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terça-feira, fevereiro 21, 2006

ROLARAM AS PEDRAS

E eis que nosso repórter especial Zezão Castro surge ontem à noite via telefonema para este rockloquista: "McCoy" (como ele me chama), "fiz uma matéria sobre o show dos Stones, publica lá no blog!" Eu: "sim, claro, Zé, com prazer. Você gostou?", perguntei, já sabendo a resposta. "Pooorrra, man, foi demais ver o velho Keith cantando 'Happy' mais uma vez"... Só aí caiu a ficha: "Você tava lá, maluco?", perguntei, me ajeitando na cadeira. "Tava, bicho. Voltei agora de tarde". "Velho, mande já esse texto pra mim, rápido!"

Rolaram as pedras

por Zezão Castro

As aventuras desta expedição rumo à terceira turnê dos Rolling Stones no Rio de Janeiro começam ainda em Salvador. Vôo partindo às 4, alguns números anotados num papel e a fé indelével de que alguém me atenderia ao chegar lá. De repente vejo Adonai, camarada de outras farras, na mesma fila de embarque, a caminho da casa do irmão, no Humaitá, em Botafogo.

²Minutos depois, após umas micro-algazarra nas alturas, já estamos eu, ele e mais dois camaradas daqui que conhecemos lá em cima, dentro de um táxi falando de cachaça, sinuca... Nascimento, o condutor, dando as dicas do bom e do pior. A primeira pichação que vejo, em tinta preta, num ponto de ônibus diz: "Só Jesus tira Pomba Gira, só Jesus tira Tranca Rua".

O sol já vai se levantando quando chegamos no Humaitá. O anfitrião, Jorge, nos oferta um dilema: duas cachaças mineiras e nos designa para diagnosticar qual a melhor. Mel para melar, violão, gaita e o som do Beggars Banquet, lançado pelos Stones em 1968. São apenas 9 da manhã.

Pela tarde, o amigo carioca Hélcio Pugliese, cenógrafo da Mocidade Independente de Padre Miguel e Caprichosos de Pilares, atende o celular e me permite usufruir de um canto (e que canto...) em sua casa, em Santa Tereza, ao lado da Lapa, comarca de travestis, estudantes, mendigos, traficantes, rockers, cocotas, sambistas, uma Babel com bar de forró, bilhar, som latino. Um maluco toca Cássia Eller, o Rappa, Ed Motta e a rua bomba.

Encontro o camacaense Lucas às 11h40 e o pensamento de ambos é: Copa já! No táxi, uma paraense de 32 anos nos revela: "Ron Wood está ali no Restaurante Aprazível, em Santa Tereza" (uma pausa)," mas não tô nem aí, se ele entrar aqui paga igual a todo mundo", arrematou. Penso em, imediatamente "pedir": meia volta, volver! E fantasio um belo episódio: lá chegando, entraria para jantar (embora só teria grana ali para água mineral), com mais sorte ainda, dois dedos de prosa com o cara... Volto ao mundo e o carro segue na madruga.

Copacabana nos primeiros momentos do sábado tem os famosos calçadões da Bossa Nova infestados por uma horda de loucos, vendedores de cerveja, etno-casais atados pelo euro, outros nem tanto, um coroa de cabelos gomalinados discutia em espanhol com sua acompanhante mais nova (flash de Almodóvar) e mariposas alugam seus vôos por uma onça.

Na frente, a geringonça metálica do palco com a passarela e a língua que move o mundo do rock. Rodas de violões, gente acampada dormindo em colchonete, e uma fila de uns 30 triciclos em frente ao Copacabana Palace em vigília rock.

Para pegar bom lugar foi precisei chegar às 16h30 do sábado, após pegar o metrô lotado da Estação Carioca e saltar na Siqueira Campos. Encontramos uma turma de locais na praia e logo um grupo de 6 pessoas estava em bom bate-papo sentado na areia. Até bolacha de chocolate e vinho circularam na roda. Tranqüilo demais.

O DJ Janot abre a noite com a versão groovada de Eumir Deodato para Also Spracht Zarathustra (1972), depois Barão Vermelho (mais uma dose/é claro que eu tô a fim), Chico Science (Maracatu Atômico), O Rappa, U2 (New Year's Day). O Afrorreggae vem na seqüência. É bem intencionado, com o discurso militante de "um só Rio, galera!", mas achei meio deslocado, papo pra ONG dormir.

Titãs vem lá pela 7 com repertório compacto e a jukebox rock'n'roll afiada com Flores, Homem Primata, Sonífera ilha, cover do Legião em Que país é esse. Muita gente gritando toca Raul e os paulistas mandaram Aluga-se, do Abre-te Sésamo.

PEDRAS NO CAMINHO - Antes mesmo que os Stones pisassem no palco, já se sabia que estavam a caminho pois os flashes pipocavam dos prédios em volta na direção da passarela. Eram mais ou menos 22 horas, palco escuro, quando, simultaneamente, as luzem acendem e o riff de Jumpin' Jack Flash rasga de lá pra cá. "Eta lelê, começou a zorra!" E tome-lhe It's only rock'n' roll, graçolas em portunhês: "alô galera" e a velha escola chuckberryana da dupla Wood-Richards girando a mil.

Darryl Jones no baixo e Charlie Watts bancam os alicerces. Sim, mais uma vez eu via os velhos Stones. Se o vocal já não é mais aquele, "Jeguer" ainda rebola e faz variadas caras e bocas e vai soprando a gaita. Ainda por cima ele fez da ex-modelo Luciana Gimenez, mãe de seu filho Lucas, uma nova Marquesa de Santos no reino do rock'n' roll brazuca. Os caras tão afiados e mandam Oh no, not you again, do novo A bigger bang, melhor que muita coisa que fizeram nos 80.

Estou a 50 metros do palco, atrás da ala vip, revezando palco com telão, rugas e acordes. Wild Horses leva uns poucos isqueiros a se acenderem e mostrou ao carioca onde a Blitz roubou a introdução de um hit. Midnight Rambler, do Let it Bleed - o momento mais bluesy do show. Live with me vem com speed de funcaço, o velho Bobby Keys mostra (bem) a que veio.

Ray Charles foi o homenageado da noite com "The night time is the right time", onde Lisa Fischer, a mesma backing vocal desde '94 (nota do editor: na verdade, desde 1989) faz às vezes de Margie Hendricks, das Raylettes. É o único cover do show.

Richards vai ao vocal em Happy, sobre uma garota libertária a quem pede seu amor para ficar feliz, Ronnie coloca uma guitarra havaiana no colo e faz os solos. A performance é convincente, clássica e embora a voz soe cada vez mais catarrenta, a la Dylan, manda bem.

Jagger volta, com nova roupa. Ron Wood dá uns beijos atrás do palco em uma loura em breve intervalo, vê-se pelo telão. Logo seguem com a disco music Miss You. Start me up (uma das mais festejadas pela galera, fruto de outras turnês por aqui e de uma propaganda de carro).

A chance dos mortais os verem de perto vem em Get off of my cloud, quando um palquinho se desloca. A massa se espreme em direção à direita. Vou na onda e fico uns quatro metros à esquerda de Charlie Watts, vendo a banda tocar pela costas. Em alguns momentos todos se viram para nós, celulares tiram foto. Ao som de Honky Tonk Women, o vagãozinho dá ré.

Só aí pagava o show. Vieram ainda Sympathy for the devil e minutos depois fecharam o show, voltando para o bis com You can't always get what you want. Urros e gritos com o hit Satisfaction, que nunca é demais ouvir de novo, principalmente se são os próprios Stones executando.

Ao fim do concerto de rock as galeras se misturam no vai-e-vem na beira mar, gente de todo canto. Dou um tempo olhando as caravanas e depois pego meu buzú lotado, pagando R$ 2 ao motorista pra saltar pela dianteira, sem registrar. Rio também é Brasil, Se todo mundo tem pegado sua ponta por que logo o motô não ia querer o dele? Sigo enfim, no bagaço, de companhia, só dezenas num ônibus cheirando a mato, suor e areia. Passo nos botecos do caminho, um maluco toca Marinheiro Só. Parto a mil e vou curtir o meu sono realizado mais uma vez. Acho que agora está bom, quatro shows do Stones já dá para ter o que contar aos filhos e netos, se eu chegar lá.

HORA DO ROCK 23.02 - O Hora do Rock desta quinta-feira fala sobre o show do Oasis no Brasil, disco novo do Futureheads, trabalho solo do vocalista do Ash (Tim Wheeler) e o Kaiser Chiefs sagrando-se grande vencedor do Brit Awards. O programa apresenta ainda o som do Pink Floyd, Syd Barrett, Love, Super FurryAnimals, Dogs Die In Hot Cars e PJ Harvey, além da elegância soturna deNick Cave e Leonard Cohen. Para ouvir: toda quinta, às 21h, na 90,1 (Globo FM). Para quem não mora em Salvador: www.gfm.com.br.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

WILD HORSES COULDN'T DRAG ME AWAY

Meia boca o alentado mega show dos Rolling Stones nas areias de Copacabana. Quer dizer, meia boca pro pé rapado aqui, que viu pela TV, através da transmissão maldita da Grobo, recortada por intervalos comerciais, intervenções irritantes de Zeca Camargo, e segundo o blog do jornalista Tiago Dória, atrasada meia hora (!!!) em relação ao que acontecia lá em Copa. Satisfaction nem terminara e os créditos já subiam na telinha. Assim não dá. Quem estava lá, como o venerando e veterano crítico carioca Jamari França, garante que foi um showzão, mas tenho lá minhas dúvidas, se é que tenho o direito de tê-las. Assistindo pela TV, tive a impressão de que Mick Jagger estava um tanto afobado (talvez pela pressão de assistir pela janela de sua suíte à multidão se aglomerando para assisti-lo desde de manhã, mais a expectativa de mais de um milhão de pessoas se acotovelando bem ali na frente), se atropelando nas letras das músicas e perdendo o fôlego, aqui e ali. Keith Richards e Ron Wood, loucaços de tanta caipirinha - e sabe-se lá que outros aditivos - distribuíam riffs aleatória e indiscriminadamente, errando direto (fato confirmado por alguns amigos músicos e conhecedores do repertório stoneano com quem conversei depois). Charlie Watts era a exceção, esse jamais perde a fleuma - nem o tempo, Deus o abençoe. O resto da banda cumpriu bem seu papel, afinal, é para isso que eles são regiamente pagos. O melhor momento para mim foi Wild horses, sempre emocionante. Night time is the right time, homenagem à Ray Charles, apresentou um belo dueto de Jagger com a vocalista Lisa Fischer, que manda muitíssimo bem, e junto com Bernard Fowler, acompanha os Stones desde a turnê Urban Jungle, de 1989, se não me engano. Mais veteranos ainda são o pianista Chuck Leavell e o saxofonista Bobby Keys, o último fazendo parte da família Stones desde o início dos anos 70. Os shows das turnês anteriores da banda no Brasil foram mais legais, mas possa ser que eu esteja errado, afinal de contas, nem lá eu estava. O pior de tudo é ver pela internet e jornais a cobertura da famigerada área vip, onde a gentalha grobal e / ou quase famosa compareceu em massa para a BL promovida pelas patrocinadoras do evento. Ávidas por espaço na mídia especializada, esta choldra ignara imediatamente se transmuta em fãs "desde criancinha" dos Stones, ao sabor da demanda do momento. Ontem, fãs histéricos de Jagger & Cia. Hoje, eles são fanáticos pelo U2. Semana que vem, estarão cheios de samba no pé, nas passarelas do eixo Rio / SP e nos camarotes da Bahia. E assim eu sigo chutando cachorro morto. Em todo caso, sempre é bom saber que as reações, mesmo que desprovidas de maiores efeitos, ainda existem. Tomara que o U2 seja menos pior... Amanhã eu posto alguma coisa sobre (a transmissão do) show dos irlandeses porraqui.

MENOS, LUISÃO! - O veterano guitarrista Luisão Pereira, que tocou na Cravo Negro nos anos 80 e na Penélope em fins dos 90 / início dos 00, está soltando (muito bem) o verbo em seu fotolog. Depois do textinho sobre o show da Jazz Rock Quartet que colei nos comments do post logo abaixo, o músico subiu o tom ao postar uma foto do grupo Djunks, cujo primeiro CD foi produzido por ele. No post, Luís exalta a batalha dos meninos, que botaram, em show com a NX Zero (SP), Mirabolix e Malcolm, mais de 500 pessoas no Idearium, ontem mesmo, enquanto "na sala de justiça modelar, roqueiros velhos baianos, depois de pousarem (sic) pra coluna social de jornal, ficam nas poltronas das suas casas assistindo Stones pela TV, rezando por uma volta do Dead Billies e achando que num domingo, véspera de semana de carnaval, só rola trivela e manivela em terras do dendê". OK, Luís, você tem razão em dar um ponto às suas crias, a molecada tá batalhando e conquistando seu espaço, e isso é ótimo, pois a cena vai se renovando por aí. Todos os méritos à eles. Respeito. A Mirabolix (ver post abaixo) é outro exemplo disso, aliás. Mas cá pra nós: ninguém é obrigado a curtir hardcore melódico (praia da Djunks), né man? Muito menos a encarar o Idearium em pleno domingão. À garotada, o que é da garotada. À "velharada", o que é da "velharada" (ainda que eu relute em me incluir aí. Afinal, não curtir hardcore melódico é sinal de que estou velho? Sinto muito, mas tenho certeza que não). Outro aspecto que acho interessante destacar é que, ao mesmo tempo que temos os roqueiros velhos no Miss Modular, a garotada se esbalda no Idearium, Espaço Insurgentes e outras casas mais à margem do circuito dos medalhões, o que sugere (mais) uma segmentação no rock baiano. Isso é ruim? De jeito nenhum, só demonstra o crescimento e amadurecimento da cena. A passos de tartaruga, mas e daí? Pelo menos a coisa tá andando... (Luís, fique à vontade para debater - ou não - com a gente aqui, OK? Este espaço está aberto pra você.)

SEPTUAGENÁRIO - Não, não é nenhum dos Stones, não ainda. É o Fantasma, protetor das selvas de Bangala, que, criado por Lee Falk em 1936, apaga as 70 velinhas este ano, com comemorações em todo o mundo. Este rockloquista aqui tem um carinho muito grande pelo herói, por ter lido muitas histórias do personagem publicadas em formatinho pela Rio Gráfica e Editora (atual Globo) nos anos 70 e 80, quando ainda usava o uniforme vermelho. (A cor correta é roxa, mas como no Brasil as gráficas de quadrinhos nunca foram lá grande coisa, durante décadas, tivemos o Fantasma vermelho, mesmo). O site Universo HQ preparou um especial muito bacana para comemorar a ocasião, com matérias, reviews e charge. Confere .

VH: A NOVELA CONTINUA - Depois dos rumores sobre o reality show para escolher o novo vocalista do Van Halen, Dave Lee Roth soltou a língua em seu programa de rádio nos EUA, dizendo que sua volta à banda é o que o público quer, e que "ninguém respeitará nada do que qualquer um de nós fizer até que façamos essa reunião". O rei das tesouras voadoras nunca esteve tão certo. (E eu adoraria assistir um show desses. Podem atirar as pedras, eu não ligo.) Fonte: Dynamite on line.

"QUEM TÁ NO ROCK É PRA SE FUDER" - Essa frase, largamente utilizada no métier rocker baiano desde meados dos 90, ganha seu real significado durante os quatro dias de Carnaval em que o Palco do Rock, iniciativa do ACCR (Associação Cultural Clube do Rock), arma seu circo no coqueiral de Piatã. Quem for de encarar, que confira a programação no site e boa sorte (você vai precisar).

DON'T DISTURB - A partir de quinta-feira (23), entro em estado de hibernação, no conforto aveludado (em vermelho) do meu ataúde. Quarta de Cinzas a gente se fala.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

DESTRUA O CÓDIGO DE BARRA! DESTRUA O CÓDIGO DE BARRA!

Quem acompanha esse blog já deve ter percebido que não curto harcore melódico. Especialmente as bandas da segunda metade dos anos 90 para cá. CPM 22 é um horror. Do Dead Fish, só acho legal uma única música (o hit "Você"). Desconheço e também não sinto a menor falta de bandas como Dance of Days, For Fun (nacionais), Dashboard Confessional, A.F.I., (gringas) e similares na minha vida. Por isso meu susto quando pus o primeiro CD da Mirabolix, banda local, pra rodar no CD player. Quando Revés de si um bemol (título do CD) começou com a faixa Redemoinhos, pensei: "Ai meu Deus, eu detesto hardcore adolescente, vai ser chato pacas detonar o CD dos garotos assim, na lata". Respirei fundo e fui ouvindo o disco, cioso do ofício jornalístico.

E não é que me surpreendi? E foi logo na segunda música. Pular no mar começa com uma melodia bacana, não que o som da banda tenha mudado radical de uma faixa para outra, de jeito nenhum. Acontece que a música é, simplesmente, massa. Depois de começar rock, ela vira uma marchinha de carnaval (com direito à trompa tocada pelo baterista Davi Cokeiro), e acreditem, ó incréus, ficou astral. E se no show tiver trompa e tudo, a coisa toda deve virar uma festa.

Aliás, nunca vi a banda ao vivo para checar se funciona, mas desconfio que Rafael Goiaba Nunnez tem potencial para ser um dos melhores vocalistas de sua geração. O rapaz ainda carrega um certo tom adolescente na voz que pode fazer rockers mais véios e tradicionais (como eu?) descarta-lo de cara, mas se for ouvir com mais calma, percebe-se que ele encaixa as letras em português direitinho, vai do sussurro ao grito com aparente desenvoltura (como em Agressões noturnas, penúltima faixa), tem potencial mesmo. Como de resto, a banda como um todo, aliás. Ninguém se destaca como instrumentista, tipo "Num Sei Quem toca pra caraaaalho". Não, todos parecem estar no mesmo nível, dando uma coesão bem visível no som da banda, cada um trabalhando pelo todo.

A sétima faixa, Naked by, lembra um pouco a clássica Crack Hitler, do Faith No More (álbum Angel dust), ainda que careça do óbvio savoir faire superior da banda de Mike Patton. Mas vale a pena ouvir, pois em condições digamos, alteradas de temperatura e pressão, as passagens de diálogo da letra - nonsense total de Goiaba Nunnez - podem render boas risadas (não sei se foi essa a intenção, mas se não foi, mal aê):

"- O código não bate! Não bate nas entrelinhas...
- Repita por favor.
- O código não bate!
- O tempo está passando meu caro...
- Mas a pia já está aberta.
Pra lavar minhas mãos.
- Destrua o código de barra! Destrua o código de barra... Que porra!"

Já a balada Ciscos na imensidão tem passagens que lembram Pearl Jam. Na verdade, as influências todas são bem marcantes (grunge, hardcore, alguma MPB), mas se diluem razovelmente no som da banda, que faz um esforço visível para soar original. (Coisa que aliás, não deveria preocupar. Tem que desencanar e fazer seu som. Ser original é conseqüência.)

Sendo mais direto, o disco é irregular. Tem faixas (ao meu ver) supérfluas, como Redemoinhos, Tudo de novo; começo sem fim e Já passou. Da mesma forma, tem faixas que denunciam seu potencial de criar boas canções no quilo para agradar - tanto a garotada que assiste a MTV, quanto doidões mais escolados e desencanados, se é que vocês me entendem.

Ouça com especial atenção, além da citada Pular no mar, as faixas 1993 (talvez uma tentativa de fazer algo similar à 1979 do Smashing Pumpkins), Mundo velho (influência do Los Hermanos do primeiro disco?), Vamos ter que mudar o final (ei, Los Hermanos de novo! Mas é no bom sentido. A trompa e as palmas ficaram bala. Aliás, adoro música com palmas. Talvez a melhor do disco.) e A vez do nunca (baladinha acústica que leva violino, violoncelo e oboé no arranjo, fechando o disco com classe).

Não poderia deixar de citar o capricho que a banda teve com a parte gráfica do CD. A capinha e o encarte são muito bem cuidados (para quem não entendeu o palhaço com o nó de forca da capa, a explicação está na letra de Ciscos na imensidão: "Inventei / mil palhaços que se enforcam aqui / pra sorrir / ao verem o sol").

Apesar dos pesares, de algumas letras bobinhas falando de relacionamentos de forma algo empolada e colegial (talvez uma dose de bom humor e despretensão lhes fizesse bem), é um bom começo. Tem um potencial interessante aqui. Acho que vai valer a pena acompanhar a trajetória dessa rapaziada.

A Mirabolix é Rafael Goiaba Nunezz (vocal), Bernardo Von Flach (baixo e berros), Maurício Tokimatsu (guitarra), Matheus Brasil (guitarra e violão) e Davi Cokeiro (bateria, trompa e escaleta).

O CD Revés de um si bemol foi lançado pela aTalho Discos, com distribuição nacional pela Trattore.

Site oficial.
Fotolog.

MORRISON NEWS - Eu tento, mas não consigo ficar um post sequer sem falar de quadrinhos. Menino Grant Morrison, um dos melhores escritores dessa mídia em todos os tempos, tá do jeito que eu gosto: até aqui de trabalho (não faz marola, não). Então, vejamos: o cara acabou de entregar à produtora New Line o roteiro cinematográfico de We3, que foi uma das obras mais impactantes de 2005 e deve chegar mês que vem nas bancas soteropolitanas - aguarde resenha rockloquística. Atualmente, está escrevendo All-star Superman, elogiadíssima revista que está livrando a cara do Homem de Aço, que sofre nas mãos de escritores medíocres há décadas. Entrementes, o careca-escocês-ocultista-psycho ainda está envolvido em 52, série semanal da DC que será desenvolvida em parceria por ele e mais três outros escritores da casa do Batman (Geoff Johns, Greg Rucka e Mark Waid), enfocando o que aconteceu no ano que se passou entre o fim da Crise Infinita (não me pergunte) e o retorno à programação normal da editora. Por falar em Batman, a notícia do ano: em agosto, Morrison assume o título do Homem Morcego, por pelo menos 15 números. Yeah! E pelo jeito, vai ser bala, pois o insano pretende retornar o personagem ao estilão dos anos 70, quando fazia um gênero meio James Bond, menos soturno, cheio de traquitanas tecnológicas ultrapassadas (Batcóptero, Batplano) e não tinha medo de beijar as mocinhas. Lesgal. Tem mais? E como: Morrison pretende lançar - até 2008 - um álbum capa dura com diversas histórias - ilustradas por artistas vários - dos Invisíveis, sua obra magna, nos moldes do álbum Sandman: Noites sem fim. Para encerrar, o workaholic ainda assume no selo Wildstorm o título dos Wildcats (que já passou até pelas mãos mágicas de Alan Moore). Porra, que horas esse cara vai no banheiro? Aproveite que já está aqui e conheça o site da figura: http://www.grant-morrison.com/ (Fonte: Universo HQ).

VAN HALEN NO FUNDO DO POÇO - Não, essa não dá para engolir. Diversos sites e agências de notícias estão dizendo que a banda pretende fazer um reality show, que nem o INXS fez no ano passado, para encontrar um novo vocalista. Como diria Cury, PQP! Eddie Van Halen só pode estar caquético. Por que não chama logo o Dave Lee Roth e resolve logo essa pendenga? Lee Roth é o cara, Eddie, se liga! (Fonte: Dynamite On Line)

DIS-CONECT - Malcom, Mirabolix e Canto dos Malditos - 16.02, Miss Modular.

PAULINHO OLIVEIRA CONVIDA - Stancia e Demoiselle. Dia 16/02 - Quinta feira, no Seven Inn (Rio Vermelho), 22 Hs.

1º ENCONTRO BAIANO DE BODY ART - FREAK EXPERIENCE - Do release: Com performances de djs, stands de tatuagem, piercing e acessórios. Vários profissionais estarão presentes tirando dúvidas e desmistificando alguns tabus que ainda são relacionados ao universo da body art. O clí­max do evento será uma "SUSPENSÃO" realizada ao vivo por profissionais de São Paulo, sugerindo aos expectadores um momento de catarse. Com Lou, Sangria e Lisergia - Horário: 21 horas Valor: R$ 10,00 Classificação: 18 anos. 17.02, Casarão Santa Luzia (Comércio).

TRIBUTO AOS ROLLING STONES - Cascadura e King Kobra. Transmissão do Show dos Rolling Stones diretamente de Copacabana. Na Zauber. Horário: 23:00 Ingresso: R$5,00

FESTA NAVE > Grito de Carnaval - Discotecagem: [Rock - Marchinhas - Carnaval das Antigas - Electro - Indie - Glam - Punk] el Cabong / Janocide / Pin x Denis/ Sompeba/ djgo18.02.2006 23h R$ 10 (R$ 8 até meia-noite) Miss Modular Morro da Paciência, 3810, Rio Vermelho, Salvador-BA.

JAZZ ROCK QUARTET - O Jazz Rock Quartet formou-se inicialmente, com a proposta de ser a banda de acompanhamento para a gravação do primeiro CD do guitarrista Luciano Souza (ex- "Os Minos", "Grupo Creme" e "Som Nosso de Cada Dia), mas a febre de palco logo bateu e os dinossauros voltaram. No repertório, Chameleon, de Herbie Hancock, Stratus, de Billy Cobhan, Red house, de Jimmy Hendrix e Cidade Vazia, de Milton Banana Trio, além de muitos temas de improviso, no estilo free que os rege, juntando jazz, rock' n roll e samba- jazz. No início, juntaram-se ao guitarrista o baterista Lula Nascimento (tocou com Miles Davis, Nina Simone, Wayne Shorter e foi residente nas baquetas da EMI Odeon em 1973 e 74), o baixista Didi Gomes (ex-Novos Baianos e a Cor do Som) e Tavinho Magalhães, que se reveza no baixo e na guitarra. Por sinal, foi ex-aluno de Luciano. Dom Lula, como é chamado no meio musical, é categórico ao dizer que "não existe esse negócio de jazz brasileiro, é tudo uma coisa só", ele afirma, do alto dos seus 64 anos. Já Luciano Souza conta que aprendeu a tocar com 5 anos de idade, tomando aulas com o professor Josmar Assis e, com os Minos, "fomos o primeiro grupo baiano da Jovem Guarda a gravar dois compactos pela Copacabana em 1967, antes de Raulzito e Seus Panteras", conta o veterano guitarrista. Lula e Luciano se conheceram no início dos anos 70, quando o baterista, após três anos morando nos EUA (tinha ido pra lá como baterista do pianista de bossa nova Dom Salvador em 1968 e acabou ficando e tocando no Greenwich Village, reduto do jazz novaiorquino). Juntos, os dois trabalharam como músicos no lendário selo JS Discos, de Jorge Santos, e formaram também a Banda da Luz, que, vez por outra fazia apresentações no circuito alternativo da cidade. Didi tocou com Luciano, informalmente na casa dos Novos Baianos em São Paulo nos anos 70, e depois, como banda de apoio de Pepeu Gomes,no início dos anos 80, retomando a parceria apos décadas de interrupção, ocasionada por problemas de saúde de Souza. Tavinho é o mais novo. Um dia, com a guitarra nas costas no ponto de ônibus em Amaralina, Luciano o abordou se oferecendo para lhe dar aulas no instrumento e aí, de uma relação aluno-mestre, brotou a amizade e depois se firmou a parceria. Todos tocaram juntos pela primeira vez no Parque de Pituaçu, em janeiro de 2005.
(Fonte: release.)

HORA DO ROCK 16.02 - Hoje (quinta) tem Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers Band e Thin Lizzy no Hora do Rock. Vai rolar também Talking Heads, Boomtown Rats, Joy Division, Roxy Music, New Order, Franz Ferdinand, Libertines e Green Day. Para ouvir: Globo FM (90,1) ou pelo site da rádio (www.gfm.com.br), 21h (ou 22 pra quem tá no horário de verão).

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

NO MATTER WHAT (atualizado Freak Brothers movie)

Badfinger, alguém? Quem gosta de Beatles, Big Star e Teenage Fanclub TEM A OBRIGAÇÃO de conhecer o Badfinger. Pena que a anta aqui só recentemente se deu conta disso... Depois eu conto essa historinha aqui, com mais detalhes. Fica aqui a sugestão para que alguém que conheça a banda melhor e há mais tempo que eu (Cebola, Nei, Márcio, Cláudio Esc) recupere-a do arquivo morto do rock e produza um texto bacana sobre ela. Tem vários dias que estou com uma música desses caras (a No matter what do título deste post) na cabeça e não consigo tirar de jeito nenhum. O que é ótimo, pois a música é linda demais. Aposto quanto você quiser que Gerard e Norman do TFC dariam um dedo para escreve-la. Bom. Como estou meio sem tempo esses dias, toma lá uma seqüência de notinhas cretinas - como o seu autor... Mais adiante essa semana, prometo um texto mais bacana e aprofundado - seja lá sobre o que for...

BOA NOITE - E Boa Sorte, é o nome do filme imperdível nas telas essa semana. Em preto e branco, George Clooney detona a caça às bruxas comunistas da época do McCarthismo (anos 50), nos EUA. Diz que a relação com o que acontece hoje em dia por lá é bem clara, sinal que o homem não tem medo de cutucar seus reacionários conterrâneos. O que é, enfim, um bom sinal. (Não à toa, ele mora na Itália. Mais um sinal de inteligência de Mister Clooney.) Tem que ver.

FIMDENITE - Depois de alguns contatos por email, iniciados depois que ganhei um daqueles brindes que ele sorteia em sua coluna, o sempre polêmico Humberto Finatti (também conhecido como Fimdenite, segundo me entregou Rogério Big Brother) incluiu uma menção elogiosa à este vigoroso órgão de imprensa alternativa em sua última coluna. Valeu, Finas. Espero poder tomar umas contigo algum dia... Leia a irada - e não é no sentido da gíria - coluna do homem aqui.

PIDONA - Visualize Melissa Auf der Maur. Agora imagine ela chegando pra você e dizendo: "Aí, chefia, estou à disposição, viu? Use e abuse". É, foi mais ou menos isso, não com essas palavras, claro, que ela falou pro Billy Corgan, se disponibilizando para tocar o baixo na suposta volta do Smashing Pumpkins ainda esse ano. Ah, Melissa, se todas fossem iguais a você... A notícia completa está no link aí em cima.

POP BALÕES NO AR - Um novo e bacana site sobre quadrinhos está no ar desde a semana passada. É o Pop Balões, que chegou bonito, com belas matérias sobre Joe Kubert e uma de suas maiores criações, o Sargento Rock, Stephen Bissete (parceiro de Alan Moore em Monstro do Pântano) e outras. Ainda não tem muuuito material, afinal, é um site recém-nascido, mas que promete, afinal, é desenvolvido por gente que entende do riscado: Zé Oliboni e Diego Figueira, colaboradores do Universo HQ, que é certamente o mais sério e confiável site sobre quadrinhos do Brasil. Vai lá e concorra à uma edição capa dura de Marvels, obra clássica de Alex Ross e Kurt Busiek. Só para terminar, saquem só o achado que é o lema dos caras: "Fique perto das coisas que você ama. E leve um bastão de beisebol para o resto." Tony Parsons.

RELANÇANDO EM GRANDE ESTILO - Estúdio Alvaro tattoo apresenta: Relançamento do disco "vivendo em grande estilo" com a banda Cascadura e participação das bandas Lou e Lacme. Dia 11/02 a partir das 23h na zauber multicultura (lad. da misericórdia, entrada pela pça da sé, atrás da prefeitura) entrada: r$ 10,00 + o cd = r$ 20,00. Dia 18/02 (tributo aos Rolling Stones) Com Cascadura e King Cobra,a partir das 21h (transmissão do show dos Stones direto do RJ), na Zauber Multicultura. entrada: R$ 10,00

FREAK BROTHERS & A MASSA - Os Fabulosos Cabeludos Freak Brothers, criação máxima de Gilbert Shelton (quadrinhista underground americano dos anos 60 e gênio do quilate de um Robert Crumb) voltam à mídia no seu primeiro desenho animado, feito de massinha, no estilo de A Fuga das Galinhas e Wallace and Gromit. Grass roots, título do filme, é baseado na hq de mesmo nome, uma das melhores e mais clássicas aventuras do trio de (malditos) hippies sujos cabeçudos. No filme, Fat Freddy, Phineas e Freewheelin' Franklin entram em ação para impedir que o governo ianque assuma o controle do mercado da cannabis, em uma trama cheia de conspirações, confusões e lesações (essa palavra existe?). Enquanto aguardamos ansiosamente a estréia do filme por aqui - nem que seja direto em DVD, vejam a primeira imagem do filme liberada pela produtora. Infelizmente, ainda não há uma data de lançamento.

HORA DO ROCK 09.02 - O programa volta esta semana com Grandaddy, Belle and Sebastian, Guided By Voices, Breeders, Stephen Malkmus, Cake, Nada Surf, Melissa Auf Der Maur e mais um monte de coisas. Semana que vem tem rockão com a colaboração do nosso querido Cláudio Esc, meu compadre: Thin Lizzy e Lynyrd Skynyrd. Pra ouvir? Toda quinta-feira, 21h (22h pra quem tá no horário de verão), na Globo FM(90,1). Para quem não está em Salvador: http://www.gfm.com.br.

KING KOBRA & STANCIA - As duas Bandas se reúnem no Miss Modular para um grande show de Rock'n Roll. A animação ficará por conta do DJ Everton. Quinta 09/02. Horário: 22:00hs Ingresso : 10,00.

JAZZ ROCK QUARTET - Eis que meu irmão mais novo (e mais esperto), Zezão Castro Jr., ressurgiu ontem me contando da banda que está produzindo, a Jazz Rock Quartet, liderada pelo veterano baterista Dom Lula Nascimento (que já tocou com Nina Simone, Elis Regina e o escambau), que conta em sua inusitada formação com dois baixos (!), um deles empunhado por Didi Gomes, (irmão do Pepeu). Segundo Zé, a Jazz Rock Quartet faz sua primeira apresentação sem muito alarde amanhã (sábado, 11.02) no nosso Miss Modular. Mais não sei, mas ele ficou de me enviar o release, o qual será disponibilizado por aqui mesmo. Fiquem ligados.

MANIAC METAL FIGHT - 3ª etapa. Com as bandas: ARKADIA , TEMPLARIUS, AQUERONTE. Sábado 11/02. Horário: 20H INGRESSOS: R$7,00. No Idearium (Rio Vermelho).

MATINÊ DO MISS MODULAR - Show com as bandas: Vinil 69, Starla, Pangenianos e Canto dos Malditos na Terra do Nunca. Domingo, 12.02. Horário: 15 horas. Valor: R$ 7.

FESTIVAL ARENA 1 - Bandas Radiola, Meteora, Los Canos e Radiozun. Domingo, 12.02. Horário: A partir das 17h. Grátis. A produção estará recebendo doações voluntárias de alimentos. No Parque Jardim dos Namorados.