Tomada: banda paulista, com várias relações baianas, faz um dos melhores CDs do ano

Quem acompanha esta coluna sabe que se trata de um e
spaço dedicado ao rock autoral e independente baiano. Só de vez em quando enfocamos bandas de outros estados. Hoje é uma dessas ocasiões. E é com muito prazer que apresentamos aqui a banda paulistana Tomada.
Por que? Duas boas razões: o disco deles, O Inevitável (Pisces Records), lançado em julho, é apenas excelente, uma das melhores coisas que o colunista ouviu este ano, e muitas léguas distante do tédio geral instalado na sonolenta cena sambinha folk indie pós-Los Hermanos.
E a segunda razão é que tem três baianos de nobre estirpe envolvidos aqui: Fábio Cascadura, amigo dos caras e parceiro em duas composições do CD, o produtor andré t., responsável pela mixagem e masterização e Martin Mendonça (guitarrista de Pitty), o “guru” do grupo.
Catarina, faixa de O Inevitável, com letra de Fábio Cascadura
Inventário de subgêneros
A Tomada existe há pouco mais de dez anos, e O Inevitável é seu terceiro disco. “Lançamos o primeiro em 2003, e o segundo, Volts, em 2005. Já tocamos muito no Sul e Sudeste e agora estamos tentando chegar no Nordeste, aonde temos vários amigos”, conta Pepe Bueno, baixista, ao lado de Ricardo Alpendre (vocais), Alex Marciano (bateria), Lennon Fernandes e Marcião (guitarras e teclados).
Não foi só este colunista que curtiu O Inevitável e seu bem resolvido inventário de subgêneros do classic rock. “Tivemos matérias bem legais nas revistas Rolling Stone, Guitar Player e Dynamite”, enumera Pepe.
“Com certeza, é o nosso melhor disco. Tá vendendo bem e a aceitação de público e critica estão sendo bem legais”, diz.
A relação da Tomada com os baianos começou quando a banda Cascadura morou um período em São Paulo e Martin ainda era o guitarrista. “Em 2006, precisávamos de um produtor, e aí chamamos Martin.
Entramos no estúdio, ele manda essa: ‘a canção é prioridade, esqueçam solos de guitarra’”, lembra Pepe.
Martin não pôde continuar o trabalho, mas sua orientação norteou a banda – que, seguindo outra sugestão dele, mandou o disco pronto para andré t mixar. “andré mudou tudo, deu a cara definitiva do disco. Ele acabou meio que fazendo o papel de produtor na pós-produção”, conta o baixista.
“Ah! Nosso disco está a venda aí na loja Trenchtown. Em breve pintamos por aí”, despede-se.
Ouça: www.myspace.com/tomada
Sonoridade rock clássica
A banda Tomada é artigo cada vez mais raro no árido cenário do pop brasileiro atual: uma banda de rock sem vergonha de sê-lo, sem influências de samba, ritmos regionais ou medalhões da MPB. Uma banda de rock que recupera com certo brilhantismo as bases do gênero: o riff marcante, a levada pra cima, a interpretação emocionada. Sério mesmo: quanto tempo faz que não se ouve uma power ballad tão emocionante quanto Entro Em Órbita (quase uma versão do Pholhas para o século 21)? Ou um rock honesto e sem cinismo fake como Uma Música Forte? Cansado da sonolência proporcionada pelos novos gênios da MPB? A eletricidade da Tomada é o remédio, baby.
Tomada / O Inevitável / Pisces Records / R$ 15,90
Ela não tem medo from
Cris Lyra on
Vimeo.
Retrovisor: baixo, vibrafone e bateria em diversas levadas

Formação de banda de rock todo mundo sabe como é: baixo, guitarra e bateria. Formações pouco convencionais, que fogem disso aí, não são exatamente novidade, com bandas como Morphine (sax barítono no lugar da guitarra) e a local Vendo 147 (duas baterias) vindo imediatamente à memória.
A também local Retrovisor é mais uma a abrilhantar essa lista, com uma formação que agrega baixo (Ricardo Cadinho), vibrafone (Antenor Cardoso) e bateria (Angelo Medrado).
“(Formar essa banda) É uma ideia antiga de Antenor”, conta Cadinho. “Ele comprou esse vibrafone em 2008, e desde essa época que a gente tinha vontade de fazer esse som”, diz.
A proposta é fazer um som instrumental para “explorar outras sonoridades, conjugando cool jazz, música africana, latina, bossa, funk”, enumera o baixista.
Ele diz que o Retrovisor tenta evitar uma coisa que é muito comum em bandas instrumentais: a bolha individual dos músicos. “A gente se preocupa mesmo é com o groove. Não é essa coisa do instrumental, cada um na sua bolha, esperando a hora de fazer seu solo”, garante.
“É um show com dinâmica, um crescendo bem notório. Começa devagar, com uma ciranda, depois uma bossa, daqui a pouco cai no rock”, descreve.
Roubaram nossa identidade
Cadinho vê o Retrovisor não apenas como uma banda, mas também como uma afirmação de “real pluralidade baiana”.
“O fato é que houve uma apropriação da identidade do baiano. Nós não podemos ser apenas essa coisa engessada de abadá que pula atrás do trio. É muito pouco. Por isso é tão importante uma Orkestra Rumpilezz”, opina o baixista.
“Queremos nos juntar aos baianos que se destacam fazendo outras coisas, coisas que ferem essa noção ultrapassada. É isso que me deixa feliz, eu quero muito fazer parte dessa outra expressão”, desabafa.
Potencial para isto não falta ao trio. Antenor e Angelo são músicos de formação erudita, com passagens pela OSBA e Osufba, entre vários outros grupos de alto conceito.
Em 2012, eles pensam em entrar no estúdio e gravar um primeiro álbum. Enquanto isso não acontece, o leitor pode conferi-los dia 24, no lançamento da revista Bequadro.
Retrovisor no lançamento da Revista Bequadro / 24 de novembro, quinta-feira, 19 horas / Galeria do Livro do Espaço Unibanco (Pça Castro Alves)
NUE-EE-ETAS!
Gaita master do Rio
O gaitista carioca Jefferson Gonçalves, referência nacional da
harmônica, traz sua mistura de country e blues com ritmos nordestinos ao
Balthazar (Shop. Cidade). Sexta e sábado, 22 horas. Livre na varanda,
R$ 10 (salão) R$ 15 (mezanino).
Seletiva Fun Music
As bandas Sertanília, Neologia, Babi Jaques & Os Sicilianos, Os
Informais, Gambiarra Cybernética e a dupla Geslaney Brito & Iara
Assessú se apresentam na classificatória do concurso de bandas Festival
Universitário de Música – Fun Music – nesta sexta-feira. No Zen Dining
& Music (Rio Vermelho), 22 horas.
Rosi Marback sábado
A cantora de blues faz show no Boteco Ali do Lado, com abertura de Carol Rodrigues e Banda Blue Note. 21 horas, R$ 10.