeas Corpus - que acabou sendo lançado em dezembro daquele mesmo ano, com um show no Circo Voador (RJ).
"A grande diferença da carreira-solo para estar em uma banda é que, sozinho, as diretrizes do trabalho e todas as decisões ficam por minha conta mesmo. Enquanto que em uma banda, tudo é compartilhado, há um envolvimento maior dos músicos com quem você toca", observa.
CD novo, ele só pensa em gravar no ano que vem. "No circuito independente você pode trabalhar mais seu CD. Ainda quero divulgar mais o Habeas Corpus antes de partir pra outra", conclui.
Projeto Baia na Bahia | Vitória da Conquista: Dia 13: Workshop: Como conduzir a carreira no mercado independente do Brasil | Dia 14: Show acústico | Santo Amaro | Dia 15: Show acústico | Feira de Santana | Dia 17: Show acústico | Ingresso para todos os dias: um quilo de alimento
Baia em Salvador | Show com banda de acompanhamento | Com DJ Mangaio | Dia 20, às 22 horas | Boomerangue (Rua da Paciência, 307 - Rio Vermelho) | R$ 15
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
POESIA PARA QUEM NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA POESIA
Produção poética de Charles Bukowski começa a chegar ao Brasil
É fácil gostar ou até mesmo detestar Charles Bukowski. Difícil mesmo é ignorá-lo. O escritor e poeta mais sujo, amoral, beberrão - e, ao mesmo tempo, cheio de compaixão, personalidade e lirismo - da América só agora tem sua obra poética sendo publicada aos poucos no Brasil. Algumas editoras estão se encarregando da tarefa, e o lançamento mais recente, O amor é um cão dos diabos (L&PM) é talvez o melhor deles até agora.
Trata-se de um volume lançado na época em Bukowski, morto por leucemia em 1994, começava a angariar fama e fortuna nos EUA - por volta de 1978 -, como o poeta preferido dos desajustados, e rodava o país fazendo suas famosas leituras em auditórios de universidades.
Com poemas escritos entre 1974 e 1977, O amor é um cão dos diabos é, como todos os seus livros, um compêndio de suas experiências cotidianas, entre bebedeiras, visitas de amigos chatos e mulheres insanas, sessões de leituras e, claro, suas idas ao hipódromo para apostar nas corridas de cavalos - talvez sua maior paixão depois da birita, mulheres, música clássica e literatura.
O livro é dividido em quatro partes: mais uma criatura atordoada pelo amor, eu e aquela velha: aflição, Scarlet e melodias populares no que restou da sua mente.
Tematicamente, a única que tem alguma unidade é Scarlet, na qual narra em uma sequência de esplêndidos poemas ora cômicos ora angustiados, um tórrido affair com uma destrambelhada mulher ruiva com um problema de mau-hálito. Fato abordado também no romance Mulheres, onde esta personagem, uma das mais engraçadas do livro, é chamada de Tammy.
De resto, O amor é um cão dos diabos é o Velho Buk no seu melhor: lírico e terno sob um texto seco e direto como um bom vinho, impiedoso com os malas que o atormentavam e narrativo como em seus melhores contos.
Sua produção de romances e contos, aliás, já era bem conhecida pelos apreciadores de literatura marginal no Brasil.
Livros como Misto-quente, Mulheres, Factótum e Cartas na rua, além das coletâneas de contos Fabulário geral do delírio cotidiano, Crônica de um amor louco e Numa fria eram um must nas prateleiras dos jovens descolados entre os anos 80 e 90.
Mas seus poemas, que perfazem a maior parte de sua produção literária, só começaram a chegar a partir de 2003 na terra de Olavo Bilac - para desgosto dos admiradores deste último.
Isso porque a poesia do Velho Safado - como ele assinava uma coluna no jornal independente Open City - é, na verdade, muito semelhante à sua prosa. Eterno enfant terrible, Bukowski prescindia da forma poética acadêmica, jogando-a na lata do lixo e escrevendo como queria, do jeito que queria.
Nada de rimas, redondilhas, sonetos ou decassílabos, por favor. Isso ele deixava para os acadêmicos e perseguidores da forma perfeita. Para Bukowski, a forma era o que menos importava. Seus versos eram livres e cheios de vida por si mesmos.
Salvo engano, pode-se dizer que Bukowski fazia poesia para aqueles que detestam poesia. Muito semelhantes aos seus próprios contos, os poemas do Velho Safado estavam mais para narrativas e reflexões ritmadas do que ele vivia no seu dia-a-dia do que para exaltações ao espírito humano, por exemplo.
Seu desprezo às regras acadêmicas e o apego à estética essencialmente mundana valeu a Bukowski uma carteirinha honorária de poeta beatnik para o resto da vida. Há décadas, seu nome é equivocadamente associado à turma de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs.
Porém, além do gosto pela poesia, a rebeldia e o álcool, pouco havia de comum entre o Bukowski e a rapaziada do Pé na Estrada.
Ele sempre se identificou muito mais com a chamada Geração Perdida de Ernest Hemigway e F. Scott Fitzgerald, que agitou Paris nas décadas de 20 e 30, do que com a festiva trupe de Kerouac - ainda que os tenha conhecido e se dado bem com todos eles.
Nascido em Andernach, na Alemanha em 1920, filho de um soldado americano e uma mulher alemã, Henry Charles Bukowski teve uma juventude infernal (narrada depois em Misto-quente), graças ao rigorosíssimo pai militar e à um agressivo problema de acne. Escreveu seis romances, centenas de contos - alguns já adaptados para o cinema - e milhares de poemas.
Muito imitado mas nunca igualado, deve ter dirigido aos pretensos imitadores a frase que se lê na sua lápide em Los Angeles : “Don‘t try“. (Nem tente).
Editoras pequenas do Sul publicam poemas do autor
Com exceção d'O amor é um cão dos diabos (editado pela tradicional editora gaúcha L&PM) e da ótima coletânea bilíngüe Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski (Bertrand), os livros de poemas do Velho Safado no Brasil vão chegando aos poucos, via 2 pequenas editoras do Sul: a Spectro, de Florianópolis (SC) e a 7 Letras, de Curitiba (PR).
A primeira com boa vantagem: desde 2003, publicou os volumes Hino da Tormenta, Tempo de vôo para lugar algum, Vida desalmada e À toa em San Pedro. A casa curitibana só publicou em 1999 Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém. Com distribuição restrita, só é possível adquirir estes livros nos próprios sites das editoras (abaixo).
http://www.spectroeditora.com.br/autores/bukowski/bukowski.php
http://www.7letras.com.br
TRECHO:
conheci muitas mulheres
e em vez de pensar
quem está trepando com ela agora?
eu penso
nesse instante ela está aborrecendo terrivelmente outro desgraçado
(...)
estou sozinho afinal sem estar sozinho
percebo uma tomada na parede
veja, eu venci.
(Derrota, pág 105).
O amor é um cão dos diabos
Charles Bukowski
L&PM
304 p. | R$ 35
www.lpm-editores.com.br
É fácil gostar ou até mesmo detestar Charles Bukowski. Difícil mesmo é ignorá-lo. O escritor e poeta mais sujo, amoral, beberrão - e, ao mesmo tempo, cheio de compaixão, personalidade e lirismo - da América só agora tem sua obra poética sendo publicada aos poucos no Brasil. Algumas editoras estão se encarregando da tarefa, e o lançamento mais recente, O amor é um cão dos diabos (L&PM) é talvez o melhor deles até agora.
Trata-se de um volume lançado na época em Bukowski, morto por leucemia em 1994, começava a angariar fama e fortuna nos EUA - por volta de 1978 -, como o poeta preferido dos desajustados, e rodava o país fazendo suas famosas leituras em auditórios de universidades.
Com poemas escritos entre 1974 e 1977, O amor é um cão dos diabos é, como todos os seus livros, um compêndio de suas experiências cotidianas, entre bebedeiras, visitas de amigos chatos e mulheres insanas, sessões de leituras e, claro, suas idas ao hipódromo para apostar nas corridas de cavalos - talvez sua maior paixão depois da birita, mulheres, música clássica e literatura.
O livro é dividido em quatro partes: mais uma criatura atordoada pelo amor, eu e aquela velha: aflição, Scarlet e melodias populares no que restou da sua mente.
Tematicamente, a única que tem alguma unidade é Scarlet, na qual narra em uma sequência de esplêndidos poemas ora cômicos ora angustiados, um tórrido affair com uma destrambelhada mulher ruiva com um problema de mau-hálito. Fato abordado também no romance Mulheres, onde esta personagem, uma das mais engraçadas do livro, é chamada de Tammy.
De resto, O amor é um cão dos diabos é o Velho Buk no seu melhor: lírico e terno sob um texto seco e direto como um bom vinho, impiedoso com os malas que o atormentavam e narrativo como em seus melhores contos.
Sua produção de romances e contos, aliás, já era bem conhecida pelos apreciadores de literatura marginal no Brasil.
Livros como Misto-quente, Mulheres, Factótum e Cartas na rua, além das coletâneas de contos Fabulário geral do delírio cotidiano, Crônica de um amor louco e Numa fria eram um must nas prateleiras dos jovens descolados entre os anos 80 e 90.
Mas seus poemas, que perfazem a maior parte de sua produção literária, só começaram a chegar a partir de 2003 na terra de Olavo Bilac - para desgosto dos admiradores deste último.
Isso porque a poesia do Velho Safado - como ele assinava uma coluna no jornal independente Open City - é, na verdade, muito semelhante à sua prosa. Eterno enfant terrible, Bukowski prescindia da forma poética acadêmica, jogando-a na lata do lixo e escrevendo como queria, do jeito que queria.
Nada de rimas, redondilhas, sonetos ou decassílabos, por favor. Isso ele deixava para os acadêmicos e perseguidores da forma perfeita. Para Bukowski, a forma era o que menos importava. Seus versos eram livres e cheios de vida por si mesmos.
Salvo engano, pode-se dizer que Bukowski fazia poesia para aqueles que detestam poesia. Muito semelhantes aos seus próprios contos, os poemas do Velho Safado estavam mais para narrativas e reflexões ritmadas do que ele vivia no seu dia-a-dia do que para exaltações ao espírito humano, por exemplo.
Seu desprezo às regras acadêmicas e o apego à estética essencialmente mundana valeu a Bukowski uma carteirinha honorária de poeta beatnik para o resto da vida. Há décadas, seu nome é equivocadamente associado à turma de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs.
Porém, além do gosto pela poesia, a rebeldia e o álcool, pouco havia de comum entre o Bukowski e a rapaziada do Pé na Estrada.
Ele sempre se identificou muito mais com a chamada Geração Perdida de Ernest Hemigway e F. Scott Fitzgerald, que agitou Paris nas décadas de 20 e 30, do que com a festiva trupe de Kerouac - ainda que os tenha conhecido e se dado bem com todos eles.
Nascido em Andernach, na Alemanha em 1920, filho de um soldado americano e uma mulher alemã, Henry Charles Bukowski teve uma juventude infernal (narrada depois em Misto-quente), graças ao rigorosíssimo pai militar e à um agressivo problema de acne. Escreveu seis romances, centenas de contos - alguns já adaptados para o cinema - e milhares de poemas.
Muito imitado mas nunca igualado, deve ter dirigido aos pretensos imitadores a frase que se lê na sua lápide em Los Angeles : “Don‘t try“. (Nem tente).
Editoras pequenas do Sul publicam poemas do autor
Com exceção d'O amor é um cão dos diabos (editado pela tradicional editora gaúcha L&PM) e da ótima coletânea bilíngüe Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski (Bertrand), os livros de poemas do Velho Safado no Brasil vão chegando aos poucos, via 2 pequenas editoras do Sul: a Spectro, de Florianópolis (SC) e a 7 Letras, de Curitiba (PR).
A primeira com boa vantagem: desde 2003, publicou os volumes Hino da Tormenta, Tempo de vôo para lugar algum, Vida desalmada e À toa em San Pedro. A casa curitibana só publicou em 1999 Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém. Com distribuição restrita, só é possível adquirir estes livros nos próprios sites das editoras (abaixo).
http://www.spectroeditora.com.br/autores/bukowski/bukowski.php
http://www.7letras.com.br
TRECHO:
conheci muitas mulheres
e em vez de pensar
quem está trepando com ela agora?
eu penso
nesse instante ela está aborrecendo terrivelmente outro desgraçado
(...)
estou sozinho afinal sem estar sozinho
percebo uma tomada na parede
veja, eu venci.
(Derrota, pág 105).
O amor é um cão dos diabos
Charles Bukowski
L&PM
304 p. | R$ 35
www.lpm-editores.com.br