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sexta-feira, setembro 30, 2016

O LAR DAS IDEIAS RECICLADAS

Em O Lar das Crianças Peculiares, Tim Burton recicla X-Men na estética gótica fofa que fez sua fama

Os Fabulosos X-Men. Ops, não, espera! São as... crianças peculiares!
Baseado em uma série de livros de sucesso, o novo filme do Tim Burton não deve decepcionar os fãs mais fervorosos do seu estilo mezzo sombrio, mezzo fofo.

Ainda assim, ao fim da sessão de O Lar das Crianças Peculiares, espectadores mais exigentes certamente terão dificuldade em evitar uma certa sensação de mais do mesmo, de que ficou faltando algo, um esforço a mais do diretor para diferir a adaptação dos seus filmes em geral.

Apesar de cumprir sua proposta de entreter o espectador por duas horas, a impressão é que Tim Burton viu no livro O lar da Srta. Peregrine para crianças peculiares (Intrínseca), de Ransom Riggs, uma oportunidade para dirigir no piloto automático, sem sair de sua zona de conforto povoada por crianças esquisitas em roupas de época e bichos-papões em cenários oníricos.

Oi! Como está a temperatura aí em cima?
A trama gira em torno de Jake (Asa Butterfield), um rapaz de 16 anos da Flórida, que perde o avô, Abe, (Terence Stamp) em circunstâncias estranhas.

Jake então resolve viajar com seu pai (Chris O'Dowd) até o orfanato em que Abe foi criado, em uma isolada ilha no País de Gales, para descobrir mais sobre seu passado – e também se as histórias que seu avô contava, sobre as crianças “especiais” que lá viviam, eram reais.

Na ilha, Jake e o pai se deparam apenas com as ruínas do que restou do orfanato após um bombardeio nazista, em 1943. Que puxa... Mas espere! Tem coisa aí!

Após algum truque de roteiro, Jake consegue voltar no tempo e “acessar” o orfanato.

Lá estão a diretora do lugar, a Senhorita Peregrine (Eva Green, magnética como sempre) e as tais crianças peculiares.

Jake, você que chegou por último vai buscar a pipoca.
Há a lourinha Emma, que usa calçados de chumbo para não sair flutuando por aí. Enoch, que é capaz de dar vida a bonecos sinistros. Fiona, a garotinha meiga com domínio sobre o reino vegetal. Millard, o garoto invisível. Olive, que está sempre de longas luvas negras. Sem elas, incendeia tudo o que toca. Bronwyn, uma menininha fofa e superforte. Hugh, a colmeia humana, sempre coberto de abelhas que vivem em seu corpo. Horace, o projetor de cinema humano, sempre vestido como um janotinha inglês, projeta seus sonhos e é o cinema privado do orfanato. Os Gêmeos são dois meninos mascarados, cobertos dos pés à cabeça. O que fazem? Deixa quieto.

Juntos, eles funcionam como uma versão timburtoniana para os X-Men: jovens outsiders, cada um com um superpoder próprio e inexplicado.

Agora só falta um  super-vilão, que afinal, é o que dá sentido à uma super-equipe.

Salta um Samuel L. Jackson no capricho, como Barron, líder de uma raça de monstrengos conhecidos como Etéreos, os quais se alimentam dos globos oculares de “peculiares”.

Jake, claro, se junta à Senhorita Peregrine e às crianças para combater Barron e seus Etéreos em meio à cenas visualmente espetaculares, nas quais Tim Burton se entrega com paixão à sua habitual orgia de computação gráfica.

Se esse resumo deu uma sensação de déjà-vu no leitor, é por que se trata disso mesmo.

Já vimos (ou lemos) esse tipo de história um zilhão de vezes. Isso faz de  O Lar das Crianças Peculiares um filme ruim? Não necessariamente.

Miss Peregrine, na pele da gloriosa Eva Green: ela sempre acerta no alvo
A produção é caprichada, os atores são ótimos e o filme entretém. Mas não passa disso.

Tim Burton dirige sem inspiração, não há grandes surpresas no filme – nem no nível do roteiro, nem no da linguagem cinematográfica.

O Lar das Crianças Peculiares (Miss Peregrines Home For Peculiar Children) / Dir.: Tim Burton / Com Eva Green, Asa Butterfield, Samuel L. Jackson,  Allison Janney, Ella Purnell, Judi Dench, Terence Stamp / UCI ORIENT Shopping Barra, UCI ORIENT Shopping da Bahia, UCI ORIENT Shopping Paralela, Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinesercla Cajazeiras, Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa / 12 anos

quarta-feira, setembro 28, 2016

PODCAST ROCKS OFF FALA DE MUTANTES! E MIGUEL CORDEIRO IS BACK, BITCH!

Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira Jr. dão as boas-vindas ao inoxidável Miguel Cordeiro neste episódio dedicado aos inesquecíveis e necessários Mutantes.

Dizer mais o que?

Enjoy, babe!

ELECTROMOD: MUDANÇA PARA PERMANECER O MESMO

Em novo CD, Cachorro Grande busca se reinventar via timbres eletrônicos. Mas essência rock permanece


Cachorros em P&B. Crédito: Muto / Divulgação
Depois de anos  de estrada, é natural que bandas / artistas busquem se reinventar.

Não é todo mundo que tem a manha dos Ramones ou Motörhead, que construíram suas carreiras gravando o mesmo disco décadas a fio.

Em Electromod, os gaúchos do Cachorro Grande investem na eletrônica em busca de renovação.

Produzido pelo conterrâneo Edu K (De Falla), um especialista tanto em eletrônica, quanto em reinvenção, o novo álbum do quinteto foi buscar inspiração no indie rock inglês dos anos 1980 / 90, com sua mistura de música eletrônica e rock psicodélico, que fez a fama de bandas como Stone Roses, Primal Scream e Charlatans.

“Se reinventar ou permanecer o mesmo? Os dois são difíceis. Mas se reinventar é o difícil prazeroso, um desafio”, afirma o cantor Beto Bruno.

 “A verdade é que eu não ia me sentir bem fazendo o mesmo feijão com arroz,  mais um disco igual. A banda gosta de fazer coisas novas. E a gente admira bandas que fazem discos diferentes, até para que, na turnê, a gente não chegue com o mesmo show”, acrescenta.

Electromod é ainda a segunda parte de uma certa “trilogia electropsicodélica”, iniciada com o álbum anterior, Costa do Marfim (2014). Mas, se neste último, as faixas eram longas digressões viajantes com faixas de até onze minutos, Electromod é mais pop, com faixas mais curtas e diretas.

"Na verdade, a gente não queria se prender a um conceito de trilogia, até por que não sabemos como vai ser o próximo. E o Costa não tem nada a ver com o Electromod. Então, é uma trilogia com o Edu K, por que vamos fazer um terceiro álbum com ele, que é importantíssimo para o Cachorro nessa nova fase. Te-lo no estúdio é como ter mais alguém da banda, não é só um produtor", afirma.

Aliás, quem ouviu o álbum de retorno do De Falla, Monstro, deve lembrar que ali já tinha uma faixa com a participação de Beto Bruno nos vocais, intitulada Timothy Leary, que bem pode ser considerada um laboratório para Electromod, com seus loops eletrônicos à Madchester.

"Tem a ver sim, muito bem observado. É o que eu e Edu temos ouvido ultimamente. E sempre fui fã do De Falla. O Edu já tava na estrada uns 15 anos antes da gente. Eu comprava todos os discos deles e nunca imaginei que futuramente ele ia trabalhar conosco. Então ele produzindo nossos discos tem sido uma fase muito criativa pra nós e para ele também. Essa música do De Falla que você lembrou  foi uma espécie de transição entre o Costa e o Electromod", relata.

“Esses dois últimos discos nos surpreenderam de forma positiva por que não chegamos nas gravações com arranjos prontos, fizemos no estúdio com as músicas mais ou menos na cabeça, só os acordes. Muitas letras foram concluídas na gravação mesmo”, diz Beto.

“É que nos (discos) anteriores, chegávamos (no estúdio) com os arranjos prontos. Aí só executávamos, sem surpresas. Quando arranjamos juntos, o som fica mais diferente do aquilo que tu tinha na cabeça, entende?”, acrescenta.

Um outro dado interessante é que, em Electromod, Beto, um vocalista conhecido por gostar de gritar, teve que se conter um pouco, para se encaixar no estilo indie de cantar, sempre mais suave - quando não sussurrado.

Cachorros em cores. Crédito: Muto / Divulgação
"(Como vocalista) Foi completamente diferente pra mim (gravar esse disco). Eu acho que cada música pede um tipo de vocal, e nesse disco tem uma lá, acho que a oitava faixa (Eu Sei Que Vai Feder), que acho que nunca gritei tanto. Eu não conseguia gravar mais nada depois dela, fiquei até com medo de leva-la pro palco. Já outras são mais contidas, mesmo. Mas tem música com vocal do Pedro (Pelotas, tecladista), do Rodolfo (Krieger, baixista) que eu adoro ouvir cantando e o (Marcelo) Gross (guitarrista) canta também, então não tem mais aquela coisa que Beto Bruno é o vocalista e a gente precisa ouvir o vocal gritado dele, por que é marca registrada da banda. Não tem esse tipo de preocupação. Na hora de criar as musicas, no show, a gente faz tudo junto.Mas no próximo disco volto com musicas mais gritadas", ri Beto.

Alvo fácil

Apesar de todo o discurso de mudança e dos timbres eletrônicos emprestados dos Chemical Brothers e Prodigy por Edu K, os gaúchos mods mantiveram a essência da banda.

Canções como Tarântula, Limpol no Astral e Eu Sei Que Vai Feder  poderiam muito bem figurar em qualquer outro disco da banda – e a propósito, isto é um elogio.

A grande derrapada de Electromod não é estética. É, bem adequadamente a estes dias tão confusos, ideológica.

A letra da faixa título é, tranquilamente, a pior apresentada pela banda desde o início de sua carreira. Ansiosos para se identificar de alguma forma com o zeitgeist, optaram pela saída mais fácil e se prestaram a um papel de gosto duvidoso: chutar cachorro morto (ops), atirar em alvos facinhos.

“Não sabe beber / Depois vem dizer que eu não tô legal / Vota no PT / Depois vem pagar de intelectual / Fora do DCE / Não sabe como é, a vida real”, vocifera Beto Bruno em Electromod. Sinceramente, Lobão não faria melhor – e não, isto não é um elogio.

“É uma crítica generalizada. A gente cita o PT na letra, mas poderia ter citado qualquer outro partido. Essa música foi mal interpretada”, defende Beto.


“Como todo mundo, a gente está insatisfeito com tudo o que acontece. Mas não pendemos nem para a esquerda, nem para a direita. Sabemos que tem gente boa e ruim nos dois lados”, acrescenta.

Voltando a falar do que realmente importa, Beto não esconde que está ansioso para voltar à Bahia para fazer show. “Todas as vezes que tocamos ai adoramos, dá  tristeza quando vamos embora”, afirma.

“Somos apaixonados pela Bahia, terra de muitos amigos, como (o cineasta) Ricardo Spencer e meu mestre Fábio Cascadura, um cara que me ensinou muito de som e da vida. Mas estamos em vias de fechar shows em Fortaleza e Salvador no mesmo fim de semana. Aguardem”, conclui.

Electromod / Cachorro Grande / Produzido por  Edu K / Coqueiro Verde / R$ 19,90

terça-feira, setembro 27, 2016

LAIA GAIATTA FAZ TEMPORADA TODAS AS SEXTAS DE OUTUBRO NO COATY, COM CONVIDADOS

Laia Gaiatta em campo, buscando ingredientes. Crédito não informado
Uma das formações em trio mais inusitadas da música baiana, a Laia Gaiatta volta à cena em temporada de shows que rolarão todas as sextas-feiras de outubro, no Coaty.

Intitulada O Tal do Autoral Vol. 1, a temporada é um esquente para Heitor Dantas (guitarra, vocais), Antenor Cardoso (percussão e synth) e Uru Pereira (fagote) prepararem o lançamento do seu novo trabalho, o EP Vaia.

“O show que apresentaremos é do Vaia, que será lançado dia 12 de novembro na Tropos. Estaremos lançando virtualmente um single  7 de outubro, dia da estreia da temporada”, conta Heitor.

"Não é um show temático. É o resultado de quase 3 anos tocando juntos e isso ajuda na concepção, na execução e na escuta do trabalho. Esse tempo foi importante também pra que os arranjos se estruturassem. Gradualmente fomos mudando e eles foram se tornando cada vez mais parte da música", acrescenta.

Vanguardista, a Laia parte do formato canção para criar música... estranha.

"Todas as músicas da Laia partem da canção. Só que, ao nascer, essa canção já traz um DNA meio estranho. Então, quando começamos a tocar, essa estranheza nos permite toda liberdade pra transformar esse esqueleto que é a canção no que a gente quiser", observa.

Um dado curioso da banda é sua própria formação, com guitarra, bateria e fagote. Mas por que fagote?

"Eu acho que no nosso caso a questão não é o fagote mas quem está tocando o fagote! E ter um músico como Uru tocando com a gente é realmente maravilhoso", afirma.

Livia Nery faz show na estreia da temporada, dia 7. Crédito não informado
Cada show terá a participação de uma banda / artista autoral da cena independente de vanguarda, como Lívia Nery (dia 7), Tropical Selvagem (14), Dimazz (21) e Toco y Me Voy (28).

“Escolhemos artistas que, assim como nós, apresentam show baseado em músicas próprias. A ideia é ser uma antena para o público interessado em conhecer os compositores de agora na Bahia”, afirma Heitor.

Tradição em vanguarda

Em novembro, a Laia ainda participa do Festival Lado BA (que já anunciou a cantora paulista Iara Rennó), antes de decolar para shows no Rio de Janeiro e em São Paulo.

“No Rio faremos um show na Audio Rebel com a participação de um artista local ainda não definido”, conta o músico.

“A Audio Rebel é uma casa de shows e também um estúdio de gravação. Então, a ideia é gravar uma música lá. Em São Paulo ainda não temos nada definido, mas provavelmente serão dois ou três shows em casas e com artistas locais diferentes”, acrescenta.

Francamente de vanguarda, a Laia tem seus membros oriundos da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, celeiro de alguns maiores nomes da música experimental brasileira.

Laia Gaiatta, durante piquenique em Saturno. Foto Daniel Guerra
“Sim, temos tradição nessa praia: a Ufba continua sendo referência de música de vanguarda no país. (De lá saíram) Smetak, Widmer, Koellreutter, Agnaldo Ribeiro, Jamary Oliveira, Paulo Costa Lima, Tuzé de Abreu e bandas como Crac!, Zambotronic e  Dever de Classe”, enumera.

“(Mas) O número de pessoas que fazem esse tipo de música aqui (acho que em qualquer cidade) é bem limitado. Porém, esse ano tem sido curioso, com eventos como Largo, Nunada, Dominicaos e Novas Escutas acontecendo regularmente e o Low Fi trazendo Maurício Takara, Peter Brötzmann, Lee Ranaldo e Peter Jacquemyn”, conclui.

Laia Gaiatta / Sextas-feiras de outubro, 17 horas, R$ 15 (Sorteio de livros e CDs) / Convidados: Dia 07: Lívia Nery, Dia 14: Tropical Selvagem, Dia 21: Dimazz, Dia 28: Toco y Me Voy / Coaty (Ladeira da Misericórdia)



NUETAS

Benete e Barulho

O cantor Benete Silva e a banda  Barulho S/A  são as atrações do Quanto Vale o Show? hoje. Dubliner’s, 19 horas, pague o quanto quiser

Trad duo de graça

Os irmão Tati e Thiago Trad mais convidados apresentam seu trabalho em duo quinta-feira no Coaty. 17 horas, gratuito.

Soterorock sexta

As bandas Dr. Hanibal, Not Names, Arcantis e Jack Doido se apresentam no Festival Soterorock sexta-feira. The Other Place, 20 horas, R$ 10.

Lo Han, Duda S. e Queen Cover

No sábado tem Lo Han (D-D-Dance with the devil!!! Ops foi mal, me empolguei), Queen Cover e Duda Spinola no Dubliner’s. 22 horas, R$ 20.

sábado, setembro 24, 2016

A MÁGICA DO REALISMO MÁGICO DE PALOMAR

HQ: Monumento dos quadrinhos, Love & Rockets tem nova chance no Brasil com Sopa de Lágrimas, clássico de Gilbert Hernandez

Se o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Márquez fosse quadrinista, Sopa de Lágrimas certamente seria sua obra mais conhecida.

Anteriormente publicada de forma irregular no Brasil, este monumento das HQs adultas volta às livrarias em seu primeiro volume completo pela Veneta.

Obra máxima do californiano Gilbert Hernandez, Sopa de Lágrimas é o primeiro volume de um conjunto ficcional conhecido como Crônicas de Palomar, e que conta com cinco volumes (segundo o site da editora Fantagraphics).

Ambientada em Palomar, uma vilazinha rural em algum ponto esquecido do México profundo, Sopa de Lágrimas é um romance-painel social de personagens fascinantes imersos em realismo mágico, à moda Cem Anos de Solidão (de Márquez) ou mesmo Saramandaia, a clássica novela do baiano Dias Gomes.

A melhor definição de Palomar sai da boca de uma de suas habitantes mais ilustres, Carmen, ainda menina: “Meus amigos, bem-vindos a Palomar. Onde os homens são homens e as mulheres precisam ter senso de humor”.

E são as mulheres as personagens de maior destaque na HQ – ainda que Hernandez demonstre um carinho impossível de esconder por que quase todos os habitantes locais.

As duas primeiras HQs do volume, O fardo de Chelo e Sopa de Grán Peña, introduzem os personagens principais de Palomar e estabelecem o tom novelesco, com vários personagens se cruzando, se conhecendo, amando, odiando –  como na vida.

Personagens consistentes

Quando chegamos a Palomar, há dois novos habitantes na cidade. Luba, uma espécie de Sofia Loren chicana, é a nova bañadora local.

Ela chegou para concorrer com Chelo, que além de também ter uma casa de banhos, é parteira.

Voluptuosa, mãe de três, Luba vira a cabeça de muitos homens, sem se apegar a nenhum.

Já Heráclio é um garoto recém-chegado à cidade com seus pais. Logo se enturma com os moleques locais Vicente, Jesus, Sakahaftewa (Satch para os amigos) e Israel.

Toco, o bizarro irmão menor de Jesus – e óbvia referência visual ao Yellow Kid de ‎Richard F. Outcault, pioneiro dos quadrinhos – não pode cair na risada com os outros pivetes, senão tem crises de tosse e pode morrer.

Há ainda os amigos de infância Manuel (o galã local) e Soledad (o intelectual da vila), cuja amizade sofrerá um forte abalo por causa de Pipo, uma das beldades de Palomar.

Gato é um cara rabugento, que só anda de shorts e também tem uma queda por Pipo.

A já citada Carmen, espécie de anjo da guarda local, tenta ajudar o gordinho Tipín Tipín a esquecer Zomba, outra mulher forte da cidade.

Chelo tem um caso com o xerife local, um brutamontes burro como uma porta, e o manipula para prejudicar Luba e tira-la do negócio.

No fim da tarde, os meninos dão tchauzinho para Pintor, um rapaz que surge todos os dias sentado em um banco sob uma árvore – e depois some. Heráclio quase enlouquece quando descobre quem é Pintor.

Todas essas pequenas tramas – e outras, que constituem  o primeiro capítulo da HQ – vão acontecendo simultaneamente, com agilidade e notável fluência narrativa, envolvendo o leitor ao ponto deste começar a achar que, se sair porta afora, vai encontra-los na rua, tamanha a vivacidade da narrativa e dos personagens.

Nos episódios (e volumes) seguintes, o leitor acompanha os personagens crescendo, envelhecendo, casando, tendo filhos, trabalhando, viajando, enlouquecendo, rememorando o passado, morrendo, matando, conhecendo outros personagens tão interessantes quanto eles.

Uma verdadeira proeza literária – só que em HQ.

Amor & Foguetes

Como se não bastasse, a arte de Gilbert Hernandez é de encher os olhos, com seu traço limpo, de estilo clássico, fortemente influenciado pelas HQs românticas que a Marvel publicava nos anos 1950, com total domínio de expressões físicas e faciais.

E pensar que Palomar e seus habitantes são apenas um dos lados de algo ainda maior, que é a HQ Love & Rockets, lançada em 1982 como um fanzine independente por Gilbert e seus irmãos Jaime e Mario Hernandez.

Este último logo deixou a HQ, enquanto Beto (como assina às vezes) e Jaime continuaram e se tornaram gigantes dos quadrinhos.

Cada irmão tem o seu próprio universo narrativo. Se o de Beto era Palomar e seus habitantes, o de Jaime gira em torno de Hopey (ou Esperanza) e Maggie (Margarita), duas garotas punks chicanas como as que eles conheceram em sua cidade natal, Oxnard, no sul da Califórnia.

Love & Rockets (Palomar e Hopey & Maggie) constitui uma das obras mais influentes e premiadas das HQs, frequentemente apontada como uma das razões para o estouro dos quadrinhos adultos nos anos 1980 – e com toda razão.

Sopa de Lágrimas / Gilbert Hernandez / Tradução: Marina Della Valle / Veneta / 288 p./ R$ 79,90

OLÊ MICRO-RESENHA! OLÊ MICRO-RESENHÁ! TU ME ENSINA A PENSAR MICRO, QUE EU TE ENSINO A RESENHÁ!

Afrobeat sem bitolação


Liderado pelo saxofonista Anderson Quevedo, o septeto instrumental paulista Vruumm agrada bastante neste álbum de estreia. O som é jazz funk afrobeat sem muita bitolação com rótulos. Vruumm / Vruumm / Mono.Tune Records / Baixe: www.monotunerecords.wordpress.com







Crime no solstício de verão

Ídolo da badalada literatura policial escandinava, Henning Mankell (1948-2015) é o criador do adorado inspetor Kurt Wallander. Aqui, ele investiga um triplo assassinato ocorrido em um bosque, no solstício de verão. Para piorar, um colega também é morto. Ruim de largar antes do fim. Um passo atrás / Henning Mankell / Companhia das Letras/ 512 p./ R$ 54,90/ E-Book: R$ 37,90







A namorada tem namorada

Neil Gaiman (Sandman) pode ser um fabulista convicto, mas isso não faz dele um conservador. Neste remake d’A Bela Adormecida, quem acorda a princesa com um beijo é a Branca de Neve. Príncipe encantado já era. Lindamente ilustrado. A Bela e a Adormecida / Neil Gaiman e  Chris Riddell / Rocco Jovens Leitores/ 70 p./ R$ 49,50/ E-book: R$ 29,50







Dinamarqueses solidários

Subintitulado Como os judeus da Dinamarca fugiram dos nazistas e o surpreendente papel da SS, este livro recupera a pouco contada história do proteção do povo dinamarquês aos seus compatriotas de origem israelita na II Guerra. Compatriotas / Bo Lidegaard / Companhia das Letras / 448 p. / R$ 59,90 / E-Book: R$ 39,90







A saga da grande ilha do norte

Filósofo iluminista britânico, David Hume (1711-1776) também foi o primeiro grande historiador do seu país, com esta obra monumental em seis volumes, cujo primeiro acaba de chegar às livrarias. História com viés filosófico e social. História da Inglaterra: Da invasão de Júlio César à Revolução de 1688 / David Hume / Editora Unesp/ 472 p./ R$ 78







Instrumental brasuca

Liderado pelo violonista Bruno Elisabetsky, o Quarteto Quadrantes mostra onze faixas autorais de música instrumental bem brasileira. Participações da cantora Joyce Moreno, Nailor Azvedo (clarinete) e do produtor Swami Jr. Quarteto Quadrantes / Sinuosa /  Independente - Tratore / R$ 29,90







Missão: superar clichês

De mau humor, alguém poderia dizer que a Scalene é só um amontoado de clichês do rock alternativo. Mas o que separa a Scalene de um amontoado de clichês do rock alternativo? Por enquanto, nada. Está tudo aqui: introdução pesada  seguida de queda no andamento, vocais ora ferozes, ora sussurrados, etc. O que salva é que eles tocam bem. Muito bem produzido e executado, Éter mostra uma banda que ainda tateia em busca de uma identidade própria. Se conseguirem, serão grandes. Scalene / Éter / Som Livre / R$ 29,90



Bons e velhos tempos

Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante, o hip hop norte-americano era um gênero musical relevante, que fazia a crônica da América negra e oprimida. Na trilha sonora deste filme, a verdade nua e crua. Vários artistas / Straight Outta Compton / Universal Music / R$ 27,90







Death from above

Subintitulado Como os drones revolucionaram a guerra contra o terror, este livro oferece uma visão de dentro do mundo dos caças pilotados à distância. Escrito pelo Tenente-Coronel McCurley, autor do manual de uso do drone Predator. Hunter Killer / Kevin Maurer e T. Mark McCurley / Paralela / 328 p. / R$ 39,90 / E-Book: R$ 27,90







Mulher, mulher...

Com passagens por várias revistas de renome, o jornalista Alexandre Petillo arrisca esta série de contos / devaneios sobre as  mulheres que habitam seus sonhos. Ora bobinhos, ora sensíveis, são textos curtos para ler de uma sentada. Curta também é sua permanência na memória do leitor. A Mulher Incrível / Alexandre Petillo / Belas-Letras/ 128 p./ R$ 29,90







Violonista bem-relacionado

Produzido por Swami Jr., o bandolinista e cantor Joel Timoner mostra sua boa procedência pelos amigos que a ele se juntam: Mario Manga, Skowa, Eugénia Melo e Castro, Chico Pinheiro e outros. Valsas, choros, bossas. Joel Timoner / Canções / Independente - Tratore / R$ 24,90







Conexão SSa-Londres

O ex-Starla Ted Simões faz sua profissão de fé como beatlemaníaco e indie rocker de boa estirpe em dez faixas boas para esquecer o inferno tropical. Lá fora tá o maior calor, mas neva no meu coração. Ted Simões / Old Memories, Recent Damages, Future Nightmares /  Baixe: www.soundcloud.com/tedsimoes







Ópera-pop homoafetiva

Espécie de “ópera pop” autobiográfica, este álbum do carioca Paulo Ho conjuga delicadeza e fúria em dez faixas sem obviedades, alcançando resultados interessantes. Ouça Paraíso Ocasional e a faixa-título. Paulo Ho / Ex-Companheiro / Ponte / Baixe: www.soundcloud.com/paulo-ho







Nos sapatos alheios

Um dos mais prestigiados autores alemães atuais, Genazino finalmente é publicado no Brasil com este singelo romance sobre um testador de sapatos de luxo em Frankfurt. Em suas andanças, ele percebe o que se passa ao seu redor em divertidas reflexões. Um Guarda-Chuva para o Dia de Hoje / Wilhelm Genazino / Apicuri/ 208 p./ R$ 39







Drummond e seu alter-ego

Lançado em 1970, esta reedição reúne crônicas publicadas entre os anos 1960 e 50. Em algumas, surge o alter ego do autor, João Brandão, as voltas com mudanças de costumes, a mesquinhez política, a brutalidade diária do Rio. Caminhos de João Brandão / Carlos Drummond de Andrade
/ Companhia das Letras/ 200 p./ R$ 49,90/ E-book: R$ 34,90







Agora falta uma versão brasileira

O romancista israelense Amós Oz arrisca uma ampla reflexão sobre o interminável conflito entre Israel e Palestina, abordando o fanatismo, Yasser Arafat  e os assentamentos na Faixa de Gaza. Conclusão: os dois lados estão certos. Esclarecedor. Como curar um fanático / Amós Oz / Companhia das Letras/ 104 p./ R$ 29,90 / E-book: R$ 20,90







Canções pelo entendimento

Idealizada por Dary Jr. (Dario Julio & Os Franciscanos), esta coletânea reúne artistas e canções contra o ódio e a intolerância tão banais em nosso cotidiano. O baiano André LR Mendes participa, com a faixa Tchau Jornal. Vários artistas / Temperança: Um manifesto contra o ódio / Independente / Baixe







Pioneira da bossa

Uma das primeiras cantoras da bossa nova, Alaíde Costa se junta ao pernambucano Gonzaga Leal em uma primorosa coleção de releituras de canções de Alceu Valença, Caetano, Zé Wisnik, Capiba, Moisés Santana e outros. Alaíde Costa e Gonzaga Leal / Porcelana / Leal Prods. Artísticas / R$ 30






Soft rock MPB

Bom cantor, bom guitarrista, o brasiliense Uirá França estreia solo com doze faixas autorais em que transita a meio caminho entre o soft rock e a MPB, linha Belchior. Ouça a faixa-título e Metade de um Caminho sem Fim. Uirá França / Xadrez / Independente / Preço não divulgado







Chamando o Papai Noel urgente!

O Natal passou faz tempo, mas sempre é hora para se divertir com uma boa HQ brasileira. Aqui, o Papai Noel assume ares de guerreiro nórdico ao combater uma invasão de zumbis e vampiros em pleno Natal. Muita ação e humor. Kris Klaus – Papai Noel Casca-Grossa / Maurício Muniz e Joel Lobo / Independente/ 56 p. / R$ 25 / Compre: www.krisklaus.com







Roubar dos ricos sempre é mais gostoso

Edição pocket de luxo (capa dura), que reúne os dois volumes com as aventuras do arqueiro Robin Hood e seu bando, escritos por Alexandre Dumas  (1802-1870): O príncipe dos ladrões e O proscrito. O primeiro vai do seu nascimento à fama como ladrão. Já o segundo o segue até sua velhice e morte. As aventuras de Robin Hood / Alexandre Dumas / Zahar/ p./ R$ 69,90/ E-book: R$ 29,90






Forró sudestino

De Piracicaba, a banda Dona Zaíra aposta em um forrozinho maneiro, suave, com as influências caipiras do interior de São Paulo. O resultado é interessante e renovador. Ouça as faixas Raízes, Antenas e Ver o Peso. Dona Zaíra / #AntenaseRaízes / Independente / Preço Não divulgado 







O futuro do erudito.br

Formado pelos violonistas eruditos Paulo Porto Alegre, Daniel Murray e Chrystian Dozza, o Trio Opus 12 aponta para o futuro da música de concerto brasileira. A técnica é clássica, mas a abordagem é contemporânea. Trio Opus 12 / Divertimentos / Independente - Tratore / R$ 29,90







O cabra não abre o bico

Um vendedor de diamantes é encontrado morto na mansão de Carl Andersen, um milionário dinamarquês. Mais um caso para o Comissário Maigret, imortal criação do belga Georges Simenon. Mas não vai ser fácil: interrogado por 17 horas, Andersen não abriu o bico. A noite da encruzilhada / Georges Simenon / E agora? Companhia das Letras/ 144 p./ R$ 24/ E-book: R$ 17







Dickens no parkour

Recriação para o século 21 do clássico Oliver Twist, de Charles Dickens (1837). Aqui, ele é um jovem grafiteiro e praticante de parkour que vive nas ruas de Londres, reproduzindo quadros famosos nos muros da cidade. Até que cai nas mãos de Fagin e sua gangue. Adaptação cinematográfica em breve nas telas. Twist / Tom Grass / Agir Now / 288 p. / R$ 31,90







Antes que o mundo acabe

No segundo livro da trilogia O Último Policial, o mundo está a apenas 77 dias de ser destruído por um asteroide. Desempregado, o policial Hank Palace segue em busca do desaparecido Brett Cavatone, a pedido de sua esposa. Elogiada trama sobre o fim da civilização. Cidade dos últimos dias / Ben H. Winters /
 Rocco/ 320 p./ R$ 34,50/ E-book: R$ 22,50







Lenga-lenga habitual

A cantora britânica Estelle reflete sobre paixão e relacionamentos amorosos em seu quarto álbum, True Romance. Apesar de não ser uma chorona escandalosa insuportável como Adele, não se destaca muito da lenga-lenga habitual do R&B ostentação. Estelle / True Romance / Lab 344 / R$ 29,90







Excesso de fofice

A banda cearense Dilei é esforçada, mas sofre de um excesso de fofice neste 2º álbum. Um pouco mais de personalidade não faz mal a ninguém. Algumas faixas parecem trilha sonora de comercial de banco. Dilei / Figurantes de um Tempo Só / Independente - Tratore / R$ 19,90







Coração techno

Ponta de lança do indie eletrônico há mais de uma década, o quinteto inglês Hot Chip mantém a cabeça bem acima da mesmice que assola o gênero em seu sexto álbum. Disco, funk e techno com feitio de canção, com coração. Hot Chip / Why Make Sense? / Sony Music / CD duplo: R$ 38,90







Regina canta Tom

Com amplo entendimento da obra  de Tom Zé, Regina Machado e o produtor Dante Ozzetti releem nove canções do gênio de Irará. Ouça Complexo de Épico,  João nos Tribunais, O Amor é Velho e Tô. Regina Machado / Multiplicar-se única: Canções de Tom Zé / Canto Discos - Tratore / Preço não informado






Por que somos como somos

Para entender a identidade nacional contemporânea, o  brasilianista norte-americano  Jeffrey Lesser parte dos métodos da pesquisa histórica e da etnografia antropológica para trazer uma nova abordagem na historiografia dos movimentos imigratórios no Brasil. A invenção da brasilidade: identidade nacional, etnicidade e políticas de imigração / Jeffrey Lesser / Editora Unesp/ 292 p./  R$ 58






Aliste-se já!

Jovem Padawan: ao completar dez anos, aliste-se na Academia Jedi do planeta Coruscant. Lá você aprenderá a canalizar a energia da Força em seu ser, tornando-se capaz de mover objetos com a força da mente, além de aprender a lutar com sabres de luz maneiríssimos. Divertida nova HQ do mesmo autor de Darth Vader e filho e A Princesinha de Vader. Academia Jedi / Jeffrey Brown / Aleph/ 176 p./ R$ 39,90

quarta-feira, setembro 21, 2016

DE MICRO-RESENHA EM MICRO-RESENHA, O ROCK LOCO ENCHE O SEU SACO

O SP Rock não morreu


Com 13 anos de estrada, a banda paulista Rock Rocket chega ao quarto álbum chutando rock ‘n’ roll como deve ser: sem vergonha, feroz, na jugular. Coisa rara, até as letras são legais. Ouça Fatiado Discos, Punk SP 80 e Mamuska. Rock Rocket / Citadel / Rouco Records / Preço não divulgado







O pai do Charlie era o próprio Charlie

Com um filme do Snoopy em cartaz nos cinemas, chega às livrarias esta bio não autorizada de seu criador, Charles Schulz. Dada a personalidade deprimida de Charlie Brown, não chega a ser surpresa saber que Schulz era tão solitário e triste quanto seu alter ego. Schulz e Peanuts: A biografia do criador do Snoopy / David Michaelis / Seoman/  592 p./ R$ 55







Uma mulher só

Ambientado na Irlanda dos anos 1960, Nora Webster narra a trajetória da personagem-título após perder o marido em meio a uma sociedade que ainda via mulheres sós com desconfiança e muita patrulha moral. Texto sutil, elogiado pela crítica. Nora Webster / Colm Tóibín / Companhia das Letras/ 400 p./ R$ 54,90/ E-book: R$ 38,90







Veterano inquieto

Em boa fase, o veterano Nasi solta segundo DVD ao vivo, novamente sem plateia – o que, aliás, é ótimo para quem quer ouvir música, e não a gritaria da plateia. Destaque para Dois Animais na Selva Suja da Rua (Taiguara) e a releitura country rock de Rubro Zorro (Ira!). Nasi / Egbe / Deck - Canal Brasil / CD: R$ 18,90 / DVD: R$ 29,90






Muda o disco!

Revelada para o Brasil no programa Superstar, a banda Versalle saiu lá de Porto Velho (RO) apenas para fazer mais do mesmo: emular Muse e Los Hermanos em arranjos repetitivos e letras péssimas. Vamos mudar o disco? Versalle / Distante em Algum Lugar / SLAP - Som Livre / R$ 24,90






Picolé de chuchu

Em seu quinto álbum, a cantora norte-americana Vanessa Carlton segue compondo e cantando baladas introspectivas ao piano. A despeito de ter uma voz bonita e cantar bem, nada aqui “salta” aos ouvidos e arrebata o ouvinte. Vanessa Carlton / Liberman / Lab 344 / R$ 29,90







Conspiração na Nova República

Última parte da famosa (entre os fãs) Trilogia Thrawn – renegada pela Disney após a compra da franquia, mas quem se importa? Situa-se pós-Retorno de Jedi e mostra Luke, Han e Leia às voltas com o poderoso grão-almirante Thrawn, que planeja derrubar a Nova República. Star Wars: O Último Comando / Timothy Zahn / Aleph / 528 p. / R$ 44,90







Estudos de problemas brasileiros

Coletânea de ensaios da renomada historiadora, cobrindo assuntos que vão da independência do Brasil aos dilemas do neoliberalismo, contextualizando as questões brasileiras em relação ao mundo, como na crise de 2008. Extra com entrevistas. Brasil: história, textos e contextos / Emilia Viotti da Costa / Editora Unesp/ 352 p./ R$ 58







No fio da navalha

A banda baiana Gepetto caminha no fio da navalha em seu primeiro CD, com uma produção (estilo Muse) caprichada, emoldurando letras que não fariam feio na boca de um sertanejo. Na dúvida, experimente. Gepetto / Eros Anteros / Indepedente / www.soundcloud.com/bandagepetto







As canções que Jerome escreveu pra mim

Descrito como a conexão entre Brahms e Charlie Parker (o clássico erudito e o jazz moderno), Jerome Kern (1885-1945) tem suas composições recuperadas pelo octogenário prodígio Tony Bennet e o pianista Bill Charlap. Acompanha um dry-martini.  Tony Bennett & Bill Charlap / The Silver Lining: The Songs Of Jerome Kern / Sony Music / R$ 24,90






Biografado difícil


Com a liberação das biografias não autorizadas pelo STF, este é o segundo trabalho sobre Vandré a chegar nas livrarias desde o fim de 2015. Realizada com muito esforço dadas as negativas do polêmico biografado e amigos em colaborar, merece uma leitura atenta. Geraldo Vandré: Uma Canção Interrompida / Vitor Nuzzi / Kuarup/ 336 p./ R$ 64







Clássico para todas as idades

Com um filme novo da Disney saindo em breve, Mowgli, o menino criado por lobos na selva, volta às livrarias em edição completa dos contos escritos pelo seu criador, Rudyard Kipling (1865-1936). Aventura e sofisticação narrativa para todas as idades. Os livros da selva / Rudyard Kipling / Penguin - Companhia/ 560 p./ R$ 34,90







Marxismo para iniciantes

Transcrição das aulas do curso introdutório ao marxismo promovido pelas editoras. Textos dos maiores pesquisadores do assunto no Brasil, como Alysson Leandro Mascaro, Antonio Rago Filho, Jorge Grespan, Mario Duayer, Ruy Braga e outros. Curso livre Marx-Engels: A criação destruidora / José Paulo Netto (org.) / Boitempo - Carta Maior/ 191 p./ R$ 15







Doce de Minas

Dona de voz doce e boa compositora, a mineira Roberta Campos versa sobre o amor de forma afetuosa em arranjos conduzidos pelo  violão. Afague os ouvidos: No Tempo Certo das Horas e a releitura de Casinha Branca. Roberta Campos / Todo caminho é sorte / Deck / LP: R$ 79,90 / CD: R$ 19,90







Baile em New Orleans

Belo tributo à cidade de New Orleans pela cantora Dee Dee  Bridgewater e o trompetista  Irvin Mayfield. Em clima de baile com big band, releem clássicos e mostram inéditas. Dr. John participa em Big Chief. Dee Dee Bridgewater, Irvin Mayfield & New Orleans Jazz Orchestra / Dee Dee's Feathers / Sony Music/ R$ 24,90






Eletrônico climático

Cheio de sons climáticos, o álbum de estreia do duo paulista de música eletrônica Naked Universe não é assim, “pra pista”, mas tem como pontos positivos a bela voz de Ligiana Costa e a releitura interessante de Toxic (Britney Spears). NU - Naked Universe / NU / Independente / Baixe: www.nakeduniverse.net









Groove no trompete

O  terceiro CD do trompetista Guilherme Mendonça, o Guizado, parece ser seu melhor trabalho. Sempre experimental,  ele investe em peso e longas digressões cheias de groove. Ouça Ah-Hey, Toró e a faixa-título. Guizado / O Voo do Dragão / Independente /Preço não divulgado







Japinha danada

Jovem e bonita, porém, dona de uma personalidade despótica, Tsugumi é o centro deste romance de Banana Yoshimoto, um dos mais destacados nomes da literatura japonesa contemporânea. Romance de formação, foca no difícil relacionamento entre primas. Tsugumi / Banana Yoshimoto / Estação Liberdade / 184 p./  R$ 38







Viagem de tradutor

Ensaísta e tradutora, Dirce Waltrick do Amarante discorre sobre diversos aspectos da obra de James Joyce (188-1941), o mítico autor de Ulisses (1922). Ela defende que, ao verter Joyce para o português, os personagens é que oferecem o modelo de tradução. James Joyce e seus tradutores / Dirce Waltrick Do Amarante / Iluminuras / 112 p. / R$ 35







O nascimento do Universo

Com O Despertar da Força bombando, vale a leitura deste exaustivo relato de como George Lucas concebeu todo aquele universo. Cheio de detalhes e revelações, é leitura obrigatória não só para fãs, mas também para todos os interessados em criatividade. Como Star Wars Conquistou o Universo / Chris Taylor / Aleph/ 616 p./ R$ 59,90







Funk de Superstar

Revelado no reality show Superstar, o quarteto paulista Serial Funkers tem o suíngue do samba / soul / funk como demonstra em faixas como A Batida do Coração e Coisa Assim. Só falta injetar mais personalidade. Serial Funkers / Porque Funk é coisa séria /  Independente - Tratore / Preço não divulgado 







Marxismo, Cristianismo

Subintitulado Por que vale a pena lutar pelo legado cristão?, o novo manifesto do polêmico filósofo esloveno Slavoj Zizek sustenta que o núcleo revolucionário cristão é muito precioso para ser deixado de bandeja aos fundamentalistas, propondo uma nova união entre marxismo e cristianismo. O absoluto frágil / Slavoj Zizek / Boitempo/ 160 p./ R$ 43







Será que Maigret foi nos coffee-shops?

Romancista prodígio que produzia, em média, um livro de 150 páginas por semana, o belga Georges Simenon (1903-1989) tinha como personagem principal o Comissário Maigret. Em sua sétima aparição, ele se vê as voltas com um professor francês acusado de assassinato na Holanda. Um Crime na Holanda / Georges Simenon / Companhia das Letras/ 144 p./ R$ 32,90/ E-Book: R$ 22,90 






Bioma em quadrinhos

Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o cartunista mineiro Alves demonstra toda sua paixão (e preocupação) pelo bioma do cerrado nesta coletânea de tiras. Entre a louvação de suas belezas e a denúncia de sua destruição, uma bela obra. Cerrado em Quadrinhos / Alves / Nemo/ 64 p./ R$ 29,90/ E-book: R$ 19,90



Thriller bíblico

Do mesmo autor de Os sete crimes de Roma, um interessante thriller policial bíblico, ambientado na Palestina. No ano 6 d.C., Fílon de Alexandria, um jovem filósofo judeu, investiga os assassinatos de dois líderes religiosos, em estranhas circunstâncias. O assassino e o profeta / Guillaume Prévost / Vestígio/ 264 p./  R$ 37,90/ E-book: R$ 9,25







Metalcore glam

Meio glam, meio metalcore, a  banda Black Veil Brides tem peso, técnica e refrões que a galera canta junto. Não acrescenta muito ao cânone metálico em si, mas é inegavelmente competente no palco, como se vê neste DVD ao vivo. Black Veil Brides / Alive And Burning / Universal / DVD: R$ 35,90








Submundo de Tóquio

Livro-reportagem na melhor tradição do clássico A Sangue Frio (Truman Capote), Devoradores relata  o destino fatal da jovem inglesa Lucie Blackman, desaparecida em Tóquio no ano 2000. A prisão do assassino, o milionário Joji Obara, é só o começo da investigação. Devoradores de Sombras / Richard Lloyd Parry / Três Estrelas/ 496 p./ R$ 69,90







Ucrânia cosmopolita

Um dos principais portos do leste europeu, Odessa, na Ucrânia, atraía, no início do século 20, todo tipo de gente. Neste contos, o nativo Isaac Babel (1894-1940) conta, em  prosa sintética, histórias sobre esses personagens, indo do cômico ao trágico. Contos de Odessa / Isaac Bábel / Penguin - Companhia/ 152 p./ R$ 24,90/ E-book: R$ 16,90







O poder oculto

Interpretado pelo magistral Peter Cushing no Episódio IV: Uma Nova Esperança, o sinistro Gran Moff Tarkin era a eminência parda do império galáctico e estrategista com poder até sobre Darth Vader. Mas quem era essa cara na verdade? Nesta biografia, tudo o que os fãs querem saber. Star Wars: Tarkin / James Luceno / Aleph / 368 p. / R$ 39,90







Relato tocante

Nesta pungente HQ autobiográfica, o holandês Frederik Peeters relata a história do seu apaixonado relacionamento com Cati, uma mulher HIV positiva e seu filho, igualmente contaminado. Comovente, a HQ explora todas as emoções que assaltaram o casal. Premiada na Europa. Pílulas azuis / Frederik Peeters / Nemo/ 208 p./ R$ 39,90






Resposta ao tempo

Um dos mais destacados filósofos socialistas, o húngaro György Lukács (1885-1971) respondeu aos críticos do seu livro História e consciência de classe (1923) escrevendo outro, este Reboquismo e dialética. Depois esqueceu. Encontrado em arquivos de Moscou em 1996, chega agora ao Brasil. Reboquismo e dialética / György Lukács / Boitempo / 152 p. / R$ 42







Quase apocalipse

Em 18 de setembro de 1980, um míssil nuclear extremamente potente quase disparou, “por engano”, de um silo no Arkansas. Neste livro-reportagem, o relato minuto a minuto do quase apocalipse. Comando e controle: Armas nucleares, o acidente de Damasco e a ilusão de segurança / Eric Schlosser / Companhia das Letras/ 688 p./ R$ 74,90/ E-book: R$ 39,90







Hermeto é coisa séria

Pianista de Hermeto Pascoal há 20 anos, André Marques interpreta treze temas de autoria do bruxo. Gravado em Nova York, o álbum traz André acompanhado das feras Patitucci (baixo) e Blade (bateria). O negócio aqui é muito sério. André Marques, John Patitucci e Brian Blade / Viva Hermeto / Borandá / R$ 27,90




Herbert, Bi e Barone

Bandas de Portugal e Espanha e do México à Argentina reverenciam os Paralamas neste belo tributo. Como em toda coletânea, há altos e baixos, mas o nível geral é bem satisfatório. Vários artistas / Caleidoscópio - Um Tributo Ibero Americano A’Os Paralamas do Sucesso / Baixe