Primeiro disco do power trio Mustang até que não é mau - se você não exigir muito além do seu costumeiro it's only rock n' roll.
Rocknrolljunkfood (Old School Nice Lessons Records - 2002), cd de estréia da Mustang (não confundir com a banda de country axé geriátrico Mustangs - no plural, de Salvador), é um daqueles discos para o qual sempre valerá a velha máxima de Lemmy, eterno band leader do Mötorhead, segundo a qual "rock n' roll bom é aquele que faz seus pais reclamarem do barulho". Quer dizer, se até seus pais já se acostumaram com o rock que você ouve, é por que tem alguma coisa errada com ele...
À moda do velho Lemmy, esse é um disco de rock no sentido mais convencional possível do termo: ruidoso, alto, musculoso, veloz como o carro que lhe cedeu o nome, pé-na-porta-soco-na-cara. O negócio é tão brabo que a rigor, esse disco nada mais é que o registro de um ensaio gravado ao vivo em três (!) canais. Enfim: ele é tão mau que pode coçar o saco na sua frente e cuspir no seu chão, sem qualquer cerimônia (até por que se cuspisse na sua cara, já seria outra coisa: punk).
Esse tipo de proposta é perigosa, pois pode cair na caricaturização de um The Darkness (descontada a viadagem), por exemplo. Sorte que no comando desta empreitada, temos um Carlos Lopes, puta velhíssima do underground carioca, o homem por trás da Dorsal Atlântica, uma das melhores bandas de metal brasileiras de todos os tempos. De modo que a proposta de resgate da espontaneidade e colhões (guts) do rock n' roll, inspirada na velha escola de bandas como o próprio Motorhead, AC/DC, MC5 e New York Dolls, entre muitas outras, acaba vingando nas 16 faixas do CD. Muitas delas - as mais pesadas, como Bloody barbecue rock n' roll e Supermacho (uma das poucas que não gostei), poderiam estar em algum disco da Dorsal, feitos os devidos ajustes de arranjo. Outras, contudo, como The ides of March, Black Maria e Melissa, explicitam as influências glam da banda, lembrando muito David Bowie, Sweet e até Alice Cooper, cantor cujo timbre Lopes nos lembra em seus momentos menos rasgados. Já como guitarrista, ele pode até não sair esmerilhando nos solos (como se dizia antigamente), mas solta suas faíscas em riffs matadores, como os de Social security e Principles.
Conceitualmente, para a Mustang, a barbárie já está instalada faz tempo e as ampulhetas jazem estilhaçadas no chão - o próprio conceito de tempo já não importa mais. O importante é o aqui agora e expressar tudo o que se sente e se quer dizer, pilhar a cultura pop, cair na estrada e aumentar o volume, por que afinal de contas, isso aí é que é rock n' roll.
Como já disse, acho tal discurso perigoso, até por que quem só segue esse princípio, acaba formatando e por conseguinte, encaretando o rock n' roll - que, por definição, prescinde de regras e formatações de qualquer tipo. Querer prender este senhor sessentão num formato qualquer é ignorar seu potencial infinito de se reinventar. E de mais a mais, eu já não moro com meus pais faz tempo...
Enfim, apesar de algumas reservas, Rocknrolljunkfood é um disco bom de se ouvir numa daquelas sextas-feiras brabas, com muita cerveja e varando a noite. Mas no sábado de manhã você vai guarda-lo com todo o carinho de volta na prateleira, de onde só sairá para a próxima jornada longa noite adentro...
DEMOISELLE BOTANDO AS MANGUINHAS DE FORA - A Demoiselle, banda dos ex-Cascadura Ricardo The Flash Alves e Toni Oliveira, que segue tocando pelos bares da cidade, lançou também seu primeiro clipe no You Tube, já viu? Eu, não! E não é por que não quisesse, é por que no momento, não tenho como, mesmo. A banda também enviou um outro link onde se lê Demoiselle e Barão Vermelho no You Tube, mas eu também não tenho idéia do que seja (além do que o título entrega). Para saber mais sobre a Demoiselle, é melhor ir no site deles, por que, como vocês já devem ter percebido, eu tô mais por fora que umbigo de vedete.
POR JÚPITER (MAÇÃ)! - Parabéns para Jamile Vasconcelos e o pessoal que botou o Projeto Gira Independente pra, uh, girar semana passada na Zauber. Compareci no primeiro dia, com Júpiter Maçã e Retrofoguetes, e gostei bastante do rock. Bom astral, som razoável, o povo a fim da puteira generalizada. Devido ao meu usual e lamentável estado etílico, me furtarei de considerações mais profundas sobre os shows em si. Retrofoguetes foi lindo como sempre. Já o Júpiter, com uma banda enxuta, economizou também nas palavras e foi direto ao rock, abrindo o show em clima carnavalesco, com a bela Marchinha Psicótica do Dr. Stu. Daí em diante, tocou quase todo o repertório do seu melhor disco, A Sétima efervescência (1997), mais algumas músicas de discos mais recentes, com os quais não sou muito familiarizado. O interessante é que ele atualizou o arranjo de várias daquelas faixas clássicas do Sétima..., dando-lhes um sabor Franz Ferdinand / The Rapture. E não é que ficou massa? Bom, pelo menos, no estado semi-selvagem em que me encontrava, era tudo o que eu podia querer: som de puteira. Grande night, e que venham outras edições do Gira.
O MESSIAS EM SALVADOR - Sábado agora (16.09) tem lançamento da graphic novel O Messias, dos baianos Gonçalo Júnior e Flávio Luiz na Galeria do Livro. Flávio, como leitores mais assíduos deste blog já sabem, é o talentoso cartunista do jornal Correio da Bahia e autor do gibi Jayne Mastodonte, entre outras criações. Gonçalo é o jornalista especializado em quadrinhos mais hypado do momento, autor de obras como Tentação à italiana, A Guerra dos Gibis e O Homem Abril. No lançamento, só Flávio, que é uma figuraça simpaticíssima, estará presente para autografar os exemplares. O Messias é um romance gráfico mudo sobre a guerra do tráfico contra o poder instituído, uma realidade bem presente no Brasil em 2006, com tendência de piorar. O álbum estará a venda pelo módico preço de R$ 29,00 e vale bastante a pena. Sábado, 16.09, a partir das 16h, na Galeria do Livro (Boulevard 161, Itaigara).
AGENDA
FÁBIO CASCADURA ROCK'N ROLL SOUL!!! No Balcão Botequim (Curva da Paciência - Rio Vermelho). Nesta quinta, 14/09, a partir das 21h (pontualmente!). Couvert R$ 5,00.
CASCADURA "Das Antigas Acústico"! Balcão Botequim (Curva da Paciência - Rio Vermelho) Dia 17/09 (domingo) Às 18hs R$ 10,00 (lotação 100 pessoas) Apoio: Álvaro Tattoo, Marinho Guitars, Red Pigs MC e Ricardo Ferro Design.
Até demais, Claudesc. Até demais... (lá nele!)
ResponderExcluirnão consegui escutar o último podcast. mais alguém??
ResponderExcluircuriosa pra porra.
Atualiza ai essa agenda, Chico. Demoiselle, Theatro de Séraphin e Théo Filho. Próximo sábado no Calypso. Tocamos às 22h em ponto e seguimos pra esbórnia da casa da Dinha: aniversário das meninas mais rock'n'roll dessa cidade, com os Mizeravão de trilha sonora.
ResponderExcluiraudições seguidas de tristes tropicos indicam: esta pintando um dos discos do ano.classico instantaneo.
ResponderExcluir"Primeiro disco do power trio Mustang até que não é mau - se você não exigir muito além do seu costumeiro it's only rock n' roll...."
ResponderExcluirPorra Chicão, se voc não tava afim de escrever deixasse pra alguém, mais você já começa com prevenção, eu te conheço e por isso estranho muito essa sua abordagem. Sua opinião é soberana, não questiono isso, mais você já recebeu o cd com uma má vontade da porra!!!
Relaxe o duodeno!!
cabei de ver(depois de 20 anos!) murder weapon de t-bone burnett no overdrive da mtvbrasil. ja valeu o dia.murder weapon!
ResponderExcluirsobre mustangs, ouvi o terceiro disco e achei roooock!
ResponderExcluirsobre tristes trópicos, ´concordo com osvaldo, e já disse isso lá no oculos, no post da entrevista de paulinho oliveira. Vai ser o trio do ano: Bogary, Tristes Trópicos e Um bom motivo, de paulinho oliveira!!
Fala, galera, tava viajando e só cheguei ontem (domingo, 17.09), por isso dei essa sumida essa semana.
ResponderExcluirNei, desculpe se te passei essa impressão na resenha do Mustang, mas não houve má vontade de minha parte com ele (até por que não teria escrito um texto desse tamanho sobre). Na verdade, até gostei, mas é o tipo do disco para momentos....
entrevista com Fábio Golfetti do violeta de outono? só lá no óculos de cebola!
ResponderExcluirCurioso: o distinto articulista tentou associar esse som a UM tipo como Lemmy do Mötorhead, mas a descrição que você fez é tão GENÉRICA que se aplica a TODOS os estilos de Rock Roll, desde o Rockabilly dos anos 50 até o punk rock.
ResponderExcluir"rock n' roll bom é aquele que faz seus pais reclamarem do barulho".
"À moda do velho Lemmy, esse é um disco de rock no sentido mais convencional possível do termo: ruidoso, alto, musculoso, veloz como o carro que lhe cedeu o nome, pé-na-porta-soco-na-cara."
Poderia ser a descrição de qualquer disco do Camisa de Vênus.
Só pra ficar aqui em Sotero City mesmo. Nme precisava ir até a Inglaterra.