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quarta-feira, abril 30, 2014

PODCAST ROCKS OFF DISSECA: ZUMA, DE NEIL YOUNG

Shakey himself, dando um rolê em Zuma Beach, LA. Chique.
Com Nei Bahia, Miguel Cordeiro, Osvaldo Braminha Silveira e este blogueiro.

O blogueiro pede a paciência dos eventuais ouvintes, por que - sabe como é - ele demora um pouco para engatar uma primeira.

Falta de prática.

No fim, pegou no tombo.






Bônus: full album.


MICRO-RESENHAS POR QUE AS PAUTAS TÃO FODA

O que o Lúcio fez nas suas férias

Projeto paralelo do guitar hero Lucio Maia (Nação Zumbi), Zulumbi traz ainda o rapper Rodrigo Brandão e o DJ PG quebrando tudo em dez faixas plenas de suíngue matador, ideias maneiras e mensagens positivas. Black music ousada, sem rótulos. Zulumbi / Zulumbi / Radar Records / R$ 23,90

 






 
Cena cearense subindo

Hypado em Fortaleza, quinteto cearense manda bem no primeiro CD. Entre pancadas punk ‘77 (O Mundo Contra Nós) e emulações de T. Tex (Karine Pits) e Stray Cats (Garantia de Alegria), uma  estreia promissora e mais uma boa novidade vinda da terra de Renato Aragão, depois do Selvagens a Procura de Lei. Jonnata Doll & Os Garotos Solventes / Jonnata Doll e Os Garotos Solventes / Independente / Preço não divulgado





 
O marido de Dona Lucille

Um dos músicos responsáveis pela popularização do blues nos próprios EUA, o mestre B.B. King conta sua vida nesta autobiografia. A infância difícil no Sul racista é um dos destaques – dos 10 aos 13, ele viveu sozinho em uma fazenda de algodão. Relato inestimável de um artista insubstituível. B.B. King: Uma vida de blues / B. B. King e David Ritz / Generale / 264 p. / R$ 54,90 / editoraevora.com.br







 
Arte e ativismo nos anos de chumbo

O ativismo político da classe artística brasileira durante a ditadura militar é amplamente analisada pelo sociólogo Ridenti. A inserção do Partido Comunista, dissidências armadas, utopias, perplexidade: uma visão abrangente de diversos fatores do movimento. Em busca do povo brasileiro: Artistas da revolução, do CPC à era da TV / Marcelo Ridenti/ Unesp/ 450 p./ R$ 64/ editoraunesp.com.br

 




O livro do ano

Não aguenta mais pagar impostos absurdos e não receber nem um único serviço público decente de volta? Os vereadores da sua cidade são uma quadrilha? A Justiça do seu país é uma piada? Neste manual - subintitulado Ferramentas para a Revolução, táticas de ativismo político e os princípios do protesto, com criatividade e inteligência. Bela Baderna / Andrew Boyd e Dave Oswald Mitchell [organizadores] / Ideal/ 168 p./ R$ 25,90/ edicoesideal.com

 



Gatinhas chicanas e a ciência dos foguetes

Clássico moderno dos quadrinhos, Love & Rockets volta às livrarias com uma das melhores HQs da série Lôcas. A gatinha chicana (e mecânica de foguetes) Maggie viaja a trabalho para uma ilha em plena revolução. Em meio à confusão, vive uma aventura com a lutadora Rena Titañon. Além da HQ principal, traz também uma série de contos curtos e inesquecíveis. Uma aula de HQ, publicada anteriormente no Brasil há mais de 20 anos pela editora Record, agora de volta em ótima reedição. Love & Rockets - Lôcas: As Mulheres Perdidas / Jaime Hernandez / Gal/ 136 p./ R$ 42/ galeditora.com.br

 



Pulando a cerca com Woody

Três peças teatrais de Woody Allen. Sim, são comédias (felizmente). Sim, se passam em Manhattan e sim, são sobre infidelidade. Ou seja: o típico material alleniano. O curioso é como o diretor / roteirista / ator ainda consegue extrair algo mais batendo sempre no mesmo tema. Engraçado, divertido. Adultérios / Woody Allen / L&PM / 192 p. / R$ 24,90 / R$ 18,90 (pocket) / lpm.com.br

 





Traumatize seu irmãozinho

O subtítulo Música Infantil Para Adultos já explica. Não deixe as criança ouvirem este novo e divertido CD de Carlos Careqa. Autoexplicativas também  as faixas Exame de Fezes, Por Que a Vovó Tá Fria, Rap do Peido, Meleca e outras travessuras. Carlos Careqa / Palavrão / Barbearia Espiritual Discos / R$ 25,90

 





 
Na quebrada da Babi

Nascida e criada no distrito novaiorquino do Brooklyn, Barbra Streisand homenageia sua quebrada neste concerto ao vivo. Um típico espetáculo musical ianque, no qual ela conta histórias e interpreta clássicos de Cole Porter, Rodgers & Hart etc. Barbra Streisand / Back to Brooklyn / Sony - BMG / R$ 19,90







Autocomplacência precoce


Possivelmente a maior (e mais ambiciosa) banda surgida na leva emo do início da década passada, o My Chemical Romance é um daqueles casos ame-a ou deixe-a. Neste greatest hits, a choradeira milionária mostra a que veio: encher. Falando sério, tem umas duas ou três músicas que se salvam, como Teenagers. My Chemical Romance / May Death Never Stop You: The Greatest Hits 2001-2013) / Warner / R$ 24,90







Nazareth via Adolfo

Pianista mestre do samba jazz, pioneiro da bossa, Antonio Adolfo revisita com total propriedade o repertório de Ernesto Nazareth (1863- 1934), que foi, por sua vez, um pioneiro do choro. Interpretações certeiras de clássicos do Brasil bonito. Antonio Adolfo / Rio, Choro, Jazz / AAM Music / R$ 32,90

 







Genocídio centenário

Prestes a completar 100 anos, o início da Primeira Guerra Mundial ganha minuciosíssima análise do historiador inglês N. Ferguson. Ele parte do seguinte questionamento: foi um  sacrifício válido? Ou uma tragédia inevitável? Um estudo rico e audacioso de um dos maiores massacres de todos os tempos. O horror da guerra / Niall Ferguson / Planeta/ 768 p./ R$ 89,90/ editoraplaneta.com.br

 




Páginas da vida

Richard Seaver  (1926-2009) foi um editor fundamental para a formação da intelectualidade ocidental no pós-guerra. Atuou nos anos 1950 em Paris e na década seguinte em Nova York. Nestas memórias, uma vida brilhante entre os maiores nomes da literatura dos dois lados do atlântico. A hora terna do crepúsculo / Richard Seaver / Biblioteca Azul / 576 p. / R$ 64,90 / globolivros.globo.com






Hermanos del metal

Formada por Andreas Kisser (Sepultura),  Alex González (Maná) Andrés Giménez (A.N.I.M.A.L.) e Flavio Cianciarulo (Los Fabulosos Cadillacs), De La Tierra é o thrash metal sul-americano reivindicando seu espaço. Mas lembra muito o Sepultura. De La Tierra / De La Tierra / Warner / R$ 29,90

 






 
Apogeu do galã de padaria 

Típico cantor galã de padaria, o inglês Robbie Williams reuniu 375 mil pessoas no parque de Knebworth para assisti-lo, em 2003. Parece que de lá para cá não fez mais grande coisa – daí este DVD comemorativo de dez anos. Robbie Williams / Live at Knebworth (10th Anniversary Edition) / Universal / R$ 39,90

 





Country my ass!

A música country norte- americana, nos seus melhores momentos, falava da dureza da vida no campo, na fábrica, de alcoolismo, solidão, da conquista do Oeste. Coisa de gente com sangue nas veias – e não Coca-Cola, como esse trio de manés. Fuja. Lady Antebellum / Golden / Universal / R$ 27,90







Acabrunhamento geracional

Guitarrista da extinta banda Pública, de certa notoriedade no circuito indie, o guitarrista Guri se lança solo, com este  CD. Elogiado, compartilha com sua geração o jeitão mezzo acabrunhado, mezzo poético. Guri / Quando calou-se a multidão / Independente / Download gratuito: www.guriassisbrasil.com.br







Luz verbal

Aos 89 anos, o grande poeta paraibano José Chagas ganha este tributo com seus poemas musicados, produzido por Zeca Baleiro. Além do próprio Zeca, lindas versões com Márcia Castro, Chico César, Fagner, Ednardo, Silvério  Pessoa etc. Vários / A palavra acesa de José Chagas / Saravá Discos / Preço não divulgado








 
Politeísmo pop

A molecada que curte a abordagem pop da mitologia grega de Percy Jackson ou Fúria de Titãs pode se aprofundar um pouco mais nesta série de HQs que recontam, de forma ágil e colorida, as lendas dos deuses do Olimpo. Quatro volumes: Zeus: O Rei dos Deuses, Atena: A Deusa de Olhos Cinza, Hera: A Glória de uma Deusa e Hades: O Senhor dos Mortos. Deuses Do Olimpo / George O'Connor / Paz & Terra / 80 p. / R$ 38 (cada vol.) / pazeterra.com.br

sábado, abril 26, 2014

sexta-feira, abril 25, 2014

OBITUARY TRAZ O DEATH METAL DA FLÓRIDA À CIDADE

Obituary, foto de Erick Tedesco
Depois dos fãs locais de reggae, os de heavy metal são os mais contemplados com uma certa frequência de shows internacionais na cidade.

A banda da vez é a norte-americana Obituary, que se apresenta hoje, com abertura das bandas locais Headhunter DC e Malefactor.

Esta última aproveita a ocasião e lança seu novo CD, Anvil of Crom.

Fundada há exatos 30 anos, a Obituary é considerada uma das pioneiras do estilo death metal, o mais sombrio e pesado (ainda que haja controvérsia sobre isso) entre os muito subgêneros do heavy metal.

Curiosamente, ela surgiu na ensolarada Flórida, que acabou abrigando toda uma cena de bandas de “metal extremo”, como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide e Death.

Paralelo igual pode ser feito com a Bahia, que apesar de todo o sol e toda alegria, também é pródiga em gerar bandas de death metal como as já citadas Headhunter DC e Malefactor, além de Mystifier, Devouring, Godslayer, Escarnium, Rattle, Suffocation of Soul etc.

No show de hoje, a Obituary vai detonar um repertório de preferidas dos fãs, intenção explicitada pelo próprio título da turnê que passa pelo Brasil: Classic Set-List Take Over Tour.



Rugido da morte

Um dos primeiros vocalistas de heavy metal a cantar no estilo death growl (rugido da morte) – mais conhecido no Brasil como “vocal gutural” – John Tardy fundou a banda com seu irmão, o baterista  Donald Tardy.

Além deles, a banda  conta com o membro fundador Trevor Peres e Kenny Andrews (guitarras) e Terry Butler (baixo).

Depois do álbum de estreia Slowly We Rot (1989), lançaram Cause of Death (1990), considerado um clássico do gênero.

World Demise (1994) é apontado pela crítica especializada como outro ponto alto de sua discografia.

Em 1997 a banda se separou, alegando cansaço de turnês.

Se reuniram em 2003, lançando  Frozen in Time (2005). O último CD foi Darkest Day (2009).

Obituary, Headhunter D.C. e Malefactor / Bali Beach Club (Avenida Otávio Mangabeira, 11988, Piatã) / Hoje, 21 horas / R$ 70 (1º lote), R$ 80 (2º lote), R$ 90 (na porta) / Vendas: Lojas Foxtrot Centro e Shopping Bela Vista

terça-feira, abril 22, 2014

RETRO_VISOR INVADE PRAÇAS DA CIDADE. SEXTA É NO PELÔ

Retro_Visor no "glorioso Largo de Roma" (Thanx Sputter). Foto: Carla Galrão
Da última vez que a banda instrumental Retro_Visor apareceu nesta coluna neste blog (em novembro de 2011), ela era uma novata no cenário e tinha apenas três integrantes.

Agora ela volta maior e mais experiente.

Liderada pelo vibrafonista Antenor Cardoso, o antigo trio virou quinteto com os músicos Ângelo Medrado (bateria), Raul Pitanga (percussão) e Gil Meireles (baixo) integrando a  nova formação.

“Pois é, estamos sempre em busca de novas sonoridades”, diz Antenor.

Fiel ao lema “Olhar para frente, sem apego ao passado”, a banda tenta fazer música sem fronteira de gênero.

“O vibrafone é um instrumento que parece um piano. Como tenho uma parceria antiga com Raul, que faz uma percussão muito rica, chamamos o baixo acústico de Gil, o que deu todo um novo colorido no nosso som, que tem um pouco de rock, um pouco de jazz, um pouco de  samba”, detalha o músico.

Entre os quilombolas

Recentemente, o quinteto foi aprovado pelo Edital Arte em Toda Parte da Fundação Gregório de Matos (patrocínio da Prefeitura Municipal), através do qual tem levado seu show a algumas praças da cidade e Região Metropolitana.

“Este é um trabalho super desafiador, ir para uma praça com vibrafone e baixolão. O que tivesse que acontecer, vai acontecer”, observa Antenor.

Ao todo, a banda se apresenta em sete praças. Já tocaram no Largo de Roma, em Piatã e no dia do aniversário da cidade o show foi na Praça de Porto dos Cavalos, na Ilha de Maré.

“Isso foi uma espécie de ápice para nós, levar nosso som tão especifico para a comunidade quilombola de Porto dos Cavalos. Aquilo lá é  uma outra realidade, não passa carro nem nada. Foi uma experiência muito rica”, conta.

“A plateia é itinerante. As pessoas passam e quando veem o vibrafone e ficam encantadas. ‘O que é isso, que instrumento é esse’ e tal”, diverte-se.

Além do show nesta sexta-feira, no Largo Pedro Archanjo, há apresentações previstas na Estação da Lapa, Estação de Transbordo do Iguatemi, Praça da Igreja do Bonfim.

“Lugares aonde o ruído vence tudo. Vamos lá tentar quebrar um pouco essa ditadura da poluição sonora”, avisa.

Formado por músicos de formação acadêmica oriundos da Escola de Música da Ufba, o Retro_Visor recebe no palco, nesta sexta-feira no Pelô, Tuzé de Abreu e o trio Laia Gaiatta.

Retro_Visor no Pelô / Sexta-feira 20 horas / Largo Pedro Archanjo, Pelourinho / gratuito



NUETAS

Obituary sexta-feira

Banda muito influente do cenário death metal mundial, a norte-americana Obituary se apresenta em Salvador nesta sexta-feira, com as instituições locais Headhunter DC e Malefactor. Imperdível para quem é do ramo. Bali Beach Club, 21 horas, R$ 70 (1º lote), R$ 80 (2º lote), R$ 90 (na porta).

Tiago Iorc no Teatro Isba

Ídolo de mocinhas supostamente descoladas, o cantor carioca de indie pop Tiago Iorc faz show tipo voz & violão em Salvador divulgando Zeski, seu último CD. Sexta-feira, 21 horas, Teatro Isba, R$ 80 e R$ 40.

Tabuleiro de graça

A banda Tabuleiro Musiquim lança seu primeiro CD, Imbigo (baixe aqui), com show no Largo Tereza Batista. 21 horas, grátis.

quinta-feira, abril 17, 2014

PODCAST ROCKS OFF: O PIANO NO ROCK

O fantástico Big Joe Turner, piano master do blues
Nei Bahia, Miguel Cordeiro e Osvaldo Braminha Silveira em um gostoso blá blá blá sobre o piano no rock - "desde os tempos mais primórdios" e seu papel através das décadas.


terça-feira, abril 15, 2014

RECORTES AUTOBIOGRÁFICOS DE UM MESTRE DAS HQs

Há vidas de artistas e vidas de artistas. E há Will Eisner (1917-2005), que muito mais do que artista, foi um visionário genial.

Em Life, in Pictures - Vida, em Quadrinhos, o criador do Spirit oferece  um painel semiautobiográfico reunindo suas HQs mais próximas da própria vida.

O fato é que Eisner aliou como ninguém talento nato, formação artística, inspiração fora do comum e visão empresarial ao longo de uma carreira que cruzou quase todo o século 20.

Sem contar o fato de que, como um dos inventores do formato graphic novel, contribuiu de forma decisiva para fazer dos quadrinhos a forma de arte adulta, respeitada e cultuada que é hoje em dia.

Por isso mesmo, a narrativa sequencial deve muito a Eisner e os quadrinistas buscam na sua biografia o exemplo a seguir.

Além desta propriamente dita (Will Eisner: Um sonhador nos Quadrinhos, de Michael Schumacher, lançada no Brasil em 2013) o leitor brasileiro agora dispõe dessa pesada coletânea cujas HQs, juntas, formam o que há de mais próximo de uma autobiografia do mestre.

HQ por HQ

Edição de luxo em formato grande, com capa dura e 500 páginas, o compêndio assusta um pouco a princípio – até pelo preço, que não é exatamente barato, mas compreensível para uma edição tão luxuosa.

Só que Eisner era tão bom naquilo que fazia que basta começar a ler – por qualquer uma das cinco HQs do álbum – que rapidamente o que era pesado (fisicamente) se torna leve, pois o autor “carrega” o leitor nos braços e vai embora com ele já nas primeiras páginas.

Só o que pode afastar leitores de Eisner mais experientes de Life, In Pictures é o fato de que, das cinco HQs incluídas, apenas uma é inédita no Brasil.

E é justamente ela que abre o álbum. Crepúsculo em Sunshine City (de 1986) reflete os últimos anos de vida de Eisner, com sua mudança da amada Nova York para a Flórida.

Na HQ, ele conta, com muita ironia, da mudança de um aposentado cercado de parentes interesseiros.

Já o Sonhador (outra de 1986) é o relato de seus primeiros anos de quadrinista na Nova York dos anos 1930 / 40, em meio à  Depressão e o surgimento dos super-heróis.

Já Ao Coração da Tempestade (de 1991) é uma narrativa mais longa e ambiciosa. Traz as memórias do jovem Eisner na 2ª Guerra Mundial, entremeadas com as trajetórias dos seus pais e avós entre a Europa e os Estados Unidos do fim do século 19 e o início do 20.

Uma saga familiar contada de maneira intima e sem rodeios, no melhor estilo Eisneriano.

O Nome do Jogo (2002) é a história da família de sua esposa, Ann. Outra saga familiar – só que aqui, mais impiedosa, enfocando o jogo de casamentos por contrato ou interesse entre famílias judaicas.

E O Dia em que me Tornei Profissional (2003) encerra o livro com uma breve e reveladora HQ.

Life, in pictures - Vida, em quadrinhos / Will Eisner / Criativo/ 500 p. / R$ 99 / www.editoracriativo.com.br

sexta-feira, abril 11, 2014

VIOLONISTA INGLÊS FENÔMENO DO YOU TUBE FAZ SHOW EM SALVADOR DOMINGO

Jon Gomm no ofício, foto de Ben Anker
Guitarristas virtuosos são músicos interessantes.

Fazem o diabo com o instrumento em mãos, mas a maioria deles apenas exibe suas habilidades, esquecendo de fazer música no processo.

Felizmente, este não é o caso do violonista inglês Jon Gomm.

O rapaz, que se apresenta em Salvador neste domingo, no Portela Café, é obviamente uma fera empunhando seu violão de aparência surrada, mas diferente de boa parte desse tipo de músico, Gomm se preocupa em criar canções a partir de suas vastas habilidades.

Ele se dá mesmo ao luxo de cantar – coisa rara entre virtuosos, que geralmente só fazem música instrumental. “Isso é bem intencional”, conta o violonista, por email.

“Eu venho de três origens. Uma é a composição de canções, que vem do meu amor de infância pelos Beatles e a tradição pop anglo-americana. A segunda raiz de minha música é sobre comunicar emoções fortes e isso realmente vem do blues”, detalha.

“Em terceiro lugar é a técnica, que vem de pessoas como Steve Vai e Joe Satriani. Então eu tento me certificar que minha música terá esses elementos, que aliás se sobrepõem bastante”, diz.

Técnica, aliás, que deixa a todos – músicos ou não – embasbacados. Alguns de seus vídeos no You Tube já contam suas visualizações na casa dos milhões.

Passionflower, canção que estourou seu nome no Reino Unido, contava com 5.882.688 visualizações até ontem. Já Ain't Nobody (releitura do hit oitentista de Chaka Khan) tinha 1.125.764 visualizações.

“Surpreso (com esses números), eu? Não. Completamente chocado. Estatelado. Ainda estou estatelado”, diz Gomm.

“Nem sei por que estou aqui no Brasil ou sou convidado para aparecer na TV. Acho que algumas pessoas ótimas acreditam em minha música mais do que eu”, despista.

Jon Gomm faz sua batucada. Foto: Danny North
Multi-homem

Menino educado, Gomm está sendo modesto. O leigo que apenas ouvir sua música pode até não perceber tudo o que ele faz enquanto toca.

Pode até mesmo achar que são dois ou três músicos tocando juntos – incluindo um percussionista.

Mas qualquer vídeo de Gomm no You Tube mostra que é só ele mesmo que toca os acordes, faz digitação no braço do violão, troca de afinação, faz percussão no corpo do instrumento e canta.

Tudo ao mesmo tempo. Um multi-homem.

Ele conta que vem desenvolvendo essa técnica desde os quatro anos, seguindo os mestres: “O primeiro  foi meu professor de violão quando eu tinha 4 anos. Ele tocava violão flamenco e fazia bastante ‘percussão’ como parte do estilo”.

“Aí por volta dos dez anos comecei a ir em um monte de shows com meu pai, quando vi um guitarrista de blues chamado Bob Brozman (que morreu ano passado). Ele virava o violão ao contrário e fazia um solo de bateria”, continua.

“Mais tarde descobri Michael Hedges, que também fazia percussão de uma forma diferente, com outras técnicas radicais. Espero ter acrescentado algo meu por aí também”, afirma.

Quem o vê com esse violão todo detonado aí da foto pode até pensar: “É customizado, feito para ele”. Que nada.

“Não, nem é muito customizado. Não foi feito por encomenda – de fato, não é sequer novo, eu comprei de segunda mão! Adicionei um microfone interno para que você possa ouvir todos os efeitos de percussão, além de tarrachas de afinação de banjo, assim eu posso mudar de afinação mais rápido, no meio das canções”, conta.

Natural da cidade de Leeds, a terceira maior da Inglaterra, Gomm tem rodado o mundo a convite depois que Passionflower estourou no You Tube.

“O mundo é o mesmo e é diferente em todo lugar. E eu quero ver tudo! Fui convidado para ir a Salvador por Carol Bajarunas, que me descobriu através de amigos que tinham me visto tocar na Europa e propôs a turnê. Como sou independente (tenho meu próprio selo fonográfico minúsculo), sou livre para decidir, o que é ótimo” diz.

“A interação com músicos locais é sempre ótima, estou ansioso por uma jam com meu amigo Marcinho Eiras (de São Paulo), que é um guitarrista incrível. Ainda mais importante é a interação com o povo local. É difícil tocar para outros músicos, por que eles me assistem tocar e ficam dizendo 'Uau! Olha só pra isso'! Eu quero derrubar essa porta, faze-los esquecer que são músicos e torna-los simplesmente ouvintes, que ouvem com o coração”, conclui.

Jon Gomm / Domingo, 17 horas (Workshop) e 20 horas (show) / Portela Café / R$ 150 (Workshop + show), R$ 35 (Show antecipado),  R$ 50 (show no dia) / Vendas: Companhia da Pizza (das 18h às 0h) e Foxtrot (Piedade e Shopping Bela Vista)

quarta-feira, abril 09, 2014

SUPERCONSPIRAÇÃO

Capitão América 2: O Soldado Invernal reforça na tela a mesma sensação de universo compartilhado dos quadrinhos, com muitas conexões – e ainda é uma diversão dos diabos, imperdível para qualquer nerd que se preze

“It’s all connected”. Está tudo conectado, avisou a conta de Twitter dos Marvel Studios alguns dias atrás.

E quem tem acompanhado tanto os filmes da Marvel quanto a série de TV Agents of Shield (às quintas-feiras no canal Sony) percebeu o quanto isso é verdade.

Capitão América 2: O Soldado Invernal, que estreia amanhã, é mais uma página nessa imensa narrativa iniciada lá atrás em Homem de Ferro (2008) e que se espraiou por todos os filmes da Marvel desde então – excluindo os filmes do Homem-Aranha e X-Men, nas mãos da Sony e da Fox, respectivamente.

E que página. Melhor do que Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), que era basicamente uma apresentação do personagem, esta segunda aventura solo do Sentinela da Liberdade nas telas tem tudo o que os fãs já se acostumaram a esperar nos filmes da Marvel: ação, ação, ação, humor, ação, ficção científica,  ação, espionagem, humor e mais ação.

Tudo isso, seguindo a mesma  filosofia que a Marvel segue nos quadrinhos há mais de cinco décadas: “It’s all connected”.

Aqui e ali, pipocam referências a pessoas, fatos e objetos que farão os nerds terem tremeliques em suas cadeiras.

Só uma, para dar um gostinho: em um diálogo, o nome de Stephen Strange, o Doutor Estranho das HQs, é brevemente citado, devendo aparecer em algum filme próximo.

Com isso, os estúdios Marvel seguem firmemente a mesma filosofia que fez a fama e riqueza dos quadrinhos Marvel: amarrar todos os personagens em um mesmo universo compartilhado.

Isso em um filme de ação (quase) ininterrupta, sempre em uma escala e velocidade algumas RPMs acima da capacidade do olho humano de acompanhar.

O resultado é alucinante, mas não chega a confundir. A narrativa fluida dos diretores Joe e Anthony Russo, aliando humor de super-herói (traço característico dos filmes da Marvel desde o primeiro Homem de Ferro) com muita ação e um senso de conspiração por trás de tudo carrega os espectadores sem tempo para respirar até a conclusão – e ainda os deixa querendo mais

Complô na Shield

Tudo começa quando a Viúva Negra (Scarlett Johansson) interrompe o cooper de Steve Rogers (o Capitão América, na pele de  Chris Evans) e convoca o heroi para uma missão de resgate em um navio, sequestrado pelo terrorista franco-argelino Batroc (seu inimigo regular nas HQs).

Após os socos, chutes, saltos e bordoadas de praxe, o Capitão confronta Nick Fury (Samuel L. Jackson), diretor da agência anti-terrorismo Shield sobre seus métodos pós-11 de Setembro (na verdade, pós-batalha de Nova York vista em Vingadores).

“Isso não é paz, é medo”, diz Steve. A partir daí, uma grande trama de conspiração dentro da Shield começa a tomar forma.

Logo, o Capitão, a Viúva e seu amigo Sam Wilson (Anthony Mackie), o heroi Falcão em grande estreia, estarão em rota de colisão com dois inimigos ocultos.

Um é o Soldado Invernal (o ator Sebastian Stan) do título. O outro é um alto escalão dentro da própria Shield.

E tudo o que acontece – que não é pouca coisa – a partir disso terá impacto direto nos episódios desta semana em diante do seriado Agents of Shield e também nos próximos filmes da Marvel, especialmente Vingadores 2: A Era de Ultron, atualmente em fase de filmagens.

Afinal, tudo está conectado.

terça-feira, abril 08, 2014

I.F.A. É AFROBEAT PRA NIGERIANA NENHUMA BOTAR DEFEITO

I.F.A., em foto de Glauco Neves
Assim como o jogo de búzios (o oráculo africano chamado ifá), o som da banda local I.F.A. é firmemente calcado nas tradições da cultura negra.

“A concepção (da banda) está no nome”, conta Fabricio Mota, baixista e diretor musical.

“I.F.A. não surgiu pelo significado do jogo do ifá, mas pelo cruzamento de  gêneros: Ijexá, Funk, Afrobeat”, enumera.

“O ijexá brotou na Bahia é a trilha sonora dos terreiros e afoxés. O funk (na sua origem) é o gênero mais forte e politizado da música negra norte-americana. E o afrobeat é o funk que voltou a África, formatado pelos gênios de Fela Kuti e Tony Allen na Nigéria”, detalha Fabrício.

Formada no ano passado, a I.F.A surgiu inicialmente da parceria entre o baixista, Jorge Dubman (bateria) e Átila Santtana (guitarra).

“Fazíamos uns ensaios experimentais misturando afrobeat, dub e funk. A gente gravava esses ensaios e ficava  imaginando chamar  outros amigos que compreendessem o som e nos ajudassem a  amadurecer os arranjos”, relata.

Os amigos logo vieram, formando uma azeitada big band: Prince Áddamo (guitarra), Alexandre Espinheira (percussão), Tiago Tamango (teclados), Normando Mendes (trompete), Matias Hernan Traut (trombone) e Ráiden Coelho (sax).

No estúdio com Sistasoul

O I.F.A. na formação com a cantora nigeriana Veronny "Sistasoul" Odili
Mas o destino ainda tinha um búzio surpresa reservado para o grupo.

“Ainda  ano passado, fui apresentado a uma cantora de Lagos (metrópole nigeriana) chamada Veronny Odili, então em residência artística no Instituto Sacatar (localizado na Ilha de Itaparica)”, diz.

Conversa vai, conversa vem, a banda e Veronny (conhecida como Sistasoul em seu país) rumaram para um estúdio.

“Foi em junho, no contexto dos movimentos de rua e da Copa das Confederações, então o primeiro tema que compusemos foi chamada Afro Funk Revolution. Sentimos que havia algo ali e fizemos uma apresentação com ela em junho mesmo”, relata Fabrício.

Sempre ligado, o produtor andré t. soube do encontro da banda com a cantora.

”Ele logo se interessou em produzir o registro de estúdio. Gravamos um EP de cinco faixas com Veronny, que depois voltou à África. Acredito que em julho sai”, diz.

Volta e meia, o  I.F.A se apresenta  pela cidade (como banda instrumental) em shows suingados e cada vez mais concorridos.

“Hoje nossa maior pretensão é tocar para o maior número de pessoas. A música negra sempre teve esse princípio, de ensinar a humanidade a conviver a com diversidade”, diz.

Na verdade, é de até de se admirar que uma cidade "tão ligada" à música negra já não tivesse, há muito tempo, toda uma cena de bandas de afrobeat, ska (só outro dia apareceu uma, a Skanibais) e outros gêneros black menos manjados que os sempre presentes reggae e blues.

"Às vezes também me faço essa pergunta", diz Fabrício. "Minha opinião é que, ao mesmo tempo que somos o estado mais representativo da população negra, a música feita na Bahia esbarra muito na indústria cultural da musica baiana. O que é uma contradição muito viva e limitante. O que explica esse surgimento tardio é que tem uma turma que foi adolescente nos anos 1990 e pegou a transição para os formatos digitais, ampliando sua educação musical para muito além do toca nas rádios. O cenário sound system local é reflexo disso. Pudemos ouvir essa coisa em tempo real. O Jorge Dubman é o melhor exemplo disso: é um pesquisador de um conhecimento sonoro de música negra incrível. Isso só aumenta nossa sede de conhecimento e nossa capacidade de buscar isso", observa.

"Agora, o mercado não é tão aberto as novidades. Só hoje em dia se fala que a cena axé music se exauriu - mas até isso é bem recente. É necessário percorrer todo um caminho para esses outros sons estarem tocando por aí. Não é fácil, ninguém consegue pagar tudo só com isso (tocando na I.F.A.), mas é a luta. Essa é a mensagem do Fela Kuti com o afrobeat dos anos 70, como ele reinvadiu a África com a música africana retrabalhada. A reinvasão afrobeat é a música do nosso tempo", reivindica. 

Dia 2, veja o I.F.A. no Pelô com André Sampaio, da banda carioca Ponto de Equilíbrio, outro entusiasta do afrobeat.

I.F.Á. e André Sampaio (Ponto de Equilíbrio, RJ) / 2 de maio, 20 horas, Largo Tereza Batista, R$ 20 e R$ 10

I.F.A.



NUETAS

CD do Pastel quentinho

A instituição punk baiana Pastel de Miolos lança Novas Ideias, Velhos Ideais, seu aguardado disco novo (o primeiro de inéditas desde Da Escravidão ao Salário Mínimo, de 2010), sexta-feira, no Dubliner’s. A night ainda conta com as bandas Latryna, Não & Ploriferação e AntiBanda (Uruguai), mais o DJ Bruno Aziz. 22 horas, R$ 10.

3 bandas, 30 Segundos

As bandas Callangazoo, Efeito Manada e Circo de Marvin invadem o 30 Segundos nesta sexta-feira, 22 horas. R$ 20 (moças) e R$ 30 (rapazes).

Monstro inglês

O violonista inglês Jon Gomm faz show (20 horas) e workshop (17 horas) domingo, no Portela Café. O rapaz é um monstro. R$ 150 (pacote),  R$ 35 (show antecipado) ou R$ 50 (na hora). Mais para o fim da semana, aguardem entrevista exclusiva com Mister Gomm neste blog.

domingo, abril 06, 2014

VISLUMBRE DO FIM

HQ: Trinity, de Jonathan Fetter-Vorm conta em quadrinhos a criação da bomba atômica 

Foi em 16 de julho de 1945 que um trecho do deserto do Novo México, denominado “Trinity” pelo físico Robert Oppenheimer, teve seu solo transmutado em vidro esverdeado pelo calor da primeira bomba atômica.

Agora, Trinity ressurge, como uma elogiada graphic novel de não-ficção de Jonathan Fetter-Vorm, para recontar o episódio.

Subintitulada A História em Quadrinhos da Primeira Bomba Atômica, a HQ sai pela editora Três Estrelas, um selo do Grupo Folha.

Especializado em HQs de não-ficção, o norte-americano Fetter-Vorm faz um bom trabalho em Trinity ao aliar um certo didatismo (o que torna a graphic leitura recomendável em escolas) com um leve senso de drama na narrativa – válvula de escape para o horror desencadeado pela bomba.

Percebe-se que o autor fez uma boa pesquisa para realizar a HQ.

Ele parte do século 19, quando a cientista francesa Marie Curie descobre os elementos do rádio e do polônio e segue com os cientistas que, no início do século 20, desvendaram a estrutura do átomo – e o incrível poder concentrado em seu núcleo.

“Se algum idiota num laboratório encontrar o detonador certo, ele pode simplesmente explodir o mundo todo por acidente”, admirou-se em 1911 o fisico inglês Ernest Rutherford, citado no livro.

Já em 1939, a cientista alemã de origem  judia Lise Meitner fugiu da Alemanha nazista com os dados da fissão nuclear – processo de “quebra” do núcleo do átomo que desencadeia a explosão atômica.

A descoberta caiu – perdão pelo trocadilho – como uma bomba na comunidade científica mundial.

Diagnóstico frio e preciso

Depois do bombardeio japonês a Pearl Harbor e  até Albert Einstein chamar a atenção para o perigo daquela nova tecnologia, o governo dos Estados Unidos não teve outra alternativa senão investir na criação da arma definitiva, a que ia acabar de vez com a guerra.

Top secret, o Projeto Manhattan, como foi designada a operação, se desenvolveu em cinco estados diferentes, empregando milhares de pessoas.

Cidades inteiras foram erguidas do nada para abrigar cientistas, militares e operários (bem como suas famílias) envolvidos  no esforço de guerra – todos sob o comando do general Leslie Groves e de Robert Oppenheimer.

O resultado foi visto no dia 16 de julho já citado – e menos de um mês depois, quando Little Boy e Fat Man, as bombas atômicas, foram detonadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, vaporizando centenas de milhares de pessoas.

“A segunda metade do século 20 foi profundamente afetada pelo trauma dessa destruição, e por várias décadas o medo de uma guerra nuclear que dizimasse a espécie humana assombrou as pessoas”, percebe o jornalista Alcino Leite Neto, editor da Três Estrelas.

“Trinity conta  um episódio histórico que todos precisam conhecer para estarem conscientes dos perigos reais das armas nucleares”, diz.

“Hoje, estamos mais preocupados com a ruína lenta do mundo causada pela destruição da natureza do que com uma guerra atômica. Mas o perigo não está afastado ainda. A ameaça vai persistir enquanto os países produzirem energia nuclear com finalidade bélica”, reflete Alcino.

Em sua narrativa enxuta, Fetter-Vorm evita – sabiamente – escolher lados. “Trinity, além de contar sobre o nascimento da bomba atômica, faz um diagnóstico frio e preciso sobre os horrores da guerra e a crueldade dos guerreiros”, diz.

“É uma história sem heróis nem heroísmo. Mostra como a razão científica se juntou à irracionalidade da guerra, para produzir uma das maiores tragédias de todos os tempos”.

Próximos lançamentos

O editor explica que a  graphic novel foi selecionada para publicação por três razões: “Primeiro, pela abordagem de um fato histórico muito importante, contado com precisão e fidelidade. Em segundo, pela fluência narrativa, que associa história, ciência e política com muita habilidade”.

“E por fim, pela qualidade do desenho levemente retrô, que remete às HQs dos anos 1940 e 50, em P&B”, nota.

Ele conta que os planos da Três Estrelas é “publicar esporadicamente histórias em quadrinhos, cerca de duas por ano, sempre de não ficção, que é a nossa área de atuação”.

Para breve, ele anuncia mais duas: O Golpe de 64, de Oscar Pilagallo, ilustrada por Rafael Campos Rocha, sai até o fim do ano.

Em 2015, lançaremos A Morte de Stálin, dos franceses Fabien Nury e Thierry Rubin, sobre a morte e os funerais do líder soviético”, conclui.

Trinity / Jonathan Fetter-Vorm / Três Estrelas / 160 p. / Trad.: André Czarnobai / R$ 29,90 / www.editora3estrelas.com.br

sexta-feira, abril 04, 2014

LIRINHA VOLTA Á BAHIA PARA SÉRIE DE SHOWS E RECITAIS - QUE COMEÇA HOJE, NO PELOURINHO

Lirinha, fotos de Claus Lehmann
Catapultado à fama nacional no fim dos anos 1990 com sua banda O Cordel do Fogo Encantado, o cantor e poeta Lirinha volta à Bahia para cumprir agitada agenda de shows solo e recitais de poesia.

O pernambucano de Arcoverde se apresenta hoje no Pelourinho com a banda local Scambo e amanhã em Feira de Santana. No domingo, faz recital em Feira de Santana e na segunda-feira, outro em Salvador. Na sexta-feira que vem, nova récita em Juazeiro.

“Gosto muito (de fazer shows na Bahia). Tenho uma relação profunda e antiga com o público baiano”, diz José de Paes Lira (seu nome completo), por telefone de São Paulo.

“Desde o início, antes do primeiro disco do Cordel (2000), fizemos uma temporada no Teatro Acbeu e foi muito marcante. Todas as etapas do Cordel eu vivenciei de alguma forma com a Bahia”, acrescenta.

Nos show de hoje e amanhã, Lirinha e sua banda executam o repertório completo do álbum Lira (2011), mais alguns hits do Cordel, como Morte E Vida Stanley, Os Oim do Meu Amor e Matadeira.

“Também vai ter Lágrimas Pretas, que compus pra Pitty  (gravada por ela no CD 3 Na Massa, 2008) e outras inéditas que deverão estar no meu próximo disco“, diz Lirinha.

Pessoa que diz poesias

Além de shows, Lira faz na Bahia três recitais de poesia, atividade que está na gênese de sua trajetória artística.

“Mesmo nos shows eu mantenho alguns momentos em que digo poesias, continuando a tradição do Cordel –  agora com bases sampleadas”, diz.

“Mas me sinto muito feliz de levar poesia a essas cidades, especialmente Feira de Santana por causa de Chico Pedrosa, poeta paraibano que eu recitava muito e morava em Feira, então desenvolvi esse carinho, esse apego”, conta.

Além de Pedrosa, Lira vai dizer poesias de Manoel Filó, Pinto do Monteiro, João Cabral de Melo Neto, Cancão, Micheliny Verunschk e Alberto da Cunha Melo, além de versos de sua própria lavra.

“A poesia faz parte de minha origem. Eu comecei nisso que chamam de arte declamando poesias em festivais de violeiros e encontros de repentistas e poetas em Arcoverde”, diz.

“Tudo mais – música, teatro – veio depois. Me considero a principio um declamador, uma pessoas que diz poesias. Tudo mais desenvolveu em torno disso”, observa Lirinha.

A ligação com os aspectos mais enraizados da cultura nordestina, contudo, não foi o bastante para a expressividade do inquieto pernambucano, que deixou a antiga banda justamente para trilhar outros caminhos, mais cosmpolitas.

"Comecei no Cordel em 1997, em Arcoverde como um espetáculo cênico musical. Em 1999 virou uma banda e eu vivi até 2010 intensamente o processo desta banda, compondo todas as músicas basicamente na estrutura da percussão e um único instrumento harmônico, no caso o violão. E isso foi o principal impulso de desligamento da banda: essa necessidade como compositor e intérprete de desenvolver um trabalho com mais instrumentos harmônicos. Não faria sentido anunciar a saída do grupo e fazer uma música parecida. Nunca houve desentendimento. Foi uma questão estética. Então  fiz um CD com sintetizadores, pianos e guitarras. Me reconheço demais nesse processo do disco. Fiquei muito feliz, pois é o disco dos meus sonhos, a música que desejava fazer e consegui concretizar”, detalha Lirinha.

"Agora tô no processo do segundo álbum solo, já em gravação. Estou produzindo novas músicas inéditas. Apelidei por enquanto de Lira Vol. 2. e estou repetindo a produção com Pupilo (da Nação Zumbi, produtor do Lira de 2011), como se fosse um aprofundamento dessas descobertas do Lira. Curioso é que o primeiro saiu primeiro na net e um mês depois o físico, em 11 de setembro de 2011, mas não por nada, é que é a data do aniversário de emancipação de Arcoverde e eu quis dar de presente. Agora, este ano é bem turbulento, então ainda não sei quando sai este segundo, se enfrento aí este período de Copa / política e lanço ainda em 2014"...., conclui o músico.

Lirinha / Hoje (com Scambo), 21 horas / Largo Teresa Batista /  R$ 20 e R$ 10 / Recital: Segunda-feira, 18h30 /  Teatro Sesc Pelourinho / Gratuito / Feira de Santana: Amanhã, 20 horas / Teatro de Arena Centro de Cultura Amélio Amorim / R$ 10 e R$ 5 / Recital: Domingo, 17 horas / Foyer do Teatro da CDL /  Gratuito / Juazeiro: Recital (Com Cláudia Cunha | Maviael Melo)  dia 11, 21 horas / Centro de Cultura João Gilberto / Gratuito

http://josepaesdelira.tumblr.com



quarta-feira, abril 02, 2014

REVELAÇÃO DA NOVA CENA RECIFENSE, JUVENIL SILVA FAZ SHOW SÁBADO EM SALVADOR

Senhoras e senhores, JuveNil Silva
Quem acompanha esta coluna (a Coletânea, publicada às terças-feiras no Caderno 2+ do jornal A Tarde) sabe que ela é dedicada à música independente baiana, mas que, vez ou outra, também abre espaço para bandas / artistas de outros estados, com ênfase aos nossos irmãos nordestinos.

Hoje é uma dessas ocasiões e o personagem da vez é o cantor, compositor e guitarrista recifense JuveNil Silva, que se apresenta em Salvador neste sábado, no horário de matinê do Dubliner’s, com as ótimas bandas locais Os Jonsóns e Donna Blues, já vistas na Coletânea.

“Comecei a tocar muito cedo. Com 15 anos já tinha banda e compunha minhas músicas”, conta JuveNil, por telefone.

“Tinha uma banda chamada Canivetes. Tocamos no Abril Pro Rock e Festival de Inverno de Garanhuns. Depois a banda terminou e saíamos para curtir os shows, mas estava insatisfeito com o cenário. Muito rock cabeça e bandas emo. Era o começo dos anos 2000”, diz.

Rapaz de atitude, JuveNil resolveu montar uma banda na contramão daquilo tudo, mais ligada na psicodelia nordestina e no mod britânico.

“Aí montamos um festival que já acontece há 8 anos, A Noite do Desbunde Elétrico. Por que não adiantava ter banda e não ter lugar para tocar, então fizemos os dois logo”, conta.

Em paralelo, tocava baixo na banda As Dunas do Barato, especializada em Gal Costa, Novos Baianos e afins.

No meio disso tudo, ainda fazia composições que não cabiam na antiga banda ou na Dunas.

“Aí quando eu tocava no violão, o pessoal dizia ‘pô, suas músicas são massa, mais verdadeiras’. Até que um dia resolvi gravar um disco caseiro com essas composições”.

Manguebeat is dead

O resultado foi o álbum Desapego, lançado no ano passado. “Lancei sem pretensão, pois gravei tudo sozinho. Além de mim, só o baterista gravou comigo. Chamei de Desapego por que tive que desapegar de tudo”.

“Aí um dia (o jornal) O Globo me ligou e disse que queria fazer uma matéria. A partir disso o pessoal do Teatro Oi Futuro (do Rio) me chamou pra um show. Depois veio o Abril Pro Rock e o Coquetel Molotov”, relata.

JuveNil conta que faz parte de uma cena recifense que não tem mais qualquer relação com o manguebeat.

“O manguebeat acabou há muito tempo,  uns 15 anos. Tem alguns artistas remanescentes, mas a maioria nem mora mais por aqui”, afirma.

“A gente faz rock ‘n’ roll por aqui  há uma cara e não tinha essa visibilidade que temos conseguido de um tempo para cá. Além de mim, essa nova cena tem o Graxa, a Aninha Martins, Matheus Mota, Ex-Exus, Dunas do Barato, Jean Nicholas e outros”, enumera JuveNil.

Marotos, os artistas até já inventaram um nome para e cena: “Beto. Ah, a gente é um bando de escroto, de maluco, falamos do nada. Perguntavam o nome da cena. Aí a gente falava ‘desbunde’ ou ‘novo udigrudi’. Aí um dia falamos: Beto”, diverte-se.

No momento, JuveNil e banda correm pelo Nordeste de carro, tocando pelas cidades. Sábado, veja-o no Dubliner’s.

BigBross apresenta: JuveNil Silva (PE), Os Jonsóns e Donna Blues / Sábado, 16 Horas / Dubliner’s Iirish Pub / R$ 10



NUETAS

Metal beneficente

O power trio de hard rock Rockstern
As bandas de heavy metal Doykod, Síncope, The Endless Fall, Knightrider e Rockstern (ops, na legenda, digo que é power trio, mas parece que é um quinteto)fazem o show beneficente United Forces 4 domingo, no Dubliner’s. A renda do show vai ajudar no tratamento do baterista Anadyll Jr. (Tharsis), que sofre com uma bactéria resistente a antibióticos. Saiba mais. 14 horas, R$ 10.

Lirinha no Pelô

Mais Pernambuco: Lirinha, o ex-frontman do Cordel do Fogo Encantado, se apresenta no Largo Teresa Batista sexta-feira. A Scambo faz as honras da casa. 20 horas, R$ 40, R$ 20.

Eric Assmar Trio X2

Eric Assmar Trio faz duas datas no Pelô antes de voar rumo Rio / SP. Sábado no Largo Quincas Berro D’Água e na outra sexta-feira (dia 11), no Largo Pedro Archanjo. 21 horas, grátis.

terça-feira, abril 01, 2014

PODCAST ROCKS OFF COM JOHNNY WINTER E DICAS EM PLUTÃO COM LAZZO

Podcast Rocks Off disseca o genial guitarrista Johnny Winter, o albino endiabrado.

Com Nei Bahia, Osvaldo Braminha Silveira e Miguel Cordeiro.




DICAS EM PLUTÃO - LAZZO

Dicas em Plutão é mais um programa da TV Vandex, no qual este blogueiro que vos escreve vai dar (lá ele) algumas dicas musicais da Bahia. No primeiro programa, Lazzo e seu maravilhoso ultimo álbum (2013), autointitulado. Leia mais sobre ele aqui. Enjoy e relevem a completa falta de intimidade com a câmera do jornalista / apresentador. A tendência é piorar, já que em breve tem mais vindo aí.