Sepultura inicia turnê mundial com gás total em Salvador, mas o público não compareceu tanto
Se é certa a tradição que diz que começar uma turnê pela Bahia dá sorte, graças as bênçãos dos orixás, o Sepultura está mais do que bem encaminhado, após abrir seu giro mundial de divulgação do CD A-Lex anteontem, na Concha Acústica do TCA.
Apesar do público razoavelvelmente reduzido (1,6 mil, num lugar que cabem 5 mil), o Sepultura não decepcionou seus fãs, fazendo um show catártico e ensurdecedor. A banda subiu ao palco da Concha pouco depois das 20 horas, sob uma intensa iluminação vermelha.
No escuro da platéia, via-se apenas o brilho de centenas de telefones celulares e câmeras digitais apontadas para o palco, enquanto os músicos detonavam a primeira música, Filthy Rot, do A-Lex, cujo lançamento mundial é no próximo dia 23.
Mas nem só de músicas novas foi feito o show do Sepultura. Refuse / Resist, clássico do álbum Chaos A.D. (1993), foi a quarta de um set list bem equilibrado, que mesclou os hits da primeira fase da banda, com o ex-vocalista Max Cavallera, e músicas dos discos com seu substituto, o gigantesco americano Derrick Green.
Este último, muito simpático, se apresentou da seguinte maneira ao público: “Oi! Eu sou Derrick Green! Eu sou americano e falo português pra c...!“. A Concha quase foi abaixo.
O guitarrista Andreas Kisser, que se apresentou ora com uma Fender Stratocaster, ora com com uma linda Flying V, agitou a cabeleira e esmerilhou suas cordas com a competência de sempre, enquanto o baixista Paulo Jr. se manteve no seu estilo discreto e pacato.
(Ainda sobre Kisser: se muitos guitarristas se notabilizaram por saberem fazer a guitarra chorar, simulando dor e tristeza, Kisser tem uma incrível habilidade para faze-la gritar como se estivesse sendo estuprada por vinte demônios super-dotados nas profundas dos infernos. Gênio).
Já o membro novato, o baterista Jean Dolabella, mostrou serviço, espancando suas peles sem dó e com muita técnica, emulando bem o estilo impiedoso do ex-batera Ígor Cavellera. Houve quem não gostasse, como um comentário entreouvido no meio do público: ”Pô, o show tá massa, mas parece que botaram o roadie na bateria!”. Maldade...
Clássico após clássico, o público ia se acabando na frente da banda, enquanto o resto do povo assistia embasbacado ao massacre – no palco e fora dele: Desperate Cry, Dead Embryonic Cells, Beneath The Remains, War for Territory, Arise e o cover de Orgasmatron, do Motorhead.
Depois dessa leva, saíram do palco. Retornaram cinco minutos depois, trazendo consigo Jairo Guedz, guitarrista que, em 1984, foi um dos fundadores do Sepultura em Belo Horizonte, com o baixista Paulo Jr. e os irmãos Cavallera.
Visivelmente satisfeito por tocar na Concha diante de uma turba enlouquecida, detonou com a banda pedradas da primeira fase do Sepultura, como Necromancer e Troops of Doom. Depois de um cover instantâneo de Blitzkrieg Bop (Ramones), os cinco encerraram o show com o hit Roots. O público, com muitas caravanas vindas do interior, foi embora esgotado – e feliz da vida.
LOCAIS DETONAM – Antes do Sepultura, o metal baiano mostrou sua força, com bons shows das duas bandas de abertura: Malefactor e Minus Blindness.
A primeira, um sexteto com 17 anos de carreira que já conta com turnês européias e quatro álbuns lançados no currículo, abriu os trabalhos por volta das 17h30. Praticando um death / black metal épico, que, não por acaso, destaca bases com escalas medievais e camas de teclados progressivos, a Malefactor mostrou ter um público fiel nas primeiras fileiras, cantando junto todas as músicas da apresentação.
Já o vocalista Lord Vlad demonstrou uma técnica bastante apurada, indo sem esforço do grunhido gutural ao berro agudo à la Bruce Dickinson.
A Minus Blindness, supostamente um jovem power trio (recebeu um segundo guitarrista no meio do show), parece ter bastante potencial, com ótimos instrumentistas. Uma banda a se acompanhar com interesse.
VEJAM AQUI GALERIA DE FOTOS DE MARGARIDA NEIDE:
http://www.atarde.com.br/fotos/index.jsf?id=1049239&foto=69394#1
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
3 comentários:
Depois de umas férias, o companheiro El Cabong volta à ativa, trazendo a escalação do palco alternativo do festival de verão:
http://www.nemo.com.br/elcabong/
Pelo menos, tem Casca, Retros e Vivendo do Ócio...
Surreal... da serie nenhuma llhama vai ficar impune:
Grêmio descarta uso de Viagra na Libertadores.
Márcio Bolzoni, médico do Grêmio, descartou a possibilidade de a equipe tricolor fazer o uso do Viagra, remédio usado contra a impotência sexual, para melhorar o desempenho dos atletas em jogos de altitude na Copa Libertadores da América deste ano. ( site do terra)
Alô, Glauberovski!
Tô precisando falar contigo e não tenho teu tel, maluco!
Me procura, me manda um email, me liga, me manda um recado, um bilhete, uma carta para a redação, please!
Né dinheiro emprestado, não, pode ficar tranquilo!
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