Os Mizeravão lançam DVD ao vivo com versões acústicas e eletrificadas de grandes sucessos pop, rock, MPB e heavy metal, sempre com muito humor e escracho
No clássico hit Street Fighting Man (1968), dos Rolling Stones, Mick Jagger mudou a cabeça de uma geração ao perguntar: "O que mais pode um pobre garoto fazer, senão tocar numa banda de rock ‘n‘ roll?".
No caso da banda baiana Os Mizeravão, a pergunta deveria ser ligeiramente reformulada: o que quatro homens feios e ligeiramente acima do peso, apreciadores de rock pesado, bebidas alcólicas e do sexo oposto poderiam fazer, senão tocar numa banda só de curtição?
Pois é isso que essas quatro simpáticas figuras vêm fazendo nos últimos 9 anos, com um ou outro intervalo de tempo. Para comemorar a longeva parceria, o grupo lança hoje à noite o DVD ao vivo Bebendo em Grande Estilo, uma brincadeira com o título do CD Vivendo em Grande Estilo (2002), da Cascadura.
Gravado há cerca de um ano durante um show na Casa da Dinha (Rio Vermelho), o DVD é apenas uma pequena amostra das atrocidades de que a banda é capaz sobre um palco. No DVD há apenas nove músicas, mas o grupo tem mais de 30 ensaiadas.
O vasto repertório é de causar dor de barriga nos puristas, sejam do rock ou da MPB. Com a mesma candidez e cara de pau com que assassinam Amigo, de Roberto Carlos, pisoteiam a manjada - mas que nunca é demais - Rock ‘n‘ Roll All Nite, do Kiss.
E é nessa levada algo cômica, algo esquizofrênica e sempre etílica, que segue o tresloucado show dos Mizeravão, entre Neil Young e Trem da Alegria, Queen e Laura Gaynor, Dr. Silvana e Ramones, Village People e Judas Priest, Thin Lizzy e Fábio Jr.
”O negócio é pra dar risada da cara da gente, mesmo, até porque o que mais fazemos é pagar mico no palco”, admite Leonardo Lionman Leão, o vocalista.
Acompanhado por Jedernight (bateria), Wallie (guitarra) e Marcinho (baixo), Lionman, que é oriundo da cena heavy metal local (foi vocalista das bandas Shadows e Drearylands), garante que a variedade do repertório é fruto das coisas que eles ouvem em casa mesmo: "Ninguém ouve só metal em casa. Ninguém aguenta!", ri.
Os Mizeravão
Lançamento do DVD Bebendo em Grande Estilo
Participação: DJ Nadja Vladi
Hoje, 22 horas
Boomerangue
R. da Paciência, Rio Vermelho (3334-6640)
R$ 10
DIGNIDADE PARA AS BANDAS COVER
Amor à arte, vontade de ficar famoso, necessidades financeiras, mero passatempo. Podem ser inúmeras as razões que levam um músico à se engajar numa banda cover. No caso d'Os Mizeravão, porém, uma rápida passada de olhos no repertório da banda evidencia o caráter estritamente lúdico e recreativo que move o grupo.
"Mas nós não somos uma banda cover", corrige Lion. "Somos uma banda de versões", afirma, sem trocadilho.
"A gente pega as melodias das músicas de que gostamos e fazemos outros arranjos, mudamos a harmonia. Tocamos outra música, praticamente", garante. "Tem algumas que a gente tira de memória, sem ouvir de novo pra sair tudo igualzinho. Você ouve a gente tocando e é outra música totalmente diferente da original, mas ainda assim, reconhecível".
Em outros casos, eles recorrem ao que a modernidade chama de mash-up, uma mistura de hits não necessariamente similares, mas de efeito interessante, como quando emendam uma canção de Fábio Júnior com Anarchy in the U.K., o clássico hino punk dos Sex Pistols.
"Nossa última preocupação é tocar tudo igual", afirma o leonino vocalista, cheio de convicção.
Sem saber, Lionman e sua trupe acabam, dessa forma, concedendo uma dignidade até então inédita à mais desprezada classe das bandas de música popular: as próprias bandas cover.
Após um efêmero porém marcante momento de estouro nacional nos anos 90, esses grupos meio que se recolheram aos barzinhos e bailes de formatura que costumam animar, mas na verdade, nunca acabaram. O que difere uma boa banda cover de um mero copiador é exatamente aquilo que os Mizeravão esbanjam: personalidade.
E aê, será que vão tirar esse canalha do ar? Tá na hora de mostrar a cara dessa gentalha.
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E as empresas de comunicação que se calarem serão cúmplices. Boa hora para saber quem é quem...