Esse negócio de trilha sonora é coisa séria. No cinema, é a música - e também a sua ausência - que determinam o tom da cena que estamos assistindo. Já pensou se, em vez da grandiloquente "Also spracht Zarathustra", Stanley Kubrick tasca a cretina "O Passo do elefantinho" para emoldurar seu alentado balé espacial? Ficaria ótimo - para um filme de Mel Brooks, claro.
Seria mais ou menos como folhear uma revista da Mônica enquanto se ouve o Beneath the remains, do Sepultura. (Acho que até conheço gente capaz de se divertir assim, mas eu não emprestaria dinheiro a eles - até por que não tenho!).
Na verdade, esse assunto - trepidante, apaixonante e absolutamente atual, como todos que são tratados aqui - passaria completamente batido por mim, não fossem os chapas Zé Oliboni e Diego Figueira, do site bacana Pop Balões, com o qual colaboro de quando em vez. Algum tempo atrás, eles fizeram um Top Five (ou Top Pop, como é chamada essa seção do site) de trilha sonora para se ler quadrinhos (leia aqui). Qual não foi a minha surpresa ao saber depois que a tal lista era na verdade, uma estratégia para me fisgar e assim, me provocar para que eu fizesse a minha própria lista!
Assim, em mais um serviço de utilidade pública aos leitores sem noção deste blog - e do Pop Balões -, listo aqui algumas sugestões de trilhas sonoras ideais para se ler HQs. Sem muito mais enrolação - como não é de costume deste blog - vamos a elas.
Retrofoguetes - Começo puxando a brasa para a sardinha do meu querido rock baiano, recomendando as suítes surf espaciais dos Retros para embalar suas leituras de ficções científicas ou podreiras em geral: EC Comics, Madman, Adam Strange, Flash Gordon, Super Homem (Era de Prata). O misto de surf music com space opera de Rex, Morotó e CH casa perfeitinho com aventuras em planetas bizarros, armas de raios, visão de raios-x, dimensões alienígenas e monstros de seis cabeças e três mamilos.
Johnny Cash - O Homem de Preto parecia, por si só, um personagem do western (Sartana?). Não causa surpresa que suas canções casem tão perfeitamente com quadrinhos de bangue-bangue. Sejam os clássicos italianos (Tex, Zagor, Ken Parker), franceses (Blueberry) ou americanos (Jonah Hex), músicas como Folsom Prison blues ou Ghost riders in the sky, entre muitas outras, parecem ter sido escritas para acompanhar esses gibis. Na verdade, o próprio Cash era conhecido como um storyteller, devido ao seu jeito falado de cantar, sempre narrando uma historinha envolvendo crimes, álcool e danação.
Muse - O somzão pesado, grandiloquente, desesperado, trabalhado e criativo dessa banda inglesa é o fundo sonoro ideal para as tramas muito loucas e em grande escala dos britânicos Warren Ellis e Mark Millar. Impossível ouvir Apocalypse please, do álbum Absolution, por exemplo, e não relacionar com o espetáculo fim do mundo em widescreen de The Authority, Transmetropolitan e Pesadelo Supremo (Elis) ou Chosen, Os Supremos e Wanted (Millar).
Stereolab - Pense em um som psicodélico, cheio de ambiências alienígenas, algo entorpecente, e ao mesmo tempo, acessível aos terráqueos. A banda da francesa Laetitia Sadier e seus vocais paralisantes são minha sugestão para acompanhar a leitura de A Garagem Hermética, de Moebius. Experimente. Mas não me chame, OK?
Pixies, Pavement, Guided by Voices, Sonic Youth, Throwing Muses, Husker Du e outras - As bandas do underground americano dos anos 80 e 90 são a trilha sonora exata para ler... os autores do quadrinho underground americano dos anos 80 e 90! Óbvio! E depois, é bem, capaz de Peter Bagge, Adrian Tomine, Daniel Clowes, os Hernandez Bros. e Richard Sala, entre muitos outros, tenham criado boa parte de sua obra ouvindo essas bandas. Ambiência perfeita, não?
Serge Gainsbourg & Jane Birkin - "Je T'Aime...Moi Non Plus", o maior clássico de motel de todos os tempos, com o vocal sussurrado de Gainsbourg e os gemidos de Jane Birkin já embalaram muita mão naquilo, aquilo na mão e aquilo n'aquilo. Ora, por que não embalar, então, os belos delírios eróticos e desenhos exuberantes de mestres do erotismo das HQs, como Giovana Casotto (essa mulher é demais!!!), Milo Manara, Guido Crepax, e Reed Waller & Kate Worley (Omaha, a Stripper)?
MANDO DIAO MANDA BEM PRACA - Pára com isso. Eu sei que você não gosta de banana nenhuma de Cansei de ser sexy ou essas coisas modernosas pós-punks com um toque de eletrônica e funk carioca. Balela de jornalista novidadeiro deslumbrado. O que liga é Mando Diao, banda de uns garotos suecos, da cidadezinha de Borlange e que só tem dois discos lançados. Caiu-me nas mãos o primeiro deles, Bring 'em in, e vou te dizer uma coisa: é o melhor disco de estréia de uma banda que ouço desde... o primeiro do Strokes, acho. Só que o som aqui é completamente sixties, na veia dos Stones dos primórdios, Stooges, o Them de Van Morrison, Kinks, Motown. Mas na veia mesmo, e mais veloz, pra ouvir no inferninho esfumaçado, cheio de goró no juízo. O ritmo é frenético, catártico, mas sempre com muita melodia e classe nas execuções. O vocalista é sensacional, tem um puta vozeirão e parece estar sempre prestes a tirar a roupa e pisar em cima, tamanha a entrega do cara. Sem contar que os moleques são muito boçais, arrogantes e se dizem melhores que todas essas bandas citadas acima. Oasis é fichinha perto disso aqui. E ainda tem um certo sentido de perigo, como Stones e Stooges, enfim. Tô te falando, Mando Diao é um negócio muito sério. E esqueça essa balela de "new rave".
E A COMIDA AINDA É BOA - Meu guru do Nordeste de Amaralina, sábio conhecedor dos segredos, esquinas e reentrâncias desta soterópolis (não o programa) desvairada e senil, de vez em quando faz uma gracinha pros amigos e os brinda com uma palhinha do seu vasto saber no que tange aos bares desta cidade. Qual não foi minha surpresa ao ser conduzido por ele e sua respectiva à um insuspeitado boteco no Porto da Barra, intitulado Tortilleria Galícia. Para encurtar: o aconchegante barzinho tem as paredes decoradas de alto a baixo com discos de vinil. DISCOS DE ROCK, no caso. Aí você aponta um deles e fala pra garçonete: "eu quero ouvir aquele Greatest Hits do The Byrds ali. É, aquele, ali". E pronto. Aí é só pedir a cerveja e o cardápio, onde é possível escolher uma variedade de tortillas espanholas deliciosas (recomendo a de calabresa) por apenas R$ 6,00. E ainda dá pra duas pessoas, tranqüilamente. O incrível é que, nas duas vezes em que estive lá, praticamente ninguém entrou no recinto. Tranqüilidade total. Vá antes que acabe, por que é bom demais, e aqui, sabe como é. Fica no Porto da Barra, pertinho do Dubliners. Excelente pedida para abrir a night.
EDNÍLSON CONCORDA - Ele provavelmente nem sabe, mas concorda comigo. É até chato voltar à essa cansada polêmica (coisa da qual nem estou a fim, juro), mas garanto que é por uma boa razão. O pessoal mais assíduo da blogosfera rocker local deve se lembrar daquele texto meu para o blog Clash City Rockers - depois republicado pelo site Bahia Rock - contando a história da Úteros em Fúria. Deve se lembrar também da polêmica que se seguiu nos comments do CCR por que caí na besteira de levantar a lebre de que, mulher que é bom mesmo, só começou a freqüentar os shows de bandas de rock locais a partir dos concertos - ensandecidos e enlouquecidos, é bom lembrar - da Úteros. E, folheando o livro "Rock Baiano: História de uma cultura subterrânea", alentado relato de Ednílson Telefanzine Sacramento, descobri nele a espirituosa confirmação que (lá vai) sacramenta minha afirmação. Está lá, à página 223: "A Útero (sic) foi responsável pela criação de um novo segmento dentro do público: as mulheres". E esse livro já estava escrito há quase 10 anos. Tá lá o corpo estendido no chão. Não se fala mais nisso, esse assunto não é mais discutível. Não me venham com mais polêmicas, que eu já disse que chutar cachorro morto não é comigo.
VOTE DE NOVO - Do release: O clipe de "Tudo de Novo; Começo sem fim", da Mirabolix, concorre a melhor videoclipe do ano no "VideoRock 1st Festival Nacional de Videoclipes". Os videoclipes inscritos no Festival concorrerão ao troféu VIDEOROCK 1ST de melhor videoclipe, além de receberem um prêmio em filmagem e edição no valor de R$10mil reais, que poderão ser utilizados para a produção de um novo videoclipe da banda vencedora http://www.videorock.com.br/index.htm Para votar, basta visitar o site, clicar na imagem do clipe, preencher o campo com o seu e-mail e clicar em "Votar Tudo de Novo; Começo sem Fim/Mirabolix". Você receberá uma confirmação do voto via e-mail e poderá votar quantas vezes quiser.
AGENDA
Beatles Social Club - Cavern Beatles, Tatiana Aguiar, Mariella Santiago, Márcia Castro e Nefelibata, 28.11, Horário: a partir das 20 horas; ingresso: free. Companhia da Pizza, Praça Brigadeiro Faria Rocha, s/n, Rio Vermelho.
FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL - Após temporada de show com o Cascadura pelo Sudeste do país, Fábio Cascadura e Thiago Trad voltam a se apresentar com o projeto FÁBIO CASCADURA ROCK´N ROLL SOUL. Em formato acústico eles apresentam grandes sucessos dos anos 50, 60 e 70 que influenciaram o CASCADURA, além de músicas do repertório próprio 30.11, Horário: 21:00 hs Ingresso: R$ 6 Balcão Botequim, (Curva da Paciência, Rio Vermelho).
Capitão Parafina e os Haoles - 1º de dezembro, Horário: às 22h, Ingresso: Até a 00h - R$ 5,00 (entrada) + R$ 5,00 (consumação mínima), World Bar, (travessa dias Dávila - Barra - Calçadão da Off).
JAZZ ROCK QUARTET - Sexta, 1º de dezembro, 22 hs, de grátis no Nhõ Caldos (Rio Vermelho).
TRÊMULA (SP), BERLINDA, THEATRO DE SERAPHIN E DJ PRÊ - 07.12, 22h, na Zauber, R$10,00.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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terça-feira, novembro 28, 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
NEVER JUDGE A BOOK BY ITS COVER
Nunca julgue um livro pela capa, já dizia a sabedoria popular e um velho blues. No caso de Um bom motivo, é bom levar o dito à sério...
Senta que lá vem história: diz a sabedoria popular (e também um clássico do rythm n' blues), que nunca se deve julgar um livro pela capa. No caso de Um bom motivo, primeiro CD solo de Paulinho Oliveira, é bom levar o dito à sério, por que, ao mesmo tempo que o disco apresenta um punhado de ótimas canções, traz também uma séria candidata à pior capa da história do rock baiano, só perdendo - talvez - para a capa da coletânea Ssa 001 (um clássico de 1992). Mas deixemos essa infelicidade pictórica pra lá e nos concentremos no que realmente interessa aqui: a música.
Egresso da cena noventista de Salvador, Paulinho iniciou sua carreira no rock com a Stone Bull, lendário power trio que aliava a excelência técnica do músico em questão, mais Lefê (no baixo) e Maurício Braga (bateria), com uma pegada hard rock quase metálica que marcou a todos os que tiveram a oportunidade de ver uma apresentação da banda. Tinha um vocalista também, Cú de Rã, um rapaz de visual Robertplantiano, garganta potente e inglês macarrônico, mas que não durou muito, então é melhor deixar isso pra lá.
Finda a Stone Bull, Paulinho ingressa na Cascadura, onde passou alguns anos, gravou um disco (o segundo, Entre!, com algumas músicas levando sua assinatura) e esmerilhou em cada show que tocou, guitarrista de primeira linha que sempre foi. Isso pra não falar dos seus trejeitos no palco. Ver Paulinho em cena - pelo menos nos tempos das suas duas ex-bandas - é como olhar fotos de Jimi Page em tamanho natural e com movimento: o cara aponta com o braço da guitarra pro alto, faz biquinho como se estivesse sem fôlego e gira o braço direito. O que é que a gente pode fazer com tamanho cara de pau? Admirá-lo, sem dúvida!
Em Um bom motivo, Paulinho dá plena vazão à sua proverbial excelência como músico e à sua velha obsessão, claramente exposta aqui, em reproduzir em disco a ambiência, o clima, o som dos anos 1970. Tudo aqui - menos à capa (ou não) - remete ao som e ao estilo daqueles anos. Com nove faixas, o CD parece que foi pensado como um disco de vinil (4 no lado A, 5 no lado B). Um LPzão de som cheio, encorpado, para ouvir em um velho três em um, a agulha chiando nas caixas.
Dizem por aí - e eu, como todo bom jornalista, prefiro essa versão - que Paulinho levou mais de um ano para terminar de gravar o disco, produzido em parceria com Tadeu Mascarenhas e Cândido Amarelo Neto. Diz que gravava ora uma guitarra num corredor (por causa de uma acústica específica), ora uma bateria num salão vazio - como John Bonham fez algumas vezes no Led Zeppelin, para dar ambiência - entre outras excentricidades. O resultado foi um disco de execução perfeita, majestosa, carregada de uma sonoridade que é ao mesmo tempo rica e enxuta, se é que é possível explicar assim.
A faixa de abertura, Quatro paredes, resume bem a proposta do disco como uma carta de intenções, com um vocal cheio de entrega e letra (de Glauber Moskabilly Carvalho) cheia de ambições: "olha / é preciso mais que força de vontade / nada / pode valer mais que a tua liberdade / anda / que é preciso mais que um ou dois refrões". Acrescente à isso um solo foderosíssimo, digno de um guitar hero, e temos um clássico instantâneo. Sonhos derretidos pelo sol, a segunda faixa, parece uma coisa que você ouviu no rádio em 1976, mas não lembra bem o que é (Peter Frampton? ELO?). Um dia perfeito (faixa 3) é Paulinho viajando bonito à la Brian Wilson, numa baladinha com direito à cordas e sopros. Comédia de erros (a 4ª) parece uma faixa de Bogary (e isso é um dos melhores elogios que eu consigo imaginar nesse mundo, hoje). E o disco segue nesse nível, sem cair, até...
Até as letras piegas das sétima e oitava faixas, Feita à mão e Talvez você estivesse aqui, respectivamente, quase pusessem tudo a perder. "No silêncio do seu quarto / já na hora de dormir / lá no fundo dos seus olhos / o encanto que me fez sorrir". Moska, meu filho, você é bem melhor que isso, que eu sei. Mas tudo bem.
Como todo álbum de estréia, Um bom motivo ainda mostra um músico em busca da sua voz, do seu estilo próprio, da sua identidade como artista. O disco como um todo se ressente um pouco disso, dividido entre as letras muito características de Moska e Fábio Cascadura. É impossível ouvir Amanhã é outro dia e não identificar nela o autor de Retribuição (Fábio), por exemplo. Um bom motivo são nove canções em busca de um autor. Essa etapa, esse disco cumpriu muito, muito bem. Quero pagar para ver os próximos agora, por que sei que vem coisa muito melhor aí.
Mas no cômputo geral (nove faixas, todas legais, menos duas letras piegas), o disco fecha tão bem que só me resta colocá-lo lá, no posto de Melhores do Ano, ao lado do já citado Bogary.
UM BOM MOTIVO se encontra à venda no estúdio de Álvaro Tattoo, na loja Pérola Negra (Canela e Itaigara) e na Flashpoint do Shopping Barra.
http://www.paulinholiveira.com/
http://www.fotolog.com/paulinholiveira/
http://www.myspace.com/paulinholiveira
PARCERIA RETOMADA
A Liga "ligeiramente cômica" de Keith Giffen, J. M. de Matteis e Kevin Maguire, que marcou época nos anos '80, retorna à bancas com "Não acredito que não é a Liga da Justiça" e "Defensores", primeiro trabalho do trio para a Marvel
Quem lia quadrinhos na segunda metade da década de 80 deve lembrar das aventuras da Liga da Justiça Internacional na revista de mesmo nome da DC Comics, publicada aqui em título próprio pela Editora Abril. A Liga Cômica, como é conhecida hoje, ficou famosa na época por ser uma completa avacalhação com o gênero de super heróis, pela editora que lançou o gênero (com a icônica Action Comics nº 1), usando vários de seus heróis mais famosos, como o Batman, a Mulher Maravilha e o Capitão Marvel (o Shazam). O segredo era receita preparada pelos roteiros bem amarrados de Keith Giffen, os diálogos cretinos de J. M. de Matteis e os desenhos limpos de Kevin Maguire (um mestre das expressões faciais e mulheres gostosas). Por algumas dezenas de números, acompanhamos as muitas gaiatices da dupla Besouro Azul e Gladiador Dourado, as bravatas do Lanterna Verde Guy Gardner, o vício em biscoitos Oreo de Ajax, o Caçador de Marte, e até mesmo uma heroína brasileira com sua típica pose de sirigaita, Fogo, entre outros inúmeros heróis e vilões "ligeiramente cômicos", como os autores gostam de frisar. Um verdadeiro alívio cômico numa época em que super-herói era sinônimo dos sujeitos amargurados, violentos e sombrios, à moda Dark Knight (Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). À quem leu essas preciosas revistinhas (pois Sandman não era tudo o que havia naquele período, tenham certeza) comunico que Salvador, por uma questão de distribuição atrasada, está com duas edições de retorno dessa equipe de criação em bancas, nesse exato momento. Uma se chama "Eu não acredito que não é a Liga da Justiça", minissérie em cinco edições lançada pela Panini em um único número da revista DC Especial. Trata-se de uma continuação da primeira minissérie de retorno da Liga Cômica, "Já fomos a Liga da Justiça", lançada em três edições no ano passado. Engraçadíssima como sempre, Eu não acredito..., contudo, deixa um gostinho amargo na boca de fanboys nerds (como eu), já que três dos personagens aqui apresentados morreram recentemente na cronologia oficial, dois deles essenciais no grupo, durante os eventos mostrados nas sagas Crise de Identidade (essa é do caralho, inclusive) e Contagem Regressiva para a Crise Infinita. É um adeus muito bacana e muito divertido, apesar disso. Vale bastante a compra. Assim como também vale a última edição da revista Marvel Apresenta, que traz completo o primeiro trabalho do trio para a "Casa das Idéias", uma minissérie em quatro edições d?Os Defensores, aquele grupo das antigas que reunia, numa improbabilíssima formação inicial, Doutor Estranho, Surfista Prateado, Hulk e Namor, o Príncipe Submarino. Eu lembro de algumas histórias bem bacanas do Roy Thomas com desenhos de Sal Buscema, nos anos 70. Para resumir a versão de Giffen, basta dizer que nela, o sempre amargurado e poético Surfista tenta descobrir o sentido da vida com uma galera de... surfistas vagabundos, que acabam adotando-o como uma espécie de guru, e David Banner, o Hulk, pergunta para o Namor se ele já "encontrou o Nemo". Ambas as revistas estão numa banca perto de você nesse exato momento e valem muito a pena serem lidas. Com a Liga Cômica aparentemente destituída da sua razão de ser, só nos resta esperar que Giffen, de Matteis e Maguire tenham encontrado sua nova casa na editora do Homem Aranha. O que não falta na Marvel é piada pronta esperando para ser contada.
"GARAGE BAND" - Depois da Faculdade do Rock lançada pela Unisinos (RS), fartamente noticiada pela imprensa na semana passada, eu me toquei de que não podia deixar de comentar a última da burguesia baiana. Os novos prédios de padrão alto luxo, lançados pelas construtoras locais vendidos nos reclames da TV, agora trazem um novo mimo para deleite de seus ricos compradores - além da sauna, da piscina, do spa, do cinema, da churrascaria, do espaço gourmet e da quadra de squash - um novo espaço denominado "garage band". Eu não vou me alongar muito porque seria até covardia, e espancar canídeo falecido não é um esporte digno de um cavalheiro como eu. Só deixo aqui um único pensamento para atormentar as pobres almas rockeiras que freqüentam este espaço, qual ectoplasmas penados que somos: é ou não é para ter medo da nova geração de bandas de pagode playboy que vão nascer de tão confortáveis recantos?
AGENDÂO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Capitão Parafina e Convidados - O melhor da surf Music com uma das bandas mais divertidas de Salvador dOMINGO, 19, Horário:18h Ingresso:R$10,00 Casa da Dinha (Lg da Dinha - Rio Vermelho). Apoio: Se Ligue , Agô produções
Todas as Terças de Novembro - Alvaro Assmar - Agora o fiel público de Blues já tem um encontro marcado todas às terças feiras de Novembro com o Bluesman Alvaro Assmar Depois de lançar quatro CDs ao longo de vinte anos de carreira profissional e dez de carreira solo, o pioneiro do blues na Bahia, investe agora no projeto Caixa Acústica. Bond CantoT(ravessa Lídio Mesquita - Nº51) Horário : 21:00hs. Ingresso:10,00
Senta que lá vem história: diz a sabedoria popular (e também um clássico do rythm n' blues), que nunca se deve julgar um livro pela capa. No caso de Um bom motivo, primeiro CD solo de Paulinho Oliveira, é bom levar o dito à sério, por que, ao mesmo tempo que o disco apresenta um punhado de ótimas canções, traz também uma séria candidata à pior capa da história do rock baiano, só perdendo - talvez - para a capa da coletânea Ssa 001 (um clássico de 1992). Mas deixemos essa infelicidade pictórica pra lá e nos concentremos no que realmente interessa aqui: a música.
Egresso da cena noventista de Salvador, Paulinho iniciou sua carreira no rock com a Stone Bull, lendário power trio que aliava a excelência técnica do músico em questão, mais Lefê (no baixo) e Maurício Braga (bateria), com uma pegada hard rock quase metálica que marcou a todos os que tiveram a oportunidade de ver uma apresentação da banda. Tinha um vocalista também, Cú de Rã, um rapaz de visual Robertplantiano, garganta potente e inglês macarrônico, mas que não durou muito, então é melhor deixar isso pra lá.
Finda a Stone Bull, Paulinho ingressa na Cascadura, onde passou alguns anos, gravou um disco (o segundo, Entre!, com algumas músicas levando sua assinatura) e esmerilhou em cada show que tocou, guitarrista de primeira linha que sempre foi. Isso pra não falar dos seus trejeitos no palco. Ver Paulinho em cena - pelo menos nos tempos das suas duas ex-bandas - é como olhar fotos de Jimi Page em tamanho natural e com movimento: o cara aponta com o braço da guitarra pro alto, faz biquinho como se estivesse sem fôlego e gira o braço direito. O que é que a gente pode fazer com tamanho cara de pau? Admirá-lo, sem dúvida!
Em Um bom motivo, Paulinho dá plena vazão à sua proverbial excelência como músico e à sua velha obsessão, claramente exposta aqui, em reproduzir em disco a ambiência, o clima, o som dos anos 1970. Tudo aqui - menos à capa (ou não) - remete ao som e ao estilo daqueles anos. Com nove faixas, o CD parece que foi pensado como um disco de vinil (4 no lado A, 5 no lado B). Um LPzão de som cheio, encorpado, para ouvir em um velho três em um, a agulha chiando nas caixas.
Dizem por aí - e eu, como todo bom jornalista, prefiro essa versão - que Paulinho levou mais de um ano para terminar de gravar o disco, produzido em parceria com Tadeu Mascarenhas e Cândido Amarelo Neto. Diz que gravava ora uma guitarra num corredor (por causa de uma acústica específica), ora uma bateria num salão vazio - como John Bonham fez algumas vezes no Led Zeppelin, para dar ambiência - entre outras excentricidades. O resultado foi um disco de execução perfeita, majestosa, carregada de uma sonoridade que é ao mesmo tempo rica e enxuta, se é que é possível explicar assim.
A faixa de abertura, Quatro paredes, resume bem a proposta do disco como uma carta de intenções, com um vocal cheio de entrega e letra (de Glauber Moskabilly Carvalho) cheia de ambições: "olha / é preciso mais que força de vontade / nada / pode valer mais que a tua liberdade / anda / que é preciso mais que um ou dois refrões". Acrescente à isso um solo foderosíssimo, digno de um guitar hero, e temos um clássico instantâneo. Sonhos derretidos pelo sol, a segunda faixa, parece uma coisa que você ouviu no rádio em 1976, mas não lembra bem o que é (Peter Frampton? ELO?). Um dia perfeito (faixa 3) é Paulinho viajando bonito à la Brian Wilson, numa baladinha com direito à cordas e sopros. Comédia de erros (a 4ª) parece uma faixa de Bogary (e isso é um dos melhores elogios que eu consigo imaginar nesse mundo, hoje). E o disco segue nesse nível, sem cair, até...
Até as letras piegas das sétima e oitava faixas, Feita à mão e Talvez você estivesse aqui, respectivamente, quase pusessem tudo a perder. "No silêncio do seu quarto / já na hora de dormir / lá no fundo dos seus olhos / o encanto que me fez sorrir". Moska, meu filho, você é bem melhor que isso, que eu sei. Mas tudo bem.
Como todo álbum de estréia, Um bom motivo ainda mostra um músico em busca da sua voz, do seu estilo próprio, da sua identidade como artista. O disco como um todo se ressente um pouco disso, dividido entre as letras muito características de Moska e Fábio Cascadura. É impossível ouvir Amanhã é outro dia e não identificar nela o autor de Retribuição (Fábio), por exemplo. Um bom motivo são nove canções em busca de um autor. Essa etapa, esse disco cumpriu muito, muito bem. Quero pagar para ver os próximos agora, por que sei que vem coisa muito melhor aí.
Mas no cômputo geral (nove faixas, todas legais, menos duas letras piegas), o disco fecha tão bem que só me resta colocá-lo lá, no posto de Melhores do Ano, ao lado do já citado Bogary.
UM BOM MOTIVO se encontra à venda no estúdio de Álvaro Tattoo, na loja Pérola Negra (Canela e Itaigara) e na Flashpoint do Shopping Barra.
http://www.paulinholiveira.com/
http://www.fotolog.com/paulinholiveira/
http://www.myspace.com/paulinholiveira
PARCERIA RETOMADA
A Liga "ligeiramente cômica" de Keith Giffen, J. M. de Matteis e Kevin Maguire, que marcou época nos anos '80, retorna à bancas com "Não acredito que não é a Liga da Justiça" e "Defensores", primeiro trabalho do trio para a Marvel
Quem lia quadrinhos na segunda metade da década de 80 deve lembrar das aventuras da Liga da Justiça Internacional na revista de mesmo nome da DC Comics, publicada aqui em título próprio pela Editora Abril. A Liga Cômica, como é conhecida hoje, ficou famosa na época por ser uma completa avacalhação com o gênero de super heróis, pela editora que lançou o gênero (com a icônica Action Comics nº 1), usando vários de seus heróis mais famosos, como o Batman, a Mulher Maravilha e o Capitão Marvel (o Shazam). O segredo era receita preparada pelos roteiros bem amarrados de Keith Giffen, os diálogos cretinos de J. M. de Matteis e os desenhos limpos de Kevin Maguire (um mestre das expressões faciais e mulheres gostosas). Por algumas dezenas de números, acompanhamos as muitas gaiatices da dupla Besouro Azul e Gladiador Dourado, as bravatas do Lanterna Verde Guy Gardner, o vício em biscoitos Oreo de Ajax, o Caçador de Marte, e até mesmo uma heroína brasileira com sua típica pose de sirigaita, Fogo, entre outros inúmeros heróis e vilões "ligeiramente cômicos", como os autores gostam de frisar. Um verdadeiro alívio cômico numa época em que super-herói era sinônimo dos sujeitos amargurados, violentos e sombrios, à moda Dark Knight (Cavaleiro das Trevas de Frank Miller). À quem leu essas preciosas revistinhas (pois Sandman não era tudo o que havia naquele período, tenham certeza) comunico que Salvador, por uma questão de distribuição atrasada, está com duas edições de retorno dessa equipe de criação em bancas, nesse exato momento. Uma se chama "Eu não acredito que não é a Liga da Justiça", minissérie em cinco edições lançada pela Panini em um único número da revista DC Especial. Trata-se de uma continuação da primeira minissérie de retorno da Liga Cômica, "Já fomos a Liga da Justiça", lançada em três edições no ano passado. Engraçadíssima como sempre, Eu não acredito..., contudo, deixa um gostinho amargo na boca de fanboys nerds (como eu), já que três dos personagens aqui apresentados morreram recentemente na cronologia oficial, dois deles essenciais no grupo, durante os eventos mostrados nas sagas Crise de Identidade (essa é do caralho, inclusive) e Contagem Regressiva para a Crise Infinita. É um adeus muito bacana e muito divertido, apesar disso. Vale bastante a compra. Assim como também vale a última edição da revista Marvel Apresenta, que traz completo o primeiro trabalho do trio para a "Casa das Idéias", uma minissérie em quatro edições d?Os Defensores, aquele grupo das antigas que reunia, numa improbabilíssima formação inicial, Doutor Estranho, Surfista Prateado, Hulk e Namor, o Príncipe Submarino. Eu lembro de algumas histórias bem bacanas do Roy Thomas com desenhos de Sal Buscema, nos anos 70. Para resumir a versão de Giffen, basta dizer que nela, o sempre amargurado e poético Surfista tenta descobrir o sentido da vida com uma galera de... surfistas vagabundos, que acabam adotando-o como uma espécie de guru, e David Banner, o Hulk, pergunta para o Namor se ele já "encontrou o Nemo". Ambas as revistas estão numa banca perto de você nesse exato momento e valem muito a pena serem lidas. Com a Liga Cômica aparentemente destituída da sua razão de ser, só nos resta esperar que Giffen, de Matteis e Maguire tenham encontrado sua nova casa na editora do Homem Aranha. O que não falta na Marvel é piada pronta esperando para ser contada.
"GARAGE BAND" - Depois da Faculdade do Rock lançada pela Unisinos (RS), fartamente noticiada pela imprensa na semana passada, eu me toquei de que não podia deixar de comentar a última da burguesia baiana. Os novos prédios de padrão alto luxo, lançados pelas construtoras locais vendidos nos reclames da TV, agora trazem um novo mimo para deleite de seus ricos compradores - além da sauna, da piscina, do spa, do cinema, da churrascaria, do espaço gourmet e da quadra de squash - um novo espaço denominado "garage band". Eu não vou me alongar muito porque seria até covardia, e espancar canídeo falecido não é um esporte digno de um cavalheiro como eu. Só deixo aqui um único pensamento para atormentar as pobres almas rockeiras que freqüentam este espaço, qual ectoplasmas penados que somos: é ou não é para ter medo da nova geração de bandas de pagode playboy que vão nascer de tão confortáveis recantos?
AGENDÂO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Capitão Parafina e Convidados - O melhor da surf Music com uma das bandas mais divertidas de Salvador dOMINGO, 19, Horário:18h Ingresso:R$10,00 Casa da Dinha (Lg da Dinha - Rio Vermelho). Apoio: Se Ligue , Agô produções
Todas as Terças de Novembro - Alvaro Assmar - Agora o fiel público de Blues já tem um encontro marcado todas às terças feiras de Novembro com o Bluesman Alvaro Assmar Depois de lançar quatro CDs ao longo de vinte anos de carreira profissional e dez de carreira solo, o pioneiro do blues na Bahia, investe agora no projeto Caixa Acústica. Bond CantoT(ravessa Lídio Mesquita - Nº51) Horário : 21:00hs. Ingresso:10,00
terça-feira, novembro 07, 2006
NATUREZA HUMANA MORTA VIVA
Os Mortos Vivos: série da Image Comics é instigante jornada natureza humana adentro e além
Escreva o que estou dizendo: depois de George Romero, que afinal de contas, é o pai da matéria, Robert Kikman, o autor dessa sensacional série em quadrinhos da Image Comics, é o cara que mais saca de zumbis de todos os tempos. Ele foi provavelmente o único que pegou o bastão das mãos do mestre e se dispôs a leva-lo adiante da forma como ele preconizou desde A Noite dos Mortos Vivos (1968): não apenas como um festival de canibalismo, sangue espirrando e vísceras espalhadas por todo o lado, mas principalmente como uma grande alegoria crítica sobre o american way of life. O que acontece com os americanos quando as TVs param de transmitir jogos de beisebol, o comércio está fechado, as cidades são sitiadas e o seu amigável vizinho da casa ao lado resolve que, em vez do tradicional barbecue, ele quer mesmo é te comer vivo?
O que pode ser mais simbólico em relação à era em que vivemos do que zumbis mortos vivos perambulando pelas ruas da cidade e corredores de shopping centers, toscamente reproduzindo, de forma automática, as tarefas que desempenhavam em vida, como vimos em Despertar dos mortos (1978) e seu remake, Madrugada dos mortos (2004)?
Em Dias Passados (primeiro volume da série), essas respostas vêm aos poucos, enquanto acompanhamos o personagem principal e fio condutor da trama, o policial Rick Grimes, acordar de um coma em um hospital deserto (Extermínio, de Danny Boyle, alguém?). Logo, Grimes percebe que está cercado por zumbis canibais e trata de correr para sua casa, apenas para descobrir que está vazia.
Encontrando um humano aqui, outro acolá, o tira acaba conseguindo encontrar sua mulher e o filho pequeno sãos e salvos num acampamento de refugiados fora dos limites da cidade. Até então dado como morto, Grimes cai de pára-quedas numa situação que parecia bastante estável para seu velho amigo Shane, que foi quem salvou sua esposa e filho. E aí é que a história começa de verdade.
Kirkman, que parece ser também um bom discípulo de Brian Michael Bendis (Alias, Novos Vingadores, Homem Aranha Millenium), soube jogar muito bem com os efeitos que essa situação totalmente adversa causa nesse pequeno grupo de pessoas que só quer sobreviver. Como era de se esperar, as faíscas não tardam saltar dos pequenos atritos, e o clima, que já não era muito bom, só fica mais tenso a cada virada de página.
Grimes quer levar o acampamento para outro lugar mais isolado, pois os zumbis estão aparecendo cada vez mais. Shane quer continuar no mesmo local, pois acredita que em breve, tropas do governo virão resgatá-los e, isolados, eles não serão salvos logo. Uma disputa pelo posto de "macho alfa" do acampamento fica evidente. E os zumbis que volta e meia aparecem perambulando pelo acampamento tornam tudo ainda mais difícil e perigoso.
A arte em P&B e tons de cinza de Tony Moore só enaltece o texto de Kirkman e o clima pesado da história, com uma narrativa visual fluente, excelente caracterização e um estilo quase cartunesco, mas que, em momento algum, parece caricatural. É de se pensar se, em cores vibrantes, as cenas de zumbis não teriam mais impacto (vermelho sangue sempre é legal), mas do jeito que está, já tá muito bacana.
Mesmo que você não goste muito desse lance de zumbis, é bem possível que ainda curta Os Mortos-vivos: Dias passados, pois na verdade, eles nem são o tema central aqui. O tema é sobrevivência, as mudanças pelas quais as pessoas passam, quando submetidas a situações extremas, o que acontece com elas. Como disse o próprio autor na apresentação desse volume, "o foco aqui são os personagens. O caminho percorrido por eles é mais importante do que alcançar seu destino".
Se Kirkman e o desenhista Tony Moore mantiverem o nível desse primeiro encadernado, vai ser um puta caminho divertido de percorrer (para os leitores, claro). Estou nessa até o fim (e quem sabe, até depois dele! Toc, toc, toc.).
O volume dois, Caminhos trilhados, acaba de ser lançado e deve chegar às livrarias em breve. A nova edição conta com novo desenhista, Charlie Adlard, e posfácio de Simon Pegg, aquele ator e roteirista de Todo mundo quase morto - filme já exaustivamente recomendado por aqui - e que também escreveu o prefácio de Chosen. Fominha, o rapaz.
Aqui em Salvador, as caprichadas edições da HQM Editora podem ser encontradas na Siciliano (Iguatemi e Shopping Barra) e na Galeria do Livro (Boulevard 161).
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM - DIAS PASSADOS
HQM Editora / Image Comics
R$ 27,90 - Edição especial Formato americano - 140 páginas
Roteiro: Robert Kirkman. Arte, arte-final e tons de cinza: Tony Moore. Tons de cinza adicionais: Cliff Rathburn.
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Sabe aquela coisa de não contrariar quem tá (ou é) dodói, Loco? Pois então, depois de muito insistirmos com nossos médicos, eles concordaram em diminuir a dosagem nas nossas medicações tarja preta para podermos discotecar um pouco no próximo dia 18 (sábado), numa festinha com Os Maicols, na Casa da Dinha. Desfeito o véu de sossega leão que nos turvava o juízo, eis nos aqui, prontos fazer você balançar as cadeiras (ou morrer de raiva, um dos dois), com nosso apurado e sofisticado repertório. A festa também servirá para comemorarmos os quase três anos de Rock Loco, desde o programa na rádio comunitária Primavera FM (hoje extinta), passando por este blog e os Phodcasts. Até agora estão previstos sets completos e integrais de Mário Jorge, Don Jorge, Sora Maia, Osvaldo Brama e Franchico (é, ieu). Fora o espetáculo sonoro, visual, olfativo e sim, táctil (!), que é um show dos Maicols! Então o negócio é o seguinte: ou o assoalho da Casa da Dinha racha dessa vez, ou meu nome não é Epaminondas Vergueiro! Ó, você que sabe, viu! Só te digo mais uma coisa: não tem camisa colorida e nem vende ingresso no Pida! Serviço mais abaixo, na agenda.
NINGUÉM SEGURA ESSA FAMÍLIA - Não, não é a Família Soprano, tampouco a Família Dó-Ré-Mi. Depois de aparecer na Rolling Stone (ainda como Zecacurydamm), gravar um sensacional Phodcast Em Transe Rock Loco (o píncaro da glória!, breve no ar) e vender cerca de duas mil cópias do seu EP demo, a Formidável Família Musical vai fazer um showzinho gratuito de despedida da temporada de Sessões da Primavera na Mídia Louca (porra, pensei que essa frase nunca fosse terminar), HOJE. Depois desse show, Zeca, Cury, Damm & cia partem para seu santuário espiritual, o Vale do Capão, onde gravarão o primeiro disco. Sabe como é, o lugar tem aquele astral e pá... cada um com sua onda. O debut será produzido pelo chileno Jorge Solovera, músico largamente conhecido no meio. Promete. Recomendo ir ao show quem ainda não viu, quem já viu e quem já vai ficar com saudade. Serviço mais abaixo, na agenda.
MONDO 77, ANO 1 - Pública, do Rio Grande do Sul, o paulistano Banzé! e o Ludov (sim, aquele), farão a festa de um ano do selo campineiro Mondo 77 num barzinho em SP. O Mondo é um selo alternativo bem bacana, que já chegou lançando três CDs de uma vez, das bandas Walverdes (Playback, tranqüilamente, o melhor dos três), The Violentures (RJ, surf music) e Banzé!. Agora aparece lançando a tal banda gaúcha e contratando o Ludov, que não durou na Deck Disc. Corajosa, essa galera. Tomara que dure mais uns dez anos, no mínimo.
AGENDÃO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
Despedida Sessões da Primavera - Quem: Formidável Família Musical. Quando: 07/11/2006 (HOJE, terça-feira), a partir das 19 horas. Onde: MidiaLouca (Rua Fonte do Boi, nº 10 ? Rio Vermelho. Tel.: 3334-2077). Quanto: entrada gratuita.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Festinha em Quadrinhos na Feira de São Joaquim. ATRAÇÕES: DJ POHA (23 à 01h), RETROFOGUETES (01 às 02h:30), CAXERÊ - Itinerante Percussivo (02:30 às 03h), DJ FELIPE VENÂNCIO ? SP (03 às 05h), DJ NAZCA (05 às 07h), CLASSIFICAÇÃO 18 ANOS!!! 11 de novembro, sábado, na Fazenda Portão - Praia de Buraquinho em Lauro de Freitas - BA. INGRESSOS Antecipado = R$ 30,00 A partir de 09 de novembro = R$ 40,00 INGRESSOS DELIVERY* Ligue para o tel. 3240-9293 e faça o seu pedido dando o endereço para a entrega. *A partir de 5 ingressos a entrega será gratuita somente pelo tel. 8155-4496. INFORMAÇÕES: festinhaemquadrinhos@gmail.com ou 8155-4496
Escreva o que estou dizendo: depois de George Romero, que afinal de contas, é o pai da matéria, Robert Kikman, o autor dessa sensacional série em quadrinhos da Image Comics, é o cara que mais saca de zumbis de todos os tempos. Ele foi provavelmente o único que pegou o bastão das mãos do mestre e se dispôs a leva-lo adiante da forma como ele preconizou desde A Noite dos Mortos Vivos (1968): não apenas como um festival de canibalismo, sangue espirrando e vísceras espalhadas por todo o lado, mas principalmente como uma grande alegoria crítica sobre o american way of life. O que acontece com os americanos quando as TVs param de transmitir jogos de beisebol, o comércio está fechado, as cidades são sitiadas e o seu amigável vizinho da casa ao lado resolve que, em vez do tradicional barbecue, ele quer mesmo é te comer vivo?
O que pode ser mais simbólico em relação à era em que vivemos do que zumbis mortos vivos perambulando pelas ruas da cidade e corredores de shopping centers, toscamente reproduzindo, de forma automática, as tarefas que desempenhavam em vida, como vimos em Despertar dos mortos (1978) e seu remake, Madrugada dos mortos (2004)?
Em Dias Passados (primeiro volume da série), essas respostas vêm aos poucos, enquanto acompanhamos o personagem principal e fio condutor da trama, o policial Rick Grimes, acordar de um coma em um hospital deserto (Extermínio, de Danny Boyle, alguém?). Logo, Grimes percebe que está cercado por zumbis canibais e trata de correr para sua casa, apenas para descobrir que está vazia.
Encontrando um humano aqui, outro acolá, o tira acaba conseguindo encontrar sua mulher e o filho pequeno sãos e salvos num acampamento de refugiados fora dos limites da cidade. Até então dado como morto, Grimes cai de pára-quedas numa situação que parecia bastante estável para seu velho amigo Shane, que foi quem salvou sua esposa e filho. E aí é que a história começa de verdade.
Kirkman, que parece ser também um bom discípulo de Brian Michael Bendis (Alias, Novos Vingadores, Homem Aranha Millenium), soube jogar muito bem com os efeitos que essa situação totalmente adversa causa nesse pequeno grupo de pessoas que só quer sobreviver. Como era de se esperar, as faíscas não tardam saltar dos pequenos atritos, e o clima, que já não era muito bom, só fica mais tenso a cada virada de página.
Grimes quer levar o acampamento para outro lugar mais isolado, pois os zumbis estão aparecendo cada vez mais. Shane quer continuar no mesmo local, pois acredita que em breve, tropas do governo virão resgatá-los e, isolados, eles não serão salvos logo. Uma disputa pelo posto de "macho alfa" do acampamento fica evidente. E os zumbis que volta e meia aparecem perambulando pelo acampamento tornam tudo ainda mais difícil e perigoso.
A arte em P&B e tons de cinza de Tony Moore só enaltece o texto de Kirkman e o clima pesado da história, com uma narrativa visual fluente, excelente caracterização e um estilo quase cartunesco, mas que, em momento algum, parece caricatural. É de se pensar se, em cores vibrantes, as cenas de zumbis não teriam mais impacto (vermelho sangue sempre é legal), mas do jeito que está, já tá muito bacana.
Mesmo que você não goste muito desse lance de zumbis, é bem possível que ainda curta Os Mortos-vivos: Dias passados, pois na verdade, eles nem são o tema central aqui. O tema é sobrevivência, as mudanças pelas quais as pessoas passam, quando submetidas a situações extremas, o que acontece com elas. Como disse o próprio autor na apresentação desse volume, "o foco aqui são os personagens. O caminho percorrido por eles é mais importante do que alcançar seu destino".
Se Kirkman e o desenhista Tony Moore mantiverem o nível desse primeiro encadernado, vai ser um puta caminho divertido de percorrer (para os leitores, claro). Estou nessa até o fim (e quem sabe, até depois dele! Toc, toc, toc.).
O volume dois, Caminhos trilhados, acaba de ser lançado e deve chegar às livrarias em breve. A nova edição conta com novo desenhista, Charlie Adlard, e posfácio de Simon Pegg, aquele ator e roteirista de Todo mundo quase morto - filme já exaustivamente recomendado por aqui - e que também escreveu o prefácio de Chosen. Fominha, o rapaz.
Aqui em Salvador, as caprichadas edições da HQM Editora podem ser encontradas na Siciliano (Iguatemi e Shopping Barra) e na Galeria do Livro (Boulevard 161).
OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM - DIAS PASSADOS
HQM Editora / Image Comics
R$ 27,90 - Edição especial Formato americano - 140 páginas
Roteiro: Robert Kirkman. Arte, arte-final e tons de cinza: Tony Moore. Tons de cinza adicionais: Cliff Rathburn.
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Sabe aquela coisa de não contrariar quem tá (ou é) dodói, Loco? Pois então, depois de muito insistirmos com nossos médicos, eles concordaram em diminuir a dosagem nas nossas medicações tarja preta para podermos discotecar um pouco no próximo dia 18 (sábado), numa festinha com Os Maicols, na Casa da Dinha. Desfeito o véu de sossega leão que nos turvava o juízo, eis nos aqui, prontos fazer você balançar as cadeiras (ou morrer de raiva, um dos dois), com nosso apurado e sofisticado repertório. A festa também servirá para comemorarmos os quase três anos de Rock Loco, desde o programa na rádio comunitária Primavera FM (hoje extinta), passando por este blog e os Phodcasts. Até agora estão previstos sets completos e integrais de Mário Jorge, Don Jorge, Sora Maia, Osvaldo Brama e Franchico (é, ieu). Fora o espetáculo sonoro, visual, olfativo e sim, táctil (!), que é um show dos Maicols! Então o negócio é o seguinte: ou o assoalho da Casa da Dinha racha dessa vez, ou meu nome não é Epaminondas Vergueiro! Ó, você que sabe, viu! Só te digo mais uma coisa: não tem camisa colorida e nem vende ingresso no Pida! Serviço mais abaixo, na agenda.
NINGUÉM SEGURA ESSA FAMÍLIA - Não, não é a Família Soprano, tampouco a Família Dó-Ré-Mi. Depois de aparecer na Rolling Stone (ainda como Zecacurydamm), gravar um sensacional Phodcast Em Transe Rock Loco (o píncaro da glória!, breve no ar) e vender cerca de duas mil cópias do seu EP demo, a Formidável Família Musical vai fazer um showzinho gratuito de despedida da temporada de Sessões da Primavera na Mídia Louca (porra, pensei que essa frase nunca fosse terminar), HOJE. Depois desse show, Zeca, Cury, Damm & cia partem para seu santuário espiritual, o Vale do Capão, onde gravarão o primeiro disco. Sabe como é, o lugar tem aquele astral e pá... cada um com sua onda. O debut será produzido pelo chileno Jorge Solovera, músico largamente conhecido no meio. Promete. Recomendo ir ao show quem ainda não viu, quem já viu e quem já vai ficar com saudade. Serviço mais abaixo, na agenda.
MONDO 77, ANO 1 - Pública, do Rio Grande do Sul, o paulistano Banzé! e o Ludov (sim, aquele), farão a festa de um ano do selo campineiro Mondo 77 num barzinho em SP. O Mondo é um selo alternativo bem bacana, que já chegou lançando três CDs de uma vez, das bandas Walverdes (Playback, tranqüilamente, o melhor dos três), The Violentures (RJ, surf music) e Banzé!. Agora aparece lançando a tal banda gaúcha e contratando o Ludov, que não durou na Deck Disc. Corajosa, essa galera. Tomara que dure mais uns dez anos, no mínimo.
AGENDÃO
DOIS ANOS E MEIO DE LOCURA QUASE MANSA - Com Os Maicols & Disk Jóckeys do Rock Loco. Sábado, 18 de novembro, 23h. R$ 10,00.
Despedida Sessões da Primavera - Quem: Formidável Família Musical. Quando: 07/11/2006 (HOJE, terça-feira), a partir das 19 horas. Onde: MidiaLouca (Rua Fonte do Boi, nº 10 ? Rio Vermelho. Tel.: 3334-2077). Quanto: entrada gratuita.
MIRABOLIX, Nash e Pessoas Invisíveis - Quando: 18 de Novembro(Sábado). Horário: 21 horas. Local: The Dubliners' Irish Pub. Endereço: Av. Sete de Setembro, 3691 - Barra (no térreo do Hotel Barra Turismo). Ingresso: R$ 10,00 , com direito a 2 bebidas (cerveja, água ou refrigerante).
Festinha em Quadrinhos na Feira de São Joaquim. ATRAÇÕES: DJ POHA (23 à 01h), RETROFOGUETES (01 às 02h:30), CAXERÊ - Itinerante Percussivo (02:30 às 03h), DJ FELIPE VENÂNCIO ? SP (03 às 05h), DJ NAZCA (05 às 07h), CLASSIFICAÇÃO 18 ANOS!!! 11 de novembro, sábado, na Fazenda Portão - Praia de Buraquinho em Lauro de Freitas - BA. INGRESSOS Antecipado = R$ 30,00 A partir de 09 de novembro = R$ 40,00 INGRESSOS DELIVERY* Ligue para o tel. 3240-9293 e faça o seu pedido dando o endereço para a entrega. *A partir de 5 ingressos a entrega será gratuita somente pelo tel. 8155-4496. INFORMAÇÕES: festinhaemquadrinhos@gmail.com ou 8155-4496