Senta que lá vem história.
Tem uma coisa engraçada que eu queria entender melhor, quem acompanha o Rock Loco (o blog) sabe que eu ando meio desatualizado por aqui, só abro (o blog!) uma ou duas vezes por semana e sempre com pressa. E também não acompanho o Mercadão (pra quem é de fora ou não conhece, a principal lista de discussão do rock baiano) faz uns 5 anos, no mínimo. Então, como vocês podem ver, eu ando mais por fora que umbigo de vedete. E eu ando notando umas discussões diferentes, umas patrulhas ideológicas meio esquisitas nos blogs que meu parco tempo a surfar na rede me permite conferir, no caso, o próprio Rock Loco e o blog brother Clash City Rockers.
Primeiramente, essa discussão sobre Armandinho, que alguém que não tem coragem de se identificar, provavelmente com medo da surra que vai levar dos malhados integrantes do Rock Loco, insiste em continuar. Na moral, o que é que o Rock Loco tem a ver com Armandinho? Alguém aqui o agencia? Alguém aqui dá dinheiro pra ele?
Ó, Armandinho não trabalha com a gente, não. Não faz nem free lance.
Eu até simpatizo com ele e tenho muita saudade dos carnavais de minha infância na década de 70, quando o mestre da guitarra baiana era o que a Ivete Sangalo é hoje. Sim, companheiros: para desgosto dos patrulheiros ideológicos de plantão, devo confessar que meu ser se sensibiliza de forma deveras emotiva quando Rogério Big Brother fecha seu set com aquelas melodiosas e balançadas canções dos carnavais de outrora, que mágica boa, meu amor cadê você, olê, olê, olê olá?!?.
Como tudo o que é bom (ou que me parecia bastante bom à época) um dia acaba, um dia inventaram uma tal de axé music que veio, para usar uma palavra da moda, que nem uma tsunami e afogou todo aquele clima quase inocente (ou que me parecia bastante inocente à época), levando Armandinho, Dodô, Osmar, o trio elétrico, os bailes de clube, o confete, a serpentina, as bandinhas de sopro, as marchinhas, a máscara negra, o pierrot, a colombina e aquela porra toda pro mar de mediocridade que se tornou o mainstream baiano.
Sim, Armandinho teve de se curvar aos novos reis e rainhas do carnaval que vieram com todo aquele sistema sócio-político-cultural já prontinho, enfiou a guitarra baiana no saco e quase desapareceu. É possível (e agora eu estou sendo bem irresponsável como jornalista) que ele tenha de ter se adaptado à nova situação até por uma questão de sobrevivência. Por ser o precursor natural do que veio depois, é absolutamente natural que seus sucedâneos o homenageiem, até porque, puta que pariu, o pai do cara inventou essa porra! Sim, é óbvio e natural que ele se associe ao mainstream reinante e fique com as migalhas que lhe são concedidas.
Atenção: não estou fazendo o advogado do diabo aqui, não defendo de forma alguma esse tipo de atitude ou o caminho que ele tomou. Mas nem por isso pretendo julga-lo. Quem sou eu?
Ainda assim, quando o Retrofoguete Morotó Slim o aponta como uma de suas principais influências, isso me parece perfeitamente razoável. Somos da mesma geração, então Morotó cresceu ouvindo-o tocar (com as lembranças daqueles carnavais de quando isso era coisa de baiano pra baiano), e se não me engano, parece que ainda tem alguma aproximação com ele, pois alguns anos atrás ele me falou que o conhecia e até o imitou falando, com toda aquela malemolência que tanto incomoda nosso amigo anônimo.
E por que incomoda? Bom, essa é minha pergunta, que alguém aí deve saber responder. E eu acho que qualquer um tem todo o direito de se incomodar com a falta de atitude e a postura política do guitarrista, mas o que eu não posso aceitar é patrulha ideológica aqui nesse orgulhoso instrumento da imprensa livre e nanica.
"Sujar minha biografia"... Pra cima de muá?... Fala sério.
Ah! A outra coisa. No Clash City Rockers já vi duas vezes alguém negando que o rock baiano teria nascido com a Úteros em Fúria. A primeira foi Marcos e a outra (se não me engano) em um comment, foi Cândido, o bom e velho Nariga, ambos da Theatro de Seraphin.
Como eu já disse, eu ando meio desatualizado nas discussões do rock, mas essa eu preciso saber exatamente: quem foi a anta que falou TAMANHO DESPAUTÉRIO? Foi no Mercadão? Alguma outra lista? Deve ter sido algum guri de treze anos, ainda que eu duvide muito que algum guri de treze anos já tenha sequer ouvido falar em Úteros em Fúria. Bom, em caso de dúvida da paternidade do rock baiano, sugiro fazer o teste do DNA ouvindo toda a obra de Raul Seixas antes de qualquer coisa.
Falando sério, se é que isso é possível, se a Úteros tem algum mérito ? além do musical ? foi o de ter chegado ? metendo o pé na porta, diga-se ? em 1991 já com a cara dos anos 90. Já em 1991, eles estavam prontos pra década, perfeitamente sintonizados com o que seria a cara do rock naquela primeira metade dos anos 90. Se o Camisa de Vênus teve o mérito de inaugurar os anos 80 e abriu caminho para que toda uma cena tentasse se estabelecer, acho que é bem justo dizer que a Úteros fez o mesmo dez anos depois. Não estou aqui discutindo estética e atribuindo juízos de valor, e sim, relevância histórica.
No seu texto no Clash City Rockers, Marcos exalta uma cena que lutou bravamente, e que tinha talento, sim, concordo. Eu mesmo gostava de quase todas aquelas bandas, assisti shows de algumas delas (14º Andar, principalmente) e não raro, me deliciava quando conseguia ouvir no rádio alguma rara canção daquela safra (lembro com especial carinho de um hit do Utopia, que o refrão fazia assim: quando estou / tão perto de você / tudo parece acontecer, do Rock Conexão Bahia, mesmo).
Porém, salvo engano de minha parte (e isso é sempre uma possibilidade, acreditem), essa foi uma geração que não soube fazer a transição para os anos 90. Ou nem sequer tentou, sei lá. Talvez isso seja assunto para um outro texto do próprio Marcos. É de se pensar como teriam sido os anos 90 por aqui se bandas como Ramal 12, Elite Marginal, Lavagem Cerebral, Treblinka e Moisés Ramsés e os Hebreus tivessem persistido mais.
Mas o mérito dessas bandas ninguém tira. Os anos 80 foram deles, assim como os 90 foram da Úteros, do Cascadura, dos Billies, da brincando...
Se alguém aí ainda tem alguma dúvida quanto ao papel da Úteros na saga do rock baiano, sugiro (agora deixa eu fazer meu comercial) procurar na videoteca da Faculdade de Comunicação da UFBA o documentário Úteros em Fúria, uma vídeobiografia, que foi meu projeto de conclusão de curso, realizado no longínquo ano de 2000. Na época, a banca examinadora o classificou como "longo (tem quase uma hora), chato e arrastado". Na época, eu também pensei assim. Mas hoje, depois que Sora Maia o assistiu e me fez vê-lo com outros olhos, eu nem acho tão ruim assim, apesar de suas (muitas) deficiências técnicas.
Olha, até que dá um caldo. Modéstia à parte, por favor.
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ResponderExcluirChico
ResponderExcluirVocê é o meu herói, porra ...quando crescer quero ser igual a você!!!!!!
um beijo
Paloma
com a cabeça bem mais fresca e povoada de idéias depois de ler esse texto...
ahhh...a galera daqui da casadabanha manda lembranças
Fala Chico,
ResponderExcluirEu havia escrito um post maior, mas deletei. A questão não vale a polêmica. Só queria deixar claro que o que escrevi no Clash City Rockers não tem nada a ver com reivindicação de paternidade do rock baiano para ninguém. Falo do 'underground baiano'. É só dar uma lida com mais boa vontade.
Abç,
Marcos
Ô Marcão, tb não é minha intenção polemizar contigo não,minha intenção era saber da onde saiu aquela idéia, saber quem, antes de vc, teria falado aquela bobagem. Por que eu jamais acreditei que tivesse saído da sua cabeça (ou da de Júnior). Mas como vc já disse, a questão é tão menor que não vale nem esse post. Sábado a gente se bate lá em Cebola! Aquele abraço, meu velhinho.
ResponderExcluirPaloma, deixa disso que minha patroa fica com ciúmes! Tá querendo me complicar? ;-) Um beijo, nega.
porra, Dodô, Osmar e Armandinho faz parte da minha iniciação musical na infância e, com certeza, a energia elétrica deles me levou a Hendrix...ùteros foi, para mim, a banda que me deu fé em algum rock da Bahia ter uma sonoridade que me empolgasse de verdade (em termos sonoros, ouviu marcos, era mil vezes, mil vezes, melhor do que todas aquelas bandas pós-punk dos anos 80)...e ponto final...Cláudio Moreira
ResponderExcluirCláudio, vê se me erra.
ResponderExcluirCláudio, vê se me erra.
ResponderExcluirCláudio, vê se me erra.
ResponderExcluirCláudio, vê se me erra.
ResponderExcluirChicão caprichou no texto.Tem ideia ai pra uns tres posts.esse papo de Armandinho, é a maior perda de tempo, esses caras Armandinho e cia , independente da qualidade e da importancia como musicos, nunca deram a menor pelota ao rock e a cena alternativa, pra eles a gente não existe, e por mim tá otimo assim. Indo ao que interessa esse lance da importancia da Uteros nos 90 , acho inegavel, agora, sem o menor saudosismo, os 80 ofereciam mais possibilidades( depois frustadas) e durante o periodo 84/87 o rock era O PROGRAMA da cidade entre todas as tribos, imbativel. Só uma pergunta, qual é a banda que vai ser o Camisa ou a Úteros dos 2000?
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ResponderExcluirgosto é gosto, Cláudio. eu acho que não dá nem para comparar as duas gerações, tamanho o abismo estético que há entre elas. eu, verme que sou do rock, comungo não apenas dessas duas estéticas como de todas as outras relevantes que permearam o rock nos últimos 50 anos. excluir qualquer um das duas é reducionista. cada uma tem seu contexto, suas qualidades e seus defeitos e as duas são de foder. qto a pergunta de Braminhas, ligue 3240-9856 e dê sua opinião no ar no programa, ou aqui nos comments.
ResponderExcluir"Só uma pergunta, qual é a banda que vai ser o Camisa ou a Úteros dos 2000?"
ResponderExcluirPorra Brama, acho que nenhuma! Acertei?
Abraços.
Jan, até o momento não pintou ainda nenhuma banda dos 2000 que realmente eu ache A BANDA.Torço muito pra que isto aconteça, mas aainda não pintou não.Tem promessas como Cissa, Lou, Brinde, e outros, mas ainda não houveram aqueles momentos magicos que marcam a epoca e que depois viram referencia.
ResponderExcluirCândido, nariga ou Junior digitando: "Ô Chicão...sei que vc vai estranhar o atraso deste post, mas é que tem um "tempinho" que não uso meu pc para visitar blogs, apenas baixando mp3(psicotherapy). Agora,...vc realmente leu meu comment no clashcity, ou passou os ói?? Na moral, vá lá de novo e perceberá que não estou em nenhum momento concordando com Marcos e nem discordando. Porra...se eu toco na Theatro agora, eu devo muito a Úteros e principalmente a Borel, e, claro, aos irmãos Martinez , mas Marcos está falando do underground cumpade. Que tipo de seqüela é esta, velhinho? Leia de novo aquela porra, sacana, e desculpa por estar fazendo este comment agora, aliás desculpa uma caceta:):)
ResponderExcluirAh sim...acredito, sim, acredito mesmo, que não haverá apenas uma banda que será o camisa ou a úteros dos 2000, mas sim várias. Se eu não pensar dessa forma, perco meu "emprego" na Theatro ou então vendo minha Fender...abraços e não toque mais nos meus nomes em vão:):):):.
Ah, apenas mais uma outra coisa, quando se referir a mim ou Marcos ou qualquer outro da banda, não precisa especificar "da Theatro de Séraphin"...praquê? Vá lá meu véi...vamos nos ajudar meu Brother, em nome de Borel.
Cândido, nariga ou Junior digitando: "Ô Chicão...sei que vc vai estranhar o atraso deste post, mas é que tem um "tempinho" que não uso meu pc para visitar blogs, apenas baixando mp3(psicotherapy). Agora,...vc realmente leu meu comment no clashcity, ou passou os ói?? Na moral, vá lá de novo e perceberá que não estou em nenhum momento concordando com Marcos e nem discordando. Porra...se eu toco na Theatro agora, eu devo muito a Úteros e principalmente a Borel, e, claro, aos irmãos Martinez , mas Marcos está falando do underground cumpade. Que tipo de seqüela é esta, velhinho? Leia de novo aquela porra, sacana, e desculpa por estar fazendo este comment agora, aliás desculpa uma caceta:):)
ResponderExcluirAh sim...acredito, sim, acredito mesmo, que não haverá apenas uma banda que será o camisa ou a úteros dos 2000, mas sim várias. Se eu não pensar dessa forma, perco meu "emprego" na Theatro ou então vendo minha Fender...abraços e não toque mais nos meus nomes em vão:):):):.
Ah, apenas mais uma outra coisa, quando se referir a mim ou Marcos ou qualquer outro da banda, não precisa especificar "da Theatro de Séraphin"...praquê? Vá lá meu véi...vamos nos ajudar meu Brother, em nome de Borel.
Cândido, nariga ou Junior digitando: "Ô Chicão...sei que vc vai estranhar o atraso deste post, mas é que tem um "tempinho" que não uso meu pc para visitar blogs, apenas baixando mp3(psicotherapy). Agora,...vc realmente leu meu comment no clashcity, ou passou os ói?? Na moral, vá lá de novo e perceberá que não estou em nenhum momento concordando com Marcos e nem discordando. Porra...se eu toco na Theatro agora, eu devo muito a Úteros e principalmente a Borel, e, claro, aos irmãos Martinez , mas Marcos está falando do underground cumpade. Que tipo de seqüela é esta, velhinho? Leia de novo aquela porra, sacana, e desculpa por estar fazendo este comment agora, aliás desculpa uma caceta:):)
ResponderExcluirAh sim...acredito, sim, acredito mesmo, que não haverá apenas uma banda que será o camisa ou a úteros dos 2000, mas sim várias. Se eu não pensar dessa forma, perco meu "emprego" na Theatro ou então vendo minha Fender...abraços e não toque mais nos meus nomes em vão:):):):.
Ah, apenas mais uma outra coisa, quando se referir a mim ou Marcos ou qualquer outro da banda, não precisa especificar "da Theatro de Séraphin"...praquê? Vá lá meu véi...vamos nos ajudar meu Brother, em nome de Borel.
Chico,
ResponderExcluirnao tem jeito! Sempre que lembro de algo e venho pesquisar no google algo sobr o rock da bahia sempre caio nesse blogé
Vc saberia dizer onde poderiamos conseguir musicas (estou escrevendo tudo sem acento) para download do antigo rock de salvador?
Essas musicas fazem parte de nosso patrimonio historico tao quanto o pelourinho.