Elvis Presley, 30 anos de R.I.P.
Apesar de ator medíocre, os filmes de Elvis eram mina de ouro - e ajudaram a manter a carreira em alta
Como o primeiro ídolo branco e fabricado do rock - até então uma invenção negra - a transposição do fenômeno de Elvis Presley para as telas de cinema foi um passo natural - previsível, até - dentro do procedimento habitual da indústria cultural.
De Ama-me com Ternura (Love Me Tender, 1956) até Change of Habit (1969) foram 31 filmes com o rapaz do Mississipi como o sofrível ator que sempre foi - não que os roteiros exigissem muito de suas limitadas habilidades dramáticas. Não por acaso, outras duas películas suas lançadas no cinema, não eram filmes, e sim, concertos filmados.
O que salvava Elvis na tela era seu carisma irresistível, aliado ao seu famoso sorriso meio de lado, que derretia corações feminos nas salas de cinema do mundo inteiro.
O nome de Elvis Presley em um cartaz era garantia de filas na porta do cinema. Tanto era, que ficou famosa a frase de um produtor de Hollywood da época, Hal Wallis: "Um filme com Elvis é única coisa de lucro certo em Hollywood".
Por outro lado, sua intensa produção cinematográfica - 31 filmes em 13 anos! - foi o que ajudou a dar uma sobrevida à sua carreira - em franca decadência, principalmente após o retorno do seu período no exército (final dos anos 1950 / início dos 60).
Elvis atuou ao lado de grandes nomes de Hollywood, como Walter Matthau, Mary Tyler Moore, Ursula Andress, Burgess Meredith e Ann Margret - com quem aliás, manteve um tórrido affair durante as filmagens de Amor à Toda Velocidade (Viva Las Vegas, 1964). Este último foi considerado o seu melhor filme pelos críticos.
Matéria publicada no Caderno 2 do jornal A Tarde de 16 de agosto de 2007.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
13 comentários:
YEAH! Também fiz uma singela homenagem ao Homem! Lá no:
www.oculosdecebola.blogspot.com
nao acho que elvis foi armaçao do homem branco, certamente o fato dele ser branco facilitou a sua aceitaçao para o americano medio, mas elvis era artigo tao bom e genuino quanto os negros pioneiros do rock, que certamente nao fizeram sucesso feito elvis devido ao racismo ianque, mas elvis nao tinha nada a ver com isso.pelo contrario, apesar de pessoalmente elvis ter seus preconceitos raciais, ele (provavelmente de forma inconsciente) ajudou a quebrar de forma decisiva muito do racismo americano , ao mesmo tempo que tambem jogou luz sobre os artistas negros de rock'n'roll.ah, os filmes eram fracos, mas batiam um bolao nas sessoes da tarde da vida.
Possa crer, chicvs, que o coroné parker capitalizou a estória, ninguém tem dúvida, mas daí a ser armação pura e simples vai um canyon de distancia.
Pô, galera, eu tb adoro Elvis. Como aliás, já tinha dito nos comments do post abaixo. Seu talento, voz, carisma etc são insuperáveis. Gosto tanto de Elvis que curto até sua fase Las Vegas e tal. Inclusive tem um post aqui nesse blog sobre um CD ao vivo dele em Nova Iorque que é de babar, genial mesmo. Agora, o cara era um reacionário safado, que se ofereceu ao presidente para ser agente do FBI por que as drogas estavam acabando com a juventude americana - isso vindo de um cara que se entupia de tudo que é susbstância em dezenas de cápsulas e comprimidos diários...
Seu empresário era um canalha que o manipulava para fazer todos aqueles filmes e só o deixava gravar músicas as quais ele tinha o direito autoral. E daí vai, são muitos os fatos - e as lendas - envolvendo Elvis - ainda em vida. (Esqueçam dessa palhaçada dele estar vivo em algum lugar.)
Enfim, Elvis é um assunto difícil, espinhoso e eu mesmo me sinto em conflito ao falar dele. Confesso.
Abertura do filme Aqua Teen Hunger Force.
http://www.youtube.com/watch?v=FHtB7RK__1c
Se só isso é a abertura, imagina o resto? Eu preciso ver esse filme...
mas ai é que ta a graça chicao.elvis, um redneck empedernido, foi o big bang do rock'n'roll, musica metiça do country branco e do blues negro.elvis , provavelmente de forma inconsciente, encarnou os conflitos e contradiçoes entre a tradiçao reacionario da sua origem, se envolvendo com um tipo de musica que representava o oposto dos valores que ele acreditava.contraditorio, confuso, talentoso ao extremo, genial como cantor, elvis foi um retrato do seu tempo, em alguns aspectos continua um retrato atual, refletindo as mudanças sociais do pos-guerra.e com ja citei varias vezes, cito lennon( nao por acaso o outro cara) de novo, "antes de elvis nao existia nada".
Sob um ponto de vista exclusivamente branco, realmente, não havia nada antes de Elvis. Mas e Robert Johnson? E o Ricardinho? Chuck Berry? E tantos outros negros?
Mas sua análise é muito acurada, Bramis - e faz todo o sentido. "Contradição". Essa é a palavra-chave para se entender Elvis Presley...
a sacada de lennon é justamente essa, a partir de elvis muitos artistas negros passaram a "existir" , e nao apenas a partir de um ponto de vista branco.a maior parte dos artistas negros citados eram totalmente desconhecidos do grande publico(de qualquer cor),restritos ao publico especifico de "race records", alem de algumas radios regionais no sul dos estados unidos.o big bang de elvis é desses fatos que trazem consigo um significado alem da sua mera atuaçao como cantor. é um engano achar que o rock'n'roll è apenas negro, o country era som dos caipiras brancos, e fundamental para a mestiçagem do rock, pois tambem influenciou chuck berry e ricardinho.outro engano é achar que elvis apenas se limitou a chupar(epa!) o som dos negros.elvis era um original, e criou varios dos maneirismos de um vocalista de rock.claro que existiam alguns artistas(brancos e negros) que tinham tanto talento quanto elvis, mas o destino quis que ele fosse o cara, e que , apesar do seu racismo, desse existencia a varios artistas negros, ate mesmo os que viveram antes dele.
Porra, Bramis, para variar, dando aquela aula aqui no Rock Loco...
Mas ainda ficou uma dúvida, Bramis. E Hank Williams, nessa história, como fica? Não seria ele a grande inspiração oculta de Elvis? Será que ele, no final, não foi grande injustiçado nesse lance?
Pergunto por que nem conheço direito, mas sempre ouvi falar que Williams, branco e porraloca, foi o grande precursor do que viriam a ser os astros do rock. Ou não tem nada a ver uma coisa com a outra e eu que tô viajando?
quem me chamou a atençao a todo o lance de elvis( que admiro mas nao sou fanatico) foram os caras de quem sou realmente fan , jimmy page, jeff beck, ect. e principalmente john lennon . hank williams é uma obvia influencia em todo o rock'n'roll, e sua vida rapida e tragica sempre foi um mito na musica popular americana,mas ele nao era a unica influencia determinante de elvis, e de outros caipiras feito elvis como jerry lee lewis e carl perkins. o lance é que o sul dos estados unidos tem uma confluencia de raças e uma estrutura economica e social que favorecia este cruzamento, intercambio e conflito de culturas diferentes no pais que se tornou hegemonico neste mundo justamente nesta epoca.nao é a toa que o mitico delta do mississipi é pertinho de memphis.mas ai é assunto para o grao mestre nei bahia.
Elvis não nasceu armação, mais se tornou uma delas como já foi dito aqui. Não era tão ingênuo como contam, nunca pensou em sua mãe quando foi até a SUN RECORDS, basta conferir as datas. Sempre quis ser famoso, apesar de não ter noção do tamanho dele, e do preço que iria pagar.
Quando começou, cantava r&b de várias formas, blues e gospel, sem contar country , sempre de forma especial, mais tem mestres seus menos conhecidos, Chuck Wills é só um deles. Seu calcanhar de Aquiles era o fato de não ser compositor, o que com o tempo lhe deu forma de cantor de cassino.
Diz a lenda que o dono da gravadora , Sam Phillips, dizia que quando tivesse um branco cantando como um negro faria um milhão de dólares, e viu em Elvis a profecia concretizada, só que ele não ganhou isso, vendeu o passe dele por menos pra RCA.
E, para desespero de Nei :), o afetado podcast do Estadão, SUB, homenageia Tony Wilson, o boss da Factory, que, como sabemos, passou desta para melhor. 'The Manchester sound' agradece.
http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowAudios.action?destaque.idGuidSelect=2B7CC948A3C44CAEB364492720B5B8AB
Marcos, Tony era um cara legal, tinha o bicho do inconformismo dentro dele; as vezes passava dos limites, mais o saldo era sempre positivo.
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