Idealizada por Damon Albarn (Blur) e pelo cartunista australiano Jamie Hewlett (Tank Girl), o Gorillaz não é a primeira nem será a última banda de desenho animado – mas é certamente a mais consistente e longeva.
A prova está na coletânea The Singles 2001-2011, uma sequência de 13 hits (mais dois remixes) produzidos na sua primeira década de “existência”.
Fãs de pop contemporâneo que se preste à audição podem largar o CD no player desde a faixa um até a última, sem pular nenhuma: é garantia de festinha animada ou seu dinheiro de volta.
Pauladas funky como Feel Good Inc., Dare e Dirty Harry, entre outras, valem umas boas sacudidelas na pista – sozinho, acompanhado ou de galera.
De acordo com o caráter cartunesco do Gorillaz, a versão mais interessante do disco – seja para fãs ou neófitos – é sem dúvida a que vem com um DVD contendo todos os clipes, quase sempre muito coloridos, psicodélicos e, claro, animados.
Do 2D inicial de Tomorrow Comes Today (2001) ao delírio 3D ultrasofisticado de On Melancholy Hill (2010), os clipes funcionam tanto separadamente quanto assistidos em sequência, constituindo quase que uma narração da trajetória do quarteto formado por 2D (vocais, teclados, gaita), Murdoc Niccals (baixo), Noodle (guitarra, teclados) e Russel Hobbs (bateria).
Com quatro álbuns na discografia, somente o último, The Fall (2010) não tem qualquer faixa em The Singles.
Dos três incluídos, a coletânea acaba por evidenciar a superioridade do segundo, Demon Days (2004) - não por acaso, produzido pelo sempre competente Danger Mouse, o fator cool mais rápido do oeste.
(E se chatos como este blogueiro relevarem ainda a fórmula óbvia que permeia quase todas as faixas [levada funky + melodias pop + trecho hip hop enfiado ali pelo meio], aí sim, a diversão pode começar).
Gorillaz / The Singles Collection 2001-2011 / EMI / R$ 29,90 / R$ 59,90 (CD + DVD)
Putaria e algodão doce colorido
Juliet Arguti é a linda trapezista que protagoniza uma picante saga erótica / circense neste álbum de HQs do paulista Victor Diógenes. Com um traço elegante e muitas cores, o rapaz concede um ar pop e de certa forma inocente às muitas cenas de lesbianismo explícito. Belo, de uma forma quase perversa. Proibido para menores de 18. Juliet Circus/ Victor Diógenes / Conrad / 72 p. / R$ 39,90 / www.lojaconrad.com.br
Visões do mestre
Pouco antes de morrer, Federico Fellini concedeu esta extensa entrevista aos jornalistas Goffredo Fofi e Gianni Volpi, na qual reflete, divaga, rememora e avalia o cinema, seus filmes, seus contemporâneos, a Itália e muitos outros temas. Inclui depoimentos de diversos outros cineastas sobre o mestre. A Arte da Visão / Federico Fellini / Martins Fontes / 120 p. / R$ 19,80 / www.martinsfontes.com.br
Se você lembra do verão de 1987, é por que você não estava lá
No final de 1987, um navio com um carregamento de maconha enlatada, prestes a ser abordado pela Polícia Federal, descarregou tudo no litoral paulista. As latas se espalharam pelas praias de São Paulo, Rio e Paraná, para delírio dos doidões. O inesquecível (ou não) Verão da Lata, contado em seus mínimos detalhes. Verão da Lata / Wilson Aquino / Barba Negra / 240 p. / R$ 44,90 / www.editorabarbanegra.com.br
Rápido e erudito
Mestre da literatura em lingua portuguesa, Eça de Queirós (1845-1900) cometeu em O Mandarim seu próprio Fausto, com toda a agudeza que sua prosa sóbria lhe proporcionava. Esta edição, luxuosa e em capa dura, conta com as belíssimas ilustrações do argentino Alberto Cedrón. O Mandarim / Eça de Queirós / Tordesilhas / 84 p. / R$ 49,90 / www.tordesilhaslivros.com.br
Se tá com medo por que veio?
O Slipknot é uma banda curiosa: os membros tocam mascarados, o som é pra lá de brutal, mas mesmo assim, caiu nas graças da volátil audiência da MTV. Nesta coletânea, o Best Of dos dez primeiros anos da rapaziada sinistra. Slipknot / Antennas To Hell / Warner / R$ 34,90
R&B digno da gloriosa tradição
Uma das raríssimas cantoras atuais a honrar o R&B como gênero, a adorável roufenha Macy Gray lança álbum de releituras insuspeitas, com Radiohead (Creep), Metallica (Nothing Else Matters), Yeah Yeah Yeahs (Maps), Arcade Fire (Wake Up), Sublime (Smoke 2 Joints) e outros. Delicioso. Macy Gray / Covered / Lab 344 / R$ 29,90
Artigos da New Yorker em português
Repórter da metidíssima (e com razão) revista New Yorker, David Grann tem aqui reunidos diversos de seus trabalhos. São histórias tão inverossímeis que poderiam ser ficção, como a de um especialista em Sherlock Holmes, assassinado em misteriosíssimas circunstâncias. O Diabo e Sherlock Holmes / David Grann / Cia. das Letras/ 464 p./ R$ 55/ www.companhiadasletras.com.br
Clássico reunido
Belíssima edição em capa dura, reunindo os três volumes de uma das maiores obras-primas dos quadrinhos: O Incal, de Jodorowsky e Moebius. Partindo da ficção científica policial, a dupla fez um dos maiores manifestos anárquicos das HQs contra os poderes instituídos, a religião etc. Clássico. Incal Integral / Alejandro Jodorowsky e Moebius / Devir / 312 p. / R$ 95 / www.devir.com.br
Tudo o que você sabe está errado
Erudito da teoria literária com todas as letras maiúsculas, o inglês Harold Bloom escreveu este livro na intenção de destituir do trono verdades sagradas sobre a Bíblia, Shakespeare, Milton, Freud,o Iluminismo, o Romantismo etc. Bagagem para a tarefa não lhe falta. Abaixo as Verdades Sagradas / Harold Bloom / Cia. de Bolso / 216 p. / R$ 24 / companhiadasletras.com.br
Maldita criatividade
A banda Maldita dá a cara a tapa e arrisca uma mistura de metal gótico com funk carioca. O resultado é mais do que duvidoso, impressão reforçada pelo apego aos clichês de ambos os gêneros. Para não mencionar as letras pueris. Maldita / Montagem / Independente / Baixe: www.bandamaldita.com.br
Divina criatividade
O Reverendo T. (nome artístico de Tony Lopes) solta EP em que dá guinada rumo a um som eletrônico, enumera seus defeitos (Muito Prazer) e confessa seus pecados (Desculpe). Divino. Reverendo T. & Os Discípulos Descrentes / Muito Prazer / Brechó / Baixe: www.discipulosdescrentes.blogspot.com.br
Cabeça revista
Sem favor nenhum, um dos melhores LPs do rock brasuca em todos os tempos, Cabeça Dinossauro (1986) ganha edição comemorativa. O CD 2 traz a versão demo do disco, com a inédita (e ótima) Vai Pra Rua. Titãs / Cabeça Dinossauro Ed. Comemorativa 30 Anos / Warner / R$ 24,90
O fim está próximo
O enfant terrible do pensamento contemporâneo lista as quatro bestas do apocalipse nosso de cada dia: crise ecológica, desequilíbrio no sistema econômico, revolução biogenética e o acirramento das desigualdades sociais. Mas como reclamar só não adianta, ele também mostra os pontos em que tudo pode ser revertido. Vivendo no fim dos tempos / Slavoj Zizek / Boitempo / 368 p. / R$ 52 / www.boitempo.com
Patricinha era sinistra
Foi com este clássico da literatura policial de 1955 que a americana Patricia Highsmith (1921-1995) inscreveu seu nome entre os mestres do gênero. Com sua narrativa do ponto de vista criminoso (e não do detetive), segue o golpista Tom Ripley em sombrias peripécias na Itália. Eletrizante e perturbador. O Talentoso Ripley / Patricia Highsmith / Cia. de Bolso / 296 p. / R$ 24,50 / www.companhiadasletras.com.br
Uma nova era em HQ
Incomodada – com as HQs – ficava a sua avó. Definitivamente, os quadrinhos mudaram. Para entender melhor o que aconteceu, este livro, do Doutor em Letras (e blogueiro do Uol) Paulo Ramos reúne seus diversos textos e artigos, cobrindo das bancas às livrarias, da HQ gringa à nacional e além. Revolução do Gibi: A Nova Cara dos Quadrinhos no Brasil / Paulo Ramos / Devir / 520 p. / R$ 46 / www.devir.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
11 comentários:
Abrindo os trabalhos, esquentando os motores.
Por falar em Roberto Planta (comments do post anterior)...
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1166089-jimmy-page-diz-achar-improvavel-reuniao-do-led-zeppelin.shtml
Após um bom tempo sumido, o Coringa volta para infernizar o Batman nos quadrinhos.
http://omelete.uol.com.br/batman/quadrinhos/coringa-confira-um-preview-do-retorno-do-vilao/
O suspense é pelo novo visual do vilão, já que, recentemente, ele teve toda a pele do rosto removida.
Ouch!
Marcio, se tu tiver em SP dia 30 num deixe de conferir o Gallon Drunk...
Ridículo o lance do Irmão Carlos viu...revoltante...
a igreja do lado do som ninguém fecha...
e isso man?
dá vergonha de ser jornalista não?
http://bahianoticias.com.br/principal/noticia/124220-jornalista-do-a-tarde-e-hostilizado-e-ameacado-por-assessores-de-marcelo-guimaraes-filho-e-ate-por-a.html
esse pseudo-presidente do Bahia dá vergonha pra quem torce pro Time...por essas e outras que o cara deixa de levar o futebol a sério...eu gosto do Bahia, mas num posso levar a sério um clube presidido por uma palhaço desses!
Não sei até que ponto quem fala a verdade aí...mas não duvido nada que esse pseudo presidente aí esteja fazendo estas merdas mesmo.
Man, futebol - como quase tudo que envolve dinheiro no Brasil, e aí inclue-se política, gestão pública e música popular - virou coisa de marginal, de ladrão.
Por essas e outras que eu literalmente IGNORO futebol. Faço questão de desconhecer. Não acompanho, não gosto, não me interesso, não alimento e não recomendo pra ninguém - exceto como prática de atividade física entre amigos, sem fins lucrativos.
Fora isso, é MÀFIA. Lixo.
Vai esperar o que dessa gentalha?
Salvador, cidade lixão.
Ah. Vergonha de ser jornalista é pouco. A vergonha maior é de ser baiano e de ser gente. Nessa ordem. Sendo que a primeira é esmagadora.
Doc sobre o psychobilly brasuca, dica de Mr. Sputter.
http://vimeo.com/26704533
vc esqueceu de incluir a "música" e a "arte" tb, tamú fudido-ehhhe
no doc citam dead billies bem rapidamente...erro crasso...os baratas tontas tb mereciam destaque...devia ser psychobilly em sp e Pr...aí sim ia ser "perfeito".
Honkers q num é saico, aparece uns segundos no doc...no cartaz do show que fizemos com os Monsters.
Robertão, o Rei do Funk!
http://omelete.uol.com.br/musica/roberto-carlos-canta-funk-em-furdunco-ouca/
Hã?
Chain-chain-chain...
http://omelete.uol.com.br/cinema/aretha-franklin-diretor-de-ray-vai-comandar-cinebiografia/
...Chain-chain-chain....
porra Chico, num achei o funk do robertão ruim não viu...acho que foi a única coisa que ouvi dele que "gostei" nas últimas 3 décadas...salve aquela do caminhoneiro que não se arrisca na banguela...mas essa eu só "gosto" pq era guri, tinha um clipe que passou no fantástico, minha mãe cantava na época, aí toda essa coisa de memória afetiva-heheheheeh
tem uma guitarrinha legal nesse som dele...mas só esse pedaço que ouvimos, vamos ouvir o restante.
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