Um cientista com cara de caveira, louco e cruel, e suas aventuras entre múmias, robôs, mulheres fatais e investigadores de polícia são um prato cheio para qualquer apreciador de histórias pulp com altas doses de fantasia. Mais interessante ainda é se tudo isto ainda tiver uma origem incerta, misteriosa.
Isto é Garra Cinzenta (Conrad), uma pioneira HQ brasileira de horror e mistério dos anos 1930, que volta às livrarias em edição luxuosa de capa dura e uma interrogação ainda a ser respondida: quem a escreveu?
Publicada em capítulos de uma página entre 1937 e 1939 no jornal paulista A Gazeta, a HQ leva as assinaturas de Francisco Armond (roteiro) e desenhos de Renato Silva (1904 -1981).
O último é razoavelmente conhecido. É o ilustrador de um clássico da literatura infanto-juvenil brasileira: Cazuza (1938), de Viriato Correia – além da conceituada série didática A Arte de Desenhar.
Mas quanto ao roteirista Francisco Armond, ninguém sabe de quem se trata. A principal “suspeita”, até pouco tempo, recaiu sobre a poeta e jornalista carioca Helena Ferraz de Abreu (1906- 1979).
Procurado pelo jornal Estado de São Paulo, o filho de Helena, Arnaldo (hoje com 80 anos) negou que sua mãe seja a autora de Garra Cinzenta.
O mistério persiste. O dono (ou dona) da mente perturbada da qual saíram as aventuras sinistras do personagem ainda é desconhecido(a).
Seu legado, porém, sobreviveu ao tempo como uma preciosa raridade da cultura pop brasileira, muito graças ao esforço de colecionadores como Worney Almeida de Souza, que adquiriu 70% das chapas de impressão originais de outros colecionadores, recolhidas através das décadas.
Em 1998, Worney publicou a série completa em um fanzine com tiragem limitada de 500 cópias.
E agora, nesta edição de luxo que só saiu graças ao seu trabalho anterior, assina o texto de apresentação, dando conta do tamanho da influência e do alcance da obra, que foi, inclusive, publicada no exterior.
“Sabe-se, com certeza, de pelo menos duas edições internacionais: uma (...) na revista belga Le Moustique, e outra mexicana, da editora Sayrol. Mas é quase certo que existiram outras edições, graças ao poder divulgador da pirataria”, escreve Worney.
Segundo o pesquisador, o personagem ainda parece ter influenciado personagens das HQs americanas (o vilão Caveira Vermelha, da Marvel) e italianas (nos anti-heróis Satanik e Kriminal).
Cria direta da literatura pulp norte-americana, Garra Cinzenta se revela uma leitura até dinâmica e interessante – se o leitor ocasional souber contextualizar a narrativa criada nos moldes de mais de 70 anos atrás.
Com a história ambientada em Nova York, os personagens são chamados de Higgins, Miller, Katy e outros nomes estrangeiros. Os diálogos e textos, conservados do jeito que foram escritos em 1937, guardam expressões involuntariamente engraçadas, como “cair na esparrela”, entre outras.
Mas os desenhos de Silva, contudo, captam muito bem o contexto sombrio, tipo “vilão de cinema mudo” da série, e evoluem visivelmente ao longo da narrativa, atingindo grande impacto visual, especialmente na segunda metade da HQ.
GARRA CINZENTA / Francisco Armond e Renato Silva / Conrad / 128 p. / R$ 39,90 / www.lojaconrad.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
15 comentários:
Bacana!
Tinha baixado um quadrinho dele há tempos atrás...num sabia do mistério.
a conrad é uma editora bacana...uma amiga minha já traduziu 2 livros do crumb pra eles.
Sem nenhum respeito a Cráudia Milk (exceto pelo tocante à parte física...) e com todo o respeito do mundo ao fabuloso ainda-por-vir-a-tocar Stevie Wonder, acho que o Rock in Rio poderia ter terminado já ontem mesmo depois daquela fantástica apresentação de Elton John!
Foi simplesmente emocionante, um retorno (sem nostalgia) aos anos 70 com os músicos que tocavam com ele na época, os grandes hits tocados com a virulência Rock'n'Roll que lhes são peculiares, fazendo juz à parte ROCK do festival assim chamado rockinrio...
Elton e sua "turminha do barulho" (sic) arrasaram na noite de ontem!
YEP!
Vi quase todo o sho do Elton pela tv tb, Márcio. E pensei a mesma coisa que vc. Veja só que suprema ironia: foi preciso botar Elton John no palco para ter rock no Rock in Rio. Foi um lindo show.
Tirando um showzinho aqui (Elton), outro ali (Motorhead), outro acolá (Metallica), esse rock in rio é exatamente o que parece: uma grande roubada.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/980836-problema-na-estrutura-provoca-vazamento-de-esgoto-no-rock-in-rio.shtml
"Roubada", literalmente.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/980807-terceiro-dia-do-rock-in-rio-e-o-que-registra-mais-ocorrencias-ate-agora.shtml
A TV ligada em um jornal matutino aqui na redação, um repórter pergunta: "festival de música ou festival de ladrões"?
Creideuspai...
O que relamente não dá pra entender é eles escalarem um lixo desses no palco principal
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/980789-gloria-fica-devendo-vigor-em-show-com-formula-cansativa.shtml
e o Sepultura, a maior banda de metal do Brasil, ficar restrita ao palco 2, o tal do "Sunset".
Sem falar nas cantoras baianas, mais por fora que umbigo de vedete num evento como esse (ou como um evento desses deveria ser). Lixo.
Lavou minha alma foi ver João Gordo detonando a oragnização em entrevista ao vivo no backstage ("Organizador de festival grande no Brasil é tudo imbecil", entre outras gentilezas).
Taí, a noite do metal fez jus ao titulo do festival. Metallica e Motorhead não tem erro. E , confesso, fiquei surpreso com o show do Slipknot. Nunca tinha levado a serio a banda, aquelas mascaras continuam sendo ridiculas para mim, mas em termos de peso, e como espetaculo, foi impresionante, talvez o ponto alto do festival. Não acho que vou virar fã da banda, mas vou olha-la com outros olhos daqui pra frente. Caralho, a famosa porrada na zurreia.
Do Motorhead fiquei com gostinho de quero mais... Show arrasa-quarteirão como sempre, rock puro e sujo (redundância paradoxal...), fiquei só imaginando em que estado nosso amigo desvairado Cláudio Esc devia estar naquele momento, se ele já não estava devidamente detonado e perdeu esse pra variar... como diz Chico: creideuspai... hehe...
PORRA É ESSA CHICONHA?
VC Já TOCOU BAIXO COM O MESTRE NATHANIEL MAYER E NUNCA ME DISSE???
http://www.youtube.com/watch?v=msuv7wFxfko&feature=related
Podia ter trazido o cara pra cá!!!
Agora tem 3 anos que ele não toca + no planeta terra e num posso + ver.
Conte-nos essa experiência aí!!
Viva as pessoas de bom coração na internet!!!
Viva o inventor do bit torrent!
http://thepiratebay.org/torrent/6701166/Red_Hot_Chili_Peppers_Live_from_Rock_In_Rio_2011
Olha, Sputter, assim, de longe, de relance, meio de passagem, até que me lembra sim. Mas eu sou muuuuuito mais bonito, claro.
vc viu o video todo?
o cara é igual a vc véi...mostra pra tua patroa pra tu ver se ela num fala q é igual-hehehe
é pq ali vc era + novo...agora tu tá + bonito com a idade...aí é daquela época que vc num se lembra de muita coisa de sua vida...tipo ozzy na década de 70-hehehhe.
falando em melhor show do faz-me RIR:
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,ator-de-x-men-e-cotado-para-viver-elton-john-em-cinebiografia,777743,0.htm
Porra! Depois de rever esse show da Tiazona do Rock, Sir Elton, dá pra dizer sem medo: foi O melhor dessa primeira parte do RIR!!!! E vai ser O melhor do festival todo!
É muito emocionante! ROOOOCK total radiante!
Concordo. Tio Elton até agora, para mim, o melhor da bagaça in rio. Mostrando com quantas teclas se faz o nosso vilipendiado Rock!
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