LITTLE HELL
"Isso aqui tá uma sauna, cara!", berrou Shark no meu ouvido, me trazendo de volta à realidade. Eu tava simplesmente viajando nas bolas de bilhar, hipnotizado pelas cores e pelo tic-toc das bolas se chocando e se espalhando pela mesa verde. Nem calor eu tava sentindo. As cervejas e as pílulas estavam fazendo efeito... O grito de Shark ficou ecoando na minha cabeça um tempão e meu estômago chegou a embrulhar. O pior é que o cara tinha razão, o lugar estava pegando fogo. Pegando fogo de verdade. No palco, Jimi tinha acabado de tacar fogo na sua Strato vermelha e o piano já estava soltando altas labaredas enquanto Jerry Lee martelava as teclas mais agudas com a mão direita e entornava uma garrafa de Jack Daniel?s com a esquerda. Jim e Janis dividiam o mesmo microfone, abraçados, berrando os versos de Whole lotta shakin' goin' on, enquanto o velho Keith, levitando um cigarro no canto direito da boca, segurava a base e assistia seu xará massacrar a bateria. Não havia ninguém parado. Todos pulavam, gritavam, bebiam, cantavam, dançavam e se divertiam, exceto eu, que precisava vomitar. Tinha que alcançar o banheiro. Comecei pedindo licença, mas como ninguém dava a mínima, passei a abrir caminho empurrando mesmo, em completo desespero. A essa altura eu já estava me sentindo o maior idiota do universo. Alguém me puxou pelo cabelo e gritou no meu ouvido: "ROCK N' ROLL, PORRA!!!", o que só fez aumentar minha ânsia de vômito. Finalmente, abri a porta do banheiro e lancei a primeira golfada antes mesmo de alcançar a latrina. Tinha um cara lá mijando, que por sorte conseguiu se esquivar do jato a tempo, e se limitou a dizer "tá mal, hein brother?!?" e saiu batido. Vomitar é uma das experiências mais angustiantes que eu conheço, especialmente quando se está de estômago vazio. Molhei o rosto e fiquei ali, me olhando no espelho, me sentindo um panaca. Lá fora, a banda começou a tocar Louie, Louie, e a gritaria aumentou.
By Borel.
Gostaram? Esse é um (raro) continho escrito por Emerson Borel em 1995, quando eu, Apú e Leonardo Leão (vocalista da Drearylands) fizemos um fanzine (super na tora, como devem ser os bons fanzines) chamado Voodoo. Borel era nosso colaborador, assim como muita gente boa como Zezão, Paulinha Vargas, Wladimir Cazé e Flávio Pulgão Oliveira, entre outros. Um dia desses eu conto a história desse fanzine pra vocês. O assunto hoje é outro.
Emerson Borel foi tão importante para mim, na minha formação como ser humano, quanto minha mãe ou meu pai. Foi o cara que me ensinou a não baixar a cabeça para ninguém (a não ser quando eu estou realmente errado, claro). Foi o cara que me ensinou a ouvir o Phisical Grafitti, do Led Zeppelin, separando o som em camadas: baixo, bateria, guitarras, violões, teclados, vocais, tudo separado, formando uma maravilhosa unidade. Foi o cara que me ensinou a prestar atenção nos detalhes que Derek Riggs espalhava pelas capas do Iron Maiden. Entre outras milhares de pequenas e grandes coisas que eu aprendia com ele quase todos os dias. Sujeito homem, sua personalidade explosiva era pouco afeita a meios termos: ou era, ou não era, porra. Oito ou oitenta. Não tolerava falsidade, injustiça e babaquice. Se alguém queria lhe dizer alguma coisa e ficava rodeando, logo ele se irritava e chamava a pessoa na chincha: "diga logo o que você quer dizer, porra!". Confesso que em seus momentos mais irritadiços, ele me intimidava e eu me recolhia, pacato que sou e zeloso que sempre fui de nossa ligação. Ele sabia disso e sempre demonstrou enorme carinho pela nossa amizade. Nunca teve vergonha de lançar o (longo) braço sobre meus ombros e me dar um caloroso abraço a qualquer momento que tivesse vontade. "Chicããão, meu velho." Em vinte anos de intensa amizade, só uma vez ficamos de mal. Foi logo no comecinho, em 1984, quando éramos colegas na quinta série do Colégio Maristas. Ele se juntou com o playboy mais otário da classe para fazer pouco de minha aparência física. "Ô Fábio Júnior!", gritavam, do fundão da sala. Mandei-o para aquele lugar e cortei relações. Passei a ignora-lo sistematicamente. Um ou dois meses depois, passada a raivinha, reatamos num passeio ao Lar Marista, entre um pulo e outro na piscina. Ele me pediu desculpas. Naquele ano, comecei a ouvir rock, via um VHS do Iron Maiden na casa de um amigo barão. Enquanto isso, nossa amizade, retomada, só crescia. No ano seguinte, munido de fitas k-7 que o namorado da minha irmã, um surfista doidão, me dava, fui almoçar em sua casa após a aula. "Velho, ouve isso aqui". Era Bark at the moon, do Ozzy Osbourne. O poderoso riff inicial ecoou pelo quarto. Os olhos de Borel saltaram, brilharam, uma coisa diferente aconteceu com ele. Minha cooptação não podia ter sido mais bem sucedida. Mais do que um amigo, eu havia feito um sócio, um confrade. Em paralelo, ele também tinha um primo que gostava de rock e foi lhe mostrando mais coisas. Descobrimos outros dois colegas nossos que gostavam de rock: Rozendo Loyola e Bruno Uzêda. Juntos, nós quatro nos tornamos inseparáveis durante vários anos, até sairmos da escola. Outsiders absolutos em um colégio onde rock era praticamente palavrão, éramos vistos, com nossas calças rasgadas e costuradas com patches como... Não. Na verdade, não éramos vistos, simplesmente. Mas Borel nunca, em nenhum momento, recuou ou se arrependeu de sua escolha. De nenhuma escolha que fez em vida. Talvez só da última. Mas aquela não tinha mais volta. Sua presença me dava força, afirmava meu caráter. Sua ausência me deixou meio quebrado, como se um dedão do pé me tivesse sido amputado. Capenga, sigo adiante com minha mulher e meus amigos, muitos, quase tão antigos e tão importantes para mim quanto o velho Borelzinho. Mas nenhum tão contundente, tão passional, tão... vivo. Falar de sua habilidade, sensibilidade e das misérias que fazia com a amada Fender vermelha em mãos é chover no molhado. Sua importância para o rock baiano ainda está por ser corretamente avaliada. Sua obra, infelizmente exígua para o tamanho de seu talento, permanece e ainda será revista e devidamente reconhecida. O mais importante, porém, ele sempre teve em vida: o reconhecimento e o incentivo daqueles que o amavam. E como tinha gente que amava aquele magrelo desengonçado. A falta que sinto dele é tão escrota que qualquer outra coisa que eu escrever aqui fatalmente resvalará para a mais deslavada pieguice (se é que eu já não o fiz). Vou encerrar reiterando a sugestão de Márcio Martinez para fazermos um minuto (ou um disco inteiro) de muito barulho hoje, e também, citando um trecho de My lovely man, do Red Hot Chili Peppers, banda que, como todos que o conheceram sabem, ele amava fervorosamente. Flea e Kiedis fizeram a música para um amigo falecido, portanto...
Well I'm cryin'
Now my lovely man.
Yes I'm cryin'
Now and no one can
Ever fill the hole
You left my man.
I'll see you later
My lovely man if I can.
In my room
I'm all alone
Waiting for you to get home.
Listen to Roberta Flack
But I know you won't come back.
Just in case you never knew
I miss you, slim,
I love you too.
See my heart
It's black and blue,
When I die
I will find you.
Gente, Mário Jorge também tem algumas palavras muito bacanas sobre Borel que gostaria de partilhar com vocês. Olha só:
Outro dia, no rockloco, estávamos tocando uns sons da discoteca de Borelzinho que D. Iná emprestou. Então, chicão falou "Tá vendo filadaputa, tú não emprestava seus discos para a gente, então agora a gente vai lá e pega... e não sei se vamos devolver...". Era como uma provocação, um insulto. A gente queria, imaginava possível, que ali, naquele momento, ele pudesse entrar pela porta e falar "você é filadaputa, é Francisco?"...
Na minha vida, Borel ainda é muito vivo, sabe aquele cara que você é fã, mas é o seu amigo e companheiro de banda? Conheci ele por causa do rock, pra tocar junto. Emerson foi o primeiro cara que realmente me impressionou pela forma que tocava...era igual o cara da tv, o rock, um showman mesmo. De 91 a 93, que pra mim foi a fase mais genial dele, antes da doença e tal, era muito inacreditável como empunhava a fender vermelha com suas impressionantes mãos de macarrão e energia louca?e como todo gênio: dominador, impulsivo... de personalidade forte.
Hoje em dia eu me impressiono como instintivamente ele era um grande produtor, as partes A B e C das músicas mudavam na hora certa, tava tudo direitinho...Riff era sua especialidade, alguns não chegaram a ser registrados, se perderam no tempo... Aprendi muito com ele e só tenho a agradecer, "valeu, Boleco".
Podia contar um milhão de histórias, mas escrevo essas linhas por saudades e admiração. Quem o conheceu sabe do que eu tô falando...
Hey, I don't feel allright, I've been thinkin'...There's something wrong with my mind. Hey, I don't feel so good, I've been thinkin' Of givin' up the school.
Bem, não sei nem se tenho o direito de ser o primeiro aqui, visto que só conheci Borel, de perto, muito recentemente. Mas posso dizer que, como Mário, eu olhava pro cara e dizia; putz, lá vai um rock star. E me lembro particularmente de shows no extinto The Wall, no Rio Vermelho, onde eu respeitava a Úteros só pelas caras convicentes de bad boys do Borel e Maurão.
ResponderExcluirFiquei mais próximo do cara, infelizmente, já nas suas últimas semanas por aqui, graças à Nariga; entre mergulhos na praia de Ipitanga e dedilhados descompromissados no violão. Mostrei algumas músicas do que viria a ser a Theatro de Séraphin e o convidamos para entrar na banda, no que ele prontamente aceitou, elogiando as composições e tal, também num gesto, penso eu, de generosidade. Mas a verdade é que Borel já tinha outros planos e, pouco tempo depois de nos dar um cano no ensaio com uma desculpa esfarrapada, resolveu cair fora desse mundinho: na noite de sábado, do dia 23 de maio de 2004, justamente quando a Theatro estreava nos palcos.
Minhas lembranças sobre o cara são as melhores, sem essa de que porque ele não tá mais aqui. Borel tinha a estrela dos grandes.
Binho Perronix postou uma foto dele em http://www.fotolog.net/perronix. vão lá tb.
ResponderExcluirchico se conseguirn aquele texto sobre ele do zig now posta aí que eu não tom cosneguindo com o jornal a tarde...ouvi iron maiden e rory gallagher nas alturas em hoimenagem a velho borel....minha lembrança final é o show da úteros em 91, 92 ou 93 num bar do red river com aqu8ela visceralidade tocando smoke on the water na guitarra e fazendo discurso contra as mentoiras alerdaeadas pelas imprensa antes de tocar you just follow all the rules...é isso aí
ResponderExcluirCláudio
aliád da banda o que tinha mais afinidade com meu gosto musical era borel, aquele riff de I wanna feel allright é demais, sempre falava pra ele que era bem ac/dc, banda aliás que ele gostava assim como outras do hard e heavy...grande ponto de identificação entre nós...lembro também de uma vez festa num edifício do canela, que horas antes num show na concha aquele vocalista da stone bull tinha sido atacado por carecas, e borel não descansou enquanto alguém não levou o cara no pronto-socorro...essas coisas marcam
ResponderExcluirCláudio
aquilo ali foi o primeiro Baú do Raul e nele, a Úteros tocou pela primeira vez na Concha Acústica. setembro de 92. Foram apenas cinco músicas, mas foi um dos melhores shows da trajetória da banda. era tb dia de aniversário de Mauro Lelê, daí a festa no Canela, na sequência do show. night inesquecível, talvez uma das mais divertidas e insanas da minha vida. a gente só tem 20 anos uma vez na vida. né? ah: encontrei os caras do Astronautas no Iguatemi agorinha no horário do almoço. abordei-os na cara dura e convidei os caras para irem ao programa amanhã. simpáticos, eles gostaram da idéia e ficaram de me confirmar por telefone. tomara que role, né?
ResponderExcluirtamb assisti ao show de neil yopung com borel e o homem cantou todas eltras do repertório tava animadaço...no rock in rio o homem foi ver os ídolos do guns and roses...nesses ele e cebola se perderam de mim e fiquei com o garoto chicão gritando na porta do maracanã que a turba tentava invadir e os seguranças e policiais tentavam conter gritando: "Calma gente, guerra só nom Golfo!" lembra chicão?! pode uma coisas dessa...
ResponderExcluirCláudio
Um minuto de silêncio ou de barulho? Sei não, que tal uma festa? Reunir os amigos. Botar o som que ele gostava e que nós gostamos... Vamos celebrar a vida e o que já fizemos dela (inclusive com o nosso amigo). Também não fui íntima de Borel, mas lembro-me bem do tesão pela música e pela pessoa doce que se apresentava...
ResponderExcluirCláudio, não misture as bolas. o show do Neil Young (que eu, desgraça das desgraças, perdi) foi no Rock in Rio 3, em 2001. esse episódio no show do Guns n' Roses foi no Rock in Rio 2 em 1991. a gente (eu e Cláudio) se conheceu nesse dia, instantes antes do show, na porta do Maraca. Tenho inclusive foto desse momento, Claúdio de short preto e a mão no bingulim e eu, Borel e Márcio com a mão nas respectivas latas de cerveja. na confusão para entrar (morreu gente nesse episódio, inclusive), Márcio e Borel entraram e eu e Cláudio ficamos para trás. espremido na multidão, coisa que odeio e tenho fobia, gritei, no auge do desespero: "calma gente, guerra só no golfo!". automaticamente, alguém arremessou uma lata de cerveja, provavelmente endereçada para minha pessoa. bateu bem na cabeça de Cláudio Esc, que pirou: "Porra Chicão, cala a boca!" nossa amizade começou caótica, com devem ser as boas amizades. no fim deu tudo certo e o Faith No more fez um dos melhores shows que já vi na minha vida. Guns n' Roses? que mané Guns n' Roses...
ResponderExcluirÉ isso aí, Martinez...! essas músicas eram a cara dele. e a nossa tb, né?
ResponderExcluirdeixe de conversa chico que borel foi pro rock in rio II ver o guns, se não me engano vc também, que mal há nisso, foi um belo show...o melhor daquele festival não foi faith no more coisa nenhuma...foi o judas priest, que deu uma aula de dignidade...showzaço...esse eu chorei...sim me refiro ao rock in rio III sobre neil e silvna maalllttaaa e seu marido ficaram feito dois ~bobões lá atrás no gramado e eue e borel fomos lá pra frente ver o neil young...lembro de tudo...´vc me relembrou até essa latada que recebi...na época tava na cocada direto (ué parei?!) e foi uma fase louca minha vida, mas lembro que fui conversando da minha casa até o maraca com borel e percebi esse é rock é rock mesmo...
ResponderExcluirCláudio
oxente, man?!? não neguei isso não, fomos ver o GnR, mesmo, tava meio no auge ainda a febre da banda. só que, chegando lá, o show que eu mais gostei foi o FNM. o show do Axl e cia para mim, foi uma decepção. a banda já tava decaindo, a gente que não sabia disso ainda. decepção mesmo foi ter ido ver tb o Robert Plant e descobrir que seu show tinha sido cancelado e colocaram o Billy Idol no lugar. isso, de véspera. foi de amargar. a melhor coisa do show do Supla cover (ou é vice versa?) era uma dupla de backing vocals gostosíssimas, de shortinhos e perucas chanel loura. isso eu nunca esqueci.
ResponderExcluirlmebro daquelas gostosas...e billy idol doidão pelo palco
ResponderExcluirCláudio...um merda o show daquele cara...eu, hein cara que fal mal do black sabbtah
porra man...
ResponderExcluireh de arrepiar seu texto.
emociona até quem não conhceu ele tao de perto.
abraço
bird
valeu, Bird. vc é brother.
ResponderExcluirbelissima homenagem chico. acho que mesmo quem conhecia borel pouco, como eu, ou até mesmo quem não o conheceu ficou tocado com o texto.
ResponderExcluirah sim, quando me refiro aos gusn and roses e que eles eram ídolos falo de borel que adorava e de vc também chico que foram lá no rio vê-los...eu apenas gostava principalmente porque vi o babaca do axel rose com uma camisa do thin lizzy estampada num vídeo do show do ritz em nova iorque...pensei caralho o cara gosta do thin lizzy! (isso em 88 ou 89) depois soube que o babaca tamb tinha uma tatuagem da capa do black rose (que posso fazer o babaca do john bon jovi também se diz fã do thin lizzy)...mas, o importante é que vcs eram sim fãs do guns e estavam exitados com a perspectiva de vê-los ao vivbo lembro disso na minha retina...lembro de borel anos depois falando que tinha guardado o apettite for destruction , mas ele tinha seu lugar ao sol...chico isso é da história e sei que vc amou o funk metal (que tinha cada merda e uma ou outra coisa boa tudo saído do liquidificador de mothers finest+os grupos de george clinton+hendrix+metal tradicional+psicodelia)
ResponderExcluirCláudio
ah sim, quando me refiro aos gusn and roses e que eles eram ídolos falo de borel que adorava e de vc também chico que foram lá no rio vê-los...eu apenas gostava principalmente porque vi o babaca do axel rose com uma camisa do thin lizzy estampada num vídeo do show do ritz em nova iorque...pensei caralho o cara gosta do thin lizzy! (isso em 88 ou 89) depois soube que o babaca tamb tinha uma tatuagem da capa do black rose (que posso fazer o babaca do john bon jovi também se diz fã do thin lizzy)...mas, o importante é que vcs eram sim fãs do guns e estavam exitados com a perspectiva de vê-los ao vivbo lembro disso na minha retina...lembro de borel anos depois falando que tinha guardado o apettite for destruction , mas ele tinha seu lugar ao sol...chico isso é da história e sei que vc amou o funk metal (que tinha cada merda e uma ou outra coisa boa tudo saído do liquidificador de mothers finest+os grupos de george clinton+hendrix+metal tradicional+psicodelia)
ResponderExcluirCláudio
hoje realmente vou tomar uma em homenagem a borel...descanse em paz, man
ResponderExcluirCláudio
ah, sim guardo com muito carinho uma foto de um dos primeiros shows da úterosa no vieira...eu em cima do palco carregando borel que tocava I wanna feel allright e esse que vos fala com uma camisa surrada do ac/dc de fllick of the swicht...a vida é muito intensa pra ser guarda numa foto, mas essa é foda...essa vai ficar pra eu mostrar para minha filha sobre borel
ResponderExcluirCláudio
A lembrança que guardo de Borel é de um cara de coração aberto e gigantesco. Quando conheci Cândido (Nariga, Júnior, Candinho, como queiram...) e fui apresentada por ele aos seus amigos mais íntimos em Ipitanga, tive uma grande demosntração disso. Ao contrário dos outros que se mostraram desconfiados e cheios de reservas (comportamento normal e, de certa forma, compreensível), Borel foi o único que, após alguns primeiros minutos de conversa, disparou sem receios: "Porra, Nariga! Sua namorada é muito gente fina! Parabéns". Imediatamente pensei, que cara é esse? Como é que pode? Desse dia em diante e a cada encontro nos pouco mais de quatro anos em que convivi com ele, tinha cada vez mais certeza de que Borel era a pessoa mais terna desse mundo. E mais atenciosa também. Foi ele o amigo que primeiro apareceu para conhecer o nosso filho, Artur. Chegou com um sorriso enorme e muito, muito amor, trazendo de presente uma camiseta do Bahia. Olhou para o babe no berço e disse: ´"E aí, Artulito?", apelido que, aliás, perdura até hoje, imbatível. Outra coisa que me chamava muito a atenção em Borel era a forma como ele se interessava pelos outros e vibrava com suas vitórias. Um bom exemplo é quando você, Chico, conseguiu um trampo no Correio e ele me deu a notícia com uma alegria contagiante. A última imagem que tenho de Borel, como não poderia deixar de ser, é outra grande prova de sua generosidade. A gente estava na graminha de Vilas num final de tarde. Ele parecia meio distante, triste, mas não se negou a atender um pedido meu. Senti vontade de ouvir "Road Trippin", a última do Californication (Red Hot) e ele, prontamente, tocou e cantou pra mim, com sua voz rouca e mansa tão característica. Ainda bem que eu acredito numa coisa. A gente ainda vai se encontrar por aí, em outras esferas cósmicas, outras vidas, outras sequências vibratórias - seja lá onde for - pra se abraçar, por a conversa em dia e ter uma nova chance de evoluir juntos. Se eu não tivesse essa fé, acho que não conseguiria lidar com perda de alguém que me cativou tão profundamente. Sempre amei esse cara.
ResponderExcluirÔpa, esqueci de assinar. Sou eu mesma, Silvana Malta.
ResponderExcluirBelo depoimento, Silvana. Essa história do Correio é verdade, mesmo. Dona Inah depois me contou que ele demonstrava muita preocupação nos períodos que eu ficava desempregado - dada minha condição de órfão recente - e quando eu entrei no Correio, ele me mandou um email dizendo algo do tipo "agora vc vai poder exercitar todo o seu extremo talento jornalístico", coisa e tal. Respondi dizendo que relevava o elogio exagerado por que ele era meu irmão, claro.... "Pô, Boleco, 'extremo talento jornalístico' é um pouco demais, né man? Menos, menos..." Ai, ai... Pena que não durei muito naquele prestimoso veículo, dadas as turbulências do mercado e outras circunstâncias menores que não valem o o esforço da digitação.
ResponderExcluirCláudio, não nego que vivi intensamente aquele período funk metal, com não nego nada da minha gênese "metaleira" (termo, que eu obviamente odiava, claro), ainda na década de 80. Naquela época, tudo coincidia: o Red Hot, a Úteros (fortemente influenciada pelo estilo bem no nosso quintal), Faith No More e bandas hoje obscuras como Head's Up (cujo vinil Borel mesmo me deu de aniversário em 91), Mucky Pup, Primus, Scatterbrain, Prong e sei lá mais o que. Seattle veio na sequencia, varrendo tudo. Foi um época muito intensa e que a gente viveu legal. Eu fui em busca de tudo isso e foi maravilhoso pra mim. E pra vc, não foi não? Só na segunda metade da década, de saquinho cheio e ressaqueado daquilo tudo, voltei a ouvir o Cure e o Smiths que já gostava na década de 80, mais a leva indie e brit pop que tava aparecendo bonito naqueles dias.
ResponderExcluirOutra coisa, aquele show do Judas Priest no Rock in Rio 2 foi hilário mesmo. Nunca fui grande fã da banda (aquelas roupas de couro sadomasô nunca me enganaram) e aproveitei aquele momento para dar um giro pelo estádio,sozinho que estava (me perdi de todo mundo). O que eu vi de banger véio chorando mesmo, enxugando as lágrimas nas jaquetas jeans surradas não tava no gibi. Eu ria que nem um maluco daquela cena. Não sei como não apanhei ali mesmo. Por sinal, o Judas vem tocar de novo no Brasil em setembro. Se jogue.
Confesso que pensei muito, acho que até demais pra falar sobre Meiçola.
ResponderExcluirPensei até em não escrever nada, pois nessas horas eu me acho o rei da pieguisse, e isso é a última coisa de ele merece.
Era o maior guitarrista de rock que Salvador produziu na era moderna, tão bom que as vezes ele tinha receio de ser confundido com algum candidato a atleta.
Era o cara que gritava de alegria quando encontrava um amigo, era o maior compositor da cidade, mesmo sendo em outro idioma. Eu que de vez em quando me acho letrista, quero um dia escrever algo tão simples e tão direto quanto" I wanna feel allright".
Muito antes dele se mandar, já tinha orgulho de ter sido seu parceiro, mesmo que as canções sejam quase secretas.
Sinto como se em algum bar existe um "grade" bem gelada esperando pra a gente tomar enquanto ele pega o violão e toca uma do Aerosmith.
PORRA BOREL, PORQUE VOCÊ SE PICOU TÃO CEDO!!!
chico nada demais só acho que um penca de amigos (cebola inclusive tem má vontade com bandas como o judas priest) - ainda vou fazer um texto no clash sobre algum clássico da banda - sabe...a indumentária preta e meio sadô veio influenciada pelo que a igreja usava na inquisição nas internas...velho a banda veio de berço da classe operária inglessa e é o padrinho do autêntico heavy metal - quando esse termo não tinha virado palavrão e todo bom roqueiro sabia do seu valor - e fez o contraponto ao flower power acelerando e distorcendo o som derivado do blues com muitas guitarras e colocando toda angústica que aquela geração de jovens pobres (isso na ingleterra, man) sentia numa metrópole industrial como birghman (se não estou enganado, oh memória)...sabe...black sabbath e outros se utilizaram do universo da literatura do terror e outros elementos líricos para falar de esperança através desse universo complicado e se divertirem também...inclusive não eram alienados não...tocavam diamonds and rust daquela que cantava "gracias a la vida (esqueci o nome agora) que falava da exploração do tercerio mundo...
ResponderExcluirbom escrevi isso porque acho que o pessoal tem muita má vontade com as boas bandas do heavy metal...pessoas com coração rock chico, como vc e cebola e tantos outros é lamentável...não precisamos ser tão refinados e tão intelectuais assim...não mesmo
CLáudio
joan baez, man lembrei
ResponderExcluirCLáudio
Claudão, meu velho, né questão intelectual, não. é gosto, mesmo. a voz aguda do Rob Halford me desagrada terrivelmente. respeito a banda por que sei de sua importância para o estilo. até gosto de algumas músicas do British steel (aquele disco da gilete, pode ser sobre ele o seu post no Clash City) e tb do Defenders of the faith, de 1984, que ouvi qdo ainda engatinhava no estilo. mas definitivamente, o Judas está longe de figurar entre minhas preferidas. admito, o riff matador de Breaking the law e o climão "night" de Livin' after midnight são bem bacanas, mas...
ResponderExcluirQto ao Black Sabbath, vc se engana: eu AMO o Black Sabbath com Ozzy. todos os discos, menos, claro, o Technical ecstasy, que é meio sem graça mesmo. lembrei agora que ainda guardo no meio das minhas Bizz dos anos 80 a revista poster do Judas, daquelas sensacionais que saíam pela Som Três, com a história e discografia da banda. quer pra vc? te dou de bom grado. O POSTER!
a propósito, qdo vc pretende me devolver minhas Zero que tu levou emprestado desde o dia do meu aniversário, em dezembro do ano passado?
ResponderExcluirestão lá em casa no aguardo pra lhe entregar vou passar pra márcio que ^fica mais fácil...desculpa , mas a vida tá um corre-corre...sem papod e compadre, men...techinal exctasy é o a night of the opera do black sabbath muito diferente e belo caminhos que a banda tentou e desagradou ozzy profundamente, mas eu gosto...se quiser de novo o never say die tamb é bom por ouytros motivos...talvez a banda com ozzy deveria ter acabado depois do sabotage aí iam ser mais mitológicos ainda
ResponderExcluirCláudio
segura o poster do judas que eu quero sim
ResponderExcluirCláudio
´tão tá.
ResponderExcluirMas o mais impressionante talvez, era A transformação. Sim, Borel era um puta de um amigo legal pra caralho mesmo, vivemos muuuitas esbórnias em ipitanga e por aqui também, mas, caras, A transformação era muito pra parecer verdade, mas era. Do que estou falando? Pergunte a chico. POr exemplo, em um show, não lembro bem onde(vcs sabem por que não lembro bem de muita coisa), estávamos esperando uma apresentação dos cinco viadinhos queridos da úteros em fúria, em um show comemorativo, anos após o fim da banda, eu e chiconha sentados próximos ao palco, esperando, conversando, e aí... Véio existem momentos que é muito difícil de descrever. Não sei se eram os olhos de borel, sua expressão, seu relacionamento (isso mesmo, relacionamento), com sua guitarra, mas havia algo alí que era mais do que a soma de um cara e seu instrumento. Ficamos váaarios minutos em silencio, sorvendo algo que acho que nós dois captamos ao mesmo tempo, e ap´s um bom tempo acho que chico quase definiu: "Cebola, observe Borel, man, ta sacando? Não se pode tirar isso dele, é foda cara" quer dizer, foi algo assim, algo parecido, chico talvez se lembre mas o sentido é esse mesmo, parecia que o tempo todo Boreste estava só se preparando pra se tornar...Emerson Borel, guitarrista. Valeu, meu velho, obrigado por tudo, a gente se vê.
ResponderExcluirpô, Cebola, me lembro bem desse show, em 1997 no Almanaque, na Barra. mas desse detalhe, infelizmente eu não tô lembrado, sorry. lembro que foi uma puta esbórnia e um show do caralho, nem parecia que a banda tinha acabado havia dois anos e há três ele não tocava com a Úteros. (ele foi substituído durante uns três ou quatro shows (os últimos da banda) por Mercenário.)
ResponderExcluirah sim márcio dostoivésky é do caralho adoro com0o ele retrata a conndição human é um dos meus escritoresa perdiletos...sim cebola e chico o velho almanaque que tempos bons
ResponderExcluirCláuidio
Porra, realmente Mersola era (é) phodda!! A sua sensibilidade sempre ultrapassava as cercas do assunto, fosse música, literatura, amizade...
ResponderExcluirA saudade existe e ela é que nos faz parar por alguns minutos, nessa vida psico, e lembrar de pessoas queridas!
Valeu Chicão,, Marcio, Mário... por essa e outras iniciativas porretas!!
Abç. a todos!
Borel=Rock`n`Roll
ResponderExcluirass:Mauro Pithon.
ressaca moral é foda. desculpe às 457 pessoas às quais pisei no pé, molhei de cerveja e / ou pentelhei sábado no Miss M. me excedi e pedalei bonito aquele noite, tava o próprio Robinho. mas essa bicicleta eu não pedalo nunca mais. maldita culpa católica.
ResponderExcluirNOITE INSANA...TAVA PRECISANDO DE UMA DESSAS...Tô AINDA DE BODE
ResponderExcluirCláudio
Borel foi ao rockloco em abril de 2004 e após indagado do que andava fazendo já que não produzia nada ultimamente,respondeu"tô pesquisando novas formas de masturbação...".É o velho boleco.
ResponderExcluirpessoas queridas,
ResponderExcluiracabei de chegar de um show de talentos no theatro xviii que eu apresentei. Já que tava podendo, levei úteros em fúria - uma biografia de Chicão; Rockloco com peu show; e guizmmo e retrofoguetes no sesi. Passei esses dois últimos. O público achou Macaca muito bom e não sei do impacto do retrofoguetes com o maravilhoso porchart, no cover de Dick Dale. Mas passei, abusei e gostei. Foi muito bom, se me chamarem de novo e se os autores permitirem, avisarei com antecedencia.
Ps-foi um rocloco ao vivo, com o luxuoso auxilio de gil maciel. Os videos que passei foram ultra -tosco videos, mas renderam a doação de uma placa de captura de............audio/video. (Obviamente pra não torturar ninguem com aquelas misera de imagem).Olha o rockloco historia se viabilizando
abçs
sora
Cês lembram do som que aumentou e do vento que passou qdo a gente combinava a primeira rockloco party?
ResponderExcluireu de novo