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terça-feira, setembro 27, 2005

THE BIG MUSIC- CRF 2005

Li em algum lugar, não lembro onde, que o Mercury Rev ocupa hoje na musica popular americana o lugar que um dia foi da Band.Lógico que depois de feitas as devidas resalvas, sendo que a Band era uma banda que trabalhava mais a 'musica de raiz' e o Mercury Rev( 30 anos depois) trabalha com um mosaico de referencias do que se convencionou chamar de rock alternativo. A comparação entre as bandas, que inicialmente pode parecer absurda, faz sentido quando se enxerga que as duas bandas, cada qual na sua época e no seu contexto, reprocessam e sintetizam os elementos disponíveis da musica pop criando e apontando novas direções pro Rock.. Foi assim com 'Music from Big Pink', e , mais uma vez descontados os contextos, foi assim com com 'Deserter`s Songs' .
Curitiba Rock Festival 2005, eu e Messias (responsavel da pilha de ir ver o Rev) saímos de Salvador pela cada vez mais Vaspiana Varig, com um atraso de 2 horas, pegamos uma conexão em Sampa pra Curitiba onde uma frente fria deixava a cidade com uma temperatura de 15° e baixando cada vez mais.O festival este ano foi transferido da pedreira para o Curitiba Master Hall devido a uma menor procura de ingressos, o que acabou sendo melhor devido a chuva que caiu no domingo . O Curitiba Máster Hall, que a principio nos causou uma impressão não muito boa, se revelou adequado para o tamanho do publico que foi, depois que vimos que o local era maior do que pensávamos inicialmente. Mas, o lance de ter um só palco(!!?) e só um local que vendia comida(!!?) realmente depôs contra a fama e a marra do CRF, afinal de contas a cidade que faz o festival só com bandas internacionais exclusivas e que esnobou o Placebo porque o Claro Que é Rock levou a banda pra outras cidades.Isto sem falar na péssima cerveja que era vendida com exclusividade, uma tal de Conti ( segundo Messias conte outra). Mas foram os únicos senões, por que no resto o CRF merece o titulo de festival alternativo mais cool do país.
A europeizada Curitiba, é cool tanto no sentido literal como no sentido figurado, tendo um publico jovem bem informado e ávido por novidades, principalmente na área do rock, uma vez que não existe como no Rio e na Bahia, ritmos locais como samba e axé, pra dividir a atenção da galera e dos patrocinadores.
Chamou atenção a maneira fria como o publico recebia as bandas nacionais, e mesmo o line-up brazuca não sendo dos mais felizes, a frieza do publico era escancarada.Baixas como as de Lobão, Leela e Hurtmold não colaboraram, e o caso do Hurtmold foi emblemático.As bandas brasileiras foram proibidas de passar som, e o Hurtmold se recusou a tocar em protesto.E o som das bandas de abertura estava invariavelmente embolado.Cidadão Instigado e Acabou La Tequila foram as bandas brasileiras que tentamos assistir no primeiro dia de festival, mas o som não tava legal, e depois de 4 musicas íamos tomar um ar. 3500 pessoas lotaram o Máster Hall para ver os über-nerds Weezer.O publico bem jovem e moderninho ovacionou o Weezer, que com o som alto e nítido, desfilou seus hits ganchudos para delírio dos nerds moderninhos de todo o país em foram ver os caras. Não é uma banda que eu sou fã, mas os caras fazem bem o que se propõem a fazer, e ao vivo a banda tem peso e manda ver, enfim, não vacilam e fazem um show bastante legal.
Mas o segundo dia, chovendo e com 10° de temperatura, é que foi o ponto alto do festival. Mais uma vez o som das bandas de abertura tava embolado, mas quando os dinamarqueses dos Raveonettes subiram ao palco, o som já estava legal, e banda mandou um ataque furioso com 3 guitarras, com a sonoridade calcada em cima do Velvet Underground e Jesus & Mary Chain, com uma vantagem, a blond-bombshell Sharin Foo, que alem de tocar guitarra e cantar muito bem, tem um star quality que não deixava ninguém tirar os olhos de cima dela.E a essa altura 2.200 pessoas, publico também moderninho mas um pouco mais velho e variado, já estavam no local e consagraram a explosiva apresentação da banda , que ficou visivelmente emocionada.
Falei pra Messias que o Mercury Rev não ia suplantar aquilo, porque afinal de contas o Rev era uma banda menos 'rock' que os Raveonettes.Qual nada.
O set do Rev, que faz um som viajandão, longe de ser rock triste, alavancado pela qualidade musical absurda de seus integrantes e um impacto visual brutal garantido pela projeção de imagens alucinantes num telão no fundo do palco, foi impactante. Reunindo elementos de prog-rock, com a economia ensinada no punk, e o despojamento do rock alternativo, o afetado vocal Jonathan Donahue, encenava que regia a banda, que com um som grandioso e viajandão, aproximava a musica deles da visão da ' Big Music', que um dia Mike Scott dos Waterboys tentou fazer e não conseguiu.Ao mesmo tempo a musica, sempre em 'high places' continuava casando com a seqüência fantástica de imagens no telão, transformando o show num espetáculo. Fuckin- Tastic.

8 comentários:

  1. Tem algo mais que une a The Band Com o Mercury Rev, bramis, no deserter´s songs, nada a menos do que dois membros da banda participam, Levon Helm e garth hudson, em participações pra lá de especiais. E são caras que eu não vejo participar de qualquer coisa por aí não. Acho que só isso já deixa o Mercury num patamar superior, além da grande música, é claro (que é rock).

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  2. ah, se inveja matasse eu já tava em pleno rigor mortis, no chão. isso é que é um fim de semana dos bão. até rimou, mas não foi por querer, não.

    mas é interessante esse paralelo que vc fez com o Waterboys, Brama. apesar de alguns bons momentos, faltou um Deserter's songs na carreira da banda de Mike Scott.

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  3. Morri de inveja tbém, Chico. Principalmente pelos shows e festival que é bem bacana (ano passado morremos de frio na pedreira), mas também porque tenho "uma grande família de amigos" em CWB. Acho que vou planejar um assalto milionário...

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  4. e eu não morro de inveja não. estava lá e vi tudo isso. o show do raveonettes pra mim foi super desnecessário. eles podia ter ficado na dinamarca. não fossem os fãs ia faltar energia pra banda, eu sei.

    weezer fez um show divertido, foram simpáticos e etc, agradou geral, acho.

    o show pra mim foi o mercury rev, me impressionou muitíssimo. mesmo antes de começar eu tava naquela taquicardia. dei uma volta, duas pelo master hall e me acalmei um pouco. começado o show e eu ainda não conseguia crer que eu realmente tava ali. quero poder mais uma vez ver um show de altíssima qualidade e maestria como aquele.

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  5. OK, Miwki, é sempre bom ter uma segunda opinião, apesar de que eu acho muito improvável o show do Raveonettes ter sido tão desinteressante assim...

    Meu povo, foi exibido no Festival de Cinema do Rio uma adpatação para Factotum, um dos grandes romances do Velho Buk (e extremamente difícil de encontrar no Brasil, quem tem, não vende nem empresta), com Matt Dillon no papel do Henry "Cachaça" Chinaski.
    Segundo o Omelete, diz que é muito bom. Será que chega a aqui?

    http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_news.asp?artigo=2798

    Eu não sei, às vezes acho que as adaptações de Bukowski para o cinema estão todas condenadas a bater na trave. A beleza de Bukowski não está nas histórias ou situações, está na prosa seca, direta, carregada de poesia - macha, mas ainda assim poesia -, humor (ainda que involuntário) e compaixão. E isso não cabe, não "entra" no suporte cinematográfico. Só nas páginas impressas de um livro. Sei lá, vamos ver, tomara que chegue por aqui de qualquer jeito....

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  6. bom, sei que eu dei graças quando os raveonettes terminou o show. e o mercury rev gritei: bora pra bahia!!

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  7. serio miwky? a performance o raveonettes eu achei bem energetica, muito melhor que em disco, se nao fosse o espetaculo oferecido pelo rev eu teria achado o show deles o melhor do festival.agora o rev na bahia? so' se algum patrocinador bancar, como no crf, salvador nao tem como pagar o show dos caras.

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  8. cara, o raveonettes só tem música chata, teve um momento do show que eu quase durmo. realmente eles tocaram empolgados, por conta da receptividade do público e tals, mas continuo achando que poderiam ter ficado na dinamarca. a foo é bonitona, vai... mas ela só gosta de guri, né?? e aqueles viadinhos da banda rodeados de groupies??? essas histórias de bastidores são as melhores, né não?? e eu te disse minha opinião lá em curita do show deles.

    ah, adorei o método de espantar os fãs de messias.

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