Não adianta reclamar. Pelo 13º ano consecutivo, o polêmico Palco do Rock, festival de bandas independentes organizado pela Associação Cultural Clube do Rock, voltará a embalar milhares de fãs do estilo que se dirigirão ao coqueiral de Piatã, de sábado à terça-feira de Carnaval. Serão 36 bandas em quatro dias - o que dá 9 apresentações por noite, sempre a partir das 17 horas. A farra - como sempre - é gratuita e contará com diversas atrações além dos shows, como presença de tatuadores atuando na hora, sorteio de brindes, um stand para comercialização de CDs e camisas das bandas que participam do evento e um hotsite, através do qual será possível acompanhar o festival ao vivo, com notícias e vídeos disponibilizados à todo momento.
Seguindo a tendência atual dos grandes eventos culturais, o PdR também terá sua parcela de responsabilidade social, solicitando aos espectadores a doação de um quilo de alimento não perecível. Tudo que for arrecadado será revertido em favor da CAASAH (Casa de Apoio e Assistência aos Portadores do Vírus HIV). Além disso, também haverá uma mobilização ecológica com a participação da ONG Jogue Limpo, com distribuição de mudas de árvores e uma caminhada ecológica até o Parque de Pituaçú na manhã da terça-feira de Carnaval, com a participação das pessoas que acampam no coqueiral.
Boas intenções e esforços pessoais à parte, a citada controvérsia que todos os anos se instala nos meios rockeiros locais diz respeito à uma suposta baixa qualidade da programação, a qual não refletiria o que de melhor a cena da cidade tem a oferecer. "Essas críticas começaram a surgir após o corte dos cachês para as bandas, logo no primeiro ano da administração Antônio Imbassahy. Foi uma retaliação ao Palco do Rock, que na verdade, nunca foi bem quisto pelo grupo político à que pertencia o ex-prefeito", acredita a presidente da Associação, Sandra de Cássia, que também é vocalista da banda Ulo Selvagem - única a tocar em todas as edições do evento. "As chamadas bandas do primeiro escalão do rock baiano acharam que, boicotando o PdR, nós poderíamos conseguir esses cachês de volta de alguma forma, mas infelizmente, isso não aconteceu até hoje", acrescentou.
Na verdade, durante esse período, o festival praticamente parou de acontecer nos moldes que se tornou conhecido e foi transferido para o extinto Teatro da Praia, um bar que ficava em Pituaçú, próximo à pista de bicicross. Finda a administração Imbassahy, o Palco do Rock conseguiu voltar ao seu reduto na praia de Plakaford, em Piatã, contando com o apoio da Prefeitura para uma estrutura mínima. "A Emtursa nos cede palco, som e iluminação. E só. Nem um copo de água mineral pros músicos vem além disso. Todo o resto é bancado pela Associação. E não podemos sequer buscar um patrocinador, já que o PdR faz parte do Carnaval e quem vende o Carnaval é a Emtursa", conta Sandra, que teve suas esperanças de ver um quadro diferente nos próximos anos renovadas, com a mudança do governo estadual. "Já tivemos um sinal positivo de que, no ano que vem, os cachês voltarão, mas ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa", avaliou.
Sandra também reclama por uma maior atenção por parte da Polícia Militar na questão da segurança do evento. "Quase sempre, é um abandono. Famílias inteiras acampam na área do coqueiral para participar do festival e todo o contingente de que dispomos para policiar as cerca de oito mil pessoas que comparecem todos os dias são os policiais do módulo que fica defronte ao antigo Casquinha de Siri. É muito pouco. Precisamos de segurança, por favor", apela.
Mesmo sem cachê e com uma estrutura deficiente, o Palco do Rock segue sua trajetória. Este ano, sete bandas de fora do estado participarão da festa ("bancadas pelas Secretarias de Cultura de suas próprias cidades", informa Sandra), que costuma atrair até 8 mil cabeludos por noite. Entre as bandas mais conhecidas da grade (ou menos desconhecidas, dependendo do ponto de vista), destacam-se o divertido cruzamento do rock com música brega do Movidos à Álcool, o metal gótico e teatral da carioca Maldita, o indie rock da Starla e o nü-metal da Meteora.
Esta última tem experimentado dificuldades de se estabelecer com credibilidade diante do público rockeiro local, devido ao fato do seu vocalista, Fábio Duarte, já ter sido dançarino no show de Ivete Sangalo - cujo selo, o Caco Discos, lançou o CD da banda. "A Meteora me surpreendeu, pois, mesmo com uma grande produtora por trás, eles seguiram os procedimentos de seleção à risca: enviaram material direitinho e no prazo, preencheram formulário e esperaram o resultado sem pressão, na maior humildade. Não dava pra limar os caras. Eles merecem uma chance de serem levados à sério", disse a presidente da Associação.
CONTROVÉRSIA - As críticas de músicos e observadores da cena rock local ao PdR não são novas. Nei Bahia, respeitado bloguista e crítico da cena como um todo, além de ex-parceiro de Fábio Cascadura em algumas composições do primeiro disco da elogiada banda, considera o PdR "equivocado": "Do jeito que ele existe - dentro do Carnaval - acaba se reduzindo à uma coisa curiosa, pitoresca, folclórica. É como se dissesse: 'aqui, nesse cantinho, tem esse monte de cabeludo'", observa.
Para Nei, o mesmo festival e a estrutura de que ele dispõe teriam muito mais impacto na mídia e com o público "se fosse feito em outra época do ano, sem a concorrência desleal do Carnaval", reflete. "Infelizmente, tocar no PdR hoje é uma queimação pras bandas. Isso, para dar uma dimensão geral do evento, pois, se for contar todas as mazelas pelas quais ele já passou, daria um livro", garante o bloguista.
Gabriel Amorim, vice-residente da Associação que organiza o PdR discorda: "Para mim, a grande contribuição do Palco é exatamente a inclusão cultural. É uma alternativa para aqueles que curtem o segmento rock possam curtir a folia momesca ao seu próprio modo", argumenta.
Com alternativa ou sem alternativa, a verdade é que, mesmo entre seu próprio público, o PdR ainda enfrenta sérias dificuldades de aceitação e adesão: "o maior inimigo do rock baiano é o próprio rock baiano. Mas pedir união na cena seria demagogia da minha parte. Respeito pelo nosso trabalho já seria o bastante. Não acho, contudo, que as bandas que não aceitam tocar de graça estejam erradas. Só gostaria que elas não queimassem o evento, pois ele não tem culpa de não dispor de recursos", conclui Sandra.
SERVIÇO:
13º FESTIVAL PALCO DO ROCK: "LIBERDADE AINDA QUE TARDIA".
36 BANDAS (PROGRAMAÇÃO NO SITE).
DE 17 À 20 DE FEVEREIRO, SEMPRE A PARTIR DAS 17H.
EVENTO GRATUITO.
SITE: http://www.accrba.com.br/
Matéria publicada no jornal A Tarde dia 5 de fevereiro. Texto sem a edição do jornal.
tenho a mesma opiniao de Nei sobre o palco do Rock. No carnaval da bahia se tornou uma coisa que nao funciona bem.a accr deveria utilizar sua força para viabilizar o evento em outra epoca do ano, onde o evento atrairia uma atençao maior e de melhor qualidade.uma pergunta, se nao tem recurso para fazer o palco do rock de forma estruturada(com pgto. de caches , grandes atraçoes, ect), porque entao ele é feito?
ResponderExcluircadê esse podcast com ww?? vai virar lenda??
ResponderExcluirbom carnaval pra vcs!
Vandexxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirtb rola em pleno carnaval o palco transamérica.
ResponderExcluirseria show com bandas alternativas da música da cidade, organizado pela rádio transamérica, em ondina.
bandas anunciadas até agora:
Quinta: Meteora e convidados
Sexta: O Circulo e convidados
Sábado: Diamba e convidados
Domingo: Forrónokilo e convidados
Segunda: ???
Terça: Mosiah e Convidados
como convidados gravitam os nomes: Cascadura, Canto dos malditos, Djunks.
quer dizer...
À época dos cachês no PdR, soube de 'bandas de rock' montadas e selecionadas da noite pro dia. A Sandra e o Gabriel são figuras de longa data e o Ulo Selvagem é, ao lado da Dever de Classe, a banda de Salvador com mais tempo em atividade. Ainda assim lamento essa burocratização do rock e essa associação com ares de ONG pra salvar o mundo. Basta Bono.
ResponderExcluirA profissionalização e o respeito da cena de rock de Salvador não passa pelas areias escaldantes da praia de Piatã nos dias de carnaval. Muito menos sob bençãos governamentais.
Esses 'roqueiros' que babam esmola de poderes públicos só diferem dos Sérgios Guerra, Carlinhos Brown e dos donos de blocos com trio numa coisa: são burros e incompetentes. Porque esses últimos, ao menos, metem a mão em dinheiro de verdade e conseguem visibilidade. Já a moçada do 'toca Raul' e dos 'casacos de couro (plástico) preto '....
Obrigado pelos comentários, galera, eles acrescentam muito, somos todos "co-autores" aqui nesse blog, e essa é a graça deles, aliás.
ResponderExcluirCláudio, obrigado pelos elogios tb, mas por favor, não atribua a mim coisas que só existem na sua cabeça, até por que não há nada subindo pela minha. Pelo contrário, tem é caindo (meus ralos cabelos).
E só mais uma coisa: eu NÃO LEIO livros que frequentam a lista de mais vendidos da Veja. Minha religião não permite.
Muita coisa eu tenho pra dizer sobre o "rock no carnaval" mais ainda não é hora.
ResponderExcluirO que me irrita é que passados todos esses anos, o discurso ainda é de coitadinho, meu saco não aguenta mais.
Pra eles...Só as cabeças!!
Nei Bahia? Tenha meeeeedo!!!!! ;-)
ResponderExcluircascadura amanha num trio eletrico na barra as 17:00, é isso?
ResponderExcluire pitty segunda no comercio no trapiche barnabè
ResponderExcluirÉ isso, Brama! Mais logo tem matéria a respeito por aqui...
ResponderExcluirÉ isso, Brama. Mais logo tem matéria a respeito por aqui...
ResponderExcluirÉ isso, Brama. Mais logo tem matéria a respeito por aqui...
ResponderExcluirporra, caralho xixi bosta!
ResponderExcluirPorra, por que a latinha de lixo pra jogar fora os comments repetidos some assim? Eu tô ficando norótico com essa porra!
ResponderExcluirtoda a agenda do carnaval alternativo em salvador, lá no blog:
ResponderExcluirwww.burnbahiaburn.blogspot.com