Já vi que com o Clash City Rockers na praça, vou ter que correr para postar meus textículos aqui antes de vcs. :-) Tô brincando, é q, meses atrás, prometi no Rock Loco um texto sobre essa dupla genial e até hj, nada. Mas o de Marcos tá valendo.
Pode crer Marcão: em um dia de sol, com um dry martini na mão, nada melhor que a classe jazzística do pop sofisticado de Becker n Fagen para transformar o ambiente. Pena q tanta gente crie resistência ao Steely Dan exatamente por conta dessa herança jazzy. o q eles não entendem é que, aqui, o que impera é o bom gosto, a melodia, a harmonia. Nunca, jamais a árida punheta instrumental (até por que eles praticamente não têm faixas instrumentais), típica dos músicos de fusion (provavelmente o mais desprezível dos gêneros musicais. Prefiro ouvir arrocha).
Em um dia iluminado de 1996, entrei no sebo de livros do Tomás, na Rua Amazonas (Pituba) e vi que ele tinha acomodado alguns vinis avulsos em um canto. Prontamente, me pus a fuçar os empoeirados bolachões quando me deparei com uma cópia americana zerada de Pretzel logic. Eu nunca tinha ouvido aquele disco. Na verdade, tinha dado uma ouvida rápida na casa do velho Borel no Cant buy a thrill (o qual algum tempo depois, ele trocou comigo pelo Check your head do Beastie Boys, qdo enchi o saco de hip hop), que algum tempo antes fora dissecado na antológica sessão Discoteca Básica, da saudosa Bizz.
Para encurtar a história: por alguns trocados (4, 5 ou 6 reales), levei o dito Pretzel logic para o meu lar. E foi uma das compras no escuro mais felizes da minha vida. O disco já abre maravilhosamente bem com o hit Rikki dont lose that number (que solo de guitarra é aquele, me diz?), engata uma segunda acelerada com o funk de branco Night by night e enterra de vez uma faca no coração do ouvinte com Any major dude will tell you, linda balada country-soul, tudo o que o Lambchop queria fazer nessa vida. Aliás, essa mesma música foi regravada pelo fan-fave Wilco (já toquei no prog, inclusive) para a trilha sonora do hilário filme Eu, eu mesmo e Irene, dos Irmãos Farrely (que devem ser grandes fãs da dupla, já que o referido filme está recheado de músicas do Steely Dan).
A essa altura, o ouvinte (sim, ieu mess) já jazia no chão da sala, extasiado pela (detesto essa palavra, mas preciso usa-la) excelência sonora que enchia o ambiente. Barrytown (um abraço, velhinho!) abria caminho para um cover de East St Louis Toodle-oo, de Duke Ellington e fechava com chave do ouro o lado A.
No lado B, o nível continua nas alturas com pérolas imorredouras do quilate de Charlie Freak, Through with Buzz, a faixa título e mais outras que não lembro o nome agora, mas que perfazem um conjunto de canções irrepreensíveis, inequívocas, imprescindíveis para todos que querem saber como é que se faz música pop com sofisticação, classe e talento pra cacete, puta que pariu (desculpem a minha falta de classe)! Se quiserem conhecer o Steely Dan, meu conselho é: comecem pelo Pretzel Logic. Comigo deu certíssimo.
(E pensar que hj em dia, quando se fala em música pop, nego pensa em Detonautas, Britney Spears e Sandy Júnior. Deus! Não admira que a molecada de hoje só falta tirar as calças pela cabeça, de tão estúpida.)
nossa muito legal o blog de vcs. abraços
ResponderExcluirBarry - www.champvinyl.blogger.com.br
ResponderExcluirÉ, Chico. 'Pretzel Logic' também mexeu muito comigo. Por muitas vezes, foi um verdadeiro amigo quando ninguém estava por perto. Barrytown é uma cidade que fica separada do Bard College por um único rio. Foi nessa faculdade que Donald Fagen e Walter Becker se conheceram. Ela pode ser, particularmente, cruzada a nado através de um trecho onde Bob Dylan costumava tomar drogas. Nele, há um poço famosíssimo por ter sido vandalizado pelo poeta - episódio mencionado nas letras da música 'All Along The Watchtower'. Como você pode ver, há muita história por trás dessa canção. É isso, velhinho. Um abração.
Pois é Chicão, o Clash não brinca em serviço e eleva o nivel da discussão musical. Assim que é bão, assim que nós gostamos. Agora Steely Dan, acho que vou desafinar o coro dos contentes. Tenho ultimamente ouvido até com certa simpatia Can´t Buy A Thrill e Pretzel Logic, mas durante os anos 70 e 80 a musica deles com excessos de filigranas, "moods", e uma certa ironia por demais auto-consciente exemplificava o tal do som "adulto contemporaneo"(pop-jazz?) no que tinha de mais chato. Apesar de serem musicos de tecnica sofisticada, ases do estudio e tudo mais, nada disto os livrou da imensa chatice que são Aja e Gaucho, onde utilizaram musicos expoentes do fusion(Wayne Shorter, Lee Ritenour), justamente a faceta do Jazz que a maioria execra.
ResponderExcluirPeço licença para meter minha colher nesse papo aí! Chicão, também sou fã do Steely, não conheço o Pretzel (vou correr atrás!) mas conheço outros tantos e devo dizer que os dois últimos, marcando a volta depois do exílio, são realmente muito bons...
ResponderExcluirMas meu ponto não é esse. Quero mesmo é fazer a defesa do fusion! Se vc estiver considerando Spyro Giro e Lee Ritenour como o supra sumo do fusion, existe uma injustiça sendo cometida. Bicho, não se pode falar em fusion sem começar mencionando o Bitches Brew, de Miles, o Headhunter, de Herbie Hancock, o Black Market e o Heavy Weather, do Weather Report (verdadeira obras primas!), só pra mencionar alguns dos originais... e ainda tem o Return to Forever, Jaco Pastorius, Pat Metheny, Scofield e outros tantos (muito diferentes entre si, mas todos normalmente posicionados nessa seção). Acho que como em quase todo estilo musical, no fusion existem coisas muito boas e outras péssimas... Por algum motivo no caso específico do fusion o lado brega do estilo (talvez por ter vendido mais ou por ter servido com trilha de muito programa de TV) acabou ganhando mais notoriedade frente ao grande público... mas garanto que existem pérolas a serem admiradas por aí.
Grande abraço
pedrão
mauriciopedrao@yahoo.com.br
valeu a galera q tá comparecendo e comentando, Never Been, Barry (sempre presente), Osvaldo (q é de casa) e Maurício Pedrão, que jé me disse q é leitor assíduo, mas só agora se manifestou. Maurício (e todos os fãs de fusion), eu até acredito que deve ter coisa boa para se ouvir em fusion (como em qualquer outro estilo), mas até hj, o que eu ouvi, realmente, não me convenceu. Agora, Bramz, o Aja eu nunca ouvi não, mas o Gaucho eu tenho e curto bastante o lado A. o lado B realmente é muito fraco. e o Steely Dan sempre se utilizou dos melhores músicos de jazz desde o primeiro disco. naõ acho q a razão dos dois discos citados por vc sejam a presença desses músicos. Becker & Fagen é que tavam em entressafra criativa, mesmo.
ResponderExcluirMaurício, quialquer hora dessas eu pego o Bitches Brew emprestado de Vandinho pra conferir.
ResponderExcluirChicão, se quiser, tá na mão, assim como todos os outros títulos citados...
ResponderExcluirOs caras do Steely sempre chamaram as cobras do jazz pra gravar e nos últimos discos não tem sido diferente, inclusive tem um saxofonista extraordinário chamado Chris Potter.
abraços