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terça-feira, janeiro 03, 2006

MONDO 77 ATTACKS

Obis! Feliz ano novo. Deixar de frescura e começar logo isso aqui...

Como prometido, iniciamos os trabalhos de 2006 com as resenhas dos três primeiros lançamentos do selo independente Mondo 77, de Campinas. Segundo uma nota publicada na Bizz de dezembro, o Mondo 77 tem distribuição nacional e uma tiragem elevada para os padrões independentes: 3 mil cópias. The Violentures (RJ), Banzé! (SP) e Walverdes (RS) são três bandas bem diversas entre si e estréiam no selo campineiro com bons discos, bem produzidos, prontinhos para serem consumidos sem muito lero lero. Em comum, a vontade de fazer rock de qualidade, com profissionalismo. Nenhuma dessas bandas é a salvação do rock - e nem parece ser essa a intenção, mas cada uma aponta para uma direção de forma competente, mostrando como é possível fazer a sério - e no capricho - o que quase todo mundo leva na brincadeira: rock.

THE VIOLENTURES - Garage boosters
Esse power trio carioca pratica uma surf music instrumental de primeira linha, comparável aos inigualáveis Retrofoguetes daqui de Salvador. Produzido pelo Autorama Gabriel Thomaz, conhecedor da modalidade como poucos, o disco exala aquela sonoridade característica do estilo, energética, cheia de riffs flamejantes, viradas de baterias, tempos dobrados. É de se imaginar o puta show que a banda deve detonar ao vivo. Das doze faixas do disco, apenas três têm letra e vocal, cantadas pelo guitarrista Stênio Von Zuben (fisicamente, quase um clone do Tequiller baiano Eduardo Bastos), que solta uns gritos muito bacanas, tipo AAAHHÚU!, me amarrei. Como convém ao título do álbum (e às fotos e direção de arte), o som é garagem total, para se jogar e pular a mil. Os títulos das faixas entregam parte do espírito do grupo com aquele imaginário tipicamente surf: Endless girls, Las Vegas Inferno, Casbah fever, Shake n' move. Na faixa título, a banda atualiza com brilhantismo o standard Wipe-out, original dos Surfaris (mais famosa na versão Beach Boys, se não me engano). Deliciosamente regular, o disco não deixa o ouvinte cair da prancha ao longo de seus 31 minutos de grandes ondas sonoras. Vista já sua camisa havaiana e não esqueça a parafina no cabelo.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Retrofoguetes, Autoramas, Dick Dale.
CAI BEM COM: Cerveja, meu irmão, muuuuita cerveja (e porra nenhuma de tiragosto).


BANZÉ! - De pernas pro ar
Não gostei logo de cara. Achei meio bobinho, sem sal, pra tocar no rádio. Para falar a verdade, na terceira música eu já tava meio irritado, quando o riff bacana - e de clara inspiração soul - da quarta faixa, Pra que chorar, me acalmou. OK, vamos continuar ouvindo. Mas alguma coisa no vocalista continua me desagradando, o rapaz nem é esganiçado, coitado, acho que falta mais personalidade, pegada, mas a dinâmica da canção é legal, me convenceu, é capaz da banda fazer bonito no show. As coisas melhoram na quinta faixa, Eu sou melhor do que você, com participação bacana de Nasi, do Ira!, padrinho e fã entusiasmado do Banzé!. (Esses mods se amarram numa exclamação). A letra é um achado, saquem só: "Todo mundo acha que pode / acha que é pop acha que é poeta (...) Todo mundo ganha grana só para dizer / que ela não vale nada / Todo mundo diz que é contra a violência / e sempre dá porrada / Todos querem se apaixonar sem se arriscar / sem se expor / sem sofrer / Não basta ser inteligente / tem que ser / mais que o outro / pra ele te reconhecer". A participação de Nasi diminui o tempo de microfone do vocalista, o que deixa a música, de andamento rapidinho, melhor ainda. O som do Banzé às vezes lembra o Ira! do Mudança de comportamento (1985). Por lembrar o Ira!, automaticamente também nos reporta à algo linha The Who. Mas o som é quase sempre bem limpinho, parece que falta alguma coisa. (Talvez um Scandurra na guitarra...) Por todo o disco é possível perceber que houve uma grande vontade de se fazer um trabalho bem feito, acessível, mas sem abrir as pernas demais. Enfim, acho que tem um potencial legal aqui, mas ainda tá meio verde. Letras em português, instrumental competente, mas sem grandes novidades, melodias bem legais - dá até para assobiar algumas delas. Na dúvida, experimente. Pode ser que eu esteja errado.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Ira!, Who.
CAI BEM COM: Ki-suco de morango com biscoito recheado de chocolate.


WALVERDES - PLAYBACK
O melhor dos três discos da leva inicial do Mondo 77, o terceiro álbum da banda gaúcha reza de forma independente da cartilha do rock gaúcho: as baladinhas, melodias sixties e influências da jovem guarda ficam completamente de fora (sempre ficaram, aliás) do som do power trio formado por Gustavo Mini Bittencourt (guitarra e vocal), Marcos Rübenich e Patrick Magalhães. O disco é uma porrada atrás da outra. Guitarra, baixo e bateria em permanente estado de fúria. É punk, mas não chega a ser hardcore. O som é mais na linha Nirvana, pesado, mas com riffs melodiosos e sinuosos (mas sem muita complexidade) sempre em crescendo, do tipo que dá vontade de acompanhar fazendo air guitar e pulando no ritmo da batera. Dá para dizer que é quase um stoner rock, com alguma influência do QOTSA e Foo Fighters. As letras são curtas, bem diretas e bacanas, revelando com inteligência a visão urbana dos jovens gaúchos. Com a simplicidade típica de quem sabe que, para ser profundo, não precisa ser hermético, Mini entrega pequenas lições de vida em pílulas como em Sabendo que é assim a vida: "O que eu quero não acontece / mas o que é bom sempre aparece / mesmo que seja o ruim de um jeito / que me favorece / quando amanhece o dia / e a noite foi só fantasia / caio em mim e me levanto / sabendo que é assim a vida". Já na faixa título, Playback, temos uma pérola do humor punk: "Leu o Mate-me por favor / e se emocionou / quis ser o Iggy Pop / mas seu Carlos não deixou". Como diria um daqueles bebedores de chimarrão, um dos discos mais afudê (e pesados) do rock nacional que ouvi nos últimos tempos. Ah: preste atenção depois da última música, Não vou sair daqui ("Não vou sair daqui / porque tem comida de graça / por isso que eu gosto de aniversário"), que tem uma faixa escondida, um reggaezinho tosco safado.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Nirvana, Foo Fighters, Sangria.
CAI BEM COM: Cachaça com energético (sólido e / ou líquido).


HORA DO ROCK 05.01.06 > A programação do Hora do Rock de amanhã inclui música inédita do terceiro disco solo de Richard Ashcroft, a volta do The Who e a possível passagem da banda pelo Brasil, Radiohead com o "Ok Computer" e "The Bends" eleitos os melhores de todos os tempos por leitores da revista Q, e Charlatans, Suede, Smiths, Stone Roses, Doves, The Music, Animals e The Jam. 21h na Globo FM (90,1) ou www.gfm.com.br. Pra quem está no horário de verão, o programa começa às 22h. Hora do Rock no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6910684.

NOTÍCIA IMPORTANTE - Pescada do flog de Fábio Cascadura. Salvou o domingão: Dia 08/01 (domingo) tem CASCADURA no Jardim dos Namorados. De graça, ao ar livre, com as bandas Meteora e Scambo. A partir das 17 h. Apareça!!!!

SABADÃO TEM - Festa Nave 07.01.2006 23h R$ 8 (até meia-noite) e R$ 10Miss Modular Morro da Paciência, 3810, Rio Vrmelho Salvador-BA Contato: festanave@gmail.com
Fotolog: www.fotolog.com/nave_/ Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2007490

DOMINGÃO TAMBÉM - As Soul Sundays (ops, acho que agora é Soul Sessions), continuam rachando o assoalho do Miss Modular todo domingo. Pra calçar seus sapatos plataforma e descer escalando até o chão, à moda do velho James (se você for capaz, claro, caso contrário, você pode acabar a noite falando fino).

AINDA NO SABADÃO... - Theatro de Séraphin, Estrada Perdida e The Budas. Aniversário de Mr. Sérgio 'Cebola' e Simone Leal. Sábado, 07 de Janeiro, 21h30. Zauber, Ladeira de Misericórdia, Centro. R$10. Desde já, aquele abraço ao velho rocker, professor pra muita gente boa (incluindo este mané aqui), e à companheira Simone.

QUADRINHOS (+ BARATOS) PARA QUEM PRECISA - Notícia boa: a Ediouro e a Futuro Comunicação se fundiram em uma nova editora de quadrinhos, chamada Pixel Media, cuja proposta, na contramão da de editoras como Devir (essa nem tanto), Opera Graphica e Conrad, é publicar edições de luxo à preços mais baratos do que os praticados pelas supracitadas. Segundo notícia publicada no site Herói (clique aqui), a Pixel publicará obras clássicas do quadrinho europeu, como Corto Maltese de Hugo Pratt, Gullivera de Manara, e tb quadrinhos americanos, como Madman (de Mike Allred), Heart of Empire (Bryan Talbot), Shock Rockets (Kurt Busiek), Jingle Belle (Paul Dini), Thief of Always (Clive Barker) entre outros. Tava na hora de alguém reagir ao abuso dessas editoras, que parecem publicar na Suíça, cobrando preços extorsivos por edições exageradamente luxuosas. Porra, os quadrinhos são uma forma de arte popular, caceta, não é para ser elitizado. Ficam lançando essas edições cheias de frescura, capa dura, letras metalizadas, plastificadas, papel couché e o escambau... A Mythos teve a cara de pau de lançar uma edição encadernada de Camelot 3000 por R$ 60, 00!!!! Mesmo preço das edições luxuosas capa dura de Sandman, só que sem os atributos da obra de Neil Gaiman. Tomara que essa Pixel consiga praticar os menores preços possíveis pra quebrar essa galera que só quer vender pra publicitário paulista (que nem lêem, só usam os álbuns para decorar mesinha de centro e exibir aos amigos igualmente frescos).

12 comentários:

  1. Ano novo, preguiça dá um tempo e o www.meusom.blogspot.com acaba de começar seu ano em grande estilo.
    A partir da próxima semana, Frank Zappa será o mote de discussões dos nossos caros visitantes, com uma série de artigos tentando desvendar os mistérios do mestre.
    Espero todos lá!!

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  2. Não conheço os Violentures e Banzé( estes com direito a destaque na ultima Bizz), mas Playback dos Walverdes tenho já faz um mês.Walverdes é uma das minhas bandas prediletas, pesada e direta, sem firulas e com letras inspiradas, Mini e cia. botam pra fuder. Não achei(ainda) este disco tão bom quanto o anterior(pra o melhor disco de 2003), mas certamente entre os melhores de 2005.

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  3. Pô, valeu, Bramis, já tava achando que ninguém ia comentar nada do post (as crianças devem estar de férias, ou então o post não instigou mesmo). Walverdes é uma grande banda, mesmo, gostei muito desse disco. O Violentures é bem legal, cai bem no verão. Depois te passo pra vc copiar, se vc quiser. Aquele abç, velhão.

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  4. Esse é o famoso post "estica e puxa", todo dia eu acrescento alguma coisa nova. Semana que vem tem mais assunto. Essa primeira semana do ano é sempre meio fraca mesmo....

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  5. Anônimo10:04 AM

    Fala Chico. As Soul Sundays agora são Soul Sessions e passaram para um festa maior aos sábados, com bandas e djs. A primeira edição de 2006 é no dia 11 de Fevereiro com Dão e banda + os djs Mauro Telefunksoul, Nei Bahia (sim, ele mesmo!), André Urso e este que vos escreve. Agora é até de manhã - all nighters party - prepara o esqueleto. Mais info http://soulsessions.multipy.com

    Agora, rock tem que ser ao vivo e ai o ano na Clash City começa assim:

    Theatro de Séraphin . Estrada Perdida . The Budas
    Sábado, 07 de Janeiro, 22h.
    Zauber, Ladeira da Misericórdia.

    Como todo mundo aqui é brother de Cebola e Simone, aniversariantes e anfitriões da noite, é só pegar com eles os convites. Abçs.

    M.
    ____________
    Clash City Rockers
    Um ano pousando na sopa

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  6. Faloooou, Marcão. Ducaralho a notícia da Soul Sessions. Longa vida pra esse projeto, que tá bonito que tá danado...

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  7. Chicoolparty! Apareça tú e os rocklocos na bagaça de sábado, é convocação, não convite, valeu?

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  8. Pra se programar:

    "U2 CONFIRMA DATAS NO BRASIL

    Foram oficialmente confirmadas as datas das apresentações do U2 no Brasil. A banda vai tocar no Estádio do Morumbi, em São Paulo, dias 20 e 21 de fevereiro.

    O grupo já havia anunciado que iria tocar na América do Sul em novembro do ano passado, mas as datas e locais dos shows no Brasil ainda não haviam sido definidos.

    A banda de abertura ainda não foi definida, pelo menos oficialmente. Mas, nos shows em Buenos Aires, dias 01 e 02 de março, quem toca antes do U2 é o Franz Ferdinand."

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  10. 180 reales num show do u2?? dou não. melhor notícia, vem ai, neil young e r.e.m, de novo, este ano.

    dou fé e testemunho que o show do r.e.m é fodaço e pagarei minha falta com o senhor young desta vez.

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