Ed Motta traz hoje e amanhã ao Café-Teatro Rubi seu show solo, no qual toca guitarra e teclados. No repertório, sucessos e releituras
Artista hoje em dia mais apreciado fora do que dentro do Brasil, Ed Motta traz a Salvador, pela primeira vez, seu show solo. As apresentações são hoje e amanhã, no Café-Teatro Rubi do Sheraton da Bahia Hotel.
Apresentação solo significa dizer que o cantor se apresentará sozinho no palco, sem banda – ora tocando guitarra, ora tocando piano.
No repertório, um apanhado da carreira e dos gostos pessoais do artista: Colombina, Fora da Lei, Daqui pro Méier, Tem Espaço na Van e até clássicos dos flashbacks, como Ebony Eyes (1983, de Rick James e Smokey Robinson).
“Essa coisa do show solo eu comecei faz uns dez anos”, conta Ed por telefone do Rio de Janeiro.
“Fiz muito em pequenos bares, eventos de empresas. Canto músicas de artistas que eu gosto e coisas minhas. Em Salvador mesmo eu nunca tinha feito. Até já fiz em Ilhéus e Feira de Santana, em shows corporativos”, acrescenta.
De caráter intimista, o show solo é meio como passar uma noite na sala de estar do artista, uma forma de testemunhar até mesmo seu método de composição.
“Eu diria que é uma forma de mostrar como eu faço as músicas, que é sempre ao piano ou violão”, diz.
“(Para o show solo) Eu tenho um mapa de músicas, tem tipo umas trinta, que eu vou sentindo o clima pra montar o repertório. Aí dentro disso eu vou mexendo, às vezes rola um Burt Bacharach, uma Rita Lee, um Tom Jobim, a famosa Ebony Eyes, Ainda Lembro (dueto com Marisa Monte, de 1991), esse tipo de coisa”, detalha o músico.
Possível DVD em Frankfurt
Indo e voltando do exterior direto para shows no próspero circuito jazzístico internacional (europeu, principalmente) Ed lamenta não estar conseguindo circular pelo país com sua banda para fazer shows. Seus últimos dois álbuns, AOR (2013) e Perpetual Gateways (2016) quase não tiveram shows no país.
Em ambos, Ed perseguiu a estética de gravação denominada AOR, muito utilizada entre os anos 1970 e 80, com uma diferença: o álbum AOR foi gravado no Brasil, enquanto o Perpetual foi gravado em Los Angeles, com muitos dos músicos originais do estilo.
"Mas olha, se der bobeira, eu até gosto mai do AOR. Foi um disco gravado no Brasil com músicos brasileiros. Tem um cuidado ali que é fora do normal. E eu adoro o disco novo, claro. Mas o outro tem algo... acho que é meu melhor disco até hoje", afirma.
“O Perpetual só teve um show de lançamento no Brasil, em São Paulo. Semana que vem vou fazer a oitava tour desse disco na Europa, com quase vinte dias. Ele já foi apresentado em milhares de cidades. Semana que vem faço Alemanha, Itália, Suíça, Dinamarca e Suécia”, enumera.
“O Brasil é um mercado que mudou muito, e não só pra mim. Outro dia eu estava em São Paulo para um show solo e tinha um outro colega, surgido na mesma época que eu, fazendo o mesmo formato de show solo. É que os custos estão mais altos mesmo”, vê.
"Mas também tem uma coisa natural do tempo. Vou fazer 30 anos de carreira, então é meio natural também. Mas que bom que eu consegui abrir um espaço. Na Europa é como se eu fosse artista novo, no segundo disco. Para parte do público alemão é isso, a divulgação da gravadora foi forte nesses últimos dois discos. Antes até tinha meus discos lançados no Japão, Europa. Quando o cara (a gravadora) paga o disco, tem que ter algum retorno. Como os alemães pagaram, isso muda tudo. Mas aqui (no Brasil), o Perpetual foi bem também, a imprensa foi muito generosa, está em algumas listas de melhores do ano. Então fiquei bem surpreso, contente e agradecido", afirma.
Contratado por um selo alemão, o Must Have Jazz (o mesmo de nomes como Tangerine Dream e do pianista revelação Jacob Collier), Ed se faz acompanhar na Europa por uma banda local.
“Qui no Brasil minha banda é pequena. Outro dia até fiz um show em Porto Alegre, no Pepsi on Stage com minha banda e tudo. Fazia tempo que eu não tocava com a banda - em qualquer lugar do Brasil. Infelizmente (essas ocasiões) tem sido raras pra mim. Já lá na Europa, minha banda tem um alemão, um francês, um finlandês e um holandês. A gente se encontra uns dias antes, ensaia e pega a estrada. Tem uns cinco anos que trabalho assim”, diz.
Nome de peso (sem trocadilho) no selo, Ed tem sua imagem ornamentando a foto de capa do Facebook do Must Have Jazz. Não a toa, o show da turnê em Frankfurt será gravado e talvez saia em DVD.
“Mas nada certo ainda. Tem que esperar pra ver como vai ficar. É uma apresentação ao vivo que não posso repetir, então talvez vire um disco ao vivo e DVD. Vou ser acompanhado pela minha banda de lá e uma big band de Frankfurt, a HR Big Band”, conta Ed.
Ed é fã do Beto
Gourmet e enólogo, Ed frequenta o restaurante Paraíso Tropical (do chef Beto Pimentel) todas as vezes que vem a Salvador, chegando a se referir a ele como o melhor restaurante do Brasil.
“Gosto demais de ir no Beto, sou fã dele. Acho que a comida dele influenciou um monte de gente no Brasil que hoje faz uma coisa parecida, que é a comida moderna brasileira, algo que ele é pioneiro, já faz desde os anos 1990”, diz.
“Mas também gostaria de prestigiar alguma coisa que ainda não conheço. Queria conhecer alguma coisa na onda do Beto, da comida afrobrasileira”. Fica a dica aos chefs.
Ed Motta Solo / Hoje e amanhã, 20h30 / Café-Teatro Rubi – Sheraton da Bahia Hotel / R$ 120 / Vendas: Bilheteria Café Teatro Rubi (3013- 1011) ou no site www.compreingressos.com
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
5 comentários:
Essa é a nossa classe médica.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/02/medicos-acesso-diagnostico-de-marisa-leticia.html
Diz muito sobre a qualidade de nossas classes-média-alta. Muito mesmo.
Brasil, um país de trogloditas canalhas.
"Yea nigger / fuck down trump".
http://uolmusica.blogosfera.uol.com.br/2017/02/03/radios-norte-americanas-sao-hackeadas-e-tocam-musica-de-odio-a-donald-trump/
A lenda Bill Sienkiewicz vai dar uma passadinha no Recife em abril...
https://omelete.uol.com.br/quadrinhos/noticia/ccxp-tour-nordeste-tera-o-quadrinista-bill-sienkiewicz/
Quem sabe ele até não assiste o APR?
E o The Who...
https://omelete.uol.com.br/musica/noticia/the-who-deve-vir-ao-brasil-em-setembro-afirma-jornal/
Lá no Brasil, claro.
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/politica/nacional/noticia/2017/02/05/atriz-luana-piovani-afirma-que-lula-fez-draminha-durante-velorio-de-marisa-leticia-269512.php
rapaz, nem sabia que a Marisa tinha morrido...achei que tivesse viva ainda...
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