Esta é a historia do comment que virou post.
Não há nenhuma novidade em os blocos e o axé fazerem este trabalho nas escolas, já vi este filme antes ser feito com outros artistas há uns 15 anos, talvez a novidade seja o fato do genero ter conseguido uma sobrevida depois de uns 2 anos meio que em baixa. Acho que o axé e seus protagonistas não tem culpa de serem bem sucedidos, eu vou por outro caminho e questiono a politica cultural da Bahia que dá um tiro no proprio pé quando institui uma monocultura, virando as costas (epa!) para suas proprias tradições culturais. Já disse e repito, Caetano e Gil, por exemplo, se estivessem começando suas carreiras artisticas hoje na Bahia NÃO conseguiriam nascer artisticamente. O meio-ambiente cultural da Bahia nos anos 50 e 60 permitiram que artistas sofisticados, e conhecedores de cultura pop, como Caetano e Gil pudessem iniciar seu florescimento artistico. Não que fosse um paraiso, mas pelo menos eles tinham um espaço vital minimo incentivado por POLITICAS CULTURAIS, que permitiam experimentações artisticas alternativas. Experimentações artisticas que os incentivaram no inicio da carreira , que depois desembocou no Tropicalismo e permitiu, entre varias outras coisas, Caetano enxergar Hendrix ( na epoca vanguarda maxima) no som precário dos trios de então, e criar a semente da axé-music com "Atrás do Trio Eletrico" no longinquo 1969. Há muito tempo que este espaço de experimentação artistica desapareceu na Bahia, e o gigantismo da axé-music, este filho dileto do Tropicalismo, fez criar um ufanismo babaca em torno da tal da "baianidade" , que asfixia toda e qualquer manifestação que não tenha seu nivel de sucesso popular. Não vejo problema no axé em si, é apenas um genero musical que nasceu popular e se tornou popularesco e repetitivo, vejo problema sim na falta de alternativas incentivadas pela politica cultural e na decorrente monocultura imposta.
Mas engana-se quem pensa que o unico problema que o rock enfrenta na Bahia é o asfixiamento causado pelo axé e afins. Pegue-se , por exemplo, esta sugestão de Chicão de botar as bandas de rock para tocar nos colegios. Quem disse que todas as bandas citadas estariam a fim de tocar nestes lugares?, Quem disse que algumas bandas de rock da Bahia querem fazer rock que tenha algum tipo de apelo popular e até mesmo, Deus nos livre, fazer sucesso( argh!). Por mais incrivel que possa parecer, algumas bandas parecem estar muito confortaveis no udugrudi fajuto do circuito Rio Vermelho, tocando apenas para os iniciados( olhaê Bragatto), e protegidas do cruel mundo lá fora. Tudo bem, pra mim não é problema, acho que se essa é a proposta da banda, beleza, apenas depois não venham com queixas tipo" ninguem me compreende". O interessante projeto Maquina do Som, que era sucesso de participação estudantil, foi interrompido por falta de interesse de patrocinadores, e não era sempre que Roger Preto conseguia que bandas locais com algum nome fossem fazer apresentações de graça. Alem do que algumas figuras envolvidas no projeto, achavam(ainda acham) que é uma obrigação de alguma empresa privada bancar a parada, que se quiserem é assim, e ponto final. Alias este é outro ponto, varias bandas querem publico e patrocinios para seus eventos, mas muitas vezes não se dão ao trabalho de redigir sequer um release, quanto mais, xô satanás, um projeto explicando aonde o patrocinador teria retorno. Mas, repito, se esta é a proposta da banda, vá fundo, só não esperem que as coisas caiam do ceu e que Steve Albini ou Liminha batam a sua porta com um contrato da Universal Records debaixo do braço.
Então Chico, nós ainda nos damos ao trabalho de escrever estas mal tecladas ( não resisti), porque ainda nos importamos, e ainda nutrimos a esperança que na escola do seu sobrinho alem do cara do Rapazola, vá tambem aquela banda de rock que a galera gosta, e que tambem gosta da galera. E principalmente Chicão, não se preocupe, como diz com muita propriedade nosso idolo Neil Young, " rock'n'roll will never die".
Oswaldo, há tempos quero escrever algo sobre a posição do pessoal do rock contra o Axé. Pra mim você resumiu tudo. Reclamar é bom, é necessário, mas só reclamar é muita bundamolecência, como diria Lobão. Concordo com suas palavras. Rock!
ResponderExcluirBrilhante complemento ao meu - até certo ponto - ingênuo post, Braminha. Claro que eu sei que nem todas as bandas gostariam de tocar nas escolas para a gurizada, mas eu quero crer que se trata de uma minoria, a detentora de pensamento tão tacanho. O problema é que, essas porcarias (Rapazola e cia) indo tocar nas escolas, para mim, soa a lavagem cerebral. Como é que crianças, que ainda não formaram um gosto próprio, um espírito crítico, podem nutrir
ResponderExcluirqualquer esperança de um dia virem a dispor de uma visão crítica, de poder discernir um pote de ouro de um pinico cheio de cocô? Será que as crianças já não são expostas à porcarias o bastante na TV, rádio e internet? Precisa levar o lixo também para as escolas, onde supostamente elas deveriam ser educadas e ensinadas a formar esse espiríto crítico? Escolas que cobram mensalidades altíssimas, diga-se de passagem. Isso me deixou profundamente indignado. Se fosse meu filho, tirava daquela porcaria de escola no dia seguinte.
Mas isso tudo tem uma razão muito simples e todos sabemos qual é: $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$.
ok chico, perfeito...luciano, não basta só reclamar, concordo...o jogo do axé é pesado e segue lógica industrial e de hegemonia, não abrindo espaço para a diversidade cultural....para agravar ainda mais a situação da falta de espaços na cidade prossegue a fogueira de vaidades na cena...quem sabe a vinda do Palcebo não é um excelente sinal de mudanças
ResponderExcluirChico, mau gosto independe do poder aquisitivo,principalmente aqui na Bahia. Entendi sua indignação no episodio, só que acho que a melhor maneira para combater isso, é deixar o axé de lado, já que eles estão com a vida ganha, e começar a questionar mais fortemente a politica cultural do estado e do municipio, do por que não existir apoio de verdade para a realização de um festival de rock na Bahia e casas de shows que possam abrigar atrações internacionais. E usar argumentos deles mesmo para desmontar a barreira existente. Por exemplo, a prefeitura de Cesar Maia no Rio resolveu investir pesado na vinda de Lenny Kravitz pro Rio.Chegou-se a conclusão "que o Rio não pode ficar de fora da rota dos grandes shows internacionais", fato que vem ocorrendo. A prefeitura do Rio concluiu que estes shows trazem varios beneficios a cidade, tais como prestigio pra cidade e aumento de turismo qualificado. Pois é, até o Rio de Janeiro, maior destino turistico do país, já sacou, não se vive só de carnaval.
ResponderExcluirBramis, que eles estão com a vida ganha todo mundo sabe e não se discute. meu problema aqui é a cooptação de etabelecimentos de ensino particulares para legitimar essa desgraça. e a porra da educação, onde é que fica? por que a partir do momento que uma escola expõe seus alunos à tamanha atrocidade cultural, sua função, que é a de educar, vai pra lata do lixo. esse é o meu problema. e qdo eles forem na escola dos seus filhos? dos filhos de Sora, de Yara? e aí? vc vai aceitar na boa, pagar não sei qto de mensalidade por mês para eles exporem suas crianças ao Rapazola? será que elas já não vêem rapazola o bastante na tv, rádio, outdoors, jornais, internet e o caralho a quatro? vc acha aceitável? será que a escola não deveria ser o espaço onde os produtos culturais de massa ficassem de fora um pouco - só um pouquinho, não?
ResponderExcluirsábias palavras osvaldo...bela visão da prefeitura do rio...luciano, vamos ver se esse público indie é fiel mesmo e pelo menos bota umas três mil pessoas na concha...a banda é boa e tá no auge...só depende do boca-a-boca e de alguma mídia...achei bonito você citando velho lobão...a coisa tá ficando bonita...cláudio moreira
ResponderExcluirah, sim osvaldo seu texto lá em cima foi do cacete...sempre pensei isso aí que você escreveu, bicho...realmente, nós ainda nos importamos...tá na alma...são pessoas como vc que me fazem perceber que existem amantes da música que estão longe de qualquer espécie de modismos ou anti-modismo...gostei, velho...parabéns
ResponderExcluirCláudio Moreira
Chicão, acho que vc não entendeu.Tb não ficaria satisfeito com rapazola na escola da minha filha e se fosse o caso questionaria a escola, apenas sou contra a proibição, isto pode dar efeito contrario. acho que a melhor maneira de combater isto é incentivando e apoiando as coisas que eu acho legal.
ResponderExcluirtb não falei momento nenhum em proibir, nada, Brametes. sei que todo tipo de proibição só gera o efeito contrário, o prazer do proibido, etc. o q tinha que ter era bom senso dos donos das escolas. só isso. não é proibir nada. é que nem o Free: questão de bom senso.
ResponderExcluirEu concordo que se deva levar o boiolinha do Rapazzola pra todas as escolas de Salvador, mas pra servir de exemplo de como se transformar em um legítimo GAY-IMUNDO-MADE-IN-BAHIA.
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