COMO UM PRÍNCIPE DE OUTRO PLANETA
Por Colin Escott.
É difícil saber por que demorou tanto para Elvis tocar em Nova Iorque. Ele já havia estado lá para performances nos programas Ed Sullivan Show, Steve Allen Show e no Dorsey Brothers Stage Show. Ele já havia gravado lá, e também embarcou para a Alemanha do Brooklyn, mas na verdade, o mais popular astro musical da América jamais havia feito um show em sua mais populosa cidade. Isso mudou entre os dias 9 a 11 de junho de 1972, quando Elvis fez quatro shows no Madison Square Garden.
Inicialmente, o Coronel (Tom Parker, empresário de Elvis) queria fazer esse debute novaiorquino no Radio City Music Hall, mas depois se decidiu pelo Garden, muito mais espaçoso. O acompanhamento da mídia era intenso e o Coronel resolveu usar toda aquela publicidade a seu favor. Depois que não conseguiu achar ninguém que pagasse US$120 mil por uma entrevista exclusiva com Elvis, ele agendou uma de suas raríssimas coletivas de imprensa cinco horas antes do primeiro show. Flanqueado por seu pai, Vernon, Elvis foi apresentado à imprensa no Salão Mercury do New York Hilton Hotel. O Coronel gerenciava o evento do solo, distribuindo carteiras-calendário (n. do t.: no original, wallet-calendars) de Elvis e canetas de ponta arredondada azuis e vermelhas com a inscrição "Elvis Now '72" pelas quais - dizia muito envergonhado - costumava cobrar. Elvis estava animadão, pisando de lado nas perguntas sobre cobradores de dívidas e cantores atuais, atribuindo sua energia duradoura à vitamina E e caçoando de brincadeira com a imprensa.
Houve um glorioso burburinho, o qual deve ter feito tudo valer a pena, pelo menos para o Coronel. "Elvis", alguém perguntou, "dizem que no fundo mesmo, você é na verdade, muito tímido e humilde".
"Como assim, tímido?", respondeu Elvis, levantando-se e jogando para trás sua jaqueta azul para revelar um esplendorosamente espalhafatoso cinturão, presente do Hilton de Las Vegas pelo público recorde (n.do t.: no encarte do CD tem uma foto desse exato momento, pena eu não ter scanner, nem tampouco saber postar imagem nessa bagaça procês verem que beleza). Foi parar em todos os jornais da noite. O Coronel sabia que esse tipo de publicidade não se compra.
Tudo agora girava em torno dos tais shows. Eram quatro em três dias. Um na sexta, 9 de junho, dois no sábado 10 e o último no domingo 11. Os ingressos custaram US$5, US$7,50 e US$10 e cada assento já havia sido vendido. Nada de cortesias. George Harrison, John Lennon e Bob Dylan tiveram de pagar como qualquer um. A RCA, claro, capitalizou o máximo de publicidade possível em torno do evento e agendou o lançamento de um álbum nos dias subseqüentes.
Elvis trouxe seu próprio mestre de cerimônias, Al Dvorin, veterano de outras três turnês. Dvorin fez questão de lembrar ao público que as Elvis mercadorias estariam à venda após o show e apresentou o número de abertura, o cômico de Vegas Jackie Kahane. Uma lenta salva de palmas o espantou do palco; sua atuação não funcionara em Nova Iorque. Dvorin trouxe então ao palco os Sweet Inspirations antes do intervalo. A expectativa era grande quando todos voltaram aos seus assentos. As luzes diminuíram e a Joe Gercio Orchestra atacou a opressiva abertura de "Also spracht Zarathustra", de Richard Strauss. Entra um cordão de seguranças de jaqueta vermelha e de repente, Elvis aparece em um macacão azul com apliques de ouro. "Parecia um príncipe de outro planeta", disse o resenhista do New York Times.
Os sopros vagarosamente cederam, revelando os acordes iniciais de "That's all right". Com o tempo original dobrado, ficou claro que esse seria um show de alta energia. "Estou certo de que Elvis nunca cantou tão bem quanto no Madison Square Garden", disse o pianista Glen D. Hardin. "Eu acho que ele raciocinou que na Big Apple os fãs seriam mais exigentes, então ele carregou na energia e o resultado foi poderoso". Os shows concederam tudo pelo qual os fãs de Nova Iorque tanto esperaram durante os 18 anos de carreira profissional de Elvis. Ele mal deu à eles - nem tampouco a si mesmo - chances de respirar entre uma canção e outra. A multidão dançava em seus assentos enquanto Elvis detonava os clássicos dos anos 50, "All shook up", "Teddy bear", "Love me", "Blue suede shoes" e "Hound dog", misturadas aos hits recentes "An American Trilogy" e "Until it's time for you to go", mais uma seleção de canções que o emocionavam. Naquela noite, ele escolheu "Never been to Spain" do Three Dog Night, "For the good times" de Kris Kristofferson, "Proud Mary" do Creedence Clearwater Revival e "Polk Salad Annie" de Tony Joe White. O homem corria todo o palco, dando àqueles sentados em ângulos menos favorecidos, uma chance de vê-lo. Então, ao fim de "Can't help falling in love", os seguranças de jaqueta vermelha reapareceram e aí ele se foi, deixando Dvorin entrar no palco para dizer ao público que Elvis já havia deixado o edifício. O Coronel acreditava firmemente em deixa-los querendo mais... e Elvis deixou.
O veredicto da imprensa foi unânime. "De Fenômeno Caipira em 1956 a Super Star afiado", disse a revista Variety, "os ricos talentos de Presley estão intactos", disse o NY Times, "Elvis curte seu reinado em Nova Iorque", completou o Memphis Commercial Appeal. "Nostalgia foi uma parte muito ínfima da celebração toda", notou a Billboard. "A voz de Evis, que sempre foi muito melhor do que o que os críticos admitem que é, tornou-se mais rica e poderosa com os anos... Milhares de lâmpadas piscando criaram o show de luzes psicodélicas e o palco parecia estremecer e pular nos pequenos espaços entre luz e sombra. Essa imagem apenas reforça o que se suspeitava desde o início. Elvis transcendeu as exasperantes constrições de tempo e espaço".
Enquanto Elvis cantava no sábado, os tape machines da RCA trabalhavam. "Gravamos os dois shows daquele dia", conta Joan Deary. "O segundo foi o que lançamos". O disco, ELVIS AS RECORDED AT MADISON SQUARE GARDEN, foi lançado na semana após o show. Chegou ao número 11 nas paradas de LPs e ganhou disco duplo de platina. Três canções do primeiro show, o clássico do blues "Reconsider baby" de Lowell Fulson, o standard havaiano "I'll remember you" e "I can't stop loving you' apareceram depois. As outras canções daquela noite em Nova Iorque, um quarto de século atrás, agora fazem sua ansiosamente esperada estréia em CD aqui, AN ATERNOON IN THE GARDEN.
FRANCHICO NA LINHA NOVAMENTE:
Comprei esse disco bem baratinho numa promoção das Lojas Americanas recentemente, como quem lê os comments dessa bagaça já sabia. R$14,90, leve três, pague dois. Melhor que isso, só de graça. (Depois o pessoal lá me dá uma pontinha. PFUAH!) Na minha modesta opinião, o melhor show possível de Elvis. Tudo é inexcedível: o Rei em estado de graça, no auge da forma, um baterista totalmente cavalar, guitarristas extremamente afiados, backing vocals cheios de gás, uma orquestra da porra adornando tudo com glacê e parcimônia, sem se impor demais no meio daquela sonzeira toda. O negócio é tão bom que até em Love me tender, música que normalmente me dá vontade de bocejar, o ímpeto é tirar a roupa e pisar em cima (até por que aqui, a chatinha canção tema do primeiro filme de Elvis, eminentemente acústica, ganha um suingado acompanhamento de guitarra, baixo e bateria etc). Enfim: demorou, mas com An afternoon in the garden, eu finalmente descobri o real (com e sem trocadilho) significado da coroa que uma vez colocaram na cabeça daquele caipira sulista.
Hoje eu vivo feliz com minha esposa, 4.547 revistas em quadrinhos e nenhum gato.
PRANTÃO SEU LÚCIO URGENTE:
O garoto de ouro do jornalismo indie rock entregou o serviço: numa coluna publicada hoje mesmo, Lúcio Ribeiro revelou que os Strokes estão fechados para o TIM Festival, no final de outubro. E mais: o Wilco, banda do coração deste mané aqui, tb vem para o mesmo festival. Mais adiante, outra boa notícia: a revista BIZZ volta mesmo em agosto. UHÚ! (Mas acho que eu já disse isso antes.)
RETROFOGUETES NO POGRAMA DO JÔ, QUARTA-FEIRA, 29 DE JUNHO
Dizer mais o quê? Imagina que espécie de diálogo vai ser esse: Morotó Slim X Jô Soares. Quem precisa de Brasil X Argentina? Isso para não mencionar Rex Crotus e CH, que certamente farão seu papel na hora de pentelhar aquele véio chato. Façam o favor de assistir, caceta!
pô qual é graça em ser jornalista indie?
ResponderExcluirpelo amor de deus
qual é a graça em fazer comentário anônimo? pelo amor de jah!
ResponderExcluirnão sei não sou dessa geração cyber...detesto blogs
ResponderExcluirpelo amor de odessa
então que diabos tá fazendo no computador? vai passear, meu filho, tomar um arzinho. pelo amor de Baco!
ResponderExcluirÔ cara, se vc acha que a necessidade de uma revista sobre música pop no brasil vai ser resolvida com o retorno daquela revista "de rock e de intriga que vc lê quando tem dor de barriga"...então tá bom hein?!
ResponderExcluirpelo amor de odin
putz. man, eu acho que a Bizz não vai resolver nada. nada além da MINHA necessidade de uma revista mensal de notícias e matérias rock com bons textos escritos por bons jornalistas, anunciantes que a mantenham nas bancas e algum apoio ao rock nacional. além, claro da MINHA necessidade de uma revista de rock nacional decente para ler no banheiro. pelo amor de Oxum! será que é tão ruim assim a BIZZ voltar às bancas? é melhor que ela continue morta? me explique esse brilhante raciocínio, por favor?!?
ResponderExcluirbom é o seguinte:
ResponderExcluir1.é bom que volte pras abrir o mercado
2.vai voltar na mesma linha editorial pra lá de privilegiando um segmento em prol de outros
3. centralismo no eixo rio-sp
4. falta de sessões de resgate histórico
pelo amor de eu mesmo
1. sim, claro, eu mesmo já havia dito isso com outras palavras
ResponderExcluir2. a revista nem deu as caras na banca e vc já tá reclamanda linha editorial? que tal lê-la primeiro?
3. isso é foda, e creio, incurável. se eu fosse paulista ou carioca, provavelmente entenderia, mas...
4. isso não é verdade, a antiga Bizz tinha diversas matérias, seções (quem não se lembra da fundamental DISCOTECA BÁSICA?) e editoriais privilegiando o resgate histórico. gerações rockers só conheceram Velvet, Roxy Music, Kraftwerk etc por que a Bizz sempre fazia isso.
e é chato ficar defendendo quem não paga meu salário. parei por aqui.
pelo amor de Luma de Oliveira.
ResponderExcluirA importancia de Elvis , alem dele ser inegavelmente talentoso, foi de ter sido o rapaz branco com voz de negro, que fez o crossover de culturas num país extremamente racista( no sul dos U.S.A.a KKK é nazista mesmo).O proprio Elvis, contraditoriamente, tinha toques racistas.No entanto, Elvis foi "o cara". Foi uma das figuras mais importantes da história contemporanea.Tornou o rock( ritmo bastardo com forte influencia negra, mas não apenas)palatavel para as massas norte-americanas.Depois os Besouros tornariam a bagaça um fenomeno contemporaneo mundial.A forma de arte que melhor traduz nossos dias(até hoje). A ponto de no Brasil( faz parte do planeta Terra, sabiam?) ter uma revista dedicada ao genero chamada Bizz.
ResponderExcluirvaleu, Bramz! pô, finalmente alguém comentou o texto que eu tive um trabalhão pra traduzir. pelo penos preencheu meu domingão chuvoso...
ResponderExcluirah, pro strokes vou nem que seja a pé.e ainda tem franz ferdinand e interpol.não dá pra perder.
ResponderExcluirO FF e o Interpol foram confirmados mesmo Bramz? na coluna do seu LUcio não tinha essa confirmação ainda não...
ResponderExcluirviva chikronks, algo sobre o rei é sempre benvindo, ainda mais algo q me faz querer ir atrás(oooops)como esse disco. Inda vem o posto com notícias du caralho mesmo, para mim, ´strokes no brasil, bizz de vorta em agosto(Ueeeba), disco do elvis barato nas americanas, puta merda, chicolaína, essa bateu!!
ResponderExcluirThiago Fernandes será o fotógrafo convidado desta terça-feira, 28, na
ResponderExcluirprogramação do projeto "Curta no Extudo", e apresentará a mostra "Isso
também é música", com algumas fotos relacionadas ao tema que vem
colecionando há alguns anos. Além de Thiago, o cineasta da noite será Xanxa, que apresentará,
entre outros vídeos, "A noite dos psicóticos", que conta a história
dos Dead Billies. A partir das 20h, lá no Extudo.
O rock é um ritmo?
ResponderExcluirhehehe...
abraços
pedrão
sim, claro. é o ritmo do momento. o ritmo quente.
ResponderExcluirà propósito, vejam no Omelete os novos Umpa Lumpas do remake de A Fantástica Fábrica de Chocolate: http://www.omelete.com.br/cinema/news/base_para_news.asp?artigo=13513
ResponderExcluirduas outros posts dessa manhã no Supremo Oráculo Nérdico tb chamam a atenção: Brian de Palma vai dirigir um novo filme d'Os Intocáveis (uma prequela) e o poster da adaptação de V de Vingança. vale um look.
Preciso urgentemente ir nas Lojas Americanas, é na do Iguatemi que tem tudo isso que você vem falando?
ResponderExcluirQuanto aso Retrofoguetes quarta, vai ser um momento histórico, mal posso esperar...
E comentários anônimos são uma bosta mesmo, o cara nem tem coragem de se identificar, só isso já tira o crédito. Eu uso um nick porque todos me conhecem por esse apelido mesmo.
é no Iguatemi, mesmo, Sid. e vc já é da casa, malandro. tamos aí.
ResponderExcluirvoltando ao cd do show do Elvis em NY, acho que ele é tão perfeito por que se situa no momento exato entre o fim da sua fase mais roqueira (pós US Army, claro) e o início da fase Las Vegas. então ele meio que pega o melhor de ambas as fases. é um vórtex. um momento único, eternizado para nosso doce deleite. (ok, essa saída foi péssima, eu admito.)
ResponderExcluiro vídeo vai ser legal pra essa galera que nunca assistiu nenhum show dos dead billies
ResponderExcluirCláudio (queria até lembrar se dei algum depoimento nesse lance?)
Cláudio
eu ainda não vi esse vídeo, Cláudio, mas me disseram que tem um depoimento seu, sim, e é hilário. imagine.
ResponderExcluirPORRA VOU DAR UM JEITO DE IR LÁ PRESTIGIAR TIAGO E VER ESSA COISA DO NOSSO AMIGO TALENTOSO XANXA
ResponderExcluircláudio
Chico, parece que é vero o lance do Interpol e Franz Ferdinand no Tim,falta muito pouco para fechar contrato, mas as datas já estão reservadas na tour dos caras. E Cebola, aquele lance da lista dos 20 melhores discos tá valendo?
ResponderExcluirmasssa, Bramis. tomara que eu consiga ir... e essas listas prometem, hein?... serão divulgadas as listas individuais também ou só a final, com os vencedores da nossa mini enquete?
ResponderExcluirvcs q fazem parte da patotinha q vivem emdeuzando os retrofoguetes uma pergunta que não ofende: saiu no jornal que eles vão tocar no jô soares e fazer shows em sao paulo e a pergunta q não ofende é: será q lá em sp terra do rock eles vão tocar axé e luis caldas ou eles só fazem isso em salvador para esculhambar com nossa cara?
ResponderExcluirrecoreco slim
pergunta pra eles, companheiro. por mim, tomara que sim. e que esculhambem muitas e muitas outras caras anônimas como a sua.
ResponderExcluirvamo fazer cada um sua lista, vou tentar fazer com um textinho pra cada escolha.
ResponderExcluirsó para fica claro na minha cabeça: serão 20 discos. o critério é: os 20 melhores de todos os tempos, dos últimos 20, 30 anos? qual é o critério exato?
ResponderExcluirChico, começamos essa estória lá no CCR. Acho que o critério é os 20 melhores de todos os tempos. O que é foda, mas...
ResponderExcluirentão beleza. já começei a minha. daqui a pouco tá lá no CCR.
ResponderExcluirEu assisti. Foi a última vez que os vi.
ResponderExcluirE o melhor é que NÃO TEVE ENTREVISTA: os Retrofoguetes só tocaram.
A única interação deles foi Jô Soares sacaneando Rex e Morotó, fazendo troça com a magreza deles: "Vocês dois juntos dão um só!"
RARARARARRARSARARARARARZRARASRA