Gordinho em ótima forma
Black Francis era a identidade de Frank Black, ou melhor, Charles Kitteridge Thompson IV (seu nome de batismo), durante o tempo em que esteve a frente da lendária e super-influente banda Pixies, na virada da década de 80 para a de 90. Quando a banda acabou, o gordinho de voz esganiçada - que cantava como se estivesse sempre à beira de um ataque de nervos - adotou o nome de Frank Black, com o qual tocou uma prolífica carreira-solo. Em 2004, os Pixies voltaram, fizeram uma turnê (que passou até por Curitiba), lançaram um punhado de CDs e DVDs ao vivo e sumiram de novo. Qual não foi a surpresa dos fãs, portanto, ao se depararem com o novo álbum do ex-band-leader, utilizando o antigo cognome pixiano. A brincadeira das múltiplas identidades, contudo, não ofusca o velho talento para compor algumas pérolas do rock alternativo. Provavelmente, Blue Finger se parece mais com um disco dos Pixies do que se estes resolvessem gravar um CD novo. Está tudo aqui: o clima me-segura-que-eu-vou-dar-um- troço-agora mesmo (em Threshold Apprehension), os riffs surf music (Captain Pasty), o pop perfeito (Lolita), os vocais femininos em contraposição ao dele próprio (Discotheque 36, com a cantora Violet Clark). O interessante é que o disco inteiro é uma homenagem ao cantor, pianista e artista plástico holandês Herman Brood - morto em 2001, após pular da janela de um hotel -, de quem ele regravou o rockão You Can‘t Break a Heart and Have It. Bala.
Blue Finger
Black Francis
Deckdisc
R$ 24,90
www.blackfrancis.net
Suspense pronto para virar filme
Uma pousada esquecida em uma estrada poeirenta é o cenário da trama macabra de loucura e assassinatos que se desenrola em Fim do jogo (House, no original), dos escritores Frank Peretti e Ted Dekker. Dois casais, desconhecidos entre si, são os protagonistas desta história que, se não é lá muito original, pelo menos, prende o leitor pelo ritmo frenético, cinematográfico da narrativa. Após chegaram na casa, os personagens são surpreendidos com a proposta de um jogo, cujas regras só fazem sentido para mentes insanas. Fãs de filmes como Jogos Mortais e O Albergue têm diversão garantida aqui.
Fim do jogo
Frank Peretti e Ted Dekker
Ed. Thomas Nelson Brasil
297 p. | R$ 44,90
www.thomasnelson.com.br
Terrorismo musical só para iniciados
A banda mais radical, barulhenta e indefinível da atualidade, a The Mars Volta é formada por Cedric Bixler-Zavalla e Omar Rodriguez-Lopez e convidados. Sua proposta é tão avançada que os críticos nunca lograram em criar um rótulo que cole na dita. O som é uma colagem esquizofrênica de thrash metal, free jazz, hardcore, funk metal, progressivo etc. O engenheiro de som teve um colapso nervoso durante as gravações do CD, uma peça sobre o poder do oculto - o Goliath do título é o nome de um espírito conjurado por Rodriguez-Lopez através de uma tábua Ouija comprada em Jerusalém, brinquedo preferido da banda durante as turnês. Tenha medo.
The Bedlam in Goliath
The Mars Volta
Universal
R$ 29,90
www.themarsvolta.com
Coelhinho peludo, armado e perigoso
Usagi Yojimbo (coelho guarda-costas), é uma HQ de grande sucesso, criada pelo japonês naturalizado americano Stan Sakai. Com animais antropomórficos, ele conta, a partir do personagem principal, o coelho Usagi, a história de Miyamoto Musashi (1584-1645), o mais lendário guerreiro samurai de todos os tempos. Os grande méritos de Sakai, além de passar ao largo do cansado estilo do mangá clássico - sem contar que ler no sentido oriental, de trás para a frente, é muito chato - são o seu traço virtuoso, detalhista, e a narrativa clássica: linear, mas extremamente bem-resolvida. Nada de bichinhos fofinhos aqui, grandes caracterizações.
Usagi Yojimbo: Daisho
Stan Sakai
Devir /Dark Horse
208 p. | R$ 28
www.devir.com.br
Jarre regrava o próprio clássico
Pioneiro da música eletrônica, o multi-instrumentista francês Jean Michel Jarre costuma ser mais conhecido pelos shows pirotécnicos do que pela qualidade da sua obra. Eis que, talvez para lembrar ao mundo de que ainda está vivo, ele resolveu regravar o álbum que lhe concedeu fama mundial - além de ser o seu maior clássico: Oxygene, de 1977. O disco em si, apesar de já ter servido muito como trilha sonora de comercial de cursinho pré-vestibular, é uma longa viagem de rock progressivo / erudito, portanto, não é para qualquer ouvido. Sua qualidade, contudo, é inegável, graças à inocência com que o jovem Jarre manipulava o maravilhoso arsenal de instrumentos eletrônicos de que dispunha: um desfile de Minimoogs, Farfisas, ARP 2600, Mellotrons. Belo. Acompanha DVD.
Oxygene
Jean Michel Jarre
EMI
R$ 58,90
www.jeanmicheljarre.com
O mestre inglês da sátira na 2ª Guerra
Apesar de pouco conhecido no Brasil, Evelyn Waugh (1903-1966) foi um dos mais geniais e hilariantes escritores ingleses do século XX. Esnobe, católico e filho de aristocratas decadentes, era dono de uma pena afiada como navalha, como demonstrou nos romances Um punhado de pó e Furo!, nos quais ridicularizava sem dó a fleugma e os costumes dos nobres britânicos. Rendição incondicional, contudo, mostra uma outra face de Waugh, como um crítico da guerra e das políticas por trás delas. O livro é baseado nas suas próprias experiências - e as muitas desilusões que teve - durante a 2ª Guerra Mundial, quando serviu na Grécia e Iugoslávia.
Rendição incondicional
Evelyn Waugh
Nova Fronteira
288 p. | R$ 39,90
www.novafronteira.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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quarta-feira, abril 30, 2008
sexta-feira, abril 25, 2008
ANDRÉ MATOS ESTRÉIA SOLO NA CONCHA
Um dos maiores nomes do heavy metal brasileiro, o cantor e tecladista André Matos, apesar de contar apenas 36 primaveras, tem uma longa história de carreira para contar. História essa que deverá ser descortinada no show que ele faz amanhã, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
Em turnê de divulgação do seu primeiro álbum solo, Time to be Free, Matos iniciou a carreira na tenra idade de 13 anos, quando fundou a banda Viper, a qual, ao lado da mineira Sepultura e da carioca Dorsal Atlântica, se tornou um dos maiores expoentes do metal nacional. Depois de lançar dois LPs - aclamados inclusive no exterior - com a Viper, Soldiers of Sunrise (1987) e Theatre of Fate (1989), André saiu da Viper para se dedicar aos estudos de Composição e Regência.
Em 1991, montou a banda Angra, que fez bastante sucesso nos três álbuns de estúdio e mais um punhado de CDs ao vivo e EPs que lançou ao longo da década.
Em 2000, deixou a Angra após desentendimentos com o empresário e partiu para montar a banda Shaaman, com a qual lançou mais dois álbuns, Ritual (2002) e Reason (2005).
Em 2006, mais uma vez o inquieto músico resolveu partir para um novo projeto, desta vez, solo. "Essa idéia da banda solo começou há dois anos. É uma banda mesmo. O pessoal que toca comigo é o mesmo que gravou o CD Time to be Free e tem a ver com minha história. É gente que tocou comigo na Angra e na Shaaman, como Fábio Ribeiro (teclados), Luiz Mariutti (baixo), Hugo Mariutti e André Hernandez (guitarras)".
A novidade é o jovem baterista Eloy Casagrande, de apenas 16 anos. "Testamos alguns músicos e ele foi uma revelação, até já ganhou um prêmio da revista Modern Drummer, como o Baterista Nº 1 das Américas", conta André.
Time to be Free, segundo o cantor, é ”uma resposta à esse mundo tão massificado, uniformizado. A música pode resgatar alguns valores que estão se perdendo”, acredita.
MAIS ALGUNS TRECHOS DA ENTREVISTA COM ANDRÉ MATOS
(Que por questão de espaço, ficaram de fora da matéria)
TIME TO BE FREE - "A primeira impressão que esse título causa é essa mesmo, de busca da liberdade, agora estou livre para revisitar todos os momentos da minha carreira."
MERCADO METAL - "Esse estilo musical, cantando em inglês, evidentemente visa o mercado externo também. E o Brasil ainda não tem um mercado sólido para isso, coisa que já existe lá fora. Mas acho que, aos poucos, vamos criando um. Existe um lado transgressor no metal, mas também tem um lado muito técnico, apurado em nível musical e profundo no nível nas idéias. Pô, vamos tocar num palco maravilhoso, que é a Concha Acústica de Salvador. Isso já é um (bom) sinal".
JAPÃO e OROPA - Já trabalho no Japão há uns 20 anos, desde o primeiro disco da Viper. Lá o metal é pop. Time to be Free foi super bem recebido por lá, quando o lançamos em agosto de 2007. Foi o segundo CD mais vendido durante um mês inteiro e tocamos no maior festival de rock de lá, o Loud Park. Isso abre as portas para o mercado europeu, onde lançamos o CD em fevereiro pelo selo SPV com uma resposta muito boa de público e crítica. E vamos fazer a Ásia e a Europa de novo no segundo semestre".
BRAZIL - "Aqui a coisa vai caminhando. Conseguimos lançar o CD por uma major, a Universal, o que nos garante uma boa distribuição. Se o cara quiser comprar nosso CD no Acre, ele encontra. E desde que saiu, ele tem se mantido entre os 5 CDs mais vendidos do segmento rock".
LONGA ESTRADA - "Comecei com o Viper aos 13 anos, lancei o primeiro LP com 15. Foi tudo muito precoce. Nunca pensei que o rock fosse um estilo que permitisse ao músico envelhecer nele, e desde os anos 80, não é o que vemos. Isso me anima bastante a continuar. Os caras do Maiden já tão 55 anos, eu ainda tenho 36, então tem muita estrada ainda pela frente".
AVANTASIA - "Também no segundo semestre, estarei acompanhando o espetáculo Avantasia, que é uma ópera rock criada pelo Tobias Sammet, da banda Edguy. Ele criou esse negócio tem uns 10 anos. Vou percorrer os festivais de verão da Europa e também pelas Américas. Faço mais de um papel. Começa em junho e vai até agosto. Serão uns nove festivais só na Europa, tem até na Transilvânia. Então esse segundo semestre vai ser bem movimentado pra mim, mas assim que é bom, né?"
Time To Be Free World Tour
Show de André Mattos e banda
Abertura das bandas Nomin e Face on Fact
Domingo, 17 horas
Concha Acústica do Teatro Castro Alves
Praça 2 de Julho, s/n, Campo Grande (3339-8000)
R$ 20 e R$ 10
quinta-feira, abril 24, 2008
DOSE DUPLA
Berlinda e Cascadura fazem festa rock na Boomerangue
Duas das melhores bandas do rock baiano fazem uma grande festa amanhã na Boomerangue: a Cascadura, que dispensa apresentações e comemora 16 anos de atividades, e a Berlinda, banda que, apesar de ter pouco mais de um ano de formada, vem ganhando notoriedade na internet graças a divulgação do seu EP Mar de Calma, o qual será lançado nesta noite.
Formada por duas cobras criadas do rock local, Adriano Batata Amado (guitarra, ex-Arsene Lupin) e Sérgio Cebola Martinez (baixo, ex-Tequillers), mais dois novatos, André Blhoem (vocais) e Juliano Queiróz (bateria), a Berlinda reza por uma cartilha estritamente indie rock.
Apesar de muita gente torcer o nariz e associar o estilo a meninos catarrentos e (supostamente) tristonhos de tênis All Star, vale dizer que a Berlinda transcende esse estereótipo por vários motivos. O primeiro é o conhecimento de causa e a maturidade dos dois integrantes mais velhos, já próximos dos 40 anos.
O segundo motivo é que, diferente da geração mais nova de indie rockers, nenhum dos dois ouve Los Hermanos - nem faz misturas com MPB -, e sim, Teenage Fanclub, My Bloody Valentine, Ride, Smiths e Velvet Underground, ou seja, os fundadores do estilo. O que equivale a dizer que suas influências não vieram diluídas, de segunda mão.
Apesar disso, a banda demonstra personalidade própria nas quatro canções de Mar de Calma, ajudando a revitalizar um estilo que corre sério risco de virar paródia de si mesmo.
O crédito para os bons resultados conseguidos em estúdio deve ir também para o produtor Luís Fernando Apú Tude (ex-Sangria), que, conhecendo bem as referências da banda, soube adaptá-las com exatidão às limitações técnicas dos integrantes.
Junte-se a isso a mixagem realizada por Tomás Magno no estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, e tem-se em mãos um CD de estréia com um som pesado e profissional, que nada deixa a dever a um CD bancado por uma gravadora major.
16 - Depois de um 2007 consagrador, ano em que fez nada menos que 47 shows (número impressionante para o marginalizado rock baiano), a Cascadura dá continuidade à divulgação do álbum Bogary (2006) com show na Boomerangue que comemora os 16 anos da banda, fundada no feriado de Tiradentes (21 de abril) de 1992.
Outro número impressionante e que deve ser comemorado é a marca de das 10 mil cópias vendidas do citado CD, que veio encartado na revista Outracoisa, do cantor Lobão, fã declarado da banda. Nada mal para uma banda que não toca em rádio e não aparece na TV.
O show desta sexta já é o 14º de 2008, precedendo uma mini-turnê de cinco datas pelo Nordeste que passará por João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Recife (PE) e Aracaju (SE). Na volta, nova temporada de três domingos em maio para preparar o show de gravação do primeiro DVD ao vivo da Cascadura, o que deverá ocorrer em junho, em local e data a serem definidos.
Berlinda e Cascadura
Lançamento do EP Mar de Calma e comemoração dos 16 anos da Cascadura
Amanhã, 22 horas
Boomerangue | Rua da Paciência, 307 - Rio Vermelho (3334-6640)
R$ 15 | CD: R$ 5
OUÇA:
www.myspace.com/berlindamardecalma
www.myspace.com/cascadurarock
Duas das melhores bandas do rock baiano fazem uma grande festa amanhã na Boomerangue: a Cascadura, que dispensa apresentações e comemora 16 anos de atividades, e a Berlinda, banda que, apesar de ter pouco mais de um ano de formada, vem ganhando notoriedade na internet graças a divulgação do seu EP Mar de Calma, o qual será lançado nesta noite.
Formada por duas cobras criadas do rock local, Adriano Batata Amado (guitarra, ex-Arsene Lupin) e Sérgio Cebola Martinez (baixo, ex-Tequillers), mais dois novatos, André Blhoem (vocais) e Juliano Queiróz (bateria), a Berlinda reza por uma cartilha estritamente indie rock.
Apesar de muita gente torcer o nariz e associar o estilo a meninos catarrentos e (supostamente) tristonhos de tênis All Star, vale dizer que a Berlinda transcende esse estereótipo por vários motivos. O primeiro é o conhecimento de causa e a maturidade dos dois integrantes mais velhos, já próximos dos 40 anos.
O segundo motivo é que, diferente da geração mais nova de indie rockers, nenhum dos dois ouve Los Hermanos - nem faz misturas com MPB -, e sim, Teenage Fanclub, My Bloody Valentine, Ride, Smiths e Velvet Underground, ou seja, os fundadores do estilo. O que equivale a dizer que suas influências não vieram diluídas, de segunda mão.
Apesar disso, a banda demonstra personalidade própria nas quatro canções de Mar de Calma, ajudando a revitalizar um estilo que corre sério risco de virar paródia de si mesmo.
O crédito para os bons resultados conseguidos em estúdio deve ir também para o produtor Luís Fernando Apú Tude (ex-Sangria), que, conhecendo bem as referências da banda, soube adaptá-las com exatidão às limitações técnicas dos integrantes.
Junte-se a isso a mixagem realizada por Tomás Magno no estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, e tem-se em mãos um CD de estréia com um som pesado e profissional, que nada deixa a dever a um CD bancado por uma gravadora major.
16 - Depois de um 2007 consagrador, ano em que fez nada menos que 47 shows (número impressionante para o marginalizado rock baiano), a Cascadura dá continuidade à divulgação do álbum Bogary (2006) com show na Boomerangue que comemora os 16 anos da banda, fundada no feriado de Tiradentes (21 de abril) de 1992.
Outro número impressionante e que deve ser comemorado é a marca de das 10 mil cópias vendidas do citado CD, que veio encartado na revista Outracoisa, do cantor Lobão, fã declarado da banda. Nada mal para uma banda que não toca em rádio e não aparece na TV.
O show desta sexta já é o 14º de 2008, precedendo uma mini-turnê de cinco datas pelo Nordeste que passará por João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Recife (PE) e Aracaju (SE). Na volta, nova temporada de três domingos em maio para preparar o show de gravação do primeiro DVD ao vivo da Cascadura, o que deverá ocorrer em junho, em local e data a serem definidos.
Berlinda e Cascadura
Lançamento do EP Mar de Calma e comemoração dos 16 anos da Cascadura
Amanhã, 22 horas
Boomerangue | Rua da Paciência, 307 - Rio Vermelho (3334-6640)
R$ 15 | CD: R$ 5
OUÇA:
www.myspace.com/berlindamardecalma
www.myspace.com/cascadurarock
quinta-feira, abril 17, 2008
VERTIGEM PARA TODOS
Álbuns e revistas do selo Vertigo, há muito esperadas pelos leitores, chegam às bancas e livrarias, para alegria dos fãs
Sinônimo de excelentes quadrinhos adultos com temáticas fortes, diálogos cortantes e roteiros delirantes, o selo Vertigo, uma subsidiária da DC Comics (casa do Batman e do Superman), finalmente está tendo o tratamento que merece no Brasil, após vários anos sendo maltratado das mais diversas formas em outras editoras – com as honrosas exceções da Abril nos anos 90 e da Devir no início da década.
A façanha é da pequena editora Pixel Media – na verdade, um braço da tradicional casa editorial carioca Ediouro – que adquiriu os direitos de publicação dos títulos Vertigo no final de 2006. Aos poucos, a Pixel vem publicando – ou dando continuidade à publicação em alguns casos, como o de Preacher – todos aqueles títulos que os leitores brasileiros vinham requisitando há tempos, como Os Invisíveis, 100 Balas, Fábulas e Y: O Último Homem, entre outros.
"Tem muita coisa saindo no mercado brasileiro de HQ, mas a base de leitores ainda é pequena e se expande muito lentamente. Então o ritmo dos lançamentos é cuidadoso, não adianta inundar o mercado de títulos se ele não tem condição de absorver todos", observa Cassius Medauar, editor da Pixel. "Agora, quem compra, ama mesmo, os caras são fanáticos", garante.
Com duas revistas mix mensais nas bancas, Pixel Media Magazine e Fábulas Pixel (o primeiro número desta última sai ainda agora em abril), a editora vem saciando a fome de Vertigo dos fãs com mais alguns álbuns e edições especiais, de acordo com o perfil de cada título.
Os Invisíveis, por exemplo, ousado título do escocês Grant Morrison que mistura ficção científica, movimentos revolucionários, teorias de conspiração, sexo e drogas, ganhará seu primeiro álbum em maio.
Logo na primeira história, Beatles Mortos, King Mob (Rei Turba), o líder do grupo, usa LSD para travar contato com o espírito de John Lennon, com quem bate um papinho. Mas isso é só a ponta do iceberg deste título realmente revolucionário.
Já Preacher, dos irlandeses Garth Ennis e Steve Dillon, terá seu segundo álbum pela Pixel, Guerra ao sol, à venda nos próximos dias. Preacher conta a história de Jesse Custer, um padre texano que é possuído por uma entidade resultante da união carnal entre um demônio e um anjo, dotando-o do poder chamado de Palavra de Deus. Ou seja, ele fala e todo mundo obedece, quer queira ou não.
Ultraviolento, divertidíssimo e extremamente profano, Preacher teve seus três primeiros álbuns publicados pela Devir, ainda disponíveis nas livrarias. No caso deste, a Pixel continuou de onde a Devir parou, publicando os álbuns no mesmo padrão gráfico e, melhor ainda, com preços mais em conta.
Caso diferente é o de 100 Balas, série do americano Brian Azzarello e do argentino Eduardo Risso, que era publicado em álbuns caríssimos de capa dura – e pior: mal editados – pela editora anterior.
Neste caso, a Pixel vem publicando especiais periódicos nas bancas. No mês que vem sai a compilação Atire primeiro, reunindo os dois primeiros números. 100 Balas conta, em 100 números mensais – nos EUA – uma complexa e misteriosa história policial.
A cada número, uma pessoa, vítima de um crime, recebe a visita do enigmático Agente Graves (túmulos, em inglês), que oferece a elas a chance de se vingar, entregando-lhe uma maleta com os documentos que provam a culpa do malfeitor em questão, mais um revólver com 100 balas irrastreáveis. A trama cresce incrivelmente, formando um apaixonante quebra-cabeças que levará, por fim, ao chamado "Crime do Século".
Há muitos outros títulos Vertigo badalados, como Fábulas, Y: O Último Homem e DMZ, sem contar os clássicos que deram origem ao selo: Monstro do Pântano, John Constantine: Hellblazer e Sandman, do incensado Neil Gaiman (Stardust).
O CULPADO – Para variar, a culpa de tudo isso é do homem que salvou os quadrinhos mainstream da mediocridade: Alan Moore (autor das obras-primas Watchmen e V de Vingança).
Ao assumir a revista Monstro do Pântano, então prestes a ser cancelada pelas baixas vendas na primeira metade da década de 80, o escritor inglês foi tão bem sucedido na sua abordagem sofisticada do terror em quadrinhos, que abriu a porteira para escritores e artistas britânicos invadirem o mercado americano de HQ.
Ao mesmo tempo, os donos da DC percebiam que a base de leitores envelhecia, procurando HQs mais adultas. Foi juntar a fome com a vontade de comer.
SAIBA MAIS NO SITE DA PIXEL:
http://pixelquadrinhos.com.br/
Sinônimo de excelentes quadrinhos adultos com temáticas fortes, diálogos cortantes e roteiros delirantes, o selo Vertigo, uma subsidiária da DC Comics (casa do Batman e do Superman), finalmente está tendo o tratamento que merece no Brasil, após vários anos sendo maltratado das mais diversas formas em outras editoras – com as honrosas exceções da Abril nos anos 90 e da Devir no início da década.
A façanha é da pequena editora Pixel Media – na verdade, um braço da tradicional casa editorial carioca Ediouro – que adquiriu os direitos de publicação dos títulos Vertigo no final de 2006. Aos poucos, a Pixel vem publicando – ou dando continuidade à publicação em alguns casos, como o de Preacher – todos aqueles títulos que os leitores brasileiros vinham requisitando há tempos, como Os Invisíveis, 100 Balas, Fábulas e Y: O Último Homem, entre outros.
"Tem muita coisa saindo no mercado brasileiro de HQ, mas a base de leitores ainda é pequena e se expande muito lentamente. Então o ritmo dos lançamentos é cuidadoso, não adianta inundar o mercado de títulos se ele não tem condição de absorver todos", observa Cassius Medauar, editor da Pixel. "Agora, quem compra, ama mesmo, os caras são fanáticos", garante.
Com duas revistas mix mensais nas bancas, Pixel Media Magazine e Fábulas Pixel (o primeiro número desta última sai ainda agora em abril), a editora vem saciando a fome de Vertigo dos fãs com mais alguns álbuns e edições especiais, de acordo com o perfil de cada título.
Os Invisíveis, por exemplo, ousado título do escocês Grant Morrison que mistura ficção científica, movimentos revolucionários, teorias de conspiração, sexo e drogas, ganhará seu primeiro álbum em maio.
Logo na primeira história, Beatles Mortos, King Mob (Rei Turba), o líder do grupo, usa LSD para travar contato com o espírito de John Lennon, com quem bate um papinho. Mas isso é só a ponta do iceberg deste título realmente revolucionário.
Já Preacher, dos irlandeses Garth Ennis e Steve Dillon, terá seu segundo álbum pela Pixel, Guerra ao sol, à venda nos próximos dias. Preacher conta a história de Jesse Custer, um padre texano que é possuído por uma entidade resultante da união carnal entre um demônio e um anjo, dotando-o do poder chamado de Palavra de Deus. Ou seja, ele fala e todo mundo obedece, quer queira ou não.
Ultraviolento, divertidíssimo e extremamente profano, Preacher teve seus três primeiros álbuns publicados pela Devir, ainda disponíveis nas livrarias. No caso deste, a Pixel continuou de onde a Devir parou, publicando os álbuns no mesmo padrão gráfico e, melhor ainda, com preços mais em conta.
Caso diferente é o de 100 Balas, série do americano Brian Azzarello e do argentino Eduardo Risso, que era publicado em álbuns caríssimos de capa dura – e pior: mal editados – pela editora anterior.
Neste caso, a Pixel vem publicando especiais periódicos nas bancas. No mês que vem sai a compilação Atire primeiro, reunindo os dois primeiros números. 100 Balas conta, em 100 números mensais – nos EUA – uma complexa e misteriosa história policial.
A cada número, uma pessoa, vítima de um crime, recebe a visita do enigmático Agente Graves (túmulos, em inglês), que oferece a elas a chance de se vingar, entregando-lhe uma maleta com os documentos que provam a culpa do malfeitor em questão, mais um revólver com 100 balas irrastreáveis. A trama cresce incrivelmente, formando um apaixonante quebra-cabeças que levará, por fim, ao chamado "Crime do Século".
Há muitos outros títulos Vertigo badalados, como Fábulas, Y: O Último Homem e DMZ, sem contar os clássicos que deram origem ao selo: Monstro do Pântano, John Constantine: Hellblazer e Sandman, do incensado Neil Gaiman (Stardust).
O CULPADO – Para variar, a culpa de tudo isso é do homem que salvou os quadrinhos mainstream da mediocridade: Alan Moore (autor das obras-primas Watchmen e V de Vingança).
Ao assumir a revista Monstro do Pântano, então prestes a ser cancelada pelas baixas vendas na primeira metade da década de 80, o escritor inglês foi tão bem sucedido na sua abordagem sofisticada do terror em quadrinhos, que abriu a porteira para escritores e artistas britânicos invadirem o mercado americano de HQ.
Ao mesmo tempo, os donos da DC percebiam que a base de leitores envelhecia, procurando HQs mais adultas. Foi juntar a fome com a vontade de comer.
SAIBA MAIS NO SITE DA PIXEL:
http://pixelquadrinhos.com.br/
segunda-feira, abril 14, 2008
WANDER WILDNER AO VIVO E REPAGINADO
Show no Pátio do ICBA nesta terça (15 de abril) mostra as novas músicas do álbum La Canción Inesperada
Da última vez que ele esteve em Salvador, em dezembro de 2007, a Praça Teresa Batista do Pelourinho quase foi abaixo com a energia e a vibração de um legítimo show de punk rock. Desta vez, porém o bardo gaúcho Wander Wildner virá à cidade mostrar uma outra face do seu trabalho em show que marca o lançamento do seu novo disco, La Canción Inesperada.
Se no show do Pelourinho Wander veio acompanhado de baixo e bateria, esta nova apresentação, no Pátio do Icba (Corredor da Vitória), o verá apenas com o violão e o músico Arthur de Faria no teclado e na gaita - que é como os gaúchos chamam o instrumento conhecido no resto do País como sanfona.
A formação reduzida foi a alternativa encontrada para não deixar de trazer o músico à cidade - onde ele conta com uma razoável base de fãs - aproveitando sua passagem pelo Nordeste, onde se apresentou no festival Abril Pro Rock, neste último fim de semana. No APR, porém, Wander tocou com força total, contando com a banda completa, mais rabequeiros e percussionistas locais convidados.
"Será um show intimista em um local que é bem propício. Infelizmente, Salvador não ofereceu condições de trazer todo mundo, até por que no Pátio do Icba também não daria. Como Messias (Guimarães Bandeira, produtor do evento) é meu amigo, resolvi vir só com o Arthur", conta Wander por telefone, ainda de Recife.
"O show terá, basicamente, dez músicas novas, mais algumas antigas, claro. Será o mesmo repertório que eu vou começar a rodar nas apresentações pelo Brasil a partir de agora", avisa.
Produzido pelos badalados Kassin e Berna Ceppas, La Canción Inesperada mostra o punk de primeira hora assumindo um novo rumo na carreira, em busca de novos caminhos e outros palcos para se apresentar.
"É mais um disco de canções do que de rock. É um trabalho mais elaborado, mesmo. Não é rock. Essa é sua característica principal", declarou.
"Rock eu já fiz um monte. Eu evoluí, quero fazer música. O rock é muito linear, guitarra-baixo-bateria, uma coisa muito reta. Eu queria uma coisa mais dinâmica para esse disco. Tem gente que consegue fazer rock com uma certa dinâmica, mas eu não consegui, então tive que diminuir a velocidade para dar alguma dinâmica no som", explica Wander.
Ele espera, com o novo trabalho, conquistar espaço em um certo circuito alternativo médio, tocando mais em pequenos teatros - e em horários decentes - e menos nos inferninhos rockers da vida, onde é normal subir no palco as 3 horas da manhã.
"Vou ver o que acontece agora com esse novo álbum, por enquanto é uma incógnita. Quero tocar nos teatros, nos Sescs, Projeto Pixinguinha. Onde eu possa tocar mais cedo, até uma 22 horas, e as pessoas possam assistir ao show sossegadas", espera.
Quem quiser conferir o novo som de Wander Wildner poderá adquirir o CD La Canción Inesperada, recém-saído do forno, com o próprio cantor, após o show no Icba.
Wander Wildner
Show de lançamento do CD La Canción Inesperada
Terça (15), 19h30
Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337-0120)
R$ 10
Da última vez que ele esteve em Salvador, em dezembro de 2007, a Praça Teresa Batista do Pelourinho quase foi abaixo com a energia e a vibração de um legítimo show de punk rock. Desta vez, porém o bardo gaúcho Wander Wildner virá à cidade mostrar uma outra face do seu trabalho em show que marca o lançamento do seu novo disco, La Canción Inesperada.
Se no show do Pelourinho Wander veio acompanhado de baixo e bateria, esta nova apresentação, no Pátio do Icba (Corredor da Vitória), o verá apenas com o violão e o músico Arthur de Faria no teclado e na gaita - que é como os gaúchos chamam o instrumento conhecido no resto do País como sanfona.
A formação reduzida foi a alternativa encontrada para não deixar de trazer o músico à cidade - onde ele conta com uma razoável base de fãs - aproveitando sua passagem pelo Nordeste, onde se apresentou no festival Abril Pro Rock, neste último fim de semana. No APR, porém, Wander tocou com força total, contando com a banda completa, mais rabequeiros e percussionistas locais convidados.
"Será um show intimista em um local que é bem propício. Infelizmente, Salvador não ofereceu condições de trazer todo mundo, até por que no Pátio do Icba também não daria. Como Messias (Guimarães Bandeira, produtor do evento) é meu amigo, resolvi vir só com o Arthur", conta Wander por telefone, ainda de Recife.
"O show terá, basicamente, dez músicas novas, mais algumas antigas, claro. Será o mesmo repertório que eu vou começar a rodar nas apresentações pelo Brasil a partir de agora", avisa.
Produzido pelos badalados Kassin e Berna Ceppas, La Canción Inesperada mostra o punk de primeira hora assumindo um novo rumo na carreira, em busca de novos caminhos e outros palcos para se apresentar.
"É mais um disco de canções do que de rock. É um trabalho mais elaborado, mesmo. Não é rock. Essa é sua característica principal", declarou.
"Rock eu já fiz um monte. Eu evoluí, quero fazer música. O rock é muito linear, guitarra-baixo-bateria, uma coisa muito reta. Eu queria uma coisa mais dinâmica para esse disco. Tem gente que consegue fazer rock com uma certa dinâmica, mas eu não consegui, então tive que diminuir a velocidade para dar alguma dinâmica no som", explica Wander.
Ele espera, com o novo trabalho, conquistar espaço em um certo circuito alternativo médio, tocando mais em pequenos teatros - e em horários decentes - e menos nos inferninhos rockers da vida, onde é normal subir no palco as 3 horas da manhã.
"Vou ver o que acontece agora com esse novo álbum, por enquanto é uma incógnita. Quero tocar nos teatros, nos Sescs, Projeto Pixinguinha. Onde eu possa tocar mais cedo, até uma 22 horas, e as pessoas possam assistir ao show sossegadas", espera.
Quem quiser conferir o novo som de Wander Wildner poderá adquirir o CD La Canción Inesperada, recém-saído do forno, com o próprio cantor, após o show no Icba.
Wander Wildner
Show de lançamento do CD La Canción Inesperada
Terça (15), 19h30
Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337-0120)
R$ 10
sexta-feira, abril 11, 2008
ALTERNATIVOS PARA TODOS OS GOSTOS
Na rabeira do Abril Pro Rock, as bandas alternativas Eddie e Mukeka di Rato fazem escala em Salvador
Agenda cheia neste fim de semana para quem curte os bons sons alternativos . Fãs de samba rock e das fusões características dos mangues recifenses têm encontro marcado hoje no show da banda Eddie, que traz seu Original Olinda Style para Salvador.
Já quem comparecer na Zauber amanhã sairá com os ouvidos zunindo - e a alma lavada - após os shows das furiosas bandas Mukeka di Rato, do Espírito Santo, Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos, todas locais.
A Eddie já é velha conhecida dos freqüentadores do circuito alternativo de Salvador, tendo se apresentado há alguns meses na já citada Zauber. Desta vez, o show é no Projeto Remix-se, que acontece todos os sábados no aprazível Pátio do Icba e era anteriormente conhecido como Feira Hype.
Com cerca de 15 anos de estrada e três álbuns lançados na bagagem, a Eddie é liderada por Fábio Trummer, autor do hit Quando a Maré Encher, tornada famosa pela Nação Zumbi (que a resgistrou no álbum Rádio S.Amb.A.) e Cássia Eller (no Acústico MTV).
Conceituada, a banda já fez apresentações na Europa e em todo o Brasil. No mês passado mesmo, fizeram temporada de três datas na casa Studio SP, na capital paulista. Em junho, embarcam novamente para o Velho Continente, para uma segunda turnê.
Dona de sonoridade leve e descontraída, já tem público cativo em Salvador por conta de suas apresentações festivas e muito animadas.
Antes da Eddie, quem se apresenta no pátio do Icba é a local Theatro de Seraphin, que segue divulgando o CD EP. De sonoridade pós-punk e circunspecta, segue na contramão da Eddie, mas vem formando um público cativo na cidade, com músicas como Doralice e Cólera.
GÁS TOTAL - Quem quer passar um domingo sossegado é melhor passar bem longe da Zauber. A zoeira vai comandar geral com o hardcore furioso da banda capixaba Mukeka di rato, uma das melhores bandas brasileiras do estilo, sem favor nenhum.
Assim como a Eddie, a Mukeka passa por Salvador aproveitando o festival Abril Pro Rock, que acontece hoje e amanhã em Recife. O grupo lançou no fim do ano passado seu quinto disco, o CD Carne. Este marcou a estréia da Mukeka no selo Deckdisc, o mesmo de Pitty e Matanza.
Não a toa, Carne, um petardo sônico gritado contra tudo e contra todos, foi conduzido no estúdio pelo mesmo produtor da cantora baiana e da banda carioca, Rafael Ramos.
Além da Mukeka, se apresentam ainda as bandas locais Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos.
A primeira lançou no ano passado um bem-resolvido DVD ao vivo gravado na própria Zauber, numa iniciativa pioneira no rock baiano, apresentando seu estilo mezzo hard rock-mezzo punk '77. A banda tem a frente o carismático vocalista Cebola Elétrica, um poeta das ruas e performer de primeira linha.
A Mortícia é a nova banda de hard rock do vocalista Leonardo Leão (Os Miseravão, Drearylands), que conta com Álvaro Tatoo e o produtor andré t nas guitarras, além de Vítor Brasileiro (bateria) e Larriri (baixo), numa formação bastante promissora.
Com 14 anos de atividades, a Pastel de Miolos já é uma lenda do underground baiano. Natural de Lauro de Freitas, pratica hardcore radical, e é a banda cuja proposta mais se aproxima da dona da festa, a Mukeka. Recentemente lançaram mais um registro em CD, o EP Ruas.
Eddie e Theatro de Seraphin | Sábado (12), 17 horas | Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337-0120) | R$ 10
Mukeka di rato, Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos | Domingo (13), 17 horas | Zauber | Ladeira da Misericórdia, Edf. Taveira, 11 , Comércio (9983-0313 / 3326-2964) | R$ 10
Agenda cheia neste fim de semana para quem curte os bons sons alternativos . Fãs de samba rock e das fusões características dos mangues recifenses têm encontro marcado hoje no show da banda Eddie, que traz seu Original Olinda Style para Salvador.
Já quem comparecer na Zauber amanhã sairá com os ouvidos zunindo - e a alma lavada - após os shows das furiosas bandas Mukeka di Rato, do Espírito Santo, Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos, todas locais.
A Eddie já é velha conhecida dos freqüentadores do circuito alternativo de Salvador, tendo se apresentado há alguns meses na já citada Zauber. Desta vez, o show é no Projeto Remix-se, que acontece todos os sábados no aprazível Pátio do Icba e era anteriormente conhecido como Feira Hype.
Com cerca de 15 anos de estrada e três álbuns lançados na bagagem, a Eddie é liderada por Fábio Trummer, autor do hit Quando a Maré Encher, tornada famosa pela Nação Zumbi (que a resgistrou no álbum Rádio S.Amb.A.) e Cássia Eller (no Acústico MTV).
Conceituada, a banda já fez apresentações na Europa e em todo o Brasil. No mês passado mesmo, fizeram temporada de três datas na casa Studio SP, na capital paulista. Em junho, embarcam novamente para o Velho Continente, para uma segunda turnê.
Dona de sonoridade leve e descontraída, já tem público cativo em Salvador por conta de suas apresentações festivas e muito animadas.
Antes da Eddie, quem se apresenta no pátio do Icba é a local Theatro de Seraphin, que segue divulgando o CD EP. De sonoridade pós-punk e circunspecta, segue na contramão da Eddie, mas vem formando um público cativo na cidade, com músicas como Doralice e Cólera.
GÁS TOTAL - Quem quer passar um domingo sossegado é melhor passar bem longe da Zauber. A zoeira vai comandar geral com o hardcore furioso da banda capixaba Mukeka di rato, uma das melhores bandas brasileiras do estilo, sem favor nenhum.
Assim como a Eddie, a Mukeka passa por Salvador aproveitando o festival Abril Pro Rock, que acontece hoje e amanhã em Recife. O grupo lançou no fim do ano passado seu quinto disco, o CD Carne. Este marcou a estréia da Mukeka no selo Deckdisc, o mesmo de Pitty e Matanza.
Não a toa, Carne, um petardo sônico gritado contra tudo e contra todos, foi conduzido no estúdio pelo mesmo produtor da cantora baiana e da banda carioca, Rafael Ramos.
Além da Mukeka, se apresentam ainda as bandas locais Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos.
A primeira lançou no ano passado um bem-resolvido DVD ao vivo gravado na própria Zauber, numa iniciativa pioneira no rock baiano, apresentando seu estilo mezzo hard rock-mezzo punk '77. A banda tem a frente o carismático vocalista Cebola Elétrica, um poeta das ruas e performer de primeira linha.
A Mortícia é a nova banda de hard rock do vocalista Leonardo Leão (Os Miseravão, Drearylands), que conta com Álvaro Tatoo e o produtor andré t nas guitarras, além de Vítor Brasileiro (bateria) e Larriri (baixo), numa formação bastante promissora.
Com 14 anos de atividades, a Pastel de Miolos já é uma lenda do underground baiano. Natural de Lauro de Freitas, pratica hardcore radical, e é a banda cuja proposta mais se aproxima da dona da festa, a Mukeka. Recentemente lançaram mais um registro em CD, o EP Ruas.
Eddie e Theatro de Seraphin | Sábado (12), 17 horas | Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337-0120) | R$ 10
Mukeka di rato, Estrada Perdida, Mortícia e Pastel de Miolos | Domingo (13), 17 horas | Zauber | Ladeira da Misericórdia, Edf. Taveira, 11 , Comércio (9983-0313 / 3326-2964) | R$ 10
quinta-feira, abril 10, 2008
FUSÃO PERFEITA DE HUMILDADE E TALENTO
Nome lendário do jazz fusion, o guitarrista Larry Coryell volta à Bahia para duas apresentações sexta e sábado, no Teatro Jorge Amado (Pituba)
Algumas atrações internacionais que vêm a Salvador, geralmente de segunda (ou terceira) linha, se revelam uma grande decepção em cima do palco, na hora do vamos ver. Que fique claro, logo de saída, que este não será o caso do fantástico guitarrista americano Larry Coryell, que faz duas apresentações amanhã e sábado, acompanhado por Mark Egan (baixo) e Paul Wertico (bateria), no Teatro Jorge Amado (UEC Pituba).
Considerado um dos criadores do estilo jazz fusion, amado por muitos, detestado por outros tantos, Coryell tem importância histórica, estrada, versatilidade, criatividade e peso - mais técnica e feeling em iguais proporções. Tudo o que faz de um guitarrista, referência entre seus pares.
Não a toa, foi chamado de God of Fusion (Deus da Fusão), pela revista especializada em jazz e música instrumental Downbeat, a bíblia do gênero. Como nenhum gênio nasce feito, contudo, é reconfortante saber, da boca do próprio, que tudo começou na simplicidade dos três acordes do rock ‘n‘ roll.
"Minha primeira influência foi Chuck Berry. Só depois eu descobri o jazz, já com uns 16 anos. Fiquei muito impressionado quando ouvi Wes Montgomery (1925-1968, guitarrista de jazz) pela primeira vez", conta Coryell, em entrevista por telefone direto de Porto Alegre, onde se apresentou na última terça-feira.
Nascido em 1943, este texano de Galveston chegou em Nova Iorque em 1965, procurando emprego como músico free lance. Já em 1967, após algum tempo tocando com o Gary Burton Quartet, começou a angariar reconhecimento nos EUA. No mesmo ano, lançou seu primeiro álbum solo, Free Spirit. Daí em diante, ninguém o segurou mais.
Engajou-se com tudo no clima de experimentação do final daquela década, se tornando um dos responsáveis pela fusão do jazz com o rock. Tocou em excursões com os maiores nomes do movimento, como Jack Bruce (Cream), Miles Davis, Chick Corea, Charles Mingus, Billy Cobham e John McLaughlin. Em 1974, formou com o saxofonista Rady Brecker um dos principais grupos do jazz rock, o Eleventh House.
De todos esses monstros sagrados, porém, nenhum impressionou tanto Larry quanto Sonny Rollins, o Colosso do Saxofone, como é conhecido. "Minhas experiências com Miles e Charles Mingus foram inesqueciveis, mas Sonny Rollins foi demais. Ele era tão forte, um líder de verdade. Você tinha de estar muito alerta com ele no palco. No ensaio ele fazia tudo certo, mas quando chegava na hora, ele fazia tudo diferente. Miles gostava de aprontar umas dessas também", lembra Coryell.
Além destes, Coryell conheceu também o jovem Jimi Hendrix antes da fama, ainda em Nova Iorque, antes de partir para a Inglaterra, país que o projetou mundialmente. "Tivemos uma boa conexão. Eu era um party boy (menino festeiro) naquele tempo, sabe? Estava em todas, aí acabei conhecendo muita gente. Conheci George Benson no iniciozinho, você já sacava que estava diante de um gênio, ele é incrível até hoje, além de ser um bom amigo", elogia.
Aos 65 anos de idade e com mais de 70 discos gravados e lançados nos últimos 40 anos, Coryell é um daqueles homens absolutamente devotados à sua arte, um gentleman que não espera mais ser reconhecido pelo passado glorioso, mas pelo que ainda pode vir a oferecer.
"O respeito e o reconhecimento que tenho como artista são importantes, claro, mas as oportunidades que a vida me deu de ver e poder tocar com tantos grandes músicos supera qualquer recompensa", reflete, demonstrando grande humildade.
FROM BAHIA - Em 1992, Larry esteve em Salvador, onde gravou o álbum Live From Bahia, numa performance em que contou com a participação de músicos brasileiros de primeira linha, como Dori Caymmi e o falecido Nico Assumpção, além do baterista Billy Cobhan e do saxofonista Donald Harrison.
A experiência o marcou profundamente, convertendo-o em um apaixonado pelo Brasil e a Bahia, definida por ele como "o coração afro-brasileiro da cultura da América Latina, um lugar único". "O povo é tão gentil e tem tanto ritmo. Eu vi muitos percussionistas fantásticos, foi uma experiência e tanto", lembra.
Dos músicos brasileiros, o que mais o impressionou ultimamente foi o bandolinista Hamílton de Holanda. "Ele é bom demais, um mestre", conclui.
OUÇA:
www.myspace.com/larrycoryell
LARRY CORYELL TRIO
Sexta-feira e sábado, às 21 horas
Teatro Jorge Amado
Av. Manoel Dias da Silva, 2177, Pituba (3225-9708)
R$ 40 e R$ 80 | 16 anos
Algumas atrações internacionais que vêm a Salvador, geralmente de segunda (ou terceira) linha, se revelam uma grande decepção em cima do palco, na hora do vamos ver. Que fique claro, logo de saída, que este não será o caso do fantástico guitarrista americano Larry Coryell, que faz duas apresentações amanhã e sábado, acompanhado por Mark Egan (baixo) e Paul Wertico (bateria), no Teatro Jorge Amado (UEC Pituba).
Considerado um dos criadores do estilo jazz fusion, amado por muitos, detestado por outros tantos, Coryell tem importância histórica, estrada, versatilidade, criatividade e peso - mais técnica e feeling em iguais proporções. Tudo o que faz de um guitarrista, referência entre seus pares.
Não a toa, foi chamado de God of Fusion (Deus da Fusão), pela revista especializada em jazz e música instrumental Downbeat, a bíblia do gênero. Como nenhum gênio nasce feito, contudo, é reconfortante saber, da boca do próprio, que tudo começou na simplicidade dos três acordes do rock ‘n‘ roll.
"Minha primeira influência foi Chuck Berry. Só depois eu descobri o jazz, já com uns 16 anos. Fiquei muito impressionado quando ouvi Wes Montgomery (1925-1968, guitarrista de jazz) pela primeira vez", conta Coryell, em entrevista por telefone direto de Porto Alegre, onde se apresentou na última terça-feira.
Nascido em 1943, este texano de Galveston chegou em Nova Iorque em 1965, procurando emprego como músico free lance. Já em 1967, após algum tempo tocando com o Gary Burton Quartet, começou a angariar reconhecimento nos EUA. No mesmo ano, lançou seu primeiro álbum solo, Free Spirit. Daí em diante, ninguém o segurou mais.
Engajou-se com tudo no clima de experimentação do final daquela década, se tornando um dos responsáveis pela fusão do jazz com o rock. Tocou em excursões com os maiores nomes do movimento, como Jack Bruce (Cream), Miles Davis, Chick Corea, Charles Mingus, Billy Cobham e John McLaughlin. Em 1974, formou com o saxofonista Rady Brecker um dos principais grupos do jazz rock, o Eleventh House.
De todos esses monstros sagrados, porém, nenhum impressionou tanto Larry quanto Sonny Rollins, o Colosso do Saxofone, como é conhecido. "Minhas experiências com Miles e Charles Mingus foram inesqueciveis, mas Sonny Rollins foi demais. Ele era tão forte, um líder de verdade. Você tinha de estar muito alerta com ele no palco. No ensaio ele fazia tudo certo, mas quando chegava na hora, ele fazia tudo diferente. Miles gostava de aprontar umas dessas também", lembra Coryell.
Além destes, Coryell conheceu também o jovem Jimi Hendrix antes da fama, ainda em Nova Iorque, antes de partir para a Inglaterra, país que o projetou mundialmente. "Tivemos uma boa conexão. Eu era um party boy (menino festeiro) naquele tempo, sabe? Estava em todas, aí acabei conhecendo muita gente. Conheci George Benson no iniciozinho, você já sacava que estava diante de um gênio, ele é incrível até hoje, além de ser um bom amigo", elogia.
Aos 65 anos de idade e com mais de 70 discos gravados e lançados nos últimos 40 anos, Coryell é um daqueles homens absolutamente devotados à sua arte, um gentleman que não espera mais ser reconhecido pelo passado glorioso, mas pelo que ainda pode vir a oferecer.
"O respeito e o reconhecimento que tenho como artista são importantes, claro, mas as oportunidades que a vida me deu de ver e poder tocar com tantos grandes músicos supera qualquer recompensa", reflete, demonstrando grande humildade.
FROM BAHIA - Em 1992, Larry esteve em Salvador, onde gravou o álbum Live From Bahia, numa performance em que contou com a participação de músicos brasileiros de primeira linha, como Dori Caymmi e o falecido Nico Assumpção, além do baterista Billy Cobhan e do saxofonista Donald Harrison.
A experiência o marcou profundamente, convertendo-o em um apaixonado pelo Brasil e a Bahia, definida por ele como "o coração afro-brasileiro da cultura da América Latina, um lugar único". "O povo é tão gentil e tem tanto ritmo. Eu vi muitos percussionistas fantásticos, foi uma experiência e tanto", lembra.
Dos músicos brasileiros, o que mais o impressionou ultimamente foi o bandolinista Hamílton de Holanda. "Ele é bom demais, um mestre", conclui.
OUÇA:
www.myspace.com/larrycoryell
LARRY CORYELL TRIO
Sexta-feira e sábado, às 21 horas
Teatro Jorge Amado
Av. Manoel Dias da Silva, 2177, Pituba (3225-9708)
R$ 40 e R$ 80 | 16 anos
segunda-feira, abril 07, 2008
BODAS DE ADAMANTIUM
Há 40 anos, os personagens Marvel chegaram ao Brasil, iniciando uma bela história de amor com o País
Em 1967, jovens e crianças de todo o Brasil começaram a pedir aos seus pais que enchessem o tanque dos seus carros nos postos da Shell. É que, por apenas NCr$ 0,40 (quarenta centavos de Cruzeiro Novo), eles podiam levar para casa uma das três revistas em quadrinhos que a multinacional petrolífera, em parceria com a Editora Brasil-América (Ebal) e a agência de publicidade Standard estavam lançando no País: Capitão Z (com histórias do Capitão América e Homem de Ferro), Superxis (com o Incrível Hulk e o Príncipe Submarino) e Álbul Gigante (com o Poderoso Thor). Era o início de uma longa e ininterrupta história de amor que chegou aos 40 anos no fim do ano passado.
Se houvesse uma comemoração específica para a data, esta poderia ser chamada de Bodas de Adamantium (metal fictício do qual são feitas as garras do Wolverine, por exemplo). Como isso não existe, a Panini, atual editora nacional da hoje poderosa empresa de entretenimento Marvel Characters, lançou o álbum comemorativo Marvel - 40 Anos no Brasil, uma edição de luxo apresentando 14 histórias selecionadas entre as que mais emocionaram o leitor brasileiro nas últimas 4 décadas.
Lançado em dezembro de 2007, somente na semana passada o álbum chegou às bancas baianas por conta da distribuição setorizada, prática que privilegia os mercados do eixo Rio/SP, para somente três ou quatro meses depois seguir para o resto do País. A espera, contudo, valeu a pena.
Além das 14 histórias - quase todas, realmente antológicas - há ainda o longo texto ilustrado A História Secreta da Marvel no Brasil, assinado pelo jornalista baiano Gonçalo Júnior (autor de livros importantes como A Guerra dos Quadrinhos e O Homem-Abril) e pelo editor-senior Fernando Lopes.
Nela, os dois autores esmiuçam os bastidores históricos da chegada e a subsequente trajetória da chamada Casa das Idéias em terras brasileiras, iluminando muitos pontos obscuros, como as diversas trocas de editoras pelo País: Ebal, Bloch, Rio Gráfica & Editora - RGE (atual Ed. Globo), Abril e finalmente, a atual Panini, multinacional italiana responsável pelo licenciamento dos personagens Marvel em toda a América Latina (menos México), Europa e Oceania.
O segredo do sucesso da Marvel: seus personagens, longe de serem super-homens, estavam sujeitos aos problemas e fraquezas comuns à qualquer mortal, desde o alcoolismo que quase acabou com o Homem de Ferro, até ao ódio do Demolidor pelo vilão Mercenário. Emoção: esse é o segredo da Marvel.
NO FIO DO BIGODE - Entre as muitas histórias curiosas contadas por Gonçalo e Lopes no texto, nenhuma é mais incrível do que a revelação de que, em 1967, a Marvel e a Ebal - do russo naturalizado brasileiro Adolfo Aizen - não tinham nenhum contrato assinado garantindo a cessão dos direitos de publicação dos gibis no Brasil.
"Nunca houve", conta Paulo Adolfo, filho de Aizen, aos autores, "contrato por escrito da Ebal nem com a DC Comics (editora de Batman e Superman, também publicados pela Ebal) ou qualquer outra editora ou syndicate. Estamos falando de uma época em que o fornecimento de material jornalístico era realizado na base da confiança ou do 'fio do bigode'. No máximo, uma correspondência era trocada entre os editores interessados".
A estratégia - ou a falta dela - deu certo por algum tempo, com as revistas caindo no gosto da juventude e vendendo muito bem, graças à uma providencial ajuda das redes de televisão, que veiculavam os desenhos animados (e alguns desanimados, para falar a verdade) de heróis como Homem-Aranha, Capitão América, Thor e Os Quatro Fantásticos (hoje chamado de Quarteto Fantástico).
Infelizmente, Aizen caiu vítima dos super-poderes de outro Adolfo, o Bloch, então um bem-sucedido publisher no auge do sucesso editorial de revistas como as extintas Manchete e Fatos & Fotos. No embalo, Bloch descobriu que não havia contrato entre a Marvel e a Ebal, e instruiu seu representante em Nova Iorque, Alberto Cunha, a literalmente, tomar os direitos de publicação dos personagens para a editora que levava seu nome.
Missão cumprida, amizade rompida entre as famílias, até então unidas pelo casamento entre alguns parentes: "Não entendi até agora por que Adolfo Bloch fez isso com papai", lamentou Naumim Aizen, outro filho de Adolfo, aos autores.
Na Bloch, porém, o Homem-Aranha e cia duraram apenas 4 anos, migrando em 1979 para a RGE, de propriedade do jornalista Roberto Marinho. Segundo Gonçalo e Lopes, existem duas versões para essa mudança: uma dizia que a matriz americana estava insatisfeita com o tratamento editorial e gráfico da Bloch. A outra era de que a TV Globo, empresa-irmã da RGE, estava prestes a exibir os novos desenhos do Homem-Aranha, além dos seriados (com atores reais) deste último e do Incrível Hulk.
Como só estava interessada nos personagens que também apareciam na TV, a RGE deixou os outros, considerados de "segunda linha" descobertos judicialmente.
Foi aí que entrou em cena a Editora Abril, que lançou, poucos meses depois, os gibis Capitão América e Heróis da TV, iniciando uma bem-sucedida relação que, não apenas tiraria a RGE da jogada definitivamente (em 1983), quanto duraria 23 anos, com vendas estrondosas nos anos 80 e 90 e inúmeros títulos lançados, entre séries, especiais e minisséries a rodo.
Apesar de muitas reservas, como cortes de páginas inteiras e modifições injustificáveis de textos originais, a Abril marcou época.
A relação chegou ao fim no ano 2.000, quando a editora, numa manobra desastrada, lançou a linha Premium, revistas de luxo caríssimas, que afastaram os leitores. Foi aí que chegou a Panini, que não apenas recuperou os leitores perdidos, quanto expandiu a linha, hoje com mais de 20 títulos todos os meses nas bancas.
Marvel - 40 anos no Brasil
Vários artistas
Panini / Marvel
336 páginas | R$ 49
www.marvel.com
www.paninicomics.com.br
Em 1967, jovens e crianças de todo o Brasil começaram a pedir aos seus pais que enchessem o tanque dos seus carros nos postos da Shell. É que, por apenas NCr$ 0,40 (quarenta centavos de Cruzeiro Novo), eles podiam levar para casa uma das três revistas em quadrinhos que a multinacional petrolífera, em parceria com a Editora Brasil-América (Ebal) e a agência de publicidade Standard estavam lançando no País: Capitão Z (com histórias do Capitão América e Homem de Ferro), Superxis (com o Incrível Hulk e o Príncipe Submarino) e Álbul Gigante (com o Poderoso Thor). Era o início de uma longa e ininterrupta história de amor que chegou aos 40 anos no fim do ano passado.
Se houvesse uma comemoração específica para a data, esta poderia ser chamada de Bodas de Adamantium (metal fictício do qual são feitas as garras do Wolverine, por exemplo). Como isso não existe, a Panini, atual editora nacional da hoje poderosa empresa de entretenimento Marvel Characters, lançou o álbum comemorativo Marvel - 40 Anos no Brasil, uma edição de luxo apresentando 14 histórias selecionadas entre as que mais emocionaram o leitor brasileiro nas últimas 4 décadas.
Lançado em dezembro de 2007, somente na semana passada o álbum chegou às bancas baianas por conta da distribuição setorizada, prática que privilegia os mercados do eixo Rio/SP, para somente três ou quatro meses depois seguir para o resto do País. A espera, contudo, valeu a pena.
Além das 14 histórias - quase todas, realmente antológicas - há ainda o longo texto ilustrado A História Secreta da Marvel no Brasil, assinado pelo jornalista baiano Gonçalo Júnior (autor de livros importantes como A Guerra dos Quadrinhos e O Homem-Abril) e pelo editor-senior Fernando Lopes.
Nela, os dois autores esmiuçam os bastidores históricos da chegada e a subsequente trajetória da chamada Casa das Idéias em terras brasileiras, iluminando muitos pontos obscuros, como as diversas trocas de editoras pelo País: Ebal, Bloch, Rio Gráfica & Editora - RGE (atual Ed. Globo), Abril e finalmente, a atual Panini, multinacional italiana responsável pelo licenciamento dos personagens Marvel em toda a América Latina (menos México), Europa e Oceania.
O segredo do sucesso da Marvel: seus personagens, longe de serem super-homens, estavam sujeitos aos problemas e fraquezas comuns à qualquer mortal, desde o alcoolismo que quase acabou com o Homem de Ferro, até ao ódio do Demolidor pelo vilão Mercenário. Emoção: esse é o segredo da Marvel.
NO FIO DO BIGODE - Entre as muitas histórias curiosas contadas por Gonçalo e Lopes no texto, nenhuma é mais incrível do que a revelação de que, em 1967, a Marvel e a Ebal - do russo naturalizado brasileiro Adolfo Aizen - não tinham nenhum contrato assinado garantindo a cessão dos direitos de publicação dos gibis no Brasil.
"Nunca houve", conta Paulo Adolfo, filho de Aizen, aos autores, "contrato por escrito da Ebal nem com a DC Comics (editora de Batman e Superman, também publicados pela Ebal) ou qualquer outra editora ou syndicate. Estamos falando de uma época em que o fornecimento de material jornalístico era realizado na base da confiança ou do 'fio do bigode'. No máximo, uma correspondência era trocada entre os editores interessados".
A estratégia - ou a falta dela - deu certo por algum tempo, com as revistas caindo no gosto da juventude e vendendo muito bem, graças à uma providencial ajuda das redes de televisão, que veiculavam os desenhos animados (e alguns desanimados, para falar a verdade) de heróis como Homem-Aranha, Capitão América, Thor e Os Quatro Fantásticos (hoje chamado de Quarteto Fantástico).
Infelizmente, Aizen caiu vítima dos super-poderes de outro Adolfo, o Bloch, então um bem-sucedido publisher no auge do sucesso editorial de revistas como as extintas Manchete e Fatos & Fotos. No embalo, Bloch descobriu que não havia contrato entre a Marvel e a Ebal, e instruiu seu representante em Nova Iorque, Alberto Cunha, a literalmente, tomar os direitos de publicação dos personagens para a editora que levava seu nome.
Missão cumprida, amizade rompida entre as famílias, até então unidas pelo casamento entre alguns parentes: "Não entendi até agora por que Adolfo Bloch fez isso com papai", lamentou Naumim Aizen, outro filho de Adolfo, aos autores.
Na Bloch, porém, o Homem-Aranha e cia duraram apenas 4 anos, migrando em 1979 para a RGE, de propriedade do jornalista Roberto Marinho. Segundo Gonçalo e Lopes, existem duas versões para essa mudança: uma dizia que a matriz americana estava insatisfeita com o tratamento editorial e gráfico da Bloch. A outra era de que a TV Globo, empresa-irmã da RGE, estava prestes a exibir os novos desenhos do Homem-Aranha, além dos seriados (com atores reais) deste último e do Incrível Hulk.
Como só estava interessada nos personagens que também apareciam na TV, a RGE deixou os outros, considerados de "segunda linha" descobertos judicialmente.
Foi aí que entrou em cena a Editora Abril, que lançou, poucos meses depois, os gibis Capitão América e Heróis da TV, iniciando uma bem-sucedida relação que, não apenas tiraria a RGE da jogada definitivamente (em 1983), quanto duraria 23 anos, com vendas estrondosas nos anos 80 e 90 e inúmeros títulos lançados, entre séries, especiais e minisséries a rodo.
Apesar de muitas reservas, como cortes de páginas inteiras e modifições injustificáveis de textos originais, a Abril marcou época.
A relação chegou ao fim no ano 2.000, quando a editora, numa manobra desastrada, lançou a linha Premium, revistas de luxo caríssimas, que afastaram os leitores. Foi aí que chegou a Panini, que não apenas recuperou os leitores perdidos, quanto expandiu a linha, hoje com mais de 20 títulos todos os meses nas bancas.
Marvel - 40 anos no Brasil
Vários artistas
Panini / Marvel
336 páginas | R$ 49
www.marvel.com
www.paninicomics.com.br
sábado, abril 05, 2008
MUTAÇÕES SECUNDÁRIAS - DE NOVO
Em meio ao constrangimento provocado por declarações desastradas de Sérgio Dias, Mutantes tocam de graça e Rebeca Matta é convidada para uma música
Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes, emitiu um comunicado à imprensa no último dia 2, intitulado Mutantes Depois..., onde se dizia "de luto" por Zélia Duncan e seu irmão Arnaldo Baptista, ex-companheiros da polêmica reunião da banda, ocorrida 2 anos atrás. Ambos saíram da formação para darem continuidade aos seus próprios projetos.
"Fiquei e estarei sempre de luto por Arnaldo e, com Zélia, creio que me apressei ao julgá-la uma Mutante... Ela parecia tanto sê-lo, mas descobri que, em vez de Mutante, ela é uma transformer...", escreveu.
A declaração pegou mal, e no dia seguinte, ele fez outra, onde tentava suavizava a anterior: "Por favor não entendam com olhos de águias o meu pronunciamento, Zélia se transforma em outras, daí a brincadeira do ela é uma 'Transformer'. Mas como vimos, realmente uma Mutantes ela não é, mas nada muda entre nossa amizade, amor e carinho...".
Em meio ao constrangimento instalado, o genial-ainda-que-intempestivo guitarrista anunciou a formação do grupo que tocará gratuitamente na Virada Cultural, dia 27, além dele próprio: os desconhecidos Bia Mendes e Fabio Recco nos vocais, Vinicius Junqueira (baixo), Dinho Leme (bateria), Henrique Peters (teclado, flautas, orquestra e vocais), Vitor Trida (teclados, guitarras, violões, cello, flautas e vocais) e Simone Soul (percussão).
Relacionado à esse imbróglio ou não, um boato começou a circular aqui em Salvador: a cantora Rebeca Matta, que foi sondada e chegou a fazer um teste para entrar nos Mutantes antes de Zélia Duncan, seria a nova nova cantora do grupo.
Boato mesmo, apesar da torcida local a favor. Procurada para esclarecer a questão, ela desmente com veemência, acrescentando que só foi convidada para cantar uma música em um único show (justamente, o da Virada Cultural), e mesmo assim, "nem está confirmado ainda", acautela. Mas qual música seria essa? "Também não sei", respondeu.
E se rolasse o convite para fazer parte da banda mesmo, à vera? "Acho que não daria certo, ficaria muito difícil conciliar os Mutantes e minha própria carreira solo", concluiu Rebeca, muito focada e segura do que quer, como sempre.
Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes, emitiu um comunicado à imprensa no último dia 2, intitulado Mutantes Depois..., onde se dizia "de luto" por Zélia Duncan e seu irmão Arnaldo Baptista, ex-companheiros da polêmica reunião da banda, ocorrida 2 anos atrás. Ambos saíram da formação para darem continuidade aos seus próprios projetos.
"Fiquei e estarei sempre de luto por Arnaldo e, com Zélia, creio que me apressei ao julgá-la uma Mutante... Ela parecia tanto sê-lo, mas descobri que, em vez de Mutante, ela é uma transformer...", escreveu.
A declaração pegou mal, e no dia seguinte, ele fez outra, onde tentava suavizava a anterior: "Por favor não entendam com olhos de águias o meu pronunciamento, Zélia se transforma em outras, daí a brincadeira do ela é uma 'Transformer'. Mas como vimos, realmente uma Mutantes ela não é, mas nada muda entre nossa amizade, amor e carinho...".
Em meio ao constrangimento instalado, o genial-ainda-que-intempestivo guitarrista anunciou a formação do grupo que tocará gratuitamente na Virada Cultural, dia 27, além dele próprio: os desconhecidos Bia Mendes e Fabio Recco nos vocais, Vinicius Junqueira (baixo), Dinho Leme (bateria), Henrique Peters (teclado, flautas, orquestra e vocais), Vitor Trida (teclados, guitarras, violões, cello, flautas e vocais) e Simone Soul (percussão).
Relacionado à esse imbróglio ou não, um boato começou a circular aqui em Salvador: a cantora Rebeca Matta, que foi sondada e chegou a fazer um teste para entrar nos Mutantes antes de Zélia Duncan, seria a nova nova cantora do grupo.
Boato mesmo, apesar da torcida local a favor. Procurada para esclarecer a questão, ela desmente com veemência, acrescentando que só foi convidada para cantar uma música em um único show (justamente, o da Virada Cultural), e mesmo assim, "nem está confirmado ainda", acautela. Mas qual música seria essa? "Também não sei", respondeu.
E se rolasse o convite para fazer parte da banda mesmo, à vera? "Acho que não daria certo, ficaria muito difícil conciliar os Mutantes e minha própria carreira solo", concluiu Rebeca, muito focada e segura do que quer, como sempre.