A banda inglesa The Long Blondes tem seu primeiro álbum lançado no Brasil pela Trama. Queridinha dos críticos e com pose de manifesto fashion, a banda é um dos hypes do momento. Mas e a música? Vale essa frescura toda?
Ao contrário do que se possa pensar, o rock vive de hype não é de hoje. Elvis, a beatlemania, a british invasion, a psicodelia hippie. Tudo isso foi hype - antes mesmo da chegada dos anos 70, com o punk e a onda disco.
A grande diferença para os hypes daqueles tempos para os de hoje em dia são na verdade, dois fatores importantes: a internet - que naquele tempo não havia, e a originalidade - que, no tempo de hoje, não há mais.
A cultura pop é um grande supermercado de referências, enlatadas e prontinhas para serem utilizadas da melhor (ou pior) forma possível. E aí elas se cruzam, se misturam, se peneiram, se refogam e se servem ao gosto do freguês. Com ou sem molho para você?
Tudo isto pode ser facilmente confirmado ouvindo-se uma banda como The Long Blondes, que acaba ter seu primeiro disco, Someone to Drive You Home, lançado no Brasil pela Trama. Natural de Sheffield, lar de gigantes do pop inglês como Human League e Pulp, esta banda surgiu há pouco mais de 2 anos e logo chamou atenção dos chamados jornalistas "pilheiros", por conta de suas garotas estilosas, roupas chiques e apresentações festivas. Ah, e tem a música também.
De fato, esta não é das piores. Mas o que ocorre é que o Long Blondes é, a exemplo das 99,9% das bandas de sua geração, uma banda de singles, e não de álbuns. O que equivale a dizer que, isoladamente, ela tem algumas canções muito boas para baixar, ouvir na balada e até mesmo para dançar com a vassoura em casa. Mas por inteiro, o disco não chega a convencer - não fecha, por assim dizer.
O som em si não é nada que já não tenha sido feito antes - e melhor, mas quem está preocupado com isto?
Com os dentes cravados na jugular do pós-punk e da velha new wave, lembra bastante o primeiro Elastica (1995) e mais recentemente, as estréias dos Strokes (2001) e Franz Ferdinand (2004). A diferença é que todos esses são (bem) melhores do que o debut do Long Blondes.
Não chega a ser um disco ruim, longe disso. Tem pelo menos, 4 ótimos momentos. O resto é mediano. Uma outra banda inglesa recente e hypada, o Kaiser Chiefs, tem uma música em seu segundo (e mediano) disco cujo título resume bem o caso Long Blondes: "Nowadays, Everything is Average". Em bom português, "Hoje em dia, tudo é mediano".
Belo Verniz - O que pega é que as aspirações (ênfase em ?pirações?) do pessoal de Sheffield não são poucas. No seu site, o texto biográfico denuncias suas obscuras intenções de soarem como "The Slits tocando Roxy Music ou Donna Summer recitando as obras completas de Harold Pinter", ente outras referências mais ou menos sofisticadas como Nico, Nancy Sinatra e Diana Dors: "sexies e literatas", como está definido no texto.
Um belo verniz. Para deslumbrar universitárias saltitantes, sem dúvida - mas difícil de engolir quando já se passou dos trinta.
O CD abre com a guitarra apitando em Lust in the movies, um rockão divertido e dançante que lembra Franz Ferdinand. A faixa seguinte, Once and Never Again, é talvez a melhor do disco e tem também o refrão do ano: "Dezenove anos /você só tem dezenove anos / pelo amor de Deus / você não precisa de um namorado".
Em Only Lovers Left Alive e Giddy Stratospheres, a banda consegue criar mais dois momentos memoráveis no CD, com refrões gostosos de cantar junto.
A partir daí, disco segue regular - sem muitos altos, mas também sem baixar o nível em nenhum momento. O Long Blondes conseguiu uma estréia razoável e tem tudo para ser uma grande banda: uma ótima cantora (Kate Jackson), um guitarrista afiado e também bom letrista (Dorian Cox), um baterista decente (Screech Louder) e mais duas meninas que seguram a onda na guitarra-base e baixo (Emma Chaplin e Reenie Delaney, respectivamente.
Eles têm o visual, as referências e o potencial para ainda chegarem "lá" no som. A dúvida agora, com o ritmo de produção da fábrica de hypes cada vez mais acelerado, é uma só: eles terão tempo para isso?
The Long Blondes: Kate Jackson (vocal), Dorian Cox (guitarrista), Emma Chaplin (guitarrista), Rennie Delaney (baixista), Screech Louder (baterista).
Site: http://www.thelongblondes.co.uk
MySpace: http://www.myspace.com/thelongblondes
Matéria publicada no jornal A Tarde de 5 de abril de 2007. Texto sem a edição do jornal.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
3 comentários:
Ói, eu só vou te dizer uma coisa: eu num te digo é nada.
www.myspace.com/bigstarband
Mais detalhes sobre a história das cinzas do pai do Keith Richards no blog do Jamari França. O cara é gênio. Doente e demente, mas gênio.
http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/
Agora o malucão fica negando a história toda.
http://br.noticias.yahoo.com/s/04042007/40/entretenimento-keith-richards-nega-cheirado-cinzas-pai.html
Já era, mô pai. Agora já é verdade.
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